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Turismofobia (ainda) não é ameaça em Portugal

Em 2017, Portugal terá recebido mais de 20 milhões
de turistas, muitos dos quais com destino a Lisboa e Porto, as duas maiores cidades do País, que têm registado também os maiores crescimentos turísticos. O crescimento do Turismo tem vindo a pressionar essencialmente os bairros históricos de Lisboa e Porto, motivando críticas e acusações de excesso de Turismo. Daí até ao surgimento de movimentos de Turismofobia pode ser um passo, como tem acontecido pela Europa. Mas, por enquanto, ninguém parece acreditar
na hipótese destes movimentos ganharem força.

Inês de Matos
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Turismofobia (ainda) não é ameaça em Portugal

Em 2017, Portugal terá recebido mais de 20 milhões
de turistas, muitos dos quais com destino a Lisboa e Porto, as duas maiores cidades do País, que têm registado também os maiores crescimentos turísticos. O crescimento do Turismo tem vindo a pressionar essencialmente os bairros históricos de Lisboa e Porto, motivando críticas e acusações de excesso de Turismo. Daí até ao surgimento de movimentos de Turismofobia pode ser um passo, como tem acontecido pela Europa. Mas, por enquanto, ninguém parece acreditar
na hipótese destes movimentos ganharem força.

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Em 2017, Portugal terá recebido mais de 20 milhões de turistas, muitos dos quais com destino a Lisboa e Porto, as duas maiores cidades do País, que têm registado também os maiores crescimentos turísticos. O crescimento do Turismo tem vindo a pressionar essencialmente os bairros históricos de Lisboa e Porto, motivando críticas e acusações de excesso de Turismo. Daí até ao surgimento de movimentos de Turismofobia pode ser um passo, como tem acontecido pela Europa. Mas, por enquanto, ninguém parece acreditar na hipótese destes movimentos ganharem força.

Com 50 mil habitantes e 30 milhões de turistas por ano, Veneza é actualmente um dos maiores exemplos de como o excesso de Turismo pode contribuir para o surgimento de fenómenos sociais perversos. A turismofobia é, actualmente, um dos mais citados.
Há muito que os canais venezianos foram invadidos por turistas e com isso chegou também um inevitável aumento dos custos, seja da habitação ou dos serviços. Viver na cidade é cada vez mais um luxo que muitos não querem, e poucos podem comportar. Resultado: Veneza tem perdido mil residentes a cada ano, as lojas de bairro foram substituídas por cadeias internacionais e a pressão causada pelos cruzeiros traz graves ameaças ambientais. Daí ao surgimento de movimentos anti-turismo foi um salto.
Em Julho de 2017, cerca de duas mil pessoas percorreram as ruas de Veneza em protesto contra o aumento das rendas provocado pelo aluguer turístico e os prejuízos ambientais causados pelos cruzeiros. Barcelona seguiu rapidamente o exemplo de Veneza, com várias manifestações contra a chamada ‘invasão do século XXI’ e, a partir daqui, a palavra turismofobia entrou definitivamente no dicionário de muitas cidades europeias. Lisboa e Porto, incluídas.
As críticas a um possível excesso de Turismo nas duas maiores cidades portuguesas começaram quase em surdina, à medida que os bairros históricos foram assistindo a um aumento da procura, e dos despejos para que as casas dessem lugar a estabelecimentos de alojamento local ou hotéis. Hoje, já são públicas, como as da deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, num artigo de opinião assinado no Jornal de Notícias, no Verão passado, sob o título “Turismo, Oportunidade ou Maldição?”, em que constatava que “a vida em certas zonas das cidades está a tornar-se insuportável. As rendas dispararam, a circulação em certas áreas é impossível e os preços também. A Lisboa e o Porto de que os turistas tanto gostam vão desaparecendo a cada dia”.
Mas das críticas à existência real de movimentos de turismofobia vai um largo passo e, como diz Graça Joaquim, professora da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE) e especialista em questões sociais, este fenómeno, em Portugal, ainda é “bastante incipiente, quando comparado com outros países ocidentais”. Graça Joaquim explica que a turismofobia tem “várias causas distintas”, mas elege a “gentrificação acelerada” e as “questões ambientais graves” como os gatilhos que espoletaram o surgimento de “grupos de activismo claramente hostis, e na fronteira da violência para com o Turismo”, em cidades como Barcelona e Veneza. Apesar de ser possível identificar as causas deste fenómeno, a especialista adverte que “muitos dos problemas que são comumente atribuídos ao Turismo têm, na verdade, a ver com as relações laborais, com a desregulamentação e especulação do mercado imobiliário, com a desorganização pública na área da higiene urbana e não, directamente, com o Turismo ou, sobretudo, com os turistas”. De qualquer forma, Graça Joaquim, sublinha que, em Portugal, “o fenómeno não está estudado”. Ou não estava.

WTTC identifica risco em Lisboa

Em Novembro de 2017, durante a 3.ª Conferência Internacional sobre Turismo, Adolfo Mesquita Nunes, anterior secretário de Estado do Turismo, alertava que não se pode dizer que “há um excesso de Turismo se não conseguimos definir o que é o excesso de Turismo”. No mesmo debate, participou também Olivia Ruggles-Brise, directora de comunicação do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, sigla em inglês), que já na altura dizia que a situação em Lisboa ainda não é preocupante, mas que é preciso tomar medidas para evitar que se chegue a um ponto de não retorno, alerta deixado com base num estudo que o WTTC se preparava para lançar e que viu a luz do dia pouco tempo depois.
“Coping With Success”, o estudo do WTTC que analisa a realidade turística de 68 cidades por todo o mundo, foi lançado em Dezembro e aconselha os governos e autoridades turísticas a agirem, se não quiserem ver fenómenos como a Turismofobia crescer. E deixa o alerta: “quando o excesso de Turismo vai longe demais, a sua repercussão é difícil de reverter”. Nesse estudo, Lisboa é apontada como uma das cidades em risco, ao lado de Marraquexe ou Praga. Para chegar a esta conclusão, o WTTC faz um cruzamento entre alguns indicadores para medir em que ponto está a concentração turística em cada cidade e concluiu que várias das metrópoles analisadas, como é o caso da capital portuguesa, apresentam um ou mais sintomas de alerta. Dos nove indicadores utilizados no estudo – importância do Turismo, crescimento das chegadas, densidade turística, intensidade turística, críticas negativas no TripAdvisor, sazonalidade das chegadas, concentração nas atracções e monumentos, poluição do ar e prevalência dos locais históricos – Lisboa apresenta maior risco no que diz respeito à limitada sazonalidade das chegadas e ao seu crescimento, que atingiu já um nível médio, no estudo do WTTC. A gentrificação dos bairros históricos, as críticas negativas em plataformas online, que começam a aparecer, e a crescente dependência económica da actividade turística são também motivos de preocupação, enquanto a poluição do ar e a concentração turística nos principais monumentos são os pontos menos críticos.
Como solução, o WTTC recomenda a definição de uma estratégia sólida, com um plano a longo termo, além da monitorização permanente dos resultados, num trabalho que deve envolver todos os players de mercado.

Nem excesso de turismo, nem turismofobia

Ao Publituris, Vitor Costa, presidente da Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa, diz não conhecer o estudo do WTTC e duvida mesmo que Lisboa esteja em risco de sofrer de excesso de Turismo, preferindo destacar as vantagens que o crescimento da actividade trouxe à capital, desde logo a nível económico, sem esquecer que “o Turismo deu uma projecção enorme e um grande prestígio a Lisboa”.
O responsável não concorda com a ideia de que há um excesso de Turismo em Lisboa, diz que não alinha “no ‘coro das velhas’ sobre o perigo da chamada ‘turistificação’” e invoca mesmo um estudo de opinião realizado há cerca de um ano, segundo o qual “90% dos residentes tem uma opinião positiva ou muito positiva sobre os turistas e sobre a contribuição do Turismo para a capital portuguesa”. Ou seja, se a grande maioria dos residentes em Lisboa está a favor do Turismo, é impossível que “exista qualquer fenómeno de turismofobia crescente em Lisboa”, defende.
Mas Vitor Costa reconhece que existem criticas, apesar de não considerar que as mesmas se tratem de manifestações anti-turismo, atribuindo muitas dessas vozes a opiniões “cínicas e elitistas”, uma vez que, “para alguns, a sustentabilidade parte do pressuposto que o Turismo é um fenómeno negativo”. O presidente da Entidade Regional de Turismo reconhece que Lisboa está em transformação e que estamos a assistir a fenómenos como o da “gentrificação nos bairros históricos”, mas defende que este é “um fenómeno complexo e multifacetado”, que “não se resolve combatendo o Turismo”.
Opinião idêntica tem Melchior Moreira, presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, que não acredita que o excesso de Turismo seja um problema em Portugal e lembra as taxas de ocupação por cama e quarto, que rondam os 55% e 69%, respectivamente. No caso do Porto, a taxa de ocupação/cama foi de 54% em 2016, segundo dados do INE, pelo que, refere o responsável, “há uma margem de crescimento muito grande”.
Tal como Vitor Costa, também Melchior Moreira prefere destacar os efeitos positivos e sublinha que “o Turismo é um fenómeno altamente dinâmico, que depende em grande medida do comportamento da conjuntura interna dos mercados emissores”, pelo que, “os fenómenos de concentração da procura de hoje (ou do passado) não serão necessariamente os do futuro”, defende.
E também Melchior Moreira reconhece que o Porto está a passar por mudanças, que não considera, no entanto, negativas e diz que o problema é que essas transformações estão “a ser debatidas de forma, muitas vezes, emotiva”, e não de um modo “racional e prospectivo”, como seria necessário.

Garantir a sustentabilidade

E também o Turismo de Portugal considera que as principais cidades portuguesas não estão a sofrer de excesso de Turismo, tema que o instituto tem vindo, no entanto, “a seguir com particular atenção”, seja através da análise de dados disponíveis em Portugal, seja pela observação de medidas tomadas noutros destinos. “É um tema actual, que tem vindo a ser abordado em diversos fóruns internacionais em que participamos e em que são discutidos indicadores e potenciais soluções”, destaca o presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, explicando que o organismo tem vindo a acompanhar de perto “casos internacionais de pressão turística, monitorizando indicadores como, por exemplo, a densidade turística, que relaciona a procura turística e a área do território”. Luís Araújo diz que este é “um indicador internacionalmente utilizado para benchmark nesta matéria” e que tem mostrado que Lisboa e Porto “estão ainda bastante abaixo de outras cidades europeias”.
O presidente do Turismo de Portugal defende que não se pode comparar a realidade portuguesa “com a de outras cidades europeias”, até porque, “por enquanto, em Portugal, a relação entre turistas e habitantes locais tem sido de equilíbrio”. Ainda assim, Luís Araújo admite que “num destino que, ano após ano, atinge resultados recorde em todos os indicadores, é natural que o Turismo seja um assunto na ordem do dia, precisamente no que toca à sua sustentabilidade enquanto actividade” e invoca a Estratégia para o Turismo 2027, lançada pelo Governo para guiar a actividade turística nacional nos próximos 10 anos e na qual estão previstas “acções concretas” e “objectivos claros de promoção da sustentabilidade social e ambiental do País, que passam também por uma desconcentração da procura e redução da sobrecarga dos destinos tradicionalmente mais visitados”.
Em Lisboa, o pensamento é idêntico, uma vez que também Vitor Costa defende que “a sustentabilidade implica uma gestão adequada para que o Turismo possa crescer com qualidade” e volta a sublinhar que o caminho não deve passar por limitações. “O meu conceito de sustentabilidade não é o de ‘limitar’ o Turismo, nem ‘combater’ os ‘efeitos do Turismo’, nem ‘apagar a pegada turística’, mas sim, pela positiva, de gerir o crescimento, criando condições para que o Turismo possa continuar a dar a sua contribuição para o nosso desenvolvimento”, refere, salientando que “a isto acresce uma estratégia de melhor equilíbrio territorial de utilização turística”.
Melchior Moreira concorda que “há, certamente, um debate e uma análise a desenvolver” sobre o tema, motivo pelo qual a Entidade Regional de Turismo “está em permanente contacto com as instituições que tutelam de uma forma directa a gestão da cidade”.
É que uma má experiência dos turistas que nos visitam pode ter graves consequências na imagem do País enquanto destino turístico, uma possibilidade em que, por enquanto, ninguém acredita, pelo menos no “curto e médio prazo”, conclui Graça Joaquim.

