Portugal entre os países que lideram o turismo de bem-estar em 2025
No “Travel Trends Report 2025” do Mastercard Economics Institute (MEI) Portugal surge em 12.º lugar na lista de destino líderes em experiências de bem-estar e autocuidado, de acordo com o Índice de Viagens de Bem-Estar (Wellness Travel Index, WTI). Lisboa ainda aparece bem posicionada como destino para os “amantes da gastronomia”.

Victor Jorge
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No mais recente relatório anual do Mastercard Economics Institute (MEI) – “Travel Trends Report 2025” – Portugal surge em 12.º lugar no ranking de destinos líderes em experiências de bem-estar e autocuidado.
No Índice de Viagens de Bem-Estar (Wellness Travel Index, WTI) a liderança pertence à Namíbia, África do Sul e Tailândia, onde os visitantes podem reconectar-se com a natureza em pousadas ecológicas imersivas ou encontrar serenidade em retiros de meditação.
No caso europeu, Portugal só é ultrapassado por Itália (6.º), Áustria (8.º) e Irlanda (11.º), aparecendo à frente de destinos como Polónia (13.º), Estónia (14.º), Hungria (15.º) ou Letónia (19.º).
De resto, o relatório da Mastercard refere que “os consumidores europeus estão a dar prioridade a motivações mais profundas e com maior valor pessoal para as suas viagens, como a procura de conexão, bem-estar, aventura e experiências gastronómicas”. Estes fatores, orientados por objetivos pessoais e emocionais, continuam a ser “motores determinantes para viajar, mesmo em cenários de incerteza económica”.
Embora os fatores macroeconómicos continuem a influenciar o comportamento dos viajantes, a Europa continua a destacar-se como um importante centro de turismo global, com o seu rico património culinário, paisagens diversas e ofertas de bem-estar a atrair viajantes de todo o mundo. No entanto, os fatores não económicos pesam também na hora de tomar uma decisão. A prevalência das redes sociais, onde muitos viajantes publicam imagens apelativas de cenários e refeições exóticos, tem encorajado outros utilizadores a criar as suas próprias memórias, muitas vezes por receio de perder algo.
O mais recente relatório Economy Experience, também da Mastercard, refere também que as viagens, as atividades ao ar livre e a restauração estão no topo da lista de prioridades de despesa dos europeus em 2025, o que evidencia uma mudança para viagens baseadas em experiências e valores.
Mais de dois terços (70%) dos europeus afirma que a realização de atividades da lista de desejos é uma “prioridade máxima”. Nesse sentido, os dados analisados pelo MEI apontam que o turismo de bem-estar tem crescido significativamente nos últimos anos, apresentando-se como uma “fuga ao stress do quotidiano”.
“Estas viagens privilegiam o relaxamento, a cura e um certo grau de indulgência, em vez de horários preenchidos ou aventuras cheias de adrenalina. Embora os retiros de ioga tradicionais e os spas de luxo continuem a ser populares, o panorama do bem-estar está a evoluir, incluindo agora ofertas como clubes de longevidade e retiros focados no sono”, salienta o relatório da Mastercard.
Turismo desportivo é outra tendência
Com base numa análise única de dados agregados e anónimos de transações e de fontes de dados de terceiros, o relatório conclui ainda que paixão pelo desporto impulsiona o turismo.
O MEI analisou as despesas num raio de oito quilómetros do local da final da Liga dos Campeões, em Londres, nos cinco dias anteriores e posteriores ao evento, em junho de 2025. A vitória do Real Madrid sobre o Borussia Dortmund resultou num aumento homólogo de 61% nos gastos alemães, ultrapassando o aumento global de 14%, ao passo que os gastos espanhóis dispararam 148% em relação ao ano anterior, sugerindo que os adeptos celebraram com extravagância.
Norte-americanos gostam de Portugal
A Mastercard analisou, igualmente, as cidades mais visitadas pelos mercados entre 2019 e 2024. Lisboa surge destacada neste ciclo em mercados como o Canadá, EUA e Espanha.
No caso do Canadá, a Mastercard indica um crescimento de 80,3% no número de visitas por parte dos canadianos a Lisboa entre 2019 e 2024, colocando-se em 4.º lugar nas preferências dos turistas deste mercado emissor.
