Turismo de Marrocos quer multiplicar rotas aéreas com Portugal e lançar Fez e Ouarzazate em 2024
O Turismo de Marrocos em Portugal está a trabalhar com companhias aéreas com vista a multiplicar as rotas aéreas do nosso país, e pretende, no próximo ano, acrescentar as cidades de Fez e Ouarzazate com ligações diretas de Lisboa, revelou, em Marraquexe, Khalid Mimi, diretor para Espanha, Portugal e América Latina.
Carolina Morgado
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“Reabrimos a delegação em Lisboa e também temos um plano para este mercado porque é importante e estratégico para Marrocos. Os portugueses e os marroquinos conhecem-se bem, compartilham muitos valores humanos, culturais e, sobretudo, somos países vizinhos com relações excelentes”, começou por dizer Khalid Mimi, diretor do Turismo de Marrocos para Espanha, Portugal e América Latina, que, em Marraquexe, aproveitou para apresentar o novo delegado só para Portugal, cargo assumido desde o verão deste ano por Ayoub Jillar.
“Queremos trabalhar profundamente este mercado. Os números do mercado português são bons, mas queremos fazer mais”, referiu o responsável em conferência de imprensa á margem da 19ª Convenção da GEA Portugal, que decorreu no fim de semana na cidade de Marraquexe. O responsável adiantou que “o turismo em Marrocos no geral está bem depois do Covid, terminámos o ano passado com 12,9 milhões de turistas internacionais, um crescimento importante face a 2021, e este ano vamos terminar com 14 milhões. Os mercados mais importantes para nós são o espanhol, o francês, inglês, alemão, norte americano, árabe, italiano e do Benelux. Em relação ao mercado português, recebemos até outubro 122 mil com um crescimento de 40% face ao ano anterior, o que significa que é dos mercados que cresceu mais rapidamente”. Em 2019 entraram em Marrocos 110 mil turistas portugueses e “pensamos que terminamos o ano com 140/150 mil”.
Na opinião de Khalid Mimi “os portugueses conhecem bem Marrocos, e os destinos preferidos são Marraquexe e também a zona norte, a estância de Saidia com mais de 30/35% de todo o fluxo dos portugueses a Marrocos, bem como a estância de Agadir que absorve 20%”.
O responsável lembrou que “temos uma capacidade aérea muito intensa e importante entre Portugal e Marrocos para as cidades de Tanger, Casablanca e Marraquexe, ao longo do ano, bem como Agadir e Oudja só no verão, conectadas a Lisboa e Porto, e trabalhamos agora com as companhias aéreas para multiplicar as rotações aéreas. O nosso objetivo é que todos os destinos marroquinos sejam conectados com aeroportos portugueses. Este é o nosso primeiro objetivo”.
O segundo aspeto que destacou é a contratualização. “Temos acordos duráveis com todos os grandes tour operadores de Portugal, o que significa que trabalhamos juntos para fazer programas inovadores para o destino Marrocos. Claro que temos a programação de Saidia, no Mediterrâneo, para os portugueses durante o verão, mas Marrocos também é um destino de inverno, seja em Marraquexe, Essauira, Agadir ou o deserto. Nesse sentido, os acordos com os operadores turísticos visam multiplicar a programação para estes destinos”, apontou.
Para o diretor do Turismo de Marrocos “temos em conta o poder de compra dos portugueses, mas o objetivo, nos próximos dois/três anos, é que o primeiro reflexo de um turista português seja Marrocos, para fazer um city break, um fim de semana, três/quatro dias, passar uma semana ou fazer um circuito, porque tem voos, tem programação e tem a oferta para todo o tipo de clientes. Temos projetos de cinco ano com os tour operadores com vista ao crescimento do fluxo e de programação”.
