O que foi 2023 e o que será 2024 – Cristina Siza Vieira (AHP)
Entre os vários “pedidos” para 2024, Cristina Siza Vieira, vice-presidente Executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), elenca “trabalhar para maior estabilidade social e laboral”, “concretizar a decisão do Aeroporto e concluir as obras na Portela”, e “apostar na mobilidade”, entre outros.

Victor Jorge
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Findo o exercício de 2023, que balanço faz deste ano?
Foi sem dúvida um ano muito bom para o Turismo nacional, com os principais indicadores a continuarem a crescer, como é o caso dos proveitos e das receitas turísticas (até outubro de 2023, de acordo com o INE, mais cerca de 16%). Mesmo sabendo que houve que absorver grandes aumentos de custos, a verdade é que a procura externa respondeu muito bem ao aumento do preço. E creio que é interessante sublinhar a consolidação do mercado americano que, ao que tudo indica, será o nosso 3.º principal mercado emissor.
Na sua perspectiva, o que faltou concretizar no setor do turismo neste ano de 2023?
Infelizmente, e mais uma vez, tomar uma decisão sobre a gestão da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, atenta a absoluta saturação do aeroporto da Portela.
Como antevê o ano de 2024 em termos económicos?
Creio que vai ser um bom ano turístico, não obstante os cenários da guerra israelo-palestiniana e na Ucrânia a que o Mundo assiste. Não se perspectiva um abrandamento na procura por Portugal. Há algo que vai ter de entrar na equação: para prestar melhor serviço é inevitável continuar a subir preços para subir salários e acrescentar valor ao serviço prestado pelo setor. Sem perder de vista que em Concertação Social foi já fixado o aumento da RMMG em 60€, que naturalmente vai pressionar para cima os demais níveis salariais.
E que desafios terá o setor do turismo em 2024?
Em sentido mais lato, não só para 2024 como para a próxima década, o maior desafio passa por gerir o já estafado, mas, infelizmente, não resolvido, tema da super-esticada capacidade aeroportuária na região de Lisboa. É uma situação que condiciona a qualidade e a atratividade do nosso País. Mas para já, em 2024 temos de responder à abertura das linhas de apoio, especialmente à sustentabilidade; ao PT 2030; preparar as empresas para as obrigações de reporte provenientes da UE (oriundas da CSDRCorporate Sustainability Reporting Directive).
O que gostaria de ver concretizado em 2024?
Neste ano, e apenas quanto ao Turismo, gostaríamos que: (i) fosse tomada uma decisão sobre o novo aeroporto, tão crucial para o país e que pode pôr em causa o crescimento do setor e causa imensa instabilidade nas previsões futuras; (ii) o quadro normativo que tipifica e enquadra o regime de instalação e funcionamento dos Empreendimentos Turísticos fosse alterado para que possa, entre outras questões, incluir outras formas de alojamento turístico; acomodar outras formas e requisitos de avaliação da qualidade e cistos da operação e “limpar pó” a conceitos (e preconceitos) datados; (iv) fossem eliminados alguns custos de contexto que infelizmente ainda pesam imenso sobre as empresas (situação para a qual a AHP já alertou o Governo).
A fazer um pedido ao Governo que sairá das eleições de 10 de março de 2024, qual seria?
É impossível fazer apenas um pedido, pelo que deixo quatro: (i) Em pano de fundo: trabalhar para maior estabilidade social e laboral; (ii) Concretizar a decisão do Aeroporto e concluir as obras na Portela; (iii) Aposta na mobilidade: concretizar as opções de expansão e renovação da rede ferroviária articuladamente com os demais sistemas de transporte; (iv) Reforço urgente da capacidade de resposta dos organismos de gestão quanto às candidaturas que vão ser apresentadas ao PT 2030.