Os EUA registaram um crescimento ainda maior que o Canadá, fixando-se no aumento de 86,7% entre 2019 e 2024, verificando-se que Lisboa ocupa o 9.º lugar entre as cidades destino preferidas dos americanos.
No caso espanhol, Lisboa cresceu 33,8%, colocando a capital portuguesa em 6.º no ranking de preferências dos espanhóis.
Para onde se viaja neste verão e porquê
Os dados de reservas de voos revelam os principais destinos globais que estão a ganhar força como pontos quentes para viagens entre junho e setembro. Tóquio está no topo da lista como o destino global mais procurado para o verão de 2025. Especificamente para os viajantes europeus, as principais cidades incluem Tóquio, Palma de Maiorca, Hurghada (Egito), Paris, Osaka, Pequim e Londres. Notavelmente, Tirana, na Albânia, viu o maior aumento de visitantes europeus entre 2019 e 2024 – liderados principalmente por turistas italianos –, tornando-a um dos destinos urbanos de crescimento mais rápido no continente.
Istambul, Cannes e Interlaken são as três principais cidades para os apreciadores internacionais de gastronomia. Com a popularidade crescente das viagens internacionais, medir o número mediano de nacionalidades presentes em cada restaurante por cidade dá uma ideia mais clara sobre os destinos gastronómicos mais globalizados. O MEI apurou que a Europa domina a lista de destinos que atraem os amantes da gastronomia internacional, de acordo com os seus gastos em 2024.
Os restaurantes de Istambul acolheram turistas de 67 países em 2024, o valor mais alto entre as 43 cidades analisadas. Outros seis destinos europeus – Cannes (França) e Interlaken (Suíça) com 64 nacionalidade, Barcelona (Espanha) com 60 nacionalidade, Dubrovnik (Croácia) com 59 nacionalidades e Mykonos (Grécia) com 57 nacionalidades – surgem também no top 10, atraindo visitantes de todo o mundo com os seus vibrantes cenários culinários.
Já Portugal aparece em 15.º lugar, com os restaurantes de Lisboa a acolher turistas de 50 nacionalidades.
Outra das tendências apontadas pela Mastercard são as aventuras nórdicas que ganham cada vez mais popularidade. Ao analisar os principais parques nacionais e o modo como o comércio local contribui para os gastos totais dos turistas, o MEI concluiu que o turismo de aventura está a florescer na região nórdica, onde os viajantes procuram a beleza natural das florestas, fiordes e a serenidade ao ar livre. A Finlândia destaca-se neste conjunto de países, com os parques nacionais a representarem 7,1% dos gastos transfronteiriços totais. Outros países europeus de relevo com percentagens significativas de despesa associada a parques nacionais incluem a Suíça, Polónia, França e Noruega.
Finalmente, as viagens de negócios parecem estar a tornar-se menos frequentes, mas mais longas. Segundo o MEI, as reservas de voos corporativos no Reino Unido indicam que a duração média das viagens de trabalho é agora superior à do período anterior à pandemia. No caso dos viajantes norte-americanos, as deslocações à Europa aumentaram de 7,4 para 8,1 dias. Esta tendência verifica-se também entre os viajantes britânicos, com exceção das viagens para o Canadá e os EUA, que se tornaram mais curtas entre 2020 e 2025.
“O sector europeu das viagens continua a demonstrar uma resiliência notável”, afirma Natalia Lechmanova, economista-chefe para a Europa do Mastercard Economics Institute. A responsável conclui ainda que, mesmo perante a incerteza económica, se observa uma “mudança clara entre os viajantes europeus, que passam a privilegiar experiências com significado pessoal e valor a longo prazo. Seja através de retiros de bem-estar, exploração cultural ou aventuras na natureza, os viajantes europeus estão a dar prioridade a viagens que se alinham com os seus valores e aspirações individuais”.
Importa notar que o WTI não contabiliza viagens dentro de um mesmo país com fins de bem-estar, apenas viagens internacionais, o que provavelmente “subestima economias desenvolvidas e sobrestima países emergentes”, admitem as conclusões do relatório da Mastercard.