Aumento de receitas em 10% não evitam quebra nos lucros no grupo Lufthansa no 1.º trimestre
O Lufthansa Group registou receitas de 8,1 mil milhões de euros, no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 10% face aos 7,4 mil milhões de euros do mesmo período de 2024. Os lucros, contudo, desceram 21%. Com a procura global por viagens aéreas a continuar forte, o grupo prevê “mais uma época alta de verão robusta”.

Victor Jorge
O Grupo Lufthansa aumentou as receitas, no primeiro trimestre de 2025, em 10% em comparação com o ano anterior, alcançando 8,1 mil milhões de euros quando no período homólogo do ano passado atingiu os 7,4 mil milhões de euros. O grupo registou um prejuízo operacional (EBIT ajustado) de 722 milhões de euros (ano anterior foi de -849 milhões de euros), com os lucros a ditarem uma quebra para 885 milhões de euros, ou seja, caíram 21% face aos prejuízos de 734 milhões de euros do primeiro trimestre de 2024.
As companhias aéreas do Grupo aumentaram a sua capacidade em quase 5% em comparação com o primeiro trimestre do ano anterior. Os coeficientes de ocupação registaram uma ligeira descida para 78,7%.
Do ponto de vista operacional, a marca principal, Lufthansa, teve o melhor início de ano dos últimos 10 anos. Só no hub de Frankfurt, foram necessárias menos 20.000 camas de hotel para passageiros durante o primeiro trimestre, comparativamente com o mesmo período de 2024. Os pagamentos diretos de compensações por atrasos e cancelamentos de voos diminuíram, a nível do Grupo, 52%, para 47 milhões de euros, face aos 98 milhões de euros do ano anterior, graças à melhoria significativa da estabilidade operacional.
As receitas das companhias aéreas de passageiros aumentaram 6% no primeiro trimestre, para 5,9 mil milhões de euros, com o resultado operacional a registar uma ligeira descida, com um EBIT ajustado de -934 milhões de euros, em comparação com os -918 milhões de euros do ano anterior.
Em termos de passageiros, o grupo informa uma estabilidade, tendo transportado 24,3 milhões de passageiros, contra 24,4 milhões de igual período de 2024. Já em termos de voos, o grupo efetuou pouco mais de 204 voos, correspondendo a uma subida de 4% face aos 197 mil dos primeiros três meses de 2024.
“O desfasamento sazonal da habitual época alta da Páscoa — que no ano passado teve lugar no primeiro trimestre — também teve impacto na evolução dos resultados. Sem este desfasamento, as companhias aéreas de passageiros teriam registado uma melhoria significativa nos seus resultados face ao ano anterior”, refere o grupo alemão, em comunicado.
Em termos de regiões, a Lufthansa transportou 18,8 milhões de passageiros na Europa, uma descida de 2% face a período homólogo de 2024. Já a América viu um crescimento de 6% nos passageiros transportados, totalizando 2,4 milhões, seguindo-se o Médio Oriente/África, com 1,7 milhões (+4%) e Ásia/Pacífico, com 1,4 milhões (+5%).
No mesmo documento, o grupo Lufthansa informa que os custos totais operacionais passaram de 9 mil milhões de euros, no primeiro trimestre de 2024, para 9,5 mil milhões de euros nos primeiros três meses de 2025, correspondendo a uma subida de 6%.

As receitas da Lufthansa Technik aumentaram 18%, no 1.º trimestre de 2025, atingido os 2 mil milhões de euros.
Carsten Spohr, Chairman da Comissão Executiva e CEO da Deutsche Lufthansa AG, reconhece, no comunicado, que “a procura global por viagens aéreas continua a crescer. Apesar de todas as incertezas geopolíticas, mantemo-nos numa trajetória de crescimento”, admitindo-se “otimista quanto ao verão”, mantendo a “perspetiva positiva para 2025”.
Por companhia, a Lufthansa registou receitas de 3,4 mil milhões de euros, correspondendo a uma subida de 8% face ao primeiro trimestre de 2024, enquanto a SWISS aumentou receitas em 4% para 1,385 mil milhões de euros. Já a Austrian Airlines viu as receitas subirem 14% para 458 milhões de euros, e a Brussels Airlines viu as receitas evoluírem 5% para 304 milhões de euros. Finalmente, a Eurowings foi a única companhia que registou uma quebra nas receitas, passando de 420 milhões para 406 milhões de euros, ou seja, uma descida de 3%.
De referir ainda os resultados da Lufthansa Technik onde a procura por serviços de manutenção, revisão e reparação, bem como por outros produtos oferecidos continua elevada. As receitas aumentaram 18% face ao ano anterior, atingindo os 2 mil milhões de euros, em comparação aos 1,7 mil milhões de euros do ano anterior.
A concluir, o grupo Lufthansa refere que “a procura global por viagens aéreas continua forte, ”indicando que “os destinos de férias mais populares continuam a ser os do Mediterrâneo, com destaque para Espanha, Itália e Grécia”.
“A procura por viagens de longo curso também se mantém estável, incluindo os voos de e para a América do Norte, onde as vendas de bilhetes para o segundo trimestre superam as do ano anterior”, pode ler-se no comunicado do grupo germânico.
Ainda assim, “as incertezas macroeconómicas, nomeadamente as tensões comerciais entre os EUA, a UE e outras regiões, dificultam uma previsão precisa para os próximos trimestres”, referindo que “a visibilidade para o terceiro trimestre continua limitada”.
O Grupo Lufthansa criou uma “task force” para acompanhar de perto a evolução da situação atual e, se necessário, “reagir de forma rápida e flexível a uma eventual quebra na procura, ajustando, por exemplo, a capacidade disponível”.
Além disso, a empresa considera também que “eventuais alterações no mercado podem representar oportunidades”, dando como exemplo “uma nova descida no preço dos combustíveis” que “poderá ajudar a compensar flutuações temporárias na procura”.