Algarve diz que é “ridículo” falar em excesso de turistas

No Algarve, não há excesso de Turismo e Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, considera mesmo que é “ridículo” que se fale sequer nisso, uma vez que a principal região turística do País continua a sofrer com a sazonalidade e não vai além dos 65% de ocupação ao longo de todo o ano. “Em relação ao Algarve, essa questão não se põe. Tomara nós podermos dizer que temos excesso de turistas, mas não temos. Aliás, temos uma taxa de ocupação anual que não passa dos 65% e temos meses com 30% ou 40% de ocupação. É evidente que precisamos dos turistas”, refere o responsável em declarações ao Publituris.
Desidério Silva salienta que a região tem uma forte tradição turística desde os anos 80 e que nunca se viu confrontada com situações de turismofobia, considerando que não será agora, “que vai havendo oferta diversificada”, que o fenómeno se vai manifestar e atribui as críticas ao excesso de turismo às “opiniões de alguns pseudolíderes, que acham que podem emitir essas opiniões e criar esse ruído”. “Se começarmos a fazer ruído e a alimentar essa questão, os únicos prejudicados somos nós, enquanto destino turístico, e os empresários que investem no Turismo. Portanto, enquanto houver taxas de ocupação que ainda estão abaixo daquilo que é a sua sustentabilidade e muita oferta que não está a ser ocupada, obviamente que a questão não se põe”, refere.
Em Lisboa, pelo contrário, Desidério Silva entende que “o risco existe”, mas adverte que estamos a falar de uma “cidade que tem tido um crescimento muito grande” e onde se tem vindo a criar essa percepção, principalmente “quando o alojamento local começou a ter uma oferta estabilizada, o que pode ter criado alguma ‘dor de cotovelo’ e, por uns, acabam por pagar todos”, diz, considerando, no entanto, que “Lisboa não é exemplo de tudo”.

AHP quer controlar volume de oferta de alojamento

Muitas das críticas aos efeitos do Turismo têm surgido devido ao crescimento do alojamento, especialmente do alojamento local, mas também da hotelaria. Apesar de considerar que “estamos muito longe de ter excesso de turistas em Portugal”, a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) reconhece que é necessário “acautelar algumas situações, principalmente quando falamos de cidades como Lisboa ou Porto e da sua capacidade de carga”. Foi por esse motivo que a Turismofobia foi um dos temas debatidos no último congresso da AHP.
A associação considera que “é fundamental que exista um equilíbrio entre quem habita e quem visita”, defendendo, por isso, que é necessário “controlar o volume de oferta de alojamento para que não percamos a identidade, logo o que nos distingue”. “Para que o Turismo seja sustentável, tem que haver um limite nas zonas que sofrem uma maior pressão turística”, refere a associação, numa nota enviada ao Publituris.
Mas, acrescenta a AHP, é preciso ter em conta que, a nível nacional, a ocupação da hotelaria só agora ultrapassou os 70%, além da estada média ainda continuar muito baixa, na ordem das duas noites, motivo pelo qual defende que a prioridade deve passar por levar a que os turistas “prolonguem a sua estadia e conheçam as regiões menos visitadas”. “Para evitar o excesso de Turismo, há que distribuir a procura por todo o território, como acontece com outros países, como por exemplo, a Itália ou a França, devendo o Turismo de Portugal promover incentivos para aumentar a estada média dos turistas no nosso País”, defende a associação.
Sobre o autorInês de Matos

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Enoturismo
Edição Digital

Edição Digital: Especial BTL 2025, vencedores Trade Awards, TUI, Tour10, Uganda, ATR e Timeless

A última edição do Publituris traz muito para ler. São 112 páginas que têm no Especial dedicado à BTL 2025 o tema principal. Neste especial, entrevistámos Pedro Braga, diretor-geral da FCE Lisboa – Feiras Congressos e Eventos; José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo; Gonçalo Lopes, presidente da Câmara de Leiria; e Niurka Pérez Denis, conselheira de Turismo de Cuba em Espanha e Portugal. Além disso, há os vencedores dos “Portugal Trade Awards by Publituris @BTL 2025”, as novidades da TUI e da Tour10, Portugal Travel Team, Lilly Ajarova (Turismo do Uganda), viagem à Jamaica, ATR e Timeless.

Publituris

A nova edição do jornal Publituris faz capa com a entrevista ao presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, José Santos. Destino Nacional convidado da BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market 2025, José Santos, lançou ideia do que será realizado no Alentejo e no Ribatejo para atrair mais turistas nacionais e, principalmente, internacionais. Depois de, em 2024, a região do Alentejo e Ribatejo ter o melhor ano turístico de sempre, José Santos salienta que o Enoturismo, é hoje um porta-estandarte e um produto que une muito o Alentejo e Ribatejo.

Adepto de “melhor em menos mercados”, José Santos salienta que existem preocupações e, além da recuperação dos mercados emissores, é preciso olhar melhor para o ordenamento do território.

Destinos na BTL
Com o destaque da edição a estar na BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market 2025, além da entrevista a José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo e Destino Nacional convidado, o Publituris entrevistou o presidente de Câmara, Gonçalo Lopes, enquanto responsável pelo Município convidado da maior feira de turismo nacional.

O concelho de Leiria oferece uma combinação única de história, cultura e paisagens naturais, proporcionando uma experiência inesquecível a quem visita a região. Com um património riquíssimo, que inclui o emblemático Castelo de Leiria e a beleza serena das praias da região, Leiria convida a descobrir os seus segredos mais bem guardados. A sua oferta cultural diversificada, com festivais de música, teatro e arte, aliada a uma gastronomia autêntica e aos trilhos naturais da Mata Nacional de Leiria, fazem deste território um ponto de encontro entre tradição e modernidade. Daí não ser de estranhar o facto do concelho ser o grande protagonista da 35.ª edição da BTL, na qualidade de Município Convidado.

Já relativamente a Cuba, Destino Internacional convidado da BTL, o grande potencial do mercado português voltou a ficar evidente em 2024 ao subir para o 11.º lugar, entre os primeiros 20 emissores para o país, com a chegada de 33.745 visitantes. Mais uma vez foi o único mercado europeu a crescer, tendo superado o recorde alcançado em 2019. Assim, em entrevista ao Publituris, Niurka Pérez Denis, conselheira de Turismo de Cuba em Espanha e Portugal, dá conta de ações neste mercado considerado estratégico que visam a sua consolidação.

A abrir este especial, contudo, está a conversa com Pedro Braga, diretor-geral da FCE Lisboa – Feiras Congressos e Eventos, que admitiu que a BTL “é um reflexo da boa performance do turismo em Portugal”. Certo é que “não temos mais um metro quadrado disponível”, o que faz com que as próximas edições sejam desafiantes, reconhece Pedro Braga.

Vencedores dos “Portugal Trade Awards 2025”
Esta edição mostra, também, os vencedores dos “Portugal Trade Awards by Publituris @BTL2025”. Dos 89 nomeados na 13.ª edição dos prémios, resultaram 15 vencedores, existindo ainda lugar à entrega de um prémio de “Personalidade do Ano”, distinção atribuída diretamente pela redação do Publituris.

TUI Espanha, Portugal e LATAM
Reconhecendo haver sinergias claras entre as operações em Espanha e Portugal e os mercados da América Latina, o Grupo TUI integrou estas regiões sob a liderança de Andrea Pfeiffer, que já as considera de sucesso. “Um dos avanços mais relevantes foi a integração de sistemas, facilitando reservas dinâmicas, personalização de itinerários e acesso a uma rede global de fornecedores. Este modelo fortalece a nossa transformação digital, agilizando os processos para as agências de viagens e para os clientes, alinhando-nos com a nossa estratégia de futuro”, nesta busca, por parte do grupo, de aceleração da sua expansão internacional, afirmou a responsável pelos três mercados, em entrevista que concedeu ao Publituris.

Tour10
A Tour10 é hoje mais do que um “bed bank”, uma vez que, para além de disponibilizar cerca de 500 mil hotéis em mais de 160 países e destinos, também começou a oferecer um conjunto de experiências/atividades que os agentes de viagens podem sugerir aos seus clientes, gerando valor acrescentado. Em Portugal, há vários anos, a empresa está a apostar fortemente, com departamento comercial e no departamento de reservas em Faro, mercado que já gera entre 25% a 30% do total de faturação da empresa.

Portugal Travel Team
Eduarda Neves, CEO da Portugal Travel Team, foi eleita, no início do ano, presidente da Euromic, uma associação global de DMC (Destination Management Companies), assumindo o cargo para um mandato de dois anos. Em entrevista ao Publituris, a empresária explica as estratégias e os desafios que esta associação sem fins lucrativos enfrenta, bem como os objetivos do seu mandato.

Uganda
Em entrevista ao Publituris, Lilly Ajarova, diretora do Turismo do Uganda, descreve um país que conta com uma oferta única, mas que está ainda a dar os primeiros passos no desenvolvimento turístico. Por isso, o número de turistas portugueses que visita o país continua a ser baixo, realidade que o Turismo do Uganda pretende mudar com mais promoção e, de preferência, com investimentos de empresas portuguesas no setor.

Sentir a “vibe” da Jamaica
A convite da Newblue, o Publituris foi conhecer a nova aposta do operador turístico nas Caraíbas. Num país onde reina o Reggae de Bob Marley e a cultura Rastafari, a Jamaica é o quinto maior país insular das Caraíbas. Hotéis novos e/ou renovados, muito mar e natureza, boa gastronomia, são também muitas as experiências que se pode e deve viver. O importante é “feel the vibe, respect and relax”. “Ya man!”.

ATR
No ano passado, a ATR – Atividades Turísticas e Representações passou a representar em Portugal duas novas companhias aéreas, novidades que vieram tornar ainda mais positivo o ano da empresa que, segundo Artur Sousa, Managing Director da ATR, conseguiu fechar “2024 com conquistas importantes”.

Delta no aeroporto de Lisboa
A partir do final deste mês, a Delta Air Lines aumentará a sua capacidade no aeroporto da Portela, em Lisboa, em 30% sem adicionar novos voos. Como é que isto é possível de um dia para o outro num aeroporto saturado e à beira do colapso?

