Quatro milhões de italianos vão viajar este verão, revela pesquisa da Assoviaggi
A inflação, os aumentos de preços e as guerras não impediram o desejo dos italianos de viajar este verão. Uma pesquisa da Assoviaggi (Associação Italiana de Agências de Viagens e Turismo) dá conta que, entre junho e agosto, cerca de quatro milhões de pessoas viajarão graças aos serviços das agências de viagens, para um aumento global nas reservas de 3,5% em relação ao verão de 2023.
Carolina Morgado
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A associação revela que cerca de 70% das reservas para o verão foram feitas para serviços para destinos transfronteiriços, avançando que “segundo as nossas estimativas, os pedidos para o estrangeiro apresentam uma subida de 6,7% face ao período junho-agosto de 2023, contra uma quebra de 3,1% nos pedidos para destinos italianos, um fenómeno que é afetado pela concorrência dos destinos estrangeiros, pela redução do poder de compra das famílias e pelo aumento dos preços registados em Itália, a começar pelos preços dos transportes”. Assim, 2,8 milhões escolherão uma viagem fora da Itália, enquanto 1,2 milhão ficarão em “Bel Paese”.
No que diz respeito às viagens de ‘curta distância’ ao estrangeiro, o maior número de pedidos foi verificado para a Grécia e Espanha, mas também suscitaram interesse para Portugal, França, Marrocos, Tunísia e Albânia.
Nas viagens de “médio curso”, o Egito confirma a sua posição, tendo compensado a queda da procura devido à explosão das tensões geopolíticas na zona do Médio Oriente com uma política de preços acessíveis, seguido, com menos frequência, pela Noruega e pela Islândia.
Para quem optou por um destino ‘longo curso’, porém, destaca-se a viagem aos EUA, além do Japão, Caraíbas, Tailândia e Madagascar. No entanto, nos relatórios dos empresários foram indicados mais de 30 países diferentes, incluindo Tanzânia, Malásia, Polinésia, Vietname, Índia, Austrália, Peru e Namíbia, destinos caracterizados por experiências e serviços de alta qualidade.
A Assoviaggi indica ainda que os excelentes resultados dos primeiros quatro meses do ano (+9,5% face a 2023) foram seguidos de um período de abrandamento, abaixo das expectativas das empresas de turismo organizado.
Segundo indicações dos empresários, o volume de negócios da primeira parte do ano deverá fechar positivamente, com um crescimento estimado em 9,5%, com resultados acima da média do Nordeste e Centro, mas a tendência desenvolveu-se a velocidades alternadas: uma fase inicial apoiada por uma procura robusta de viagens de lazer, seguida por um abrandamento acentuado da procura durante maio e junho. Prevê-se que as viagens de lazer representem cerca de 60% do volume total de negócios, enquanto a percentagem da venda de transportes e outros serviços turísticos deverá ascender a 18%, e as viagens de negócios a 14%, seguidas por 8% por cento dos seguros.
Para os próximos meses estima-se também um aumento moderado dos pedidos para o período de verão, mas não aos níveis esperados pelas empresas do setor. Uma parcela significativa das reservas para o verão também foi registada com reservas antecipadas nos primeiros quatro meses do ano, sendo evidente um abrandamento da procura durante os meses de maio e junho. “Assistimos a uma queda no interesse em particular pelo produto “Mare Italia”, bem como a um aumento de pedidos para destinos curtos para conter custos de transporte, mas especialmente para destinos próximos com uma oferta competitiva”, aponta o inquérito da Assoviaggi Confesercenti, realizado pelo Centro de Estudos Turístico de Florença, numa amostra de 671 agências de viagens.
Ainda em 2024, os cruzeiros estão entre as modalidades de viagem que mantêm o interesse dos italianos. Há também um forte aumento nos pedidos de viagens à medida, em pacotes ‘sob medida’ de acordo com os tempos e interesses dos viajantes, graças à competência profissional das agências. As viagens intercontinentais e as viagens para estâncias balneares nos países mediterrânicos estão a aumentar ligeiramente. Também se registou um forte crescimento do interesse nas viagens em grupo, em particular, nas viagens organizadas que também permitem a quem sai sozinho – um pedido que vem principalmente de mulheres viajantes – juntar-se a um pequeno grupo acompanhado por um especialista no destino. Entre os outros tipos de produtos, confirmam-se as escolhas para as Capitais Europeias e Cidades de Arte Italianas, enquanto a fórmula Fly & Drive também está a aumentar – mesmo que ainda seja uma participação minoritária: soluções combinadas, que permitem chegar a um destino de avião e depois deslocar-se sobre quatro (ou duas) rodas pelas diversas etapas do itinerário planeado em conjunto com a agência de viagens.
“Estamos confiantes de que 2024 pode representar uma viragem decisiva para as empresas que operam no setor do turismo organizado”, comenta Gianni Rebecchi, presidente da Assoviaggi Confesercenti. “Após anos de desafios sem precedentes, o objetivo é ver um impulso renovado e uma recuperação robusta que possa trazer o setor de volta aos níveis anteriores à pandemia, e talvez até mais além”.
Acrescenta que “trabalhamos assiduamente para inovar a oferta e melhorar a experiência do viajante e para fortalecer a colaboração com os fornecedores”, no entanto, “estamos preocupados com o abrandamento das reservas nos últimos meses, um sinal que, em nossa opinião, deve ser monitorizado com atenção: o risco é que o aumento dos preços, a começar pelos dos transportes e dos serviços turísticos, mas não só, possa levar a uma contração da procura”.