Candidato a substituir o atual secretário-geral do Turismo da ONU, Zurab Pololikashvili, o grego Harry Theoharis, quer que “os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância do Turismo da ONU [UN Tourism]”. Para tal, referiu ao Publituris, “é preciso que a organização crie mais valor para os seus Estados-Membros”. No que diz respeito à problemática dos recursos humanos, o candidato admite que “não podemos fazer uma coisa de cada vez, mas encontrar uma solução para que todas estas questões possam ser abordadas de forma conjunta”. Já quanto à tecnologia e, mais concretamente, à Inteligência Artificial, o engenheiro de software de formação salienta que, “utilizando-a, pode remover a incerteza”. Relativamente ao excesso de turismo, admite que a “Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism”.
É candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism). Qual é a sua visão global para o turismo no mundo, especialmente depois de sairmos de uma pandemia e com o turismo e as viagens a registarem uma recuperação?
O que vemos, se olharmos para o panorama global, é uma comunidade que tem de lidar com várias forças externas. Forças como a instabilidade geopolítica, guerras que interrompem, claro, o turismo.
Temos, após a COVID, um problema agudo de pessoal, de recursos humanos. Existem ainda problemas relacionados com garantias de que os benefícios do turismo chegam aos níveis mais baixos da sociedade e que todos recebam uma parte justa no setor turístico e para que, ao viajar, o dinheiro gasto pelos turistas chegue também à comunidade local, e não fique apenas fora do país ou limitado às grandes empresas.
Assim, enfrentamos desafios que vêm do passado, bem como novos desafios que parecem ser moldados por eventos inesperados. Além disso, há que contar, igualmente, com as mudanças de longo prazo, relacionadas com o digital, o ambiente, os imperativos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas, que moldam o nosso pensamento e que, cada vez mais, devem moldar as nossas ações nos anos vindouros.
Mas há que relembrar, também os desafios da resiliência que ainda nos assombram. Talvez porque avançámos muito lentamente na transição que precisávamos de fazer. Agora, vemos um risco crescente de colapso das comunidades, cheias, incêndios, entre outros desastres.
E, como resultado, precisamos de mobilizar financiamento e redes de apoio para reativar as comunidades e os negócios.
Mas aprendemos alguma coisa com a pandemia?
Sim, que não conseguimos fazer isto sozinhos, que temos de nos unir. A menos que nos unamos, não conseguiremos crescer.
Mas quem tem de se unir? O setor público e o privado? Dentro do país, dentro de continentes, entre continentes?
Bem, tudo o que mencionou. São apenas diferentes dimensões de unidade. No que diz respeito ao Turismo da ONU (UN Tourism), temos de unir os Estados-Membros, perceber as economias de escala e os benefícios da cooperação em oposição aos benefícios da concorrência, e temos de enfatizar isso. Precisamos de unir o setor privado e o público.
Durante muito tempo houve um desfasamento entre ambos. Precisamos de unir as indústrias. As indústrias da saúde e do turismo, por exemplo, tiveram de unir forças e encontrar soluções para problemas que nunca imaginaram enfrentar.
Porque estão interligados.
Sim, podem estar e deveriam estar. Ou seja, se não estão, porque não é necessário, tudo bem. Mas quando surge o risco e se concretiza, quando o inimigo está à porta, temos de nos unir e enfrentá-lo. Estou certo de que enfrentaremos problemas semelhantes no futuro. Por isso, precisamos, pelo menos, de encontrar modos de discutir, concordar e cooperar e tê-los prontos para quando for necessário.
Mas trata-se de uma questão de dinheiro ou apoio financeiro?
O apoio financeiro é um dos aspetos, claro. Durante a COVID, a Grécia, por exemplo, apoiou as Pequenas e Médias Empresas (PME), pagou os salários dos trabalhadores e, ao mesmo tempo, não permitiu que as empresas despedissem.
Agora, isso pode ser criticado por alguns, mas quando reabrimos, essas empresas – desde os aeroportos até às PME – não estavam à procura de funcionários como outros países. Assim, quando viajava para Atenas, tínhamos pessoas a trabalhar no turismo, nos hotéis, nos aeroportos. Estavam de prevenção e não podiam ser despedidos, por isso foram retomados imediatamente, ao contrário do que aconteceu, por exemplo em Schiphol [aeroporto de Amsterdão] ou Heathrow [aeroporto de Londres]. E esta foi uma das razões pelas quais a Grécia recuperou muito mais rapidamente do que outros países.
Portanto, uma das coisas que precisamos de fazer é perceber que tivemos uma grande “experiência natural” com a COVID e que muitos países usaram modelos diferentes. Vamos avaliar o que funciona melhor e o que funciona pior para formar o nosso pensamento e visão. Além disso, precisamos de cooperar com a academia que nos poderá ajudar enormemente.
Precisamos de unir o setor privado e o público. Durante muito tempo houve um desfasamento entre ambos. Precisamos de unir as indústrias. As indústrias da saúde e do turismo, por exemplo, tiveram de unir forças e encontrar soluções para problemas que nunca imaginaram enfrentar
Antes de abordar pontos sobre comunidades locais e tecnologia, a sustentabilidade também é uma grande preocupação para o turismo. Que políticas específicas propõe para promover mais sustentabilidade ou práticas sustentáveis no setor do turismo?
Temos de cooperar com a academia, os praticantes, os consultores, os implementadores no terreno, e com os Estados-Membros para encontrar as melhores práticas. Precisamos de criar centros de conhecimento específicos e hubs de excelência e, em torno desses hubs, desenvolver um ecossistema de pessoas que copiem e adaptem os modelos bem-sucedidos, os transformem em produtos, porque precisam de os vender.
Precisamos de convencer um hoteleiro de que, se implementar práticas sustentáveis em todos os aspetos, terá algo a ganhar.
Mas é preciso agir. Ou seja, menos teoria e mais prática?
Exatamente. E, para isso, precisamos de disponibilizar às empresas os meios para beneficiarem financeiramente desta transição e deixar de fazer o que temos vindo a fazer que é dar prémios, dizer que este é melhor, aquele é pior. Chegámos ao momento de ganhar escala, de copiar e transferir conhecimento e know-how. No fundo agir e como disse deixar a teoria e passar à prática.
Falando de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança), um grande fator na sustentabilidade é o transporte.
Sim, claro. É fundamental.
Então concordará que, por exemplo, no que diz ao transporte aéreo, existe um problema. Todos querem ser sustentáveis, ou pelo menos, mostrar que cumprem as regras da sustentabilidade, mas depois as companhias aéreas são confrontadas com a realidade de não conseguirem porque não há SAF?
Pois viajar sem transportes é impossível. De facto, precisamos de cooperar com instituições multilaterais. Estamos numa fase em que o SAF (combustível sustentável para aviação) pode ser viável se as políticas públicas o permitirem. Se criarmos um mercado, ele encontrará formas de ser eficiente e, eventualmente, tornar-se-á mais eficiente do que o atual regime. Isso exige políticas públicas que incentivem investimentos em infraestrutura para atingir essas metas a médio e longo prazo.
Então, como é que se cria o mercado?
Bem, estabelece-se uma obrigação e determina-se que 1%, 5%, 10% do combustível tem de ser SAF. A partir do momento que se define que dentro de 10 anos, uma certa percentagem do combustível tem de ser SAF, posso investir numa refinaria para que, dentro de 10 anos, consiga fornecer o necessário.
Cria-se a infraestrutura para isso. Assim que essa infraestrutura está pronta, tenho clientes garantidos pela política pública.
Portanto, nesse sentido, este é um campo que não se pode enfrentar sozinho. Terá de haver, obrigatoriamente, uma colaboração e cooperação entre a IATA, a ICAO, a UE e outras instituições, para que se possa discutir as implicações e perceber como introduzir essas iniciativas.
E quanto ao papel da tecnologia, da digitalização e da Inteligência Artificial (IA), que agora estão a transformar todos os setores, incluindo o turismo?
Bem, sou engenheiro de software de formação e trabalhei como tal durante 20 anos no setor privado antes de “acidentes” me levarem para a política. Por isso, gosto muito dessa área e tento ser um pensador positivo.
Na verdade, implementámos uma das melhores utilizações de IA durante a COVID na Grécia. Usámos a IA para direcionar os nossos testes. O que fizemos foi o seguinte: os viajantes tinham de preencher um formulário digital no dia anterior à sua viagem, indicando o meio de transporte – avião, carro, barco, etc. Com base nas respostas do formulário e nos dados públicos do país de origem, como as taxas de positividade, decidíamos se seriam testados ou não. Recebiam um código QR que indicava se estavam “verdes” [não precisavam de teste] ou “vermelhos” [precisavam de teste] e conseguimos ultrapassar esse desafio enorme. Entender as tendências dos países dois dias antes de as vermos refletidas nos dados públicos foi fulcral para não sermos confrontados com realidades difíceis vividos por outros países.
Ou seja, usámos a IA de uma forma muito positiva para permitir que o turismo existisse. Começámos em 2020 e conseguimos abrir o turismo nesse ano porque tínhamos confiança suficiente para convencer o nosso Primeiro-Ministro de que seria seguro fazê-lo.
Mas isso foi em 2020. Agora estamos em 2025 e temos de olhar para o futuro.
Olhando para o futuro, vejo muitas coisas a acontecer. A IA pode remover a incerteza, os problemas, as filas, todas as partes difíceis de viajar, permitindo que o foco esteja na essência da experiência, que é a interação humana.
Mas pode também reduzir postos de trabalho?
É verdade, esse é o lado negativo da questão. Mas deixe-me ser mais específico. A IA não vai reduzir o número de pessoas que trabalham, por exemplo, num spa, mas pode reduzir o número de agentes de viagens, porque basta dizer o que se pretende, e a IA cria um itinerário, reserva os bilhetes e apresenta opções personalizadas ao máximo – seja para crianças, seja para outra necessidade específica.
No entanto, existe um risco. Atualmente, o turismo beneficia tanto os países de origem como os de destino. Os países de origem têm agentes de viagens que trabalham para levar turistas da Dinamarca para a Grécia, Itália, França, Espanha ou Portugal. Por outro lado, países como a Grécia, França ou Espanha têm trabalhadores na indústria do turismo para receber esses viajantes.
O que acontece se a maioria das pessoas que perde o emprego for dos países de origem? Esses países podem, além de perder divisas, deixar de beneficiar económica ou fiscalmente com o turismo. Nesse caso, corremos o risco de que esses países fiquem hostis à ideia de promover o turismo, pois já não veem vantagens.
A IA pode remover a incerteza, os problemas, as filas, todas as partes difíceis de viajar, permitindo que o foco esteja na essência da experiência, que é a interação humana
E nos destinos?
Os destinos são muito mais imunes, porque a natureza do produto tem um toque pessoal.
A IA ou a robótica, que até pode ser utilizada, como a Internet of Things, poderá até substituir um empregado de mesa para nos trazer o prato à mesa, mas a IA não substituirá o chef, o sommelier, os profissionais de um spa. Ou seja, tudo o que são funções onde o toque humano, a personalização, são relevantes, estarão mais imunes.
A inclusão e a diversidade são também grandes questões no setor do turismo?
Bem, depende de onde estamos. Europa e EUA têm agora um grande diferencial nesse ponto.
Mas sim, são questões que estão a tornar-se cada vez mais importantes para o turismo.
Então quais as estratégias que propõe para estes aspetos?
Mais uma vez, penso que o Turismo da ONU (UN Tourism) precisa de ser um repositório de ideias. O que precisamos de fazer é observar os modelos dos diferentes países e analisar o quão bem-sucedidos são em garantir que a riqueza criada pela indústria do turismo – o valor do produto turístico – chegue aos níveis mais baixos das comunidades.
Com isso em mente, precisamos de avaliar o que funciona e o que não funciona, em todas as suas dimensões, os lucros, os salários, tudo.
Prefiro falar das coisas positivas e não das negativas em relação aos países. Por exemplo, na Grécia, temos uma oferta turística que vem de algumas grandes empresas, mas na sua grande maioria vem de PME. Como resultado, os habitantes das ilhas, por exemplo, onde estão essas PME, sentem os benefícios do turismo. Se fosse apenas um setor controlado por grandes empresas, seria necessário encontrar outra forma de abordar as preocupações.
E quanto ao overtourism? Como é que os diversos destinos podem e devem lidar com esta questão? Ou antes de mais, é mesmo uma questão?
É uma questão simples que merece uma resposta simples: sim.
Contudo, existem dois aspetos nessa questão. Um é o das filas intermináveis, demasiadas pessoas, esperas para visitar um museu, um local cultural, simplesmente passear numa cidade ou vila. Isto é algo que já existia no passado, não é novo. Pode ser gerido melhor ou pior, e às vezes fazemos isso bem, outras vezes nem tanto. Mas não penso que isto tenha mudado significativamente.
Existem ferramentas para minimizar esses efeitos, mas é preciso utilizá-las e utilizá-las bem. Podemos usar proibições administrativas diretas, podemos aplicar taxas, podemos investir em infraestruturas. Mas uma coisa é certa, hoje temos várias ferramentas para gerir melhor os fluxos e os destinos.
O que acho que mudou realmente nos últimos meses e anos, especialmente após a COVID, é que, com o advento do Alojamento Local, o mercado imobiliário estreitou a sua ligação ao mercado turístico. Antes, eram mercados desconectados. Tinha-se um terreno e decidia-se: construo um hotel ou casas? Se fossem casas, eram casas. Se fosse um hotel, era um hotel. Agora, pode-se ter um apartamento no centro de Atenas e escolher: alugo-o a longo prazo (para habitação) ou alugo-o a curto prazo para Alojamento Local? Neste último caso, pode mudar-se essa escolha várias vezes ao longo do ano. O mercado da habitação é social e politicamente sensível, e afeta questões que muitos países regulam.
Penso que esta mudança recente fez com que as pessoas começassem a ver o produto turístico e os turistas como rivais da população local. E precisamos de encontrar formas de resolver isso.
Neste momento, a Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism (excesso de turismo). Precisamos de olhar para as questões, resolvê-las e geri-las.
Se não se falar do problema, não se pode resolver?
Não, e o problema é que será resolvido por outros que não pertencentes ao setor do turismo. Isto porque qualquer Governo não vai esperar pela ONU Turismo para fazer alguma coisa ou esperar por qualquer sugestão ou conselho. E isto acontecerá na Grécia, em França, Portugal, onde também já existe este problema, ou outro qualquer destino confrontado com esta realidade.
Há que agir para que o turismo seja algo presente e relevante ou um problema, mas a solução irá surgir. Por isso, é melhor que os decisores do turismo se tornem relevantes nesta solução e que evitem passar muito tempo com manobras de “tentativa e erro” até que encontrem uma solução.
Neste momento, a Europa turística até tem medo de mencionar a palavra overtourism (excesso de turismo). Precisamos de olhar para as questões, resolvê-las e geri-las
Há pouco abordou outra questão problemática que está relacionada com o emprego e os recursos humanos. Todos sabemos que a pandemia retirou pessoas ao turismo que, em muitos casos, não regressarão. Como atrair essas pessoas que saíram e novas pessoas para o turismo? Melhores salários, melhores condições de trabalho?
Bem, em parte está a dar a resposta, mas há muito mais a considerar. Uma das coisas fundamentais a fazer é olhar um pouco para trás e perceber que não demos as melhores condições às pessoas que trabalhavam no turismo. É um facto, temos de reconhecê-lo e não escondê-lo.
Não tenho dados para me pronunciar sobre Portugal, mas de certeza aconteceu o mesmo que no meu país [Grécia], em Espanha, Itália ou França.
Em segundo lugar, é preciso encontrar formas de resolver esta questão e rapidamente. Até porque sabemos que esta questão está intimamente ligada ao problema da imigração.
É difícil encontrar pessoas nos próprios países para trabalhar no setor e isso estrangula os negócios que, no fim, se viram para outros países para colmatar essas lacunas de pessoal.
Depois temos o problema grave de todas estas questões se misturarem ao nível da discussão política, na maioria das vezes, de forma incorreta. Por isso, precisamos de encontrar soluções inovadoras. Tenho algumas ideias que, neste momento, ainda não estou em condições de partilhar, uma vez que precisamos de desenvolvê-las e necessitam de uma abordagem cuidada, mas efetiva, com os Estados-Membros.
O que posso dizer é que precisamos de delinear planos de carreira para os mais jovens em muitas regiões do mundo para que possam ter sucesso no turismo no seu próprio país em vez de se verem obrigados a emigrar para outros países. Além disso, é preciso controlar e gerir a migração das pessoas para encontrar melhores condições em destinos desenvolvidos.
Uma coisa é fazê-lo em destinos emergentes, outra é fazê-lo em destinos consolidados e maduros. Assim, penso que não podemos fazer uma coisa de cada vez, mas encontrar uma solução para que todas estas questões possam ser abordadas de forma conjunta.