À boleia desta estratégia da Delta, a SkyExpert, empresa de consultoria especializada em aviação, aeroportos e turismo, explora o “delta” de crescimento à disposição de qualquer companhia no dito congestionado” aeroporto de Lisboa.

Timeless
Quando abriu portas, em 2019, a Timeless afirmava-se como “uma ‘alfaiataria’ no mercado dos transportes de luxo”, mas, seis anos depois, a empresa cresceu e muita coisa mudou. Em entrevista ao Publituris, Nuno Costa, CEO da Timeless, fala sobre a evolução para o setor de ‘leisure & corporate mobility services’, assim como sobre as novidades para 2025 e sobre os desafios que ameaçam o futuro deste setor.

Check-in + Pulse Report
Num “Check-in” especial BTL 2025, as questões colocadas ao Conselho Editorial do Publituris têm a maior feira de turismo como foco.

Também a GuestCentric analisa a evolução da procura, performance canais, mercados, evolução do preço médio e expectativas para o mês de março na hotelaria em Portugal.

Opiniões
Para finalizar, as opiniões nesta edição distribuída na BTL 2025, pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor) – “O valor do turismo”; Pedro Castro (SkyExpert) – “BTL: Better Tourism…e Cuba?!”; Sílvia Dias (Savoy Signature) – “O valor dos encontros pessoais – Do turismo à diplomacia”; José Siogo Moraes (Sports Ventures) – “Portugal pode ser um gigante do turismo desportivo na Europa”; Sofia Almeida (Universidade Europeia) – “Serão as taxas turísticas uma medida sustentável? Ou um risco para a competitividade dos destinos?”; Teresa Palrão (Universidade Lusófona) – “Empreender no Turismo Industrial: Da Tradição à Inovação”.

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Cuba atravessa tempos difíceis, mas de confiança nos atributos do destino

“Tenho, pessoalmente, uma dívida para com o mercado português, porque ainda fazemos pouco e poderíamos contribuir muito mais”, reconheceu Niurka Pérez Denis, conselheira de Turismo de Cuba em Espanha e Portugal, país que, nesta edição da BTL 2025, ostenta o título de “Destino Internacional Convidado”.

tagsCuba

O seu grande potencial do mercado português voltou a ficar evidente em 2024 ao subir para o 11.º lugar, entre os primeiros 20 emissores para Cuba, com a chegada de 33.745 visitantes. Mais uma vez foi o único mercado europeu a crescer, tendo superado o recorde alcançado em 2019. Assim, em entrevista ao Publituris, Niurka Pérez Denis, conselheira de Turismo de Cuba em Espanha e Portugal, dá conta de ações neste mercado considerado estratégico que visam a sua consolidação.

Qual é a importância do mercado português para Cuba?
Este mercado continua a ser estratégico para o país e a nossa intenção é continuar a fortalece-lo, por isso não podemos deixar de estar na BTL; porém, não basta que as quatro letras que dão nome à nossa ilha, ÚNICA como a define a sua campanha promocional, o abracem todos os anos à entrada do Pavilhão, mas é o momento ideal para Cuba ser o “Destino Internacional Convidado” da BTL 2025.

Promover o aumento do investimento estrangeiro, incentivar a exportação de serviços, continuar a fortalecer o marketing do destino, mostrando os seus pontos fortes e benefícios, bem como os produtos e serviços oferecidos aos viajantes que escolhem a ilha para as suas férias e a possibilidade de fechar novos negócios, é o nosso interesse na BTL 2025 junto do mercado português.

Como tem evoluído o mercado português nos últimos anos, e no ano passado?
Sempre achamos este mercado muito interessante, agradecido e que ama muito Cuba. Tenho, pessoalmente, uma dívida para com o mercado português porque ainda fazemos pouco e poderíamos contribuir muito mais.

O mercado português apresentou tendências positivas para o destino Cuba em 2023, estando entre os principais emissores de turistas para o arquipélago, sendo o único mercado europeu que está em crescimento. O seu grande potencial voltou a ficar evidente em 2024 ao subir para o 11.º lugar, entre os primeiros 20 emissores para Cuba, com a chegada de 33.745 visitantes, é mais uma vez o único mercado europeu que está a crescer e supera o recorde alcançado em 2019.

Qual tem sido a vossa promoção neste mercado, sabendo que não havendo voos diretos, apenas operações charters no verão?
Entre as ações que têm contribuído para estes resultados destaca-se a primeira edição da Bolsa Turística de Destinos Cuba 2024 realizada, em maio, em Albufeira, evento dedicado a profissionais do turismo com alcance internacional que reuniu diferentes atores do setor de Portugal e Espanha, com resultados muito positivos e onde a música cubana, a comida típica da região, as danças típicas e o calor do cubano, fizeram com que todos os que nos acompanhassem se apaixonassem. De salientar ainda o XIV Fórum Portugal/América Latina patrocinado pelo Instituto para a Promoção da América Latina e das Caraíbas (IPDAL), realizado em Lisboa em 2023 e no qual Cuba foi o país convidado.

Da mesma forma, após o estrondoso sucesso da I Macro Convenção Internacional do grupo DIT Gestión em 2023, os agentes associados tiveram mais uma vez a oportunidade de desfrutar de uma experiência única num destino tão impressionante como Cuba. Esta II Macro Convenção nada teve a ver com a homónima de 2023, e a agenda deste ano permitiu aos agentes explorar outras zonas emblemáticas da ilha. Tendo em conta que tanto Portugal como Espanha figuram na lista dos principais mercados emissores de turistas durante o verão, reuniram-se cerca de 300 operadores turísticos de ambos os mercados.

Um programa versátil aguardava os participantes, pois contemplou ações de aperfeiçoamento profissional especializado, formação de operadores turísticos e formação com os produtos turísticos que atualmente se comercializam no destino, visitas a locais de interesse em Holguín, e também em Santiago de Cuba e Guantánamo, bem como sessões de trabalho e workshops com fornecedores locais e demonstrações culinárias, entre outros; contribuindo assim para o estabelecimento de alianças, troca de ideias e experiências para a comercialização dos produtos turísticos do leste de Cuba, das suas belezas naturais e da sua impressionante cultura.

Novas rotas aéreas diretas de Lisboa para Cuba através das companhias aéreas Iberojet e World2Fly facilitaram a chegada de turistas portugueses a Varadero, principal estância turística do arquipélago caribenho, durante o verão de 2023 e em 2024 foram expandidas para destinos como Cayo Santa María e Jardines del Rey.

Entretanto, durante o resto do ano o acesso via Madrid é mantido com outras companhias aéreas como a Iberia e a AirEuropa, e a recém incorporada, AirChina.

 

Continua a ser uma tarefa pendente para mim e para o destino, conseguir uma ligação direta de Portugal a Havana através de um voo regular que ligue os dois países durante todo o ano, para isso continuaremos a insistir com a companhia aérea TAP

 

Previsão de 2,6 milhões de visitantes em 2025
De que forma Cuba tem vindo a explicar aos mercados, nomeadamente, o português, as dificuldades que o país tem atravessado?
O cenário de Cuba é muito diferente de outros destinos caribenhos, marcado pelo intensificado bloqueio económico, comercial e financeiro que nos é imposto pelos Estados Unidos; com novas medidas que dificultam o comércio internacional, a proibição de atividades de cruzeiros – de e para Cuba -, restrições de viagens para cidadãos norte-americanos, a inclusão injusta do nosso país na lista de países patrocinadores do terrorismo, a perseguição financeira e uma agressiva campanha mediática contra a ilha, constituem travões indiscutíveis para a economia cubana, e consequentemente, também para o turismo.

Como resultado da inclusão na lista de Patrocinadores Estatais do Terrorismo, um viajante que visita Cuba não é elegível para participar do Sistema Eletrónico de Autorização de Viagem (ESTA) e deve solicitar um visto para entrar nos Estados Unidos.

Em tempos tão difíceis, não só para Cuba, mas para o mundo, continuamos empenhados em desenvolver a nossa infraestrutura turística, oferecendo um produto turístico de excelência, próspero e sustentável; mostrar ao mundo as belezas inigualáveis desta ilha e a hospitalidade das suas gentes, um destino turístico excecional que oferece experiências únicas, repletas de história, cultura e tradição.

Para este ano, Cuba espera atingir 2,6 milhões de visitantes, valor que ultrapassará entre 11% e 12% o alcançado em 2024, e Portugal, enquanto mercado emissor, deve continuar a crescer, contribuindo para este valor.

No feedback com operadores turísticos, agências de viagens e cliente final, o atributo mais bem avaliado é a segurança do destino, que diferencia Cuba dos demais destinos da região caribenha, e continuará a ser uma força com a qual tocaremos todos os corações.

E para demonstrar que não há adversidade que pare, em novembro passado Cuba sediou o XV Congresso Internacional da Federação de Jornalistas e Escritores de Turismo (FEPET), que contou com a presença de 50 profissionais de informação turística das 140 filiadas e que tiveram a oportunidade de visitar destinos como Havana, Pinar del Río, Trinidad, Cienfuegos e Varadero. O papel da imprensa é fundamental para fazer brilhar esta indústria em Cuba.

O que é que Cuba, em termos de produtos turísticos, pretende oferecer ao mercado português para além de sol e praia?
Cuba como destino turístico tem múltiplos atrativos para oferecer ao visitante e nesta importante feira apresenta-se com uma rede hoteleira renovada com aderência às modernas tecnologias, respeito e preservação do meio ambiente, a economia circular, incorporando conceitos de reutilizar, reciclar, reduzir, num design de aproveitamento máximo de recursos; que no final de novembro já contava com 84.156 quartos, dos quais 74,4% são de 4 e 5 estrelas, e a presença na gestão hoteleira de 20 cadeias estrangeiras de reconhecimento internacional, das quais nove são espanholas, e a cadeia Vila Galé Hotéis, que iniciou no ano passado a gestão do seu primeiro hotel em Cuba, no complexo turístico Jardines del Rey.

Continuamos a trabalhar na diversificação da oferta turística, assente no desenho de experiências inovadoras em modalidades como o turismo de natureza e rural, o agroturismo e de aventura, o turismo cultural e histórico-patrimonial, acessível e inclusivo, a realização de eventos e incentivos, a organização de eventos com a comunidade LGBTI e o turismo de saúde, que têm um grande potencial de desenvolvimento do país, e que nos permitem mostrar Cuba como um destino diversificado e único, um destino que tem muito para oferecer para além das suas praias de reconhecimento internacional.

A oferta turística não hoteleira continua a fortalecer-se, estreitando ainda mais os nossos laços com as instituições culturais para a oferta do património cultural e arquitetónico cubano, para que não só constituam um complemento ao consolidado destino de sol e praia, mas também um motivo de viagem.

A captação de novas agências especializadas em eventos corporativos, organização de casamentos, turismo estudantil, turismo de bem-estar, trekking, eventos desportivos, academias de dança, programas gastronómicos, clubes de charutos, entre outros, num mercado como este com elevado potencial para desenvolver estas modalidades, será também o objetivo da delegação cubana nesta importante feira e fará parte dos nossos esforços para continuar a mostrar que também aspiramos a tornar-nos um destino preferencial na região latino-americana e nas Caraíbas, para o segmento MICE.

