Sonae abre caminho para a afirmação de Tróia
A Sonae está na linha da frente da transformação do Alentejo Litoral numa nova centralidade turística. Foram precisos oito anos, seis ministros da Economia e apenas três anos de obras […]

Patricia Neves
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A Sonae está na linha da frente da transformação do Alentejo Litoral numa nova centralidade turística. Foram precisos oito anos, seis ministros da Economia e apenas três anos de obras para que o primeiro passo fosse dado, com uma Nova Tróia. O investimento na região vai ascender aos 2.400 M€
Três anos após a demolição das duas torres da Torralta, a Sonae Turismo apresenta concluída a primeira fase do Troiaresort. “O novo Pólo de Desenvolvimento Turístico do Alentejo Litoral nasce hoje”, referiu o chairman da Sonae Capital, Belmiro de Azevedo, durante a inauguração oficial, que decorreu na passada segunda-feira.
No total, a Sonae vai investir 400 milhões de euros neste projecto. Destes, 230 milhões já foram aplicados na primeira fase, concluída em “apenas três anos, metade do tempo disponível, para que Tróia deixasse de ser rapidamente um estaleiro”, fez questão de sublinhar Belmiro de Azevedo na inauguração do Troiaresort. O projecto da Sonae Turismo em Tróia abrange um total de 404 unidades de alojamento (115 hoteleiras e 289 turístico-residenciais), distribuídas pelo Aqualuz Troia Mar Suite Hotel Apartamentos, Apartamentos Turísticos da Praia (Praia Atlântico, Praia Arrábida e Praia Sado) e Apartamentos Turísticos da Marina. Por outro lado, nesta fase ficaram ainda concluídas a marina, o Tróia Championship Golf Course, com 18 buracos e desenhado por Robert Trent Jones Sr., o Tróia Market e o restaurante e bar da Praia Atlântica.
A expectativa de Belmiro de Azevedo é que “estes empreendimentos entrem no mercado com perspectivas de plena ocupação já na próxima época”. Quanto aos apartamentos residenciais, a maioria está vendida, sendo que 211 estão situados junto à praia e 78 na marina. Os preços variam entre os 258 mil euros e os 700 mil euros.
Até ao final de Outubro, ficarão concluídos o Aqualuz Troia Rio Suite Hotel Apartamentos, o Aqualuz Troia Lagoa Suite Hotel Apartamentos, a clubhouse e os apartamentos turísticos Ácala. No primeiro trimestre de 2009 terminam as obras no aldeamento turístico da UNOP 2 (Unidade Operativa de Planeamento).
Quanto ao número de camas, o Troiaresort vai dispor de uma oferta em que os hotéis representarão 28%, as unidades de turismo residencial 59% e o alojamento residencial não afecto à exploração turística apenas 13%.
Na globalidade, o projecto vai criar 4.000 postos de trabalho e está estimado em 20 milhões de euros e 40 milhões respectivamente o Valor Acrescentado Bruto anual directo e induzido pelo investimento, correspondentes a um crescimento regional de cerca de 8%.
“Navio almirante” da Sonae
Belmiro de Azevedo defende que o Troiaresort “será o navio almirante da Sonae Turismo”, pois segui-lo-ão outros projectos que a empresa tem em carteira para os terrenos que adquiriu em Tróia (UNOP 7 e 8), no Alqueva e Douro. Sobre estes o empresário nada avançou, apenas que “a sustentabilidade, excelência ambiental e urbanística e no serviço prestado ao cliente, investimentos on time e on budget são requisitos dos projectos futuros”. A mesma qualidade ambiental que aponta no Troiaresort. O empresário defende que este projecto “foi sujeito a uma sistemática avaliação da sustentabilidade” e que “a conservação da natureza e o fomento da biodiversidade, através da requalificação do território e da diversificação de habitats prioritários constituíram objectivos dessa política”. Além disso, a Sonae conseguiu a certificação no âmbito da norma ISO 14001 e um registo no European Management and Audit Scheme (EMAS), caso pioneiro em Portugal ao nível dos empreendimentos turísticos.
Também o presidente da câmara de Grândola, Carlos Beato, fez questão de afirmar que a conclusão da primeira fase do projecto da Sonae “representa a possibilidade de se ter colocado finalmente um cavalo de Tróia naquela fortaleza quase inexpugnável do radicalismo ambiental e de uma visão retrógrada e limitada do desenvolvimento”.
Mas a Quercus classifica o projecto da Sonae como “excessivo”, uma vez que abrange um total de 15.307 camas, ameaçando o equilíbrio natural da região. Neste âmbito, a associação apresentou uma queixa à União Europeia por considerar que o empreendimento está a violar a protecção aos golfinhos roazes do estuário do Sado, lembrando ainda a falta de preservação dos habitats naturais como as dunas e o sapal.
Design Hotel para Janeiro
A partir de 2009, vão materializar-se ainda os investimentos dos grupos Amorim e Pestana, no âmbito do Troiaresort.