O responsável evidenciou que Marrocos apresenta uma multiplicidade de destinos de norte a sul. “Temos a montanha, duas estâncias de sky, o deserto, o mar, desportos aquáticos, o golfe. De uma cidade para outra, a oferta hoteleira e de programas são diferentes. Se os clientes estiverem por exemplo interessados em cultura e história, temos circuitos montados, se querem resorts também os temos, se pretendem uma experiência única no deserto também oferecemos este tipo de programas e, sobretudo temos uma oferta muito original e atrativa ao nível do alojamento, que são os riades, e que existem apenas em Marrocos, antigas casas marroquinas que foram renovadas, não com muitos quartos, com dimensão humana, e que oferecem aos clientes uma experiência única”.
Até 2026 Marrocos para 17,6 milhões de turistas internacionais. O turismo é um setor muito importante para o país, que corresponde a 7% do PIB, que gera milhares de empregos e sobretudo receitas que este ano chegou aos 8 milhões de euros.
O responsável, que foi homenageado durante a convenção da GEA, juntamente com o novo responsável do Turismo de Marrocos, que cuida apenas do mercado português, frisou que apesar de a delegação de Lisboa ter estado encerrada, e só reaberta a 1 de agosto deste ano “tivemos sempre contacto com Portugal a partir da delegação de Madrid e com recursos dedicados ao mercado português. Encerrámos a delegação física em Lisboa, mas o trabalho continuou”.
Destacou que a delegação de Portugal está a trabalhar com a TAP, Royal Air Marroc, easyJet, Ryanair e Air Arabia, sem contar com as operações charter. “Com a TAP temos a ambição de reforçar a programação. Neste momento temos voos da TAP para Tanger, Casablanca e Marraquexe, com a easyJet de Lisboa e do Porto para Marraquexe e Agadir. A Ryanair também está interessada, bem como a Air Arabia”, sublinhando que “em programação estão cerca de 400 mil lugares para a temporada de 2024, com um crescimento de 15% sobre o 2023. É apenas uma aproximação porque ainda não temos a totalidade da programação do verão. Este número não inclui a oferta charter”.
Num primeiro momento, “queremos reforçar Marraquexe, porque a atração do destino junto dos turistas portugueses é muito grande. Depois queremos crescer a programação de Agadir porque pensamos que é um sítio que vai interessar o turista português durante todo o ano. Queremos também abrir a cidade de Fez, não só para circuitos como estadias de city breaks, e também Ouarzazate que é a porta do deserto, em operações charter diretas”.
Khalid Mimi salientou que “quando há conexão aérea o trabalho de promoção é muito simples com os operadores turísticos e agências de viagens”, recordando que “o ano passado fizemos uma campanha institucional do Turismo de Marrocos em Portugal, através do digital e nos supermercados, para atrair clientes. E claro que temos viagens de imprensa, de influencers, e famtrips, bem como participamos nas feiras”.
“Penso que os operadores turísticos e os turistas portugueses conhecem bem Marrocos, mas necessitamos de fazer mais comunicação e estar mais próximos do cliente final para ativar este reflexo de viagens a Marrocos”, realçou.
Salientou ainda que pretendem promover para Marrocos eventos de luxo. “O ano passado levámos a cabo uma ação em Évora, durante três meses, que falou do Jardim Majorelle, Fashion Week, da história de Yves Saint Laurent em Marraquexe. Estamos à procura de parceiros que podem falar de Marrocos em Portugal neste segmento”.
Finalmente, lembrou que Espanha, Marrocos e Portugal vão sediar a Copa do Mundo de 2030. “Um projeto grandioso para Marrocos porque vamos ter mais rotas aéreas, mais hotéis, mais infraestruturas, mais conexões marítimas e aéreas com Portugal e Espanha. Queremos que seja o maior de toda a história do futebol”.
Sobre o impacto da guerra entre Israel e Hamas, o responsável disse que é mínima, a não ser em relação ao mercado israelita. No que diz respeito às consequências do recente terramoto “não houve impacto nas reservas e Marraquexe estava operativa desde a manhã do dia seguinte. Tivemos o Conselho anual da FMI com a participação de cerca de 14 mil pessoas, um mês depois do terramoto. Isto significa a confiança que têm as instituições mundiais em relação a Marrocos”, acrescentando que “tenho informações que a região do Atlas, afetada pelo tremor de terra, já está aberta para o turismo”.