A expansão das ligações turísticas nos diferentes mercados com a inserção de novos operadores turísticos e agências de viagens, as ofertas do setor não estatal, os programas turísticos, combinados e de excursões e a renovação do produto “Circuito”, também continuam a distinguir-nos dos restantes destinos das Caraíbas.

Como é que Cuba se tem relacionado com a rede de distribuição turística em Portugal? E voos diretos, vai haver? A TA P é uma hipótese?
Agradecemos sempre aos operadores turísticos, agências de viagens, companhias aéreas, empresários, meios de comunicação e cadeias hoteleiras de Espanha e Portugal, todos eles nos acompanharam ao longo destes anos no compromisso com o turismo cubano, e também estarão connosco nestas jornadas de feira para lhes mostrar o que temos para oferecer, os principais atrativos, novidades e potencialidades do destino.

Continua a ser uma tarefa pendente para mim e para o destino, conseguir uma ligação direta de Portugal a Havana através de um voo regular que ligue os dois países durante todo o ano, para isso continuaremos a insistir com a companhia aérea TAP.

Proporcionar experiências autênticas
Quem procura Cuba a nível internacional? Que segmentos procuram?
Como sabemos, as preferências dos viajantes evoluem, adaptando-se às tendências emergentes e às novas formas de explorar o mundo. Neste âmbito foram identificadas as principais correntes que irão redefinir a forma como caminharemos através de uma abordagem baseada na sustentabilidade e na procura de experiências personalizadas, tendências que prometem transformar o turismo e oferecer opções inovadoras para cada tipo de viajante com um compromisso mais consciente, sustentável e tecnológico.

Os viajantes procurarão cada vez mais experiências autênticas, equilibrando conforto, bem-estar e um impacto positivo nos destinos que visitam, neste sentido o produto turístico cubano convida-os a viajar com propósito, responsabilidade, novas facilidades digitais para o viajante e ampla implantação de tecnologia.

O nosso portfólio inclui ofertas adaptadas para satisfazer todos os segmentos de clientes e mostrar aos visitantes a beleza e a diversidade de Cuba, um destino turístico que oferece experiências únicas e diferentes, cheias de história, cultura e tradição, num ambiente alegre rodeado de música e dança, o que nos permitirá alcançar o posicionamento como um destino líder para o turismo experiencial.

Hoje, mais do que nunca, a cultura é uma motivação para viajar e desfrutar do turismo musical e cultural, conhecendo os costumes e tradições locais. A cultura de Cuba é uma das suas características mais distintivas e um dos seus grandes potenciais. Múltiplas manifestações artísticas, figuras de renome mundial e espaços culturais fazem da maior das Antilhas uma das ilhas com maior diversidade cultural das Caraíbas.

À disposição dos visitantes temos uma extensa rede de emblemáticos teatros, catedrais, museus e galerias; centros noturnos e recreativos, onde poderá desfrutar das mais diversas manifestações culturais e ao mesmo tempo dançar ao ritmo de uma Cuba essencialmente dançante e sonora.

Cuba possui nove sítios declarados Património Cultural da Humanidade, incluindo cidades como Havana, Cienfuegos, Camagüey, Trinidad, Vale de Viñales, entre outras. Por outro lado, a ascensão da Inteligência Artificial e das redes sociais irão inspirar o planeamento das viagens, cerca de 40% dos viajantes afirmam que utilizarão a IA, e 47% continuarão a sua pesquisa através das redes sociais, portanto, a implementação de um plano de marketing que reforce a visibilidade do destino Cuba e o seu potencial de forma diversificada e responsável será estratégico.

A partir de agora iniciaremos ações que visam promover o verão, época em que mais de 76% dos viajantes portugueses continuam a preferir para as suas férias em destinos turísticos como o nosso que lhes oferecem pleno usufruto, um clima ótimo e um turismo cada vez mais sustentável e comprometido com o ambiente.

Como está a correr a campanha de promoção turística “ÚNICA”, que mostra a autenticidade do turismo cubano? O mercado internacional acredita no destino ou é preciso fazer mais?
Cuba tem o privilégio de que um dos valores mais lembrados pelos turistas é a “gentileza do seu povo” e é precisamente o valor intangível que queremos refletir na nossa campanha de promoção turística e que por sua vez convida a descobrir a ilha precisamente pela mão do seu povo, uma ilha que depois de visitá-la, os viajantes manterão para sempre uma marca indelével na sua memória. Cuba também, pelas suas características e peculiaridades, oferece uma gama de atributos que só podemos encontrar juntos neste país maravilhoso, as experiências, as aventuras, a sua natureza e as suas paisagens, a limpeza das suas praias e o ar puro que se respira são ÚNICOS. Durante os anos de 2023 e 2024, o destino recebeu diversos reconhecimentos internacionais.

Assim, no meio de importantes esforços para promover vínculos económico-comerciais com os diferentes mercados emissores a Cuba, chega a 43.ª edição da Feira Internacional de Turismo, FIT Cuba 2025.

Este evento profissional mais importante da indústria turística cubana, este ano acontecerá de 30 de abril a 3 de maio em Havana, no Complexo Morro – Cabaña, e será dedicado à República Popular da China como país convidado de honra, e exibirá como produto as tradições das Grandes Antilhas.

O eVisa para entrar em Cuba tem vindo a dar frutos?
Para facilitar a conectividade à Internet, contamos com a CubacelTur, uma linha telefónica temporária, com ciclo de vida de 30 dias, que pode ser comercializada por operadoras de turismo, agências de viagens, redes hoteleiras, mediante contratação em grupo, proporcionando ao cliente um estilo de vida bleisure.

Da mesma forma, no compromisso com a transformação digital do destino, outro passo importante foi a implementação gradual do visto eletrónico que vem sendo realizado pelo Ministério das Relações Exteriores de Cuba desde 6 de maio de 2024. Esta medida vem substituindo gradualmente o cartão turístico e tem como objetivo facilitar o fluxo de visitantes estrangeiros ao nosso país.

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“O que vai pagar muito do investimento que está a ser feito hoje no Alentejo é a procura internacional”

Destino Nacional convidado da BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market 2025, José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, lançou ideia do que será realizado no Alentejo e no Ribatejo para atrair mais turistas nacionais e, principalmente, internacionais. Depois de, em 2024, a região do Alentejo e Ribatejo ter o melhor ano turístico de sempre, José Santos salienta que o Enoturismo, é hoje um porta-estandarte e um produto que une muito o Alentejo e Ribatejo.

Victor Jorge

A região do Alentejo e Ribatejo registou, em 2024, o melhor ano turístico de sempre. Embora existam mercados a cair, nomeadamente, o espanhol e francês, José Santos, presidente da Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo e Ribatejo, acredita que será possível recuperar, com a promoção e comunicação certa. Adepto de “melhor em menos mercados”, José Santos salienta que o Enoturismo, é hoje um porta-estandarte e um produto que une muito o Alentejo e Ribatejo. Contudo, existem preocupações e, além da recuperação dos mercados emissores, é preciso olhar melhor para o ordenamento do território.

De acordo com os dados do INE, a região do Alentejo e Ribatejo registou crescimentos em termos de dormidas, hóspedes e receitas, correspondendo ao melhor ano turístico de sempre. A que é que se deveu este crescimento nestes três pilares?
Em primeiro lugar, diria que é um crescimento no contexto nacional. Todas as regiões cresceram e, portanto, há uma notoriedade que Portugal tem tido a todos os níveis fantástica. Por isso, o país está de parabéns e todas as regiões estão de parabéns.

No caso do Alentejo, tínhamos a noção que não íamos continuar a crescer na casa dos dois dígitos. Tínhamos crescido 11% em 2023, estamos ainda na trajetória do pós-pandemia e aterramos, numa aterragem suave, em 2024, com um crescimento acima do 4%.

No início de 2024 tinha noção que a taxa de crescimento não poderia ser igual à do ano anterior?
Tinha. Aliás, há declarações minhas ao longo do ano nesse sentido e estou muito ciente das dificuldades do ano e da resiliência do mercado nacional. Tivemos algumas dificuldades no mercado nacional nos meses de verão e, aliás, lançámos uma campanha no verão, uma espécie de uma campanha de hard-selling para tentar manter e reforçar os fluxos.

Felizmente crescemos mais nos meses de “shoulder season” e depois o ano acabou por ser favorável. Portanto, tinha essa noção que começou a ser clara relativamente a algum decréscimo no mercado espanhol, logo a partir do primeiro trimestre, e não mais conseguimos recuperá-lo. Aliás, é um objetivo, noutro contexto, para este ano e para os próximos.

Depois, as dificuldades do mercado nacional, apesar de já estarmos a sair da crise inflacionista e da pior altura do pico dos créditos à habitação. Mas o Alentejo não perdeu muito da sua clientela que ocupa um segmento de oferta alto, um segmento de oferta ligado mais ao luxo e, por isso é que, em 2024, mantivemos o terceiro lugar no pódio do destino com a receita por quarto ocupado (ADR) maior. À nossa frente só tivemos Lisboa e o Algarve, o que leva a concluir que o Alentejo continua a vender-se bem junto de mercados com maior poder aquisitivo. Contudo, temos de vender o destino para um espectro de mercado muito maior.

Em 2024, conseguimos crescer mais de 4% em cima dos 11% de 2023, crescemos 12% em proveitos, crescemos no ADR, crescemos no RevPar, decrescemos ligeiramente na ocupação. Conseguimos vender o Alentejo a mais clientes e a um preço mais alto.

A quebra nos meses de junho e julho poderá estar relacionada com a realização do Campeonato Europeu de Futebol e com os Jogos Olímpicos, dois grandes eventos que, obviamente, prenderam muito a atenção e podem ter desviado algum fluxo turístico.

Na questão do preço sabemos que, por exemplo, Espanha tem produtos hoteleiros muito competitivos. Aliás, comparava e via hotéis do mesmo grupo, no Algarve e no Alentejo e, em Portugal, tínhamos esses hotéis 30% mais caros.

Mas isso no Alentejo. E no Ribatejo?
Sabe que agora temos de olhar para os dados de forma distinta. Com a criação da nova NUT do Oeste e Vale do Tejo, os 11 concelhos da Lezíria do Tejo, que valiam na NUT II Alentejo cerca de 7%, já não estão lá. Quando olhamos para os dados das dormidas de 2024, temos de ter cuidado quando comparamos com os dados de 2023, porque nesse ano ainda estavam lá os do Ribatejo e que somaram 260 mil dormidas.

No Ribatejo crescemos 20 mil dormidas, em 2024, tivemos também o melhor ano turístico de sempre no Ribatejo e, claro, estamos muito satisfeitos.

Começámos a autonomizar o marketing do Ribatejo. Quando lançamos uma campanha, lançamos para o Alentejo e lançamos para o Ribatejo. Temos a preocupação de ter conteúdos específicos para o Ribatejo. Exemplo disso é que, na BTL vamos levar uma imagem diferente do Ribatejo.

A estratégia anterior penalizava o Ribatejo?
Acho que sim. Com a nossa última campanha do Ribatejo, no ano passado, descobrimos um Ribatejo sustentável, um Ribatejo verde, muito mais próximo do que são hoje as afinidades com os mercados. Temos o Paul do Boquilobona na Golegã, temos o EVOA na Companhia das Lezírias, temos excelentes troços de turismo em bicicleta. Assim, o que vamos levar este ano à BTL é um Ribatejo mais verde, mais sustentável. Claro que o produto e todas as gestões ligadas ao campino, ao turismo equestre estão lá, mas estão apresentados de outra maneira. Creio que isso é positivo para o Ribatejo. Temos de ligar a nossa comunicação àquilo que hoje os mercados pedem.

