Fátima reafirma-se como “coração” do turismo religioso mundial
A presidente da ACISO, Purificação Reis, e todos os oradores da sessão de abertura dos XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT), esta quarta-feira, em Fátima, evento que, este ano coincidiu com a realização da 20 edição do Congresso Internacional de Turismo Religioso e Sustentável (CITRyS), realçaram que Fátima reafirma-se como “coração” do Turismo Religioso Mundial.
Carolina Morgado
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“Assumimos que o Workshop do Turismo Religioso é uma referência mundial para o trade deste segmento de turismo, e temos trabalhado para que este evento se assuma como um acelerador da operação turística para Portugal no âmbito do turismo religioso”, afirmou a presidente da ACISO, Purificação Reis.
A presidente da ACISO recordou que Portugal registou, em 2023, um ano excecional para o Turismo Religioso, tendo tido o privilégio de receber o Papa Francisco e a Jornada Mundial da Juventude, “evento único que inundou o país de juventude, cor e alegria e que nos deixou esperançados com o potencial futuro do turismo religioso”. Contudo realçou que “vivemos tempos verdadeiramente desafiantes tanto no âmbito internacional como nacional” e que “o turismo está a enfrentar novos paradigmas e exigências”.
Purificação Reis avançou, na sua intervenção que, em 2023, Fátima teve 6,8 milhões de peregrinos registados no Santuário, contando com uma oferta hoteleira que disponibiliza mais de 80 estabelecimentos de alojamento turístico, dos quais 50 são hotéis. Referiu ainda que, neste pequeno território contabilizam-se mais de um milhão de dormidas anuais, 70% das quais são internacionais e com grande expressão em mercados de longa distância.
Por sua vez, na sessão de abertura dos XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT), o padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário de Fátima pediu, que o turismo religioso “continue a receber do poder político a merecida atenção”. Na sua intervenção, referiu que “o atual momento político, em Portugal, com a proximidade de eleições legislativas, com as inevitáveis mudanças que trará, provoca sempre alguma incerteza. Resta-me desejar que o turismo religioso, independentemente da solução governativa, continue a receber do poder político a merecida atenção”, disse.
O católico disse que o ano de 2023 ficou marcado pela recuperação do número de peregrinos e visitantes a Fátima. Considerou que “as nossas expectativas apontavam para uma recuperação mais lenta, depois da quebra brutal provocada pela pandemia de Covid 19, mas não foi isso que se verificou”. No entanto, alertou, “precisamos de verificar até que ponto se trata de um crescimento sustentado, excluído o efeito da Jornada Mundial da Juventude e do seu impacto ao nível do turismo religioso, nomeadamente aqui, em Fátima”. Porém, “as expectativas para o presente ano, relativamente ao afluxo de visitantes, são moderadamente otimistas”, sublinhou.
O padre Carlos Cabecinhas lembrou que não podemos igualmente ignorar o contexto internacional e as ameaças à paz, que condicionam necessariamente o turismo. “A paz é desígnio maior que não podemos ignorar e o sofrimento das vítimas não nos deixa indiferentes”, disse, para avançar que, praticamente dois anos do início da guerra na Ucrânia e com quase cinco meses de guerra em Israel e Palestina, “é fundamental afirmarmos o turismo como instrumento de paz e de concórdia entre povos e nações”.
O presidente do Turismo de Portugal, Carlos Abade, sublinhou que, face aos números da atividade turística em 2023, já conhecidos, “o nosso objetivo é muito claro, é continuarmos a crescer, mas de uma forma responsável, sustentável e de uma forma cada vez mais inteligente”, que passa pela valorização das pessoas porque “só pessoas qualificadas e com talento podem acrescentar valor àquilo que é o crescimento do setor, mas também crescimento assente em propostas que valor, que sejam cada vez mais diferenciadoras e inovadoras”.
Assim, Carlos Abade reconheceu que “não há maior diferenciação do que aquela que é possível acrescentar quando utilizamos aquilo que são os nossos recursos, da nossa história e da nossa cultura, e aí dimensão do turismo religioso ganha uma expressão extraordinária”, reforçando que este segmento tem sio uma fonte de captação de turismo para Portugal”.
Os XI Workshops Internacionais de Turismo Religioso (IWRT) decorrem em Fátima, até sexta-feira e seguem para a cidade da Guarda, no sábado.
Os IWRT contam com 131 buyers e 131 suppliers de 40 nacionalidades e cerca de cinco mil contactos de negócios, só em Fátima, os quais acrescem os números do Workshop de Turismo de Herança Judaica, este sábado, na Guarda.
A edição deste ano tem o Paraguai como destino convidado. Para tal, o país da América Latina fez-se representar pela ministra do Turismo, Angie Duarte de Melillo, Javier Ramirez, diretor geral da Secretaria Nacional de Turismo, Esterfania Aderete, representante da DTP Tour Operador, e Olga Fisher, representante da Câmara de Turismo das Missões Jesuítas, que tiveram a oportunidade de apresentar as potencialidades do país como destino de turismo religioso, ainda pouco conhecido em Portugal.
Em defesa do novo aeroporto no Centro e em nome da coesão
Praticamente todas as intervenções na sessão de abertura destes workshops sobre turismo religioso saíram em defesa do novo aeroporto de Lisboa, no Centro de Portugal, apoiando, de forma inequívoca o projeto de Santarém. “O futuro aeroporto em Santarém seria uma verdadeira solução para a coesão do país e contribuiria em muito para afirmar Fátima no mundo”, destacou a presidente da ACISO.
Purificação Reis observou que “rezam as crónicas que já nos anos 30 o bispo de Leiria fundador do Santuário, D. José Alves Correia da Silva, antevendo a dimensão e alcance da devoção de Fátima, sonhou com a construção dum aeroporto que a pudesse servir”.
Por sua vez, Anabela Freitas, vice-presidente da Turismo Centro de Portugal, apontou que um aeroporto na região Centro é o que melhor defende os interesses do país, sendo a única hipótese que reforça a coesão social.
“O turismo é uma alavanca importante para a coesão territorial, para a fixação de pessoas no território. A decisão do novo aeroporto é fundamental para o desenvolvimento deste setor. Defendemos que essa estrutura aeroportuária deveria ser construída na região Centro, em Santarém, não só para alavancar aquilo que é a economia, e em particular o turismo, mas sobretudo para promover a coesão territorial”, considerou Anabela Freitas.
Também Pedro Machado, presidente da Agência Regional de Promoção Turística do Centro de Portugal, focou o tema do novo aeroporto. “Fátima integra uma rede de Cidades Santuário, quase todas elas servidas por aeroportos de proximidade, à exceção desta. Não se deve construir uma nova estrutura aeroportuária onde já existe uma carga elevada de pessoas e de infraestruturas, como acontece em Lisboa, mas sim num local que contribua para o reforço da coesão territorial, como é o caso de Santarém”, afirmou.
Para além da questão do aeroporto, Pedro Machado acentuou que turismo religioso “é um elemento-chave que, em particular nesta região do Médio Tejo, complementa e dá visibilidade a outros produtos turísticos e aproxima os territórios”.
O presidente da Câmara Municipal de Ourém, Luís Albuquerque, que também interveio na sessão de abertura, deixou votos de que os decisores políticos governativos “olhem para o país como um todo, complementar”, capaz de gerar novas centralidades, criação de emprego e valorização dos ativos estratégicos, afirmando que “importa valorizar o muito que Fátima tem para oferecer”, enquanto plataforma turística de eleição para milhões de visitantes anuais, mas, simultaneamente, “preservar a autenticidade espiritual e cultural, qualificando a oferta, reforçando a criação de infraestruturas que respondam aos fluxos de visitantes, avaliando e respeitando a capacidade de carga a cada momento”, indicou.