“Novo Aeroporto de Lisboa afetará o valor da TAP na privatização”, diz SkyExpert
“A partir do momento em que existir uma maior capacidade aeroportuária à volta da cidade de Lisboa com mais “slots” disponíveis num futuro próximo, o valor da TAP baixará drasticamente”, considera a SkyExpert.
Publituris
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Para a SkyExpert, empresa de consultoria especializada em transporte aéreo, aeroportos e turismo, o atual modelo de gestão da TAP é “incompatível com o crescimento rápido da capacidade aeroportuária de Lisboa”. Por outro lado, a consultora refere que “o enfâse dado ao “hub”, isto é, em que a maioria dos passageiros da TAP transferem de um avião para outro, implica logicamente ser a TAP a sair da Portela – não é preciso estar no centro da cidade para isso. Mantendo-se a Portela, esse aeroporto faz sentido para os voos e companhias dedicados ao transporte de passageiros de/para Lisboa, à imagem de Orly em Paris, London City em Londres ou Linate em Milão”, salientando ainda que “Portela +1 ou novo aeroporto único, o resultado pode ser a TAP perder valor”.
Pedro Castro, diretor da SkyExpert, explica que “o legado histórico da TAP permite-lhe beneficiar do congestionamento da Portela, porque a companhia tem mais de metade dos movimentos autorizados possíveis garantidos para os seus aviões, os chamados “slots”. Com isso bloqueia de forma natural a concorrência, com a qual tem dificuldade em lidar”.
Em comunicado, Pedro Castro refere que, “de acordo com o regulamento europeu sobre esta matéria, esses ‘slots’ podem não ser utilizados (até 20%) e ainda assim a TAP pode mantê-los; podem também ser utilizados para voos que não trazem qualquer utilidade prática ao país (Agadir, Banjul, Fuerteventura, Ponte aérea ou podem ser ocupados por aviões pequenos), uma vez que não existe uma avaliação qualitativa ao seu uso”.
Como é conhecido, companhias como a Ryanair e outras tentam obter faixas de aterragem e descolagem em Lisboa e não as obtêm às horas que operacionalmente pretendem ou que necessitam por já estarem ocupadas por outras companhias aéreas com esse direito adquirido – estatisticamente, em 50% dos casos será um avião da TAP. “Ainda que possamos considerar ser mais relevante para a economia nacional ocupar esse “slot” com um voo Lisboa-Qatar para 300 passageiros do que o ter ocupado com um avião de 70 lugares para fazer um Lisboa-Porto, nada se poderá fazer a esse respeito”, reforça o consultor.
A partir do momento em que existir uma maior capacidade aeroportuária à volta da cidade de Lisboa com mais “slots” disponíveis num futuro próximo, “o valor da TAP baixará drasticamente”, admite Pedro castro.
No comunicado enviado ao Publituris, a SkyExpert refere que “a liderança da TAP em Lisboa deve-se a esta posição dominante historicamente herdada – a nível nacional, a TAP transportou apenas 30% dos passageiros de/para Portugal no Verão passado, metade dos quais em trânsito para outros países devido às baixas tarifas praticadas pela empresa para atrair mais passageiros para os seus voos de transferência via Lisboa”.
“Os candidatos à privatização da TAP sabem disso e farão as devidas contas: para ocupar ‘slots’, é preciso ter muita frota, ou seja, investimento. Assumindo que grande parte desses novos ‘slots’ irão para as gigantes low-cost operarem nas rotas europeias por onde voam 70% dos passageiros da TAP, os futuros interessados na companhia irão avaliar com detalhe como é que a TAP se comporta quando confrontada com a concorrência direta das low-cost e se as consegue vencer. As experiências de Porto, Faro, Funchal e até em Ponta Delgada onde não existe essa proteção artificial dos ‘slots’ revela uma enorme fraqueza da companhia nacional nessa batalha”, conclui Pedro Castro.