 

Conseguimos vender o Alentejo a mais clientes e a um preço mais alto

 

Mais americanos, menos espanhóis
Que nacionalidades contribuíram para estes resultados?
O mercado espanhol é o nosso primeiro mercado internacional. Contudo, tivemos uma redução de 12% nas dormidas e cerca de 2% nos hóspedes. É um assunto que me preocupa e vou, aliás, promover brevemente uma sessão com o Turismo Portugal, com a representação do Turismo Portugal em Madrid, para percebemos, de facto, a causa.

A minha visão, mas que tem de ser confirmada, é que já não estamos a oferecer aos espanhóis aquilo que hoje procuram.

Que é?
Um turismo de muita qualidade, gastronomia de primeira linha, a nossa restauração, conceitos diferentes, cycling, walking …

Mas a um preço mais reduzido?
Não necessariamente. Há mercado em Espanha que hoje pode comprar aquilo que o Alentejo tem para vender. Penso é que não nos estamos a posicionar da forma mais correta. Os entendidos sabem que existe um Alentejo diferente, um Alentejo mais aspiracional, mas esse Alentejo não está a chegar.

Então é uma questão de comunicação e promoção?
É uma questão de comunicação e promoção. Temos o produto, mas eles não estão a ver esse produto. Temos agora a oportunidade da melhoria da ligação ferroviária, com a alta velocidade que vai passar por Évora, Elvas, até a Espanha, e como sabe, somos um destino que não tem um aeroporto internacional, não temos essa vantagem como tem Lisboa, Porto ou o Algarve. O nosso aeroporto internacional é o da Portela, mas vamos ter uma ferrovia.

A questão da conectividade não é, portanto, só aérea?
Não. Como sabemos abandonámos a ferrovia em Portugal e agora regressámos. O primeiro troço de alta velocidade ligará Portugal a Espanha através deste eixo ferroviário que vai atravessar o Alentejo e que nasceu muito pela ligação ao Porto de Sines, mais numa lógica logística e de transporte de mercadorias, mas que também vai ter, ainda que publicamente, com uma pena minha, às vezes isto não é dito de uma forma muito clara, mas o ministro das Infraestruturasuras já teve a oportunidade de dizer que este eixo ferroviário será, também, de transporte de passageiros.

Agora temos de nos posicionar e perceber onde é ficarão as paragens, porque é muito importante, até porque sabemos que hoje existe muito mercado e que está a crescer a franja das pessoas que, se puderem viajar de comboio, viajam de comboio. Aliás, estamos a olhar para esse eixo ferroviário de entrada na região já para a Capital Europeia da Cultura de Évora, em 2027.

Depois, o mercado norte-americano, que já é o segundo mercado externo da região, subiu 16,5%, é dos maiores crescimentos. Aliás, a taxa de crescimento médio anual do mercado norte-americano, entre 2013 e 2023, no Alentejo é de 19%, a partir de uma base muito baixa, obviamente, mas cresceu para ser já o segundo internacional.

O terceiro mercado é o alemão. Trata-se de um mercado muito resiliente, com algumas dificuldades económicas no momento. A nossa agência de promoção turística criou relações muito sólidas com importantes operadores turísticos e o mercado alemão é muito fiel ao Alentejo.

Mas, por exemplo, o mercado norte-americano, quando vem ao Alentejo ou ao Ribatejo, vem especificamente para a região, ou é uma vista que faz numa passagem de Lisboa para o Algarve, ou de Porto para Lisboa?
Há muitos que já vêm mesmo para o Alentejo, mas há muito mercado norte-americano que vem através de Madrid. Aliás, há uma oportunidade que queremos explorar e que vem, recentemente, publicada num artigo do Financial Times, e que dá conta que existem muitos norte-americanos, nascidos em Cuba, na Colômbia, que estão a sair dos EUA e estão a comprar quarteirões de casas em Madrid.

Por isso, está a criar-se ali um público muito interessante, que, trabalhado com DMC locais, pode vir para o Alentejo, ou seja, trazer outro tipo de clientes que têm a nacionalidade norte-americana, mas que estão em Espanha.

Aliás, há, recentemente, uma reportagem da CNN que diz que os americanos estão loucos pelo Alentejo. E de repente o mercado norte-americano é o nosso segundo mercado externo, com um crescimento de 16,5% face ao ano passado.

 

O grande desafio do Alentejo para os próximos anos é deixarmos de ser um turismo de quatro meses para passarmos a ser um destino turístico de sete meses. Isso só é possível aumentando a internacionalização, aumentando mais o crescimento dos mercados externos

 

Os pilares turísticos
E em termos de sazonalidade, esta tem vindo a esbater-se?
Se me permite, há um aspeto que sentimos muito no nosso social listening, que é a questão do calor. Aliás, na BTL vamos ter um momento importante, já que estamos a procurar colocar mais natureza, criar mais frescura na nossa comunicação, seja pela Rota das Cascatas no Parque Natural da Serra de São Mamede, seja pelas praias fluviais do Alqueva. Estamos a reduzir a taxa de sazonalidade no interior, não estamos a consegui-lo no litoral de Sines para cima. Até porque temos dois litorais diferentes no Alentejo: o litoral a sul de Sines, que tem uma sazonalidade esbatida muito pela Rota Vicentina, que é um produto cuja época alta não é no verão, e depois temos uma sazonalidade mais marcada de Sines para cima, muito pela oferta turística de Tróia, que é muito sazonal. Aí temos uma estadia média maior, mas temos uma sazonalidade maior.

No Alentejo interior, estamos a reduzir a sazonalidade. No ano 2023 temos uma taxa de sazonalidade de 38%, está a reduzir cerca de 1,7 pontos percentuais ao ano. Isto está correlacionado com o aumento da internacionalização, porque, como sabemos, o mercado nacional são as famílias que têm as suas férias definidas no tempo: verão, escapadinhas, feriados. Portanto, estamos a reduzir a sazonalidade pelo crescimento dos mercados de longa distância. O mercado norte-americano, o mercado canadiano e/ou o brasileiro.

O grande desafio do Alentejo para os próximos anos é deixarmos de ser um turismo de quatro meses para passarmos a ser um destino turístico de sete meses. Isso só é possível aumentando a internacionalização, aumentando mais o crescimento dos mercados externos.

Hoje, andamos em Évora, o polo com maior oferta e procura, e vemos turismo todo o ano. Há 5 anos não era assim. O nosso desafio é alargar esse movimento a toda a região.

Temos de criar fatores de oferta e de conteúdos muito interessantes para o verão. Não podemos olhar para o verão como olhávamos e pensar, o verão está garantido. O verão não está garantido. Este ano vamos ter uma campanha para o verão a pensar em conteúdos ligados à cultura, à arte, à gastronomia, pensar em ter uma oferta turística noturna, trabalhar com a água à noite, com o dark sky.

O verão é muito desafiante, a sazonalidade está a baixar no interior, estamos a ter turismo todo o ano, mas temos de criar produtos novos. Vamos investir muito no apoio a festivais e, para além dos festivais que já existem e que apoiamos, vamos também lançar novas iniciativas, precisamos de ter conteúdos de grande qualidade que façam com que as pessoas venham ao Alentejo.

E que iniciativas são essas?
Lançámos um piloto no ano passado, na Malhadinha Nova, vamos querer fazer um festival a que chamaremos “Alentejo Music Series” em 4 ou 5 pontos da região, 4 ou 5 concertos no verão, em locais icónicos e emblemáticos da região que chamem público para vir à região e ficar.

Os pilares dos produtos turísticos estão criados: Enoturismo, gastronomia, natureza. Depois é criar subprodutos dentro desses pilares? É fácil criar produtos turísticos novos?
Sim para a primeira pergunta, não para a segunda. Sabe que no Alentejo não temos de inventar muito.

 

O verão é muito desafiante, a sazonalidade está a baixar no interior, estamos a ter turismo todo o ano, mas temos de criar produtos novos

 

Até porque se se inventar muito, depois, eventualmente, lá se vai a autenticidade? [
Sim, esse é o grande objetivo, não desgastar a autenticidade. Somos um destino com três, quatro grandes pilares. O que podemos ter é alguns subprodutos que possam enriquecer e diversificar o produto pilar.

Dou-lhe um exemplo, temos um produto que é o Enoturismo., estamos a procurar enriquecê-lo e diversificá-lo com o Olivoturismo. A maior parte dos produtores de vinho também produzem azeite. Introduzirmos o azeite na Rota dos Vinhos, ainda que depois possa ter um corpo próprio, é algo que valorizará o produto pilar e passa a oferecer algo novo.

Temos um programa ligado às Amendoeiras em flor, vamos, brevemente, ter o nosso guia do Turismo Industrial, iremos ter cinco passeios com o Cante Alentejano, vamos fazer um suplemento para o turismo náutico. Ora, são subprodutos que ajudam os operadores a diversificar, a enriquecer, a adornar aquilo que já existe. O turismo literário pode ganhar algum corpo, temos alguns DMC muito interessadas em criar um programa, mas é um produto que entrou muito na cultura, no vinho.

O segredo é ligar isto tudo?
O nosso papel, enquanto entidade pública, não é vender os produtos, o nosso papel é ajudar os departamentos de prospeção dos operadores turísticos, é acelerarmos, é adiantarmos o trabalho, é dizermos está aqui o turismo literário, o turismo náutico, o turismo industrial no Alentejo. É lançar estas propostas, cozer a oferta, sistematizar a oferta e comunicá-la e promovê-la.

Unir esforços em prol da promoção
E faz sentido uma ERT Alentejo-Ribatejo?
Repare, temos algumas excentricidades na nossa organização do Estado. Começo pela primeira, que é termos entidades regionais e agências regionais. Portugal não é um país reformista. O Governo de Durão Barroso tomou a decisão corajosa de dizer que não só os privados devem participar nas decisões da promoção dos destinos – que é uma coisa terrível em Portugal, mas está perfeitamente assimilada e aceite – como fez outra coisa, ainda antes de começar a falar das competências das regiões, que foi dizer que as regiões vão ter um papel, através da descentralização de competências do Turismo de Portugal para as agências regionais, mediante, claro, uma lógica e plano nacional.

Isso foi há 20 anos e o setor do turismo tem isso, hoje, perfeitamente assimilado e aceite. Quer dizer, os órgãos privados e os empresários já não olham para o lado público como entidades ausentes, desligadas das dinâmicas do produto, do turismo, da promoção.

O setor do turismo é um setor maduro, adulto, perfeitamente consciente e comprometido com aquilo que são os seus desafios, as suas alterações.

Mas é um setor que precisa de muitas reformas?
Reforma é uma expressão excessiva. Medidas, sim. Ora, faz sentido haver uma agência regional e uma entidade regional. Isso é uma confusão terrível.

