Ryanair transporta mais de 160 milhões de passageiros nos primeiros nove meses do exercício 2025, mas regista quebra nos lucros
A Ryanair transportou 160,2 milhões de passageiros nos primeiros nove meses do exercício de 2025, terminado 31 de dezembro de 2024. Enquanto as receitas aumentaram 3%, os lucros caíram 12%.
Victor Jorge
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A Ryanair reportou receitas de 2,96 mil milhões de euros no 3.º trimestre de 2025 (terminado a 31 de dezembro de 2024), correspondendo a uma subida de 10% face aos 2,7 mil milhões de euros obtidos no mesmo período do ano fiscal de 2024.
Em comunicado, a companhia aérea lowcost de origem irlandesa refere que os custos operacionais aumentaram 8% e passaram de 2,72 mil milhões de euros para 2,93 mil milhões neste 3.º trimestre de 2025.
Já os lucros nestes três meses, registaram um aumento significativo, passando de 15 milhões de euros, no 3.º trimestre de 2024, para 149 milhões de euros no 3.º trimestre de 2025.
Também o número de passageiros transportados pela Ryanair aumentou, “apesar dos atrasos na entrega dos aviões Boeing”, indicando a companhia uma subida de 9%, o que quer dizer que passou de 41,4 milhões de passageiros no 3.º trimestre de 2024 para 44,9 milhões de passageiros no trimestre do exercício de 2025. O load factor no trimestre manteve-se inalterado nos 92%.
Já no acumulado dos nove meses do exercício de 2025, a Ryanair reporta receitas de 11,65 mil milhões de euros, um aumento de 3% face aos 11,27 mil milhões de euros do mesmo período do exercício de 2024.
Os custos operacionais também registaram um incremento, passando de 8,88 mi milhões de euros para 9,60 mil milhões de euros, correspondendo a uma subida de 8%.
A maior quebra foi registada nos lucros, onde a Ryanair indica uma descida de 12% face ao período homólogo de 2024. Isto quer dizer que em vez dos 2,19 mil milhões de euros, nos nove meses de 2024, a companhia aérea obteve um lucro, neste período do exercício de 2025, de 1,94 mil milhões de euros.
Já no que diz respeito aos passageiros transportados, a Ryanair registou uma subida de 9% face ao mesmo período de 2024, passando de 146,8 milhões de passageiros para 160,2 milhões de passageiros.
No comunicado, Michael O’Leary, CEO do grupo Ryanair, destaca que a companhia tinha “172 aeronaves B737-8200 ‘Gamechangers’ na sua frota de 609 aviões em 31 de dezembro. Continuamos a trabalhar com a Boeing para acelerar as entregas de aeronaves e visitamos Seattle no início deste mês [janeiro de 2025]. Embora a produção do B737 esteja a recuperar da greve da Boeing no final de 2024, já não esperamos que a Boeing entregue aeronaves suficientes antes do verão de 2025 para facilitar o crescimento de tráfego de 210 milhões de passageiros no ano fiscal de 2026”, admite o responsável.
Além disso, O’Leary refere que “os atrasos da Boeing forçaram-nos a rever a nossa meta de tráfego para o ano fiscal de 2026 para 206 milhões (apenas 3% de crescimento)”, esperando receber “as 29 aeronaves Gamechangers restantes do nosso pedido de 210 antes de março de 2026, permitindo recuperar esse crescimento de tráfego atrasado no verão de 2026, em vez de no verão de 2025”.
O’Leary avança ainda que a Boeing “espera que o MAX-10 seja certificado no final de 2025, o que, esperamos, permitirá a entrega pontual das nossas primeiras 15 aeronaves MAX-10 na primavera de 2027 (conforme contratado)”.
Assim, ao longo do próximo ano, o CEO do grupo Ryanair refere que a companhia irá “realocar esse crescimento limitado de capacidade para aquelas regiões e aeroportos (Polónia, Suécia e Itália) que estão a investir em crescimento ao reduzir ou abolir impostos sobre aviação e incentivar o aumento do tráfego”.
No que diz respeito ao comportamento do setor na Europa, O’Leary admite que a capacidade de voos de curta distância na Europa “continue limitada em 2025”, já que “muitos operadores da Airbus na Europa continuam a lidar com reparações nos motores Pratt & Whitney e os principais fabricantes de aeronaves enfrentam atrasos nas entregas“.
Além disso, o responsável do grupo Ryanair faz referência à “consolidação das companhias aéreas da UE, incluindo a aquisição da ITA pela Lufthansa, a participação da Air France-KLM na SAS e a iminente venda da TAP”, admitindo que “essas restrições de capacidade, combinadas com nossa vantagem significativa de custos, forte balanço financeiro, pedidos de aeronaves de baixo custo e resiliência operacional, irão facilitar o crescimento lucrativo de tarifas baixas da Ryanair para 300 milhões de passageiros na próxima década”.
Finalmente, quanto a uma previsão do exercício de 2025 da Ryanair, Michael O’Leary espera alcançar “quase 200 milhões de passageiros (+9%), sujeito a nenhuma nova notícia adversa sobre atrasos nas entregas da Boeing”.
O’Leary salienta anda que, “embora as tarifas do terceiro trimestre tenham sido ligeiramente mais fortes do que no ano anterior, o quarto trimestre deste ano não beneficiará da Páscoa antecipada do ano passado, o que torna a comparação com o quarto trimestre do ano passado muito desafiadora”.
Assim, diz estar a orientar “cautelosamente o lucro líquido do ano fiscal de 2025 para uma faixa entre os 1,55 e 1,61 mil milhões de euros”, concluindo que “o resultado final do lucro líquido do ano fiscal de 2025 permanece sujeito a evitar desenvolvimentos externos adversos entre agora e o final de março, incluindo o risco de conflitos na Ucrânia e no Médio Oriente, novos atrasos nas entregas da Boeing e má gestão ou falta de pessoal no Controlo de Tráfego Aéreo na Europa”.