Em Janeiro de 2009, a Amorim Turismo abre o Tróia Design Hotel, o que estava previsto acontecer já em Outubro. O presidente, Jorge Armindo, explica ao Publituris a opção por Janeiro para a abertura deste cinco estrelas com 550 camas em 14 pisos: “Em Outubro seria uma abertura em soft-opening”, além de que “o final do ano não é a melhor época para o turismo”, e “Janeiro é uma boa altura para congressos”. “A Meeting Industry vai ser a grande força da unidade, que já tem marcações para o início do ano. Vamos mesmo competir com Lisboa”, defende.
Jorge Armindo avança que o casino e o centro de espectáculos para 500 pessoas vão abrir só no primeiro trimestre de 2010. “Tróia é um destino novo, vamos ver primeiro como corre o negócio do hotel”, explica. De referir que este projecto conta ainda com centro de conferências para 1000 pessoas, e um Spa Blue & Green com 700 metros quadrados, num investimento total de 140 milhões de euros.
Obras do Pestana em 2009
O Pestana Tróia, classificado como de Potencial Interesse Nacional (PIN), deverá obter a aprovação do Plano de Pormenor até ao final deste ano, para depois entrar em obras em 2009. A conclusão está prevista para 2012, como explicou o administrador José Roquette ao Publituris.
O projecto abrange a construção de um hotel ou aparthotel cinco estrelas com 150 quartos (o plano de pormenor deixa em aberto a tipologia), dois aldeamentos com 70 a 80 lotes de terreno e um conjunto de 70 apartamentos.
No total são 55.000 metros quadrados de construção e mil camas, “o que é muito pouco para 100 hectares”, refere José Roquette. “Vamos procurar trazer o máximo de qualidade para o empreendimento, para irmos buscar o cliente mais qualificado, cobrando um preço mais elevado, para se obter a rentabilidade desejada”, explica o responsável.
O Pestana Tróia adoptará um conceito de eco-resort e resultará de um investimento de cerca de 100 milhões de euros.
Roquette defende que “Tróia é uma grande oportunidade. Provavelmente é a região do País que faltava desenvolver e que tem maior potencial”. “Por isso saibamos nós, empresários, trabalhá-la”, deixa o conselho.
Tróia levou mais de 10 anos
Empresários apelam à celeridade nas aprovações
Foi em 1997 que a Sonae adquiriu ao Estado os créditos que este detinha sobre a Torralta. Foram precisos oito anos e seis minis-tros da Economia para reunir as condições administrativas de arranque do projecto, mas apenas três anos para fazer a obra.
O grupo Pestana também há dez anos que trabalha para a aprovação de um projecto em Tróia. Entretanto, a cadeia já investiu no Brasil, onde já criou 3.000 postos de trabalho. “Em Tróia nem um posto de trabalho criámos, nem um euro pagámos de IVA. Perdem os empresários e a região”, defende o administrador José Roquette. “É inaceitável esta situação, ou se pode fazer a obra ou não”.
Belmiro de Azevedo defende que “a reforma legislativa do Turismo aponta no sentido de um mercado mais eficiente e de um Estado regulador e menos regulamentador”. Porém, o empresário defende que “os grandes projectos estruturantes necessitam de uma passada mais rápida”, deixando o desafio aos governantes: “Aprofundamento da reforma iniciada, com mais mercado, concorrência, simplificação administrativa e decisões mais céleres”.
O presidente da autarquia de Grândola, Carlos Beato, lembra que “há mais de 30 anos que a península de Tróia e a região aguardavam a oportunidade de poder acolher um projecto de desenvolvimento sustentado e sustentável”. E a este propósito, o responsável refaz a frase de Fernando Pessoa: “Deus Quer, o Homem sonha e a obra tem de aguardar sempre e ainda mais um último parecer para que possa vir à luz do dia”.
Costa Terra e Pinheirinho parados
Governo responde esta semana à Comissão Europeia
É já esta semana que o Governo vai responder à Comissão Europeia pela acusação que esta entidade fez por “as avaliações de impacto ambiental apresentarem graves deficiências” nos três projectos PIN – Costa Terra, Herdade do Pinheirinho e Herdade da Comporta, previstos para o Litoral Alentejano. Os dois primeiros estão com obras paradas. O ministro da Economia defende que “está prevista a construção de 35 mil camas, o que é perfeitamente razoável, é uma densidade de construção muito baixa e isso é bom em termos ambientais e económicos”.
Herdade da Comporta
Aman Resorts é a primeira marca contratada
A Espírito Santo Resources assinou o primeiro contrato para a gestão de um hotel na Herdade da Comporta com a asiática Aman Resorts, que marcará a entrada desta marca em Portugal e que será a sua segunda presença na Europa, depois de França, avança ao Publituris o administrador Carlos Beirão da Veiga.
A unidade vai entrar em construção no final de 2009 para abrir em finais de 2011, com o conceito de boutique hotel, uma classificação de cinco estrelas, 40 quartos e 38 villas.
A empresa continua em negociações com outras cadeias internacionais, entre elas a Six Senses e a Tivoli, “mas não está ainda nada fechado, além da Aman”, refere o responsável. No total, o empreendimento contará com seis hotéis, três campos de golfe, 15 aldeamentos turísticos e 500 lotes para moradias.
A Herdade da Comporta já tem os dois planos de pormenor aprovados e está agora a preparar os projectos de execução, para iniciar a obra no primeiro semestre de 2009. O projecto global só estará concluído em 15 anos e resultará de um investimento de 1,2 mil milhões de euros.