 

Há uma linha estratégica coerente [no turismo], com uma ou outra alteração, mas que tem sido seguida sem grandes perturbações. Imaginemos esta realidade noutros setores ou se o turismo não o tivesse feito

 

E confusão maior quando há pessoas diferentes à frente de uma e outra?
Pois, sim. Agora está tendencialmente a juntar-se, mas isso é uma circunstância e não deve ser essa circunstância a ditar essa unificação, porque as entidades têm as suas estruturas. Mas sei dos ganhos de recursos se passasse a haver uma entidade para a região. Essa é a primeira medida que o Governo devia tomar, uma única entidade regional de turismo.

A questão do Alentejo-Ribatejo, não podemos ter uma entidade regional para gerir cada marca em Portugal. Eu posso, enquanto Entidade Regional de Turismo (ERT) que gere uma área regional, promover o Ribatejo como promovo o Alentejo, e até posso promover o Alqueva e posso promover o Litoral alentejano.

A prova é que hoje temos um marketing específico para o Ribatejo. É mais exigente e mais desafiante? Sim. Repare, podemos dizer que isto é uma empresa que tem várias marcas, tem vários produtos. O conceito que existe na Lei de 33, é Área Regional de Turismo e esta área regional de turismo é tutelada por uma Entidade Regional de Turismo. Esta ERT tem um território, mais ou menos do tamanho da Bélgica, com muito menos gente, que tem o Alentejo e que tem a Lezíria do Tejo.

São territórios que têm graus de desenvolvimento turístico completamente diferentes. O Ribatejo tem 280 mil dormidas, tem dois hotéis de 4 estrelas, não tem um hotel de 5 estrelas, não tem praticamente produto. Estamos a fazer um esforço enorme. Estive, recentemente, no Ribatejo a trabalhar com empresários ligados ao vinho para se ver soluções de financiamento para criar alojamento nas adegas. Porquê? Porque há procura, as pessoas chegam às herdades e às quintas do Ribatejo, gostavam de ficar a dormir, e não podem porque não há oferta. pois não há.

O turismo não é para o Ribatejo, ou não apareceu ao mesmo tempo para o Ribatejo com uma prioridade como apareceu para o Alentejo. Tal como o Alentejo não apareceu ao mesmo tempo que apareceu para o Algarve. O turismo no Algarve começou na década de 60 e o turismo no Alentejo começou na década de 90. E no Ribatejo terá começado há 10 anos. Entre três a cinco anos, a oferta turística da Lezíria do Tejo vai mais que duplicar. É baixa, é verdade, mas vai mais que duplicar.

Mas regressando à sua pergunta sobre a ERT Alentejo-Ribatejo, o que me parece fundamental é haver uma entidade que tenha as várias janelas: temos a estruturação da oferta, a engenharia do produto, a promoção interna, a animação, a promoção externa, a monitorização e temos de ter também uma mão forte na formação, nos recursos humanos. Isto tem de ser uma única entidade, que tem vários módulos, várias equipas, mas isto tem de ser um centro único de racionalidade e decisão. E que depois fala com o Turismo de Portugal.

 

Sei dos ganhos de recursos se passasse a haver uma entidade (ERT + ARPTA) para a região. Essa é a primeira medida que o Governo devia tomar

 

Essa estruturação que fez do setor do turismo pensa que ela vai, de alguma forma, aparecer na nova “Estratégia Turismo 2035”?
Não, creio que não. Acompanhei a preparação da “Estratégia Turismo 27” (ET27) e já podemos estabelecer um quadro, uma diferença entre os contextos temporais, sociológicos, comerciais, da preparação de uma e de outra. São radicalmente diferentes.

O tempo acelerou tanto nos últimos anos e não foi só a pandemia, mas muito também pela pandemia, que a ET27 foi a afirmação de Portugal como um grande destino turístico no plano internacional. É há que destacar o trabalho de grande qualidade que o Turismo de Portugal, enquanto instituição, e turismo de Portugal como um todo tem feito, beneficiando, também, de algo que, infelizmente, nem sempre acontece noutros setores da nossa governação, que é o de haver uma linha estratégica coerente, com uma ou outra alteração, mas que tem sido seguido sem grandes perturbações. Imaginemos esta realidade noutros setores ou se o turismo não o tivesse feito.

A nova ET35 é uma estratégia de como é que o turismo pode ser o motor de transformação da sociedade portuguesa. Esta é a minha leitura, atenção, e isto não escrito em lado nenhum, mas de facto, como é que o turismo é hoje o motor de transformação da sociedade, como é que o turismo pode ser parte, talvez muito importante, em questões que têm a ver com a inclusão, com a sustentabilidade económica, ambiental e social, com um certo equilíbrio na sociedade portuguesa, na melhoria do rendimento, como é que o turismo pode ser, de facto, um fator de afirmação dos territórios do interior e das regiões.

A estratégia vai ser importante para nos sintonizarmos novamente todos com o que são os nossos desafios.

Não nos podemos esquecer que a ET27 foi um instrumento de política pública, deu muita coerência aos problemas de financiamento, aos sistemas de incentivos. As estratégias devem ser orientadoras, motivadoras e impulsionadoras, flexíveis e adaptáveis.

O Enoturismo é considerado um porta-estandarte e um produto que une muito o Alentejo e Ribatejo

Mas focou, igualmente, a importância dos recursos humanos. Regiões como o Alentejo ou Ribatejo poderão ter mais dificuldades na captação de recursos humanos para dar resposta a expectativas quantitativas e qualitativas por parte os visitantes?
Sim. Évora, por exemplo, é uma exceção porque há 12 ou 14 Expressos de Évora para Lisboa e já temos hoje muitos movimentos pendulares de mão-de-obra, de pessoas que residem em Lisboa e que estão a trabalhar em Évora.

Os problemas dos recursos humanos tiveram o seu pico logo a seguir à pandemia, têm vindo a ser suavizados. Nós começámos a fazer a Bolsa da Empregabilidade com a Associação Fórum Turismo no ano passado e temos percebido melhor o comportamento e as necessidades do mercado de trabalho, mas à medida que a oferta vai crescendo, e neste ano temos a previsão de abrir mais 10 hotéis no Alentejo, obviamente que a questão da contratação dos recursos humanos se vai agudizando e é sempre um assunto.

Temos uma situação de quase pleno emprego em Portugal, mas ainda há algumas oportunidades de contratação de recursos humanos para os nossos hotéis. Além disso, temos uma mão de obra migrante que hoje tem uma importância muito grande no aparelho produtivo de todo o turismo em Portugal, e o Alentejo não é exceção, e aí há algumas medidas de política pública interessantes, nomeadamente o programa “Integrar Turismo”. Isso permitirá resolver alguns problemas.

A questão do Alentejo é mais funda, mais estruturante, é um problema demográfico, ou seja, a região tem de definir e criar uma estratégia global de como é que se vai tornar atrativa. Já não é tanto um problema de como é que se fixam as pessoas que estão cá, mas sim como é que se atraem pessoas novas.

Temos a questão da atração e depois da formação das pessoas. Temos um problema, já que temos apenas uma escola de hotelaria e, aliás, fiz esse desafio para a nova “ET35”. Não podemos ser a única região que só tem uma escola de hotelaria. Claro que temos as escolas de Portimão, de Vila Real de Santo António e de Setúbal que apoiam o Alentejo, mas precisamos de criar um segundo pilar de formação na região.

Lançámos um desafio ao Turismo de Portugal e ao secretário de Estado, aceite de imediato, e estamos com um plano de formação para o eixo de luxo entre Troia e Melides, em que, na prática, fomos chamar o Turismo de Portugal e a Escola de Hotelaria de Setúbal, e estamos a preparar uma grande candidatura para um plano de formação de todo o Alentejo.

Mas, repare, atrair talento para o Alentejo implica uma política pública transversal, porque temos de criar soluções para a habitação, para a educação, para a saúde. Temos de ter a noção que não é uma ERT que vai conseguir mudar isso. O que vamos fazer é tentar criar algumas ações, algumas iniciativas que criem a ideia nos colaboradores, nos profissionais do turismo em Portugal que é bom vir trabalhar para o Alentejo.

Falou na ERT e na ARPTA, à qual é candidato à presidência, seguindo o exemplo de várias outras regiões, nomeadamente, Porto e Norte, Centro e Algarve. Esta união numa só pessoa, nas presidências da ERT e ARPTA, pode melhorar o desempenho do turismo no Alentejo e Ribatejo?
Eu olho para a ARPTA e para a decisão de me candidatar e penso assim, onde é que as minhas competências, experiência, podem ser úteis nesta fase de crescimento do turismo internacional no Alentejo? Porque, o que vai pagar muito do investimento que está a ser feito hoje no Alentejo é a procura internacional. E eu respondo: capacitar, dar mais músculo, dar mais poder de intervenção à ARPTA, aumentarmos o quadro de pessoal, termos mais gestores de produto, mais gestores de produto profissionais em produtos específicos e por mercados, diversificámos as nossas fontes de financiamento. Estamos a posicionar, por exemplo, para gerirmos o “Welcome Center” de Évora, que tem de estar pronto para a Capital Europeia da Cultura e onde poderemos vender toda a nossa oferta, podemos ter um painel interativo onde as pessoas compram as várias experiências, podemos ajudar na transformação digital das empresas.

Mas não se esgota em 2027?
Não, o “Welcome Center” fica e daí ter de ser pensado do ponto de vista dos seus conteúdos, para a Capital Europeia da Cultura, mas também numa perspectiva de legado.

Portanto, gestão unificada, integração de estratégia, hoje qualquer coisa que fazemos no Alentejo tem de ter a componente da internacionalização. Temos de capacitar a ARPTA, dar-lhe mais músculo, mais capacidade de intervenção, diversificar as fontes de receita, olhando numa lógica de médio prazo, a cinco anos, ou seja, perceber como é que o ganho da vinda de mais turistas internacionais reforça o financiamento da agência e o “Welcomo Center” em Évora é a grande oportunidade de o fazer.

Claro, há alguns ajustamentos que podemos fazer nos mercados, acho que devemos investir mais no mercado norte-americano, temos de olhar para o mercado espanhol de uma forma mais abrangente, mais cuidadosa.

Sou adepto de melhor em menos mercados. Não podemos brincar ao turismo.

E prestarmos contas. Se acabarmos um ano e fazemos um grande investimento num mercado e decresço nesse mercado, tenho de discutir isso. Temos de perceber melhor o que é que os empresários estão a fazer. Sei que quando decido a estratégia anual de marketing, tenho de ter em atenção o plano do Turismo de Portugal, tenho de ter em consideração as orientações macro dentro dos contratos trienais. Mas não posso definir a minha estratégia para a promoção internacional sem saber bem quais os mercados que os empresários andam a trabalhar

E há caminho para diversificar mercados ou, como diz, a aposta é “melhor em menos mercados”?
Os nossos mercados de proximidade estão a crescer menos. O mercado francês está a crescer menos, o mercado alemão, vamos ver, tem sido muito leal ao Alentejo, o mercado espanhol reduziu 12%, temos de trabalhar melhor o mercado brasileiro que está a decrescer não só no Alentejo, podemos trabalhá-lo melhor com o enoturismo. O Alentejo é, do ponto de vista da oferta enoturística, a melhor região do país, temos de nos consciencializar disso uma vez por todas e temos de estar mais seguros do poder desta aliança estratégica entre o vinho e turismo. Temos de fazer mais promoção no mercado norte-americano e temos, obrigatoriamente, de olhar para a Espanha.