E como é que a sua experiência como ministro do Turismo da Grécia moldou a sua abordagem para liderar a ONU Turismo? Quais lições de carreira aplicaria na nova função?
Fui um ministro muito ativo, por isso, compreendo como é que as coisas funcionam. Fui ministro do Turismo entre 2019 e 2021 e a experiência que tive durante esses anos, principalmente, durante as dificuldades e desafios da pandemia funcionam como um “espelho” do que poderei fazer no Turismo da ONU.
Além disso, liderei a Comissão da ONU Turismo para a Europa e renovei a posição do meu país no Conselho Executivo. As discussões sobre a Carta dos Direitos dos Turistas estavam bloqueadas até que pedi para liderar as discussões. E foram desbloqueadas e finalmente chegámos a uma solução comum e a um acordo entre todos os países.
Como presidente dessa Comissão, fiz parte do comité de crise da COVID, pedi a criação de um comité técnico de crise para a COVID e tracei um plano para encontrar soluções. O certificado digital e todas as iniciativas que tivemos na Europa também foram apoiadas pelo trabalho do LabCom.
Portanto, vi como as funcionam e penso que tenho uma boa ideia do como devem funcionar. Em segundo lugar, tenho uma grande experiência em reformas no meu país, fui chefe da administração fiscal e consegui levar a cabo um processo de reformas, tornando-a independente do Ministério das Finanças durante os anos mais difíceis da Troika, de modo a transformá-la, digitalizá-la e torná-la mais eficiente de modo a combater a evasão fiscal.
O que quero dizer com isto é que tenho uma grande experiência na gestão de crises.
Finalmente, trabalhei com diversas instituições do setor público, trabalhei com o universo privado durante 20 anos, em pequenas start-ups, grandes empresas, em Londres. Por isso, toda esta experiência acumulada servirá e será posta em prática para reformar a organização [UN Tourism].
O principal indicador de sucesso (KPI) é que os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância da organização [Turismo da ONU]
É essa a grande questão: reformar o Turismo da ONU?
Sim, sem dúvida. O Turismo da ONU tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante.
Nestes três aspetos, é preciso desenvolver muito trabalho. Fundamentalmente, é preciso que a organização crie mais valor para os seus Estados-Membros.
A organização não deve existir apenas para sua própria existência, mas pelo valor que cria para os membros.
Se for eleito, que indicadores-chave de sucesso gostaria de ver avaliados, por exemplo, no final do primeiro mandato?
A esperança é que, no final do primeiro mandato, vejamos todos os 160 Estados-Membros mais envolvidos, que todos eles se candidatem a integrar o Conselho Executivo, que todos queiram fazer parte desta organização. Penso que esse será o principal indicador de sucesso (KPI): que os Estados-Membros compreendam e reconheçam o valor e queiram envolver-se para reforçar a relevância da organização [Turismo da ONU].
Para isso, o primeiro passo é a transparência. É necessário que haja capacidade de voto. Sou político, tenho de responder às críticas dos meus eleitores. Eles votaram e uma das coisas que querem saber é se o dinheiro – o dinheiro deles – que damos à ONU Turismo está a ser bem gasto e a produzir resultados. Caso contrário, não vale a pena o investimento, mais vale sair da organização. Não acredito que seja esse o caso [o de existirem Estados-Membros que queiram sair], mas tenho de ser capaz de explicar isto tudo com números aos meus eleitores e aos países-membros que apoiam a próxima liderança do Turismo da ONU.
A mensagem que quero deixar é que acredito que, em pouco tempo, podemos reconstruir uma organização da qual nos orgulhamos e estou comprometido em concretizar isso. Acredito que não haverá um único país, entre os Estados-Membros, que não concorde que é isto que querem: fazer parte de uma organização de que se orgulham. E estou disposto a dedicar a minha resistência, a minha energia, a minha capacidade intelectual e todas as minhas competências para concretizar esse sonho, porque acredito nele.
Nota: Os candidatos oficialmente proclamados são Muhammad Adam, do Gana; Shaikha Al Nowais, dos Emirados Árabes Unidos; Habib Ammar, da Tunísia; Gloria Guevara, do México; Harry Theoharis, da Grécia; e o atual secretário-geral, Zurab Pololikashvili, da Geórgia.