“Faz sentido Portugal tirar partido de um país que recebe três vezes mais turistas internacionais”
Depois de, no arranque da FITUR, que se realiza em Madrid até ao próximo dia 26 de janeiro, ter avançando com a estimativa que o turismo em Portugal pode crescer “na ordem dos 2 a 5% em 2025″, Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo, afirmou ao Publituris que a presença de Portugal na feira é “demonstrativo daquilo que representa o mercado [Espanha] e, sobretudo, o seu potencial de crescimento”.
Victor Jorge
Barómetro IPDT: 33 milhões de hóspedes, 81 milhões de dormidas e proveitos de 6,5 MM€ para 2025
Lisboa em destaque como um dos “destinos tendência” para 2025, diz a Mabrian
Turismo Interior, Cante Alentejano, Portugal Green Travel e uma viagem ao Rio Grande do Sul na edição 1527 do Publituris
Quatro comunidades intermunicipais da região Centro em parceria inédita na FITUR
Com a certeza de que Portugal tem em Espanha “um dos seus principais mercados”, o secretário de Estado do Turismo (SET), Pedro Machado, confirmou que, em 2024, “praticamente 10% daquilo que são as receitas arrecadada vêm de Espanha, o que quer dizer mais de 2,8 milhões de turistas, o que corresponde a uma receita líquida acima dos 6 mil milhões de euros”.
Assim, a presença “massiva” das mais de 120 empresas no stand do Turismo de Portugal, de todas as sete regiões de Portugal, é no fundo, disse Pedro Machado, “demonstrativo daquilo que representa o mercado e, sobretudo, o seu potencial de crescimento”.
O SET recordou que Portugal e Espanha são reconhecidos como “a maior placa recetiva de turismo do mundo. Espanha recebeu 94 milhões de turistas internacionais, Portugal recebeu 30 milhões, o que quer dizer que temos, praticamente, 125 milhões de turistas internacionais, muitos deles que entram em Madrid, que entram em Espanha, numa placa na qual Portugal ainda não tem conectividade direta para alguns esses mercados”. Por isso, afirma Pedro Machado, “queremos reforçar a nossa relação com o mercado espanhol, a começar pelas regiões transfronteiriças, como com projetos como aldeias históricas, aldeias de montanha, aldeias de xisto, circuitos e corredores culturais, festivais gastronómicos, região, sol e praia”, considerando que são “todos produtos que estão naquilo que é o radar das opções que a Espanha tem sobre a oferta de Portugal”.
Além disso, Pedro Machado reforça a atratividade de Portugal com a “percepção de que hoje Portugal e Espanha, sobretudo no que diz respeito aos países que estão a crescer mais, como são o caso dos EUA, Canadá, México, Argentina, Austrália, existem perspectivas de crescimento para 2025 e temos de explorar esses mercados comuns”.
“A nossa perspectiva é de que esta aposta em Espanha passa, sobretudo, por aproveitar esta grande placa” e, por isso, Pedro Machado apontou outro ponto, discutido em reuniões, quer com o ministro da Economia e da Indústria espanhol, quer com a secretária de Estado do Turismo, “da existência de uma vontade expressa de aproximar estes dois países numa estratégia conjunta de valorização e, sobretudo, de internacionalização”, considerando, contudo, que “existem problemas comuns como os recursos humanos, a questão da gestão e valorização do território, dos territórios de baixa densidade e o que significam na oferta de cada um dos países”.
Admitindo um crescimento “moderado”, mas, ainda assim, “relativamente positivo”, apontando para os já referidos 2 a 5%, Pedro Machado considera que “onde podemos e temos de crescer é em valor. Mais do que crescer no fluxo, e sentimos isso hoje com estes mercados emergentes [Canadá e EUA], é a perceção é a de que temos um número crescente, ainda que moderado, de mais turistas, mas incomparavelmente de mais valor do ponto de vista daquilo que é a operação”.
Importante neste crescimento continuam, no entanto, a ser agendas como da “sustentabilidade, da economia circular”, salientando Pedro Machado que “Portugal pode e deve assumir claramente um papel pioneiro naquilo que é a capacidade que hoje o país tem para gerar, através da economia circular, mais experiência enriquecedoras, mais amigas do ambiente, mais contributivas para a descarbonização, mais contributivas para a mitigação da pegada”, admitindo, de resto, que “isso está a acontecer e parece que é um sentimento comum entre Portugal e Espanha nesta matéria”.
Quanto à possibilidade de Portugal, efetivamente, captar mais turistas que cheguem a Espanha, e depois de apresentada a nova campanha do Turismo de Portugal na véspera do arranque da FITUR, Pedro Machado considera que “faz sentido Portugal tirar partido de um país que recebe três vezes mais turistas internacionais, com fronteiras ligadas, com contiguidade de território, com contiguidade cultural, com contiguidade de produto”.
Por isso, “não faz sentido olhar apenas para a conectividade aérea”, salientou o SET, admitindo que “é importante, mas hoje percebemos, por um lado, até por força da descarbonização e da diminuição da pegada, que cada vez mais existe um complexo em relação à viagem do avião”.
Assim, indicou o “o reforço da chamada mobilidade suave, que pode ser a ferrovia, marítima e que pode e deve ser também a rodoviária, quando todos sentimos que há uma aposta crescente em meios de locomoção amigos do ambiente”.
Finalmente, quanto à Estratégia 2035, Pedro Machado afirmou que “há que aproveitar as tendências”, ou seja, “tendências que fazem com que Portugal seja um país cada vez mais atrativo e mais competitivo em produtos que reforçam a posição da marca Portugal” e cuja aposta incida cada vez mais no processo da “internacionalização e alargamento de novos mercados”, até para, segundo o SET, “compensar um pouco aquilo que é o arrefecimento de alguns dos nossos mercados maduros”, como são o exemplo da Espanha, França e Alemanha”.
Mas além deste arrefecimento há que, também, apostar em mercados que estão a crescer, “com mais delegados do Turismo de Portugal no México, EUA, Brasil, Austrália, Argentina” e “discutir mais conectividade, mais conexão aérea com esses mercados onde queremos que Portugal se posicione”, concluiu Pedro Machado que antecipou a apresentação da nova estratégia para fevereiro próximo.