Há mercados de oportunidade que o Turismo de Portugal está a lançar, mas que nunca serão mercados de grandes massas, pelo menos no imediato. Por isso, diria menos mercados, ou pelo menos, os mesmos mercados, mas melhor. Não sou muito adepto de uma diversificação, ou melhor, grande dispersão de mercados.

Atenção ao território
Quais são as lacunas do turismo em Portugal e, especificamente, no Alentejo e Ribatejo?
Para começar, não tenho aquela ideia de que as pessoas em Portugal não gostam do turismo, talvez por ter nascido no Algarve e ter convivido com o turismo desde muito novo.

 

 

Há a ideia que, de repente, o Alentejo é o melhor sítio do mundo para instalar megacentrais fotovoltaicas (…) não posso instalar centrais fotovoltaicas a todo o custo, prejudicando a competitividade turística dos territórios

 

Portanto, não se coloca a tal questão do “turismo a mais” que se ouve por aí?
Não, para mim isso é a espuma dos dias. Não vejo, hoje, no Alentejo, no país, esse sentimento de antiturismo. O país tem feito um progresso enorme, as cidades, as regiões, eu próprio também tenho algumas antipatias, não convivo bem com o tema da taxa turística …

Mas a existir taxa turística, não está a ser aplicada como e onde deveria ser aplicada?
Não sei, não conheço os casos, mas na minha visão do mundo, viajar e pagar por viajar é algo que não é compaginável.

Outra coisa é como é que os organismos que gerem destinos turísticos devem ter mais financiamento para gerir os problemas e os desafios que têm. Isso é outra coisa, mas como sabemos em Portugal, se o IVA turístico fosse entregue na totalidade pelo Estado aos municípios, a taxa turística como fonte de financiamento perdia total relevância.

O país está consciencializado da importância do turismo, temos uma boa administração, temos um Turismo de Portugal forte, temos os governos a apoiar o turismo, portanto estamos num bom caminho, e o turismo é o grande motor da nossa atividade económica.

A nível regional há alguns aspetos que me preocupam. Primeira preocupação: financiamento para a promoção internacional. Nós nunca tivemos tão poucos fundos europeus para apoiar o turismo como temos hoje. O Plano Regional Alentejo 2030, não priorizou o turismo em termos de alocação de fundos.

E é uma situação não recuperável?
É, mas é ver para querer. Claro que estamos a fazer um esforço enorme para nos desdobrarmos e procurarmos, como diz um amigo meu, se não podes entrar pela porta, tenta entrar pela janela. E descobrimos janelas.

Segunda preocupação, diferente, mas que pode retirar competitividade turística à região: a paisagem. Há a ideia que, de repente, o Alentejo é o melhor sítio do mundo para instalar megacentrais fotovoltaicas. Esta ideia de que o Alentejo é a região das monoculturas é, no mínimo, questionável. Já fomos a região da monocultura do trigo, agora somos a região da monocultura das centrais fotovoltaicas. É preciso equilíbrio, o caminho da transição energética é um caminho que o país tem de seguir e que está a seguir bem, mas não posso instalar centrais fotovoltaicas a todo o custo, prejudicando a competitividade turística dos territórios. E não nos iludamos, a paisagem continua a ser, e quando falamos com os operadores internacionais percebemos isso, o grande atributo do Alentejo. Naturalmente, que a paisagem muda, o Alqueva mudou radicalmente a paisagem do Alentejo, mas mudou para melhor, trouxe benefícios. Agora os turistas não vêm para os territórios ver florestas de vidro. O norte-americano gosta de ver as amendoeiras em flor no Alentejo, mas não gosta de ver florestas de vidro.

Olhe, uma boa ideia para a “Estratégia Turismo 2035”, criarmos áreas de aptidão turística. Temos de proteger os investimentos turísticos, proteger a integridade da paisagem. E aqui emerge o ordenamento do território. Temos de ter centrais, fotovoltaicas, claro que sim, temos de ter no Alentejo, óbvio, mas vamos escolher bem as localizações para não prejudicar o turismo, que é uma atividade que cada vez mais traz riqueza e emprego para as nossas comunidades e para o Alentejo.

Que Alentejo e Ribatejo vamos ter nos próximos cinco anos?
A região vai continuar a crescer.

Vão ter 10 novos hotéis a abrir em 2025?
Sim, novos hotéis, vamos ter mais hotéis na zona de Comparta e Melides, vamos ter um hotel em Viana do Alentejo ligado ao turismo industrial, começamos a ter alguns hotéis temáticos.

O investimento internacional já começa a olhar para o Alentejo e Ribatejo?
Claramente, para o Alentejo, com produtos que, alguns, serão geridos para marcas internacionais. Esta atração de investimento e de marcas internacionais já não é só para o eixo do litoral, tipicamente para aquele eixo entre Troia e Comporta. O destino vai crescer, vai afirmar o seu posicionamento de qualidade, o preço vai continuar a aumentar, temos esta preocupação de a região continuar a ser atrativa para todos os segmentos do mercado, temos de ter produtos para os vários clientes e a nossa estratégia de comunicação tem de ser uma estratégia que não pode perder isso de vista. Como dizia o Sérgio Palma Brito, temos de ter clientes para os Porsche, para os Mercedes, mas também para os Fiat ou para o Renault.

Hoje o investimento no turismo do Alentejo é por produtos premium e as pessoas sabem que o mercado olha para o Alentejo como um destino de muita qualidade.

Portanto, não se está a olhar para os Fiat ou para os Renault?
Claro que não, mas esse é o nosso papel. Hoje, os hotéis de 4 estrelas, que também são os hotéis que têm um RevPar e um ADR maior, já são preponderantes na nossa oferta. Mas ainda temos poucos hotéis de 5 estrelas. Ainda temos um espaço enorme de crescimento. Os investidores também olham cada vez mais para o Alentejo, porque o Douro tem muito pouco espaço, em razão da sua classificação como património da humanidade. Depois, Lisboa, Porto e o Algarve começam a ficar saturados. Não quer dizer que não continue a haver investimentos, mas o Alentejo é a zona, pela sua localização, de maior procura para investimento.

No Ribatejo vamos duplicar a oferta em três anos, isso é muito importante para o Ribatejo, e vamos ter de redirecionar um pouco o nosso marketing, vamos ter de crescer mais no mercado internacional.

Portanto, olho para o turismo de uma forma otimista e creio que 2025 vai ser um bom ano turístico, com taxas de crescimento muito na linha daquilo que foi 2024.

 

Sobre o autorVictor Jorge

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“Leiria define-se como destino inovador, autêntico e em crescimento”

O concelho de Leiria oferece uma combinação única de história, cultura e paisagens naturais, proporcionando uma experiência inesquecível a quem visita a região. A sua oferta cultural diversificada, com festivais de música, teatro e arte, aliada a uma gastronomia autêntica e aos trilhos naturais da Mata Nacional de Leiria, fazem deste território um ponto de encontro entre tradição e modernidade. Daí não ser de estranhar o facto do concelho ser o grande protagonista da 35.ª edição da BTL, na qualidade de Município Convidado.

Na sequência da escolha de Leiria como Município Convidado da BTL, o Publituris quis saber junto do seu presidente de Câmara, Gonçalo Lopes, que estratégia tem vindo a ser adotada com vista ao desenvolvimento do setor do turismo. “Queremos que Leiria esteja no radar dos turistas como um destino de paragem obrigatória. Isso passa por consolidar a nossa identidade como cidade vibrante, onde a cultura, a história e a inovação se cruzam. Apostamos na internacionalização da nossa oferta, atraindo novos públicos, e na valorização dos eventos e festivais que nos distinguem”, resumiu o autarca.

Que estratégia tem seguido a CM para posicionar Leiria como um destino de eleição, tanto para os portugueses como para os visitantes internacionais?
A Câmara Municipal de Leiria tem seguido uma estratégia integrada de valorização do território, assente na requalificação do património, na promoção da identidade local e na criação de uma agenda cultural e de eventos diferenciadora.

Apostamos na autenticidade da experiência que oferecemos, cruzando história, cultura, natureza e gastronomia. Além disso, temos reforçado a nossa presença em feiras internacionais, como a FITUR e agora a BTL, para captar novos públicos e consolidar Leiria como um destino turístico de referência.

Temos também vindo a fazer uma aposta especial na área do marketing territorial, com uma campanha irreverente e fora da caixa, direcionada para o público mais jovem. O conceito #leirianãoexiste tem-se desenvolvido de forma quase orgânica, mas com um sucesso assinalável, projetando o nome de Leiria a nível nacional e internacional. Esta campanha, além de cativar novos públicos, tem uma relação custo-benefício extraordinária, conseguindo um impacto muito significativo com um investimento reduzido.

A combinação destas abordagens tem permitido afirmar Leiria como um destino inovador, autêntico e em crescimento, reforçando a sua atratividade junto de públicos diversificados.

Riqueza patrimonial e cultural
Quais são os principais cartões de visita de Leiria?
Leiria destaca-se pela sua riqueza patrimonial e cultural. O Castelo de Leiria é um dos grandes ícones da cidade, um espaço que une história e vistas deslumbrantes sobre o território.

O Centro Histórico, com o seu dinamismo comercial e cultural, os Museus da cidade, são outros pontos de interesse que testemunham a identidade e evolução da cidade ao longo dos séculos.

A proximidade de locais como a Lagoa da Ervedeira e a Praia do Pedrógão, onde se pode experienciar a extraordinária oferta gastronómica local associada aos produtos do mar, reforça o nosso atrativo natural.

Somos também reconhecidos pela nossa oferta de eventos de referência, como os Festivais A Porta, Festival Nascentes, Festival Gótico Extramuralhas, Leiria Sobre Rodas, Leiria Natal ou o Festival Cidade Criativa da Música, que tornam a cidade e o concelho destinos vibrantes e autênticos, com uma programação cultural e artística diversificada ao longo do ano.

Além disso, a ligação de Leiria ao título de Cidade Criativa da Música da UNESCO reforça a sua identidade como um polo cultural dinâmico, atraindo artistas, criadores e visitantes à procura de experiências diferenciadoras.

 

O conceito #leirianãoexiste tem-se desenvolvido de forma quase orgânica, mas com um sucesso assinalável, projetando o nome de Leiria a nível nacional e internacional

 

Programação dinâmica ao longo do ano
Que produtos turísticos oferece o concelho? Que experiências proporcionam a quem o visita?
Leiria posiciona-se como um destino diversificado, oferecendo: Turismo cultural e patrimonial: Visitas ao Castelo, ao Museu de Leiria, ao mimo, ao Moinho do Papel, ao Banco das Artes e às igrejas históricas, em Leiria e nas freguesias, de que são exemplos a igreja de N. Sra da Encarnação e o Santuário dos Milagres.

Turismo de natureza e aventura: Praia fluvial da Lagoa da Ervedeira e experiências junto ao mar, na praia do Pedrógão.

Gastronomia e vinhos: Uma oferta rica que valoriza produtos locais e pratos tradicionais, como o arroz de marisco da Praia do Pedrógão, a morcela de arroz, o leitão da Boa Vista ou os doces conventuais.

