Portugueses entre os mais preocupados com o aumento do custo de vida
De acordo com o Eurobarómetro do Parlamento Europeu, o aumento do custo de vida é a maior preocupação para 93% dos europeus e 98% dos portugueses, seguido pela ameaça de pobreza e exclusão social (82% e 95%, respetivamente).
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Em todos os Estados-Membros da União Europeia, mais de sete em cada dez inquiridos estão preocupados com o aumento do custo de vida, com resultados máximos na Grécia (100%), Chipre (99%), Itália e Portugal (ambos com 98%), revela o Eurobarómetro do Parlamento Europeu, recentemente publicado. A subida dos preços, incluindo da energia e da alimentação, faz-se sentir em todas as categorias sociodemográficas, tais como género e idade, bem como em todos os níveis de escolaridade e socioprofissionais.
A segunda preocupação mais referida pelos europeus e também pelos portugueses (82% e 95%, respetivamente) é a ameaça de pobreza e exclusão social, seguida pelas alterações climáticas e pela propagação da guerra na Ucrânia a outros países, igualando-se no terceiro lugar com 81% na média europeia. 92% dos portugueses identificam também as alterações climáticas e 91% a propagação da guerra.
O estudo Eurobarómetro indica também que o apoio à UE permanece estável num nível elevado e que os europeus esperam que as instituições continuem a trabalhar em soluções para mitigar os efeitos das crises. Apenas um terço dos europeus estão satisfeitos com as medidas tomadas pelos governos nacionais e pela UE para lidar com os aumentos do custo de vida.
Dificuldades económicas
Olhando para a situação financeira dos cidadãos, o inquérito mostra que as consequências das crises se fazem sentir cada vez mais. Quase metade dos inquiridos (46%) diz que o seu padrão de vida já foi reduzido devido às consequências da pandemia de Covid-19, aos efeitos da guerra da Rússia à Ucrânia e à crise do custo de vida. Em Portugal, 57% dos inquiridos identifica-se com esta situação. A nível europeu, 39% ainda não viram o seu padrão de vida reduzido, mas esperam que esse seja o caso no próximo ano, criando uma perspetiva pessimista para 2023.
Outro indicador revelador do impacto da situação económica é o aumento de cidadãos que enfrentam dificuldades em pagar as suas contas “na maior parte do tempo” ou “algumas vezes”, com uma subida de nove pontos (de 30% para 39%) desde o outono de 2021, a nível europeu. Em Portugal, este indicador está nos 65%.
As perspetivas para o futuro também não são animadoras para os portugueses. 61% dos inquiridos afirma que, no prazo de um ano, a situação económica do país tenderá a caminhar numa direção errada. Por consequência, 49% perspetiva o mesmo a acontecer na sua própria vida.
“As pessoas estão, compreensivelmente, preocupadas com o aumento do custo de vida, pois cada vez mais famílias têm dificuldades em pagar as suas contas. Agora é a hora de atuarmos; controlar as contas, conter a inflação e fazer as nossas economias crescerem. Devemos proteger os mais vulneráveis nas nossas sociedades”, refere a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
Pertencer à UE é “uma coisa boa”
Por outro lado, crises recentes, das quais se destaca a guerra da Rússia contra a Ucrânia, estão a fortalecer o apoio dos cidadãos à União Europeia: 62% veem a adesão como uma “coisa boa” (77% no caso dos portugueses). Dois terços dos europeus (66%) consideram importante a adesão do seu país à UE e 72% acreditam que o seu país beneficia de ser membro da UE. Em Portugal este valor ascende a 87%.
Neste contexto, a “paz” regressa ao pensamento dos cidadãos como uma das razões fundamentais e fundadoras da União Europeia: 36% dos europeus consideram que o contributo da UE para a manutenção da paz e o reforço da segurança são os principais benefícios da adesão para o seu país, o que representa um aumento de seis pontos desde o outono de 2021. Além disso, os europeus também pensam que a UE facilita uma melhor cooperação entre os Estados-Membros (35%) e contribui para o crescimento económico (30%). Em Portugal, o destaque vai para o crescimento económico, com 38% dos inquiridos a defendê-lo como o principal benefício da adesão à UE.