Turismo religioso à margem do sector
Turistas ou peregrinos? Turismo religioso ou espiritual? Estas foram duas das premissas mais debatidas no workshop promovido pela ATLAS – Association for Tourism and Leisure Education, que decorreu na Nazaré. […]
Susana Leitão
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Turistas ou peregrinos? Turismo religioso ou espiritual? Estas foram duas das premissas mais debatidas no workshop promovido pela ATLAS – Association for Tourism and Leisure Education, que decorreu na Nazaré. O balanço “foi francamente positivo”, assegurou ao Publituris Francisco Vieira, um dos organizadores do evento e director da Escola Profissional da Nazaré. “Tão positivo que a ATLAS pondera, num futuro próximo, realizar na Nazaré um congresso internacional”, revela o responsável. Submetido ao tema “Gerir as Experiências de Turismo Religioso”, o workshop contou com a presença de mais de 20 oradores cujos trabalhos se debruçaram sobre os destinos turístico-religiosos desde Portugal à Geórgia passando pelo Qatar e Israel. No final do encontro de três dias ficou a ideia que “o turismo religioso é uma realidade fortíssima que teimosamente tem vindo a ser esquecida pela tutela”, frisou Francisco Vieira, adiantando que “não contemplar o turismo religioso como uma sub-categoria independente do turismo tem sido um erro gigantesco”. Por isso, alerta, “é necessário repor a verdade que está à vista de todos e olhar correctamente para este tipo de turismo”.
Dados apresentados durante o evento pela World Religious Travel demonstram que o turismo religioso representa actualmente para o sector mais de 300 milhões de turistas e 12 mil milhões de euros. Em Portugal, o turismo religioso envolve mais de sete milhões de pessoas gerando receitas superiores a 700 milhões de euros. Números estes “demasiado importantes para qualquer governo ficar indiferente”, diz o responsável.
DESTINOS
Fátima, por exemplo, acolhe anualmente cinco milhões de visitantes. A Santiago de Compostela, que celebra em 2010 o ano de Jacobeu, acorrem mais de quatro milhões de turistas/peregrinos todos os anos. “Dizem que em Santiago de Compostela passam em cada ponto (albergue) duas mil pessoas por dia”, refere Francisco Vieira. E outros destinos se destacam, frisa. Meca recebe 2,5 milhões de peregrinos, Lourdes acolhe todos os anos seis milhões. A questão que se coloca neste momento é “porque razão as estatísticas não separam o turismo religioso do turismo cultural, onde actualmente está incluído?”, questiona o professor.
A iniciativa serviu também para concluir que a designação de turismo religioso fica muito aquém do que a realidade espelha. Nos dias que correm o mundo não só enfrenta uma crise económica mas, mais importante, enfrenta uma crise de valores. E é essa crise de valores que leva as pessoas a “conciliar as férias com a busca desses valores, de uma espiritualidade”. A visita a muitos destes locais já não tem tanto a ver com religião como tinha há uns anos atrás. Hoje trata-se de uma procura espiritual, uma procura interior.
“Vemos nos Caminhos de Santiago e Fátima as chamadas elites da sociedade despirem-se das riquezas materiais para irem ao encontro do seu lado espiritual, de paz de espírito. Vemos todas as religiões em uníssono quando caminham em busca de algo”, conta o professor. Por isso, conclui, “podemos chamar-lhe o que quisermos: turismo religioso ou espiritual, turistas ou peregrinos. O importante é que se olhe para esta parte do turismo e se faça justiça”.