Eventos e festivais: Desde o Festival A Porta, ao Nascentes, Leiria sobre Rodas, Leiria Cidade Natal, Leiria Medieval, ao Extramuralhas, a Feira de Leiria (no mês de maio) e aos concertos no Estádio (Andrea Bocelli a 31 de maio e Rockin’1000 dia 6 de setembro), passando pelo Leiria Cidade Criativa da Música, há uma programação dinâmica ao longo do ano.

 

Um dos focos é a melhoria das infraestruturas hoteleiras, incentivando novos investimentos que permitam responder à crescente procura, existindo diversos processos de investimento privado em desenvolvimento

 

Quem visita Leiria? O que procura fundamentalmente?
O perfil do visitante de Leiria é bastante diversificado. Temos um forte mercado interno, composto por turistas nacionais que procuram experiências culturais, de lazer e gastronómicas.

Em termos internacionais, assistimos a um crescimento de turistas oriundos de Espanha, França e Brasil, que descobrem em Leiria um destino surpreendente.

Há números do ano passado?
Não existem dados absolutos do número de visitantes, mas temos a convicção de que este é um setor em franco crescimento no concelho, um fenómeno que, de resto, pode ser comprovado junto dos operadores que trabalham neste setor.

Promoção integrada para manter
Onde e como é que o concelho de Leiria se tem promovido? A experiência na FITUR 2025 juntou a CIM Região de Leiria numa participação integrada que reuniu quatro Comunidades Intermunicipais da Região Centro, deu frutos na sua opinião? É para manter noutros fóruns?
A promoção de Leiria tem passado pela presença ativa em feiras e certames internacionais, mas também pelo reforço da comunicação digital, através de campanhas dirigidas a mercados estratégicos. A aposta em eventos de grande visibilidade tem sido determinante para consolidar a marca Leiria e ampliar o seu reconhecimento enquanto destino turístico de referência.

A experiência na FITUR 2025 foi muito positiva, permitindo-nos posicionar Leiria dentro de uma oferta integrada da Região Centro, o que fortalece o nosso impacto internacional. Esta estratégia conjunta revelou-se eficaz e faz todo o sentido mantê-la em futuras feiras, maximizando a atratividade da região e explorando novas oportunidades de captação de fluxos turísticos.

Temos vindo a fazer uma aposta crescente na BTL, um certame que consideramos estratégico para a promoção do destino Leiria. Encaramos esta feira sob duas perspetivas complementares: por um lado, a atração de visitantes, reforçando Leiria como um destino obrigatório para quem procura cultura, património, natureza e gastronomia; por outro, a captação de investimento, incentivando o desenvolvimento e a qualificação da oferta turística, nomeadamente ao nível do alojamento e das infraestruturas que sustentam o crescimento sustentável do setor.

A BTL, sendo a maior montra do turismo nacional, é uma oportunidade determinante para consolidar esta estratégia e afirmar Leiria como um território de experiências autênticas e de forte dinamismo económico.

 

A aposta em eventos de grande visibilidade tem sido determinante para consolidar a marca Leiria e ampliar o seu reconhecimento enquanto destino turístico de referência

 

Investimentos para qualificar oferta
Que novos investimentos estão em curso para melhorar a oferta turística?
A Câmara Municipal está a trabalhar em vários eixos de investimento para qualificar a oferta turística. Um dos focos é a melhoria das infraestruturas hoteleiras, incentivando novos investimentos que permitam responder à crescente procura, existindo diversos processos de investimento privado em desenvolvimento.

Paralelamente, continuamos a apostar na valorização do património, com projetos de recuperação de espaços históricos e no reforço da agenda cultural, que contribui diretamente para a atração de visitantes.

Também estamos a desenvolver iniciativas para potenciar o turismo de natureza, promovendo percursos pedestres e experiências ao ar livre.

Estar no radar dos turistas
Dizia recentemente que, “em 2025, a nossa meta é clara: queremos ser um destino obrigatório”, pode dar mais pormenores?
Queremos que Leiria esteja no radar dos turistas como um destino de paragem obrigatória. Isso passa por consolidar a nossa identidade como cidade vibrante, onde a cultura, a história e a inovação se cruzam. Apostamos na internacionalização da nossa oferta, atraindo novos públicos, e na valorização dos eventos e festivais que nos distinguem. A presença como Município Convidado na BTL 2025 é um passo decisivo para reforçar este posicionamento e consolidar Leiria como um destino turístico de referência.

Sobre o autorCarolina Morgado

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“Quando se chega à BTL, chega-se a um mundo de experiências”

Com um novo naming, agora BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market, a maior feira de turismo em Portugal volta a ser o centro das atenções por cinco dias. Com um reforço do posicionamento internacional, Pedro Braga, diretor-geral da FCE Lisboa – Feiras Congressos e Eventos, admite que a BTL “é um reflexo da boa performance do turismo em Portugal”. Certo é que “não temos mais um metro quadrado disponível”, o que faz com que as próximas edições sejam desafiantes.

Victor Jorge

De 12 a 16 de março, a Feira Internacional de Lisboa (FIL) volta a ser o palco do turismo em Portugal. A BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market, agora na sua 35.ª edição, contará com 1.500 expositores, mais de 100 destinos internacionais e 300 pontos de venda de agências. A par disso, há ainda o programa de “Hosted Buyers” que traz a Lisboa o maior número de compradores internacionais. Ou seja, “a BTL afirma-se cada vez mais como um grande centro de debate sobre as estratégias e as linhas orientadoras do turismo em Portugal”, destaca Pedro Braga, diretor-geral da FCE Lisboa – Feiras Congressos e Eventos.

Quanto ao futuro, é certo que terão de ser encontradas novas soluções para integrar a procura existente, além de se esperar um regresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) à BTL.

No arranque da BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa, em 2024, afirmava que a grande ambição era abrir a BTL ao mundo. Isso acontece ou vai acontecer com a BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market 2025?
Julgo que mesmo antes de 2024, algures por volta de 2019, ou seja, antes da pandemia, já tínhamos afirmado o propósito de reforçar o posicionamento internacional da BTL. Era, aliás, um dos vetores estratégicos de crescimento da BTL e continua a sê-lo.

A pandemia veio baralhar um puco as coisas, ou melhor, atrasá-las?
A pandemia, obviamente, condicionou tudo aquilo que estava pensado. Tivemos um bom arranque em 2022 e, felizmente, temos vindo a retomar a dinâmica daquilo que era o plano estratégico de desenvolvimento da BTL.

A BTL 2025 já vai reforçar o que é o posicionamento internacional da BTL, mas isto faz-se através de um conjunto de peças e de medidas que vão sendo desenvolvidas de forma a ir consolidando ao longo do tempo esta ambição e este objetivo.

O rebranding da BTL é uma peça fundamental desta estratégia que estamos a desenvolver dentro de algo que foi muito pensado e que passa, sem dúvida, por um reforço daquilo que é a visibilidade e o posicionamento internacional da BTL.

A reboque da boa performance do turismo nacional
Concretamente, como é que isso se faz e que passos, além do naming, são dados para alcançar esse reforço ou posicionamento?
A BTL, hoje BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market, é o reflexo daquilo que Portugal consegue fazer em termos da afirmação da sua oferta turística a nível internacional. O que é que eu quero dizer com isto? A BTL podia ter a maior ambição e a maior intenção de reforçar o seu posicionamento internacional, mas se o turismo português, em termos reputacionais, não tivesse o posicionamento que tem, esse objetivo, não diria que seria impossível, mas seria muito difícil de atingir.

Portanto, obviamente, a BTL, beneficiando daquilo que tem sido construído pelo setor do turismo nacional, aquilo que pretende é reforçar, em termos de visibilidade, este posicionamento.

Mas como é que isso se faz?
Faz-se apostando cada vez mais no nosso programa de compradores internacionais, em parceria com o Turismo de Portugal e com a TAP, e que hoje, sem falsas modéstias, podemos dizer que é, provavelmente, dos melhores programas que há no mundo no setor do turismo e dos eventos do turismo em termos de business meetings.

É um programa de elevadíssima qualidade em todas as suas dimensões e que grangeia uma avaliação muitíssimo positiva por parte dos participantes.

A segunda peça fundamental tem a ver com linhas de comunicação que estão a ser desenvolvidas e com posicionamentos em mercados internacionais que vamos ter de fazer. É provável que nos próximos tempos a BTL desenvolva como pilar desta estratégia de reforço de posicionamento internacional aquilo que é a sua presença em alguns eventos e nalgum roadshows internacional no sentido de reunir com um conjunto de stakeholders internacionais que permitam reforçar ao longo do tempo esta ambição da BTL.

Além do novo naming, o que muda, de facto, na estrutura da BTL e que, eventualmente, os expositores e os visitantes não têm perceção?
Quando se chega à BTL, chega-se a um mundo de experiências. A BTL repete, obviamente, um conjunto de conteúdos em cada uma das edições, porque, naturalmente, fazem parte das idiossincrasias que é a BTL.

Mas a BTL tem tido esta capacidade de todos os anos introduzir novos conteúdos que decorrem de novas necessidades que vamos identificando no mercado e isso permite introduzir fatores de rejuvenescimento e de novas ofertas na BTL que acabam sempre por permitir reforçar o valor do produto BTL.

A BTL afirma-se cada vez mais como um grande centro de debate sobre as estratégias e as linhas orientadoras do turismo em Portugal. Vamos ter mais de 300 conferencistas nos diferentes palcos que a BTL terá para discutir temas tão importantes e atuais como a Inteligência Artificial, a sustentabilidade, como tudo o que são as tecnologias que cada vez mais impactam a eficiência e a qualidade do serviço no setor do turismo.

Penso que estamos todos muito expectantes e a aprender todos os dias qual vai ser verdadeiramente o impacto da Inteligência Artificial, como vai trazer novos fatores de transformação da sociedade e dos negócios. Claro que vai trazer impactos positivos e impactos negativos e o turismo seguramente, um setor com uma capacidade de resiliência tão grande como tão bem foi demonstrado nos últimos anos, vai conseguir encontrar os melhores caminhos.

 

Nunca tivemos tantos pontos de venda numa BTL como vamos ter em 2025. Ou seja, se o número de pontos de venda, o número de expositores com oferta para este segmento do B2C cresce, é porque há procura

 

O Instituo Nacional de Estatística (INE) confirmou que 2024 foi o melhor ano turístico de sempre em Portugal em receitas, dormidas e hóspedes. O tal ano recorde. A BTL acompanha essa performance, esse crescimento, essa criação de valor?
A BTL, através da Fundação AIP, realiza todos os anos um estudo sobre o impacto que tem no Valor Acrescentado Bruto (VAB). O último estudo que fizemos indica valores acima dos 300 milhões de euros. Este ano, e não quero antecipar muito, porque ainda estamos em fase final de concretização, mas nos inquéritos que fazemos aos visitantes da BTL vamos introduzir um conjunto de questões que têm a ver um pouco com essa questão concreta. Uma coisa é o estudo que a Fundação AIP faz sobre o impacto global que a nossa atividade tem, outra coisa é, e queremos fazê-lo, medir de forma mais fina, é ter indicadores de qual é, efetivamente, o impacto que a própria BTL tem em tudo aquilo que tem a ver com a atividade turística no país e em Lisboa.

Sobre os indicadores do turismo no país, são indicadores extraordinários. Começa a ser quase que um lugar comum, porque todos os anos vamos superando os objetivos em termos de performance turística do país. E a BTL reflete isso mesmo. A BