Contributo do Turismo para o PIB cresce e chega aos 12,2% em 2022
Os dados são apresentados pelo INE, que divulgou esta quarta-feira, 28 de junho, uma estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo de 2022, assim como os resultados provisórios para 2021 e os resultados definitivos para 2020.
Inês de Matos
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No ano passado, o Turismo gerou um contributo direto e indireto para o Produto Interno Bruto (PIB) nacional de 29,2 mil milhões de euros, o que representa 12,2%, avança o Instituto Nacional de Estatística (INE), que divulgou esta quarta-feira, 28 de junho, os resultados da Conta Satélite do Turismo de 2022.
Os dados do INE indicam que, em 2022, “registou-se um aumento nominal de 72,7% do Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT) face a 2021”, tendo este indicador representado 8,9% do VAB nacional, valor que supera os 5,7% registados em 2021 e os 8,1% contabilizados no ano passado.
Já o Consumo de Turismo no Território Económico (CTTE) foi equivalente a 15,8% do PIB (9,8% em 2021), o que, segundo o INE, ficou “igualmente acima dos níveis de 2019, quando equivalia a 15,3% do PIB”.
“Aplicando o Sistema Integrado de Matrizes Simétricas Input-Output aos principais resultados da Conta Satélite do Turismo, estima-se que a atividade turística tenha gerado um contributo direto e indireto de 29,2 mil milhões de euros para o PIB em 2022, o que corresponde a 12,2% (7,8% em 2021 e 6,6% em 2020)”, resume o comunicado do INE.
No ano passado, o VABGT chegou aos 18 308 milhões de euros, enquanto o CTTE aumentou também de forma substancial em termos nominais, representando 37 836 milhões de euros.
“O VABGT e o CTTE registaram, respetivamente, aumentos nominais de 72,7% e 79,3% em 2022 face a 2021. O VABGT e o CTTE aumentaram de forma mais acentuada que o VAB e o PIB nacionais (variação nominal de 11,4%, em ambos os casos)”, diz o INE, explicando que os “valores do VABGT e do CTTE situaram-se acima dos níveis de 2019, evidenciando uma dinâmica de recuperação mais acentuada do que a observada para o total da economia nacional em 2022”.
A estimativa preliminar da Conta Satélite do Turismo (CST) para 2022, explica o INE, contempla quatro agregados principais, concretamente o Consumo do Turismo no Território Económico (CTTE) e, com recurso ao sistema de matrizes Input-Output, o Valor Acrescentado Bruto gerado pelo Turismo (VABGT), o VAB total e o PIB total do turismo. Os resultados provisórios da CST para 2021 (para os quatro agregados principais), bem como os resultados definitivos para 2020 também foram divulgados.
Efeito da pandemia na contribuição turística
O INE analisou também os resultados de 2020, ano em que chegou a COVID-19 e mostra que, em resultado da pandemia, o total do VABGT registou uma contração de 48,9%, face a 2019, enquanto o VAB da economia nacional diminuiu 5,8% no mesmo ano.
“Observou-se um declínio ainda mais acentuado do VABGT das atividades caraterísticas do turismo (-49,0%), em especial no transporte aéreo em que o VABGT registou mesmo valores negativos em 2020 (atingindo assim uma variação de -108,1%), nas agências de viagens, operadores turísticos e guias turísticos (-77,8%), nos restaurantes e similares (-55,1%), no aluguer de equipamento de transporte de passageiros (-52,5%) e nos hotéis e similares (-52,1%). Apenas o VABGT das residências secundárias por conta própria (rendas imputadas de residências secundárias) aumentou 3,6% em 2020”, explica o INE.
Em 2020, a “despesa do turismo recetor foi a mais afetada pelo contexto pandémico, registando uma variação negativa de 59,4%, que compara com um decréscimo de 34,7% da despesa do turismo interno e com um aumento de 1,7%
da despesa associada a outras componentes”.
Já o decréscimo menos acentuado da despesa do turismo interno (-34,7%), face à despesa do turismo recetor (-59,4%), resultou, segundo o INE, “num aumento do peso do turismo interno no total do CTTE, que evoluiu de 30,6% em 2019 para 39,0% em 2020”.
“Em sentido inverso, observou-se uma redução do peso da despesa do turismo recetor (de 64,4%, em 2019, para 51,0%, em 2020), mantendo, ainda assim, a primazia face à despesa do turismo interno e das outras componentes”, refere ainda o INE, revelando que a “despesa do turismo recetor representou 11,6% do total das exportações de bens e serviços em 2020, divergindo da trajetória ascendente observada até à emergência da pandemia COVID-19, que culminou no valor registado em 2019 (22,7%), o mais elevado desde 2016”.
A contração da despesa do turismo recetor (-59,4%) foi ainda responsável pela diminuição do saldo dos fluxos turísticos face a 2019 (-63,1%), uma vez que, segundo o INE, “a despesa do turismo emissor registou um decréscimo menos acentuado (-50%)”.
Em 2020, também o emprego nas atividades caraterísticas do turismo diminuiu 8,1% face a 2019, fixando-se em 425 730 postos de trabalho a tempo completo, que representavam 9,1% do total do emprego nacional.
“Esta redução foi superior à observada na economia nacional (-2,2%)”, refere o INE, explicando que, considerando exclusivamente a componente turística das atividades caraterísticas do turismo, “esta correspondeu a 4,4% do total do emprego nacional (206 691 ETC), tendo diminuído 23,7%.”
“A redução do emprego das atividades caraterísticas do turismo, observada em 2020, foi mais pronunciada no emprego não remunerado (-15,3%), do que no emprego remunerado (-6,7%)”, destaca o INE.
A dinâmica de redução de emprego em 2020 foi mais acentuadas nos hotéis e similares (-15,1%), no aluguer de equipamento de transporte (-9,0%) e nas agências de viagens, operadores turísticos e guias turísticos (-8,6%).
“Em regra, as remunerações das atividades caraterísticas do turismo registaram uma diminuição mais pronunciada do que o total do emprego (ETC), o que se deverá, em parte, às medidas de política pública de apoio ao rendimento e emprego, nomeadamente ao regime do lay-off simplificado. Destaca-se a discrepância observada nos transportes aéreos: -2,2% no emprego (ETC) vs. -26,8% nas remunerações”, explica o INE.
Em 2020, as remunerações nas atividades caraterísticas do turismo representaram 7,6% do total de remunerações da economia nacional, mas, considerando apenas a componente turística, o peso das remunerações correspondeu a 3,7% do total da economia nacional.
O INE diz que “as remunerações das atividades caraterísticas do turismo registaram uma diminuição próxima de 14%, em 2020, enquanto as remunerações da economia nacional estagnaram (variação nula), face a 2019”, tendo a remuneração média por trabalhador nas atividades características do turismo sido inferior à média nacional, chegando a -12,8% em 2020, valor que compara com -3,9% em 2019.
Peso da procura turística no PIB nacional foi o segundo mais elevado em 2021
Relativamente a 2021, o INE destaca que, considerando a informação disponível para o ano de 2021 para países europeus (dados provisórios ou
preliminares), observa-se que Portugal “foi o segundo país que registou maior importância relativa da procura turística no PIB (9,8%), sendo apenas superado pela Islândia (10,7%)”.
“Em termos de variação, verificou-se uma recuperação significativa da procura turística em 2021 em todos países europeus com informação disponível, oscilando entre 82,1% (Espanha) e 10,7% (Países Baixos). Em Portugal, a procura turística aumentou 25,2%, face a 2020, ano em que tinha registado um decréscimo de 48,8%”, revela o INE.
No que concerne ao peso do VABGT no VAB da economia nacional, apenas existe informação disponível para 2020, ano em que Portugal registou a segunda maior importância relativa do VAB gerado pelo turismo na economia nacional (4,4%), ultrapassado pela Espanha (5,3%), sendo que apenas a Islândia (-73,4%) e a Chéquia (-49,4%) registaram uma queda do VABGT superior à observada em
Portugal (-48,9%), em 2020.
2022 prosseguiu recuperação intensa da atividade económica
O ano passado trouxe, no entanto, uma maior vitalidade ao turismo nacional, como mostram os dados da Conta Satélite do Turismo, segundo os quais se estima que o consumo turístico tenha tido um contributo total (direto e indireto) de 29,2 mil
milhões de euros para o PIB, equivalente a 12,2% daquele agregado, e de 24,9 mil milhões de euros para o VAB da economia nacional (12,0%).
“Neste ano, o PIB do turismo registou um crescimento nominal de 75,2% face a
2021 e de 15,0% em relação ao período pré-pandemia (2019)”, acrescenta o INE, explicando que, em 2022, se “prosseguiu a recuperação intensa da atividade económica, iniciada em 2021, com o PIB a crescer, em termos nominais, 11,4% e 7,1%, respetivamente”.
“Da mesma forma que, durante a pandemia, a forte redução da atividade turística penalizou a variação do PIB, em 2022 observou-se o contrário, com o turismo a ser determinante para a expansão da atividade económica, devendo ter sido responsável por 5,8 pontos percentuais dos 11,4% de crescimento nominal do PIB”, explica o INE.
Os serviços de alojamento, a restauração e similares, os transportes (especialmente os transportes aéreos) e os serviços de aluguer, que foram os que mais sofreram os impactos económicos da pandemia COVID-19, apresentaram aumentos entre 146,5% (transportes aéreos) e 82,3% (serviços de alojamento), face a 2021, afirmando-se como “os produtos que mais contribuíram para o PIB turístico”.