“Temos possibilidade de ter muitos mais turistas portugueses no Brasil”
A passar por uma fase de mudança, a Embratur está empenhada em manter uma relação próxima com o trade português, de forma a aumentar o número de turistas lusos que visitam o país, segundo Tetê Bezerra, a nova presidente da Embratur, que esteve na BTL 2019.
Inês de Matos
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A passar por uma fase de mudança, a Embratur está empenhada em manter uma relação próxima com o trade português, de forma a aumentar o número de turistas lusos que visitam o país, segundo Tetê Bezerra, a nova presidente da Embratur, que esteve na BTL 2019.
É presidente da Embratur há poucos meses. Como está a correr este desafio e qual tem sido a sua prioridade?
Acreditamos que as ferramentas digitais são o grande avanço dos últimos tempos. Hoje, as pessoas acedem à internet para ter informação sobre os destinos. Por isso, a Embratur tem utilizado muito as ferramentas digitais, nomeadamente para o trade internacional, colocando no visitBrasil um market place do relacionamento do operador internacional com o brasileiro.
Além disso, lançámos uma plataforma digital, a Visit Brasil Academy, para qualificar o trade internacional e estamos trabalhando para que a Embratur tenha mais orçamento e recursos para se promover em mercados estratégicos.
O português é um desses mercados estratégicos?
É um mercado em que temos total interesse, pela relação histórica, facilidade do idioma e porque existe uma comunidade portuguesa forte no Brasil.
Mas Portugal é um mercado importante também pela localização, tornou-se num grande hub para ligações aéreas ao continente americano e para o Brasil. Portugal tem essa importância, principalmente no turismo europeu, que tem uma grande simpatia pelo sol e praia, mas também pela natureza, pela questão cultural e gastronómica. São atrativos importantes, que os turistas portugueses e europeus apreciam.
O que é que está previsto ao nível da promoção da Embratur em Portugal?
Já tivemos algumas reuniões importantes, incluindo uma com a TAP, que é muito importante porque transporta 30% dos turistas europeus que vão ao Brasil, são mais de 82 voos semanais para 10 cidades brasileiras.
Além da TAP, também estivemos reunidos com a Abreu, que tem uma relação próxima com o Brasil. Vamos participar no Mundo Abreu, onde a Embratur vai mostrar o destino Brasil.
Importância da TAP
Falando na TAP, há pouco tempo foi anunciado que o Stopover seria alargado ao Brasil. Que impacto poderá ter este programa?
É uma presença nova, não temos ainda, no Brasil, voos com Stopover, mas sabemos que, em Portugal, foi uma tática com muito sucesso. Por isso, acreditamos que também será no Brasil. A expetativa é muito positiva.
Inicialmente, vamos lançar dois destinos com acesso ao Stopover, Brasília e Pernambuco, através de Recife, no Nordeste, pela praia e porque é um fantástico destino cultural.
Além do Stopover, tem surgido a indicação de que a TAP quer voar diretamente para Florianópolis. Pode confirmar esse interesse?
É verdade, mas, além de Florianópolis, há também Natal, onde os voos vão passar a ser diários no segundo semestre, o que é muito interessante. Sei que há outros mercados brasileiros em que a TAP tem interesse.
Abertura aos privados
Esta é uma fase de mudança na Embratur, que está a fazer a transição para agência de promoção. Em que ponto está esse processo?
É uma grande expetativa. Vamos deixar de ser uma entidade estritamente pública para passarmos a ter também a visão do privado. Temos uma grande confiança do nosso ministro do Turismo, que defende essa ideia, que é uma das suas bases de trabalho em relação ao turismo internacional e que está a ser tratada junto do governo federal, com a apresentação de um modelo, através de uma medida provisória, uma ferramenta que temos no Brasil.
Até abril, deve sair a medida provisória do Presidente da República, instituindo a agência com uma roupagem nova e mais orçamento. Acreditamos que isso vai contribuir muito para que o Brasil se promova melhor.
Além da Embratur, também os aeroportos brasileiros se estão a abrir aos privados. Com o novo Presidente, essa estratégia mantém-se?
Mantém-se, sim. Nos próximos dias, teremos um leilão onde vão ser disponibilizados mais 20 aeroportos. É uma opção para fomentar o turismo em aeroportos estratégicos no litoral e também no interior, para levar uma estrutura melhor aos nossos aeroportos.
Essa abertura é também a postura do Presidente Bolsonaro, que quer abrir o mercado a mais investimento, inclusive internacional, e que se soma aos esforços da Embratur nesse sentido.
Números
Como correu 2018 para o Brasil ao nível da atividade turística, nomeadamente no mercado português, e qual é a expetativa para 2019?
Portugal está em 10.º lugar no nosso ranking mundial, mas acreditamos que, principalmente pela relação histórica, temos possibilidade de ter muitos mais turistas portugueses no Brasil.
O Brasil tem uma grande oferta e está preparado para receber famílias. Os nossos resorts têm uma vantagem face a outras partes do mundo, porque estão ligados à comunidade local e isso oferece aos turistas a possibilidade de visitarem as comunidades, conhecerem a cultura e viverem a experiência da vivência nessa comunidade.
Em 2018, os portugueses que visitaram o Brasil foram em torno de 150 mil. Ainda não temos 2018 fechado, mas em 2017 tínhamos recebido mais de 140 mil portugueses e acreditamos que houve um aumento.
Ainda estamos no início do ano, mas, para 2019, a meta é estarmos, cada vez mais, presentes no mercado português, porque acreditamos que nos dará uma resposta rápida. Por isso, vamos participar em roadshow, seminários, feiras e outros eventos. Queremos ampliar, cada vez mais, a presença do Brasil em Portugal.
Além do tradicional sol e praia, que outros segmentos se estão a destacar na procura do mercado português?
Continua sendo o Nordeste a região preferida. O litoral, por tudo o que oferece, continua a ser a principal atração, são mais de oito mil quilómetros de sol e praia, isso permite que se viaje várias vezes para o Brasil e se possa conhecer, de cada vez, um destino diferente.
Mas, o Brasil foi considerado pelo Fórum Económico Mundial como o país número um em belezas naturais e o oitavo em atrativos culturais, entre 136 países. O segmento cultural e religioso, por exemplo, tem bastante procura, assim como o eco-turismo, uma vez que regiões como o Pantanal estão a ter grande destaque na Europa. São produtos novos que estão sendo apresentados e que estão preparados para receber turistas internacionais.
Este ano, temos também a Copa América, uma competição de futebol com 10 países da América Central e do Sul, e estamos convidando duas seleções de outras regiões para estarem presentes, o Japão e o Qatar, que recebem os próximos Jogos Olímpicos e Mundial de Futebol. Vai passar por cinco estados e a final é no Maracanã, o grande símbolo do futebol brasileiro. É um evento muito interessante, entre 14 de junho e 7 de julho, e que é mais uma oportunidade para atrair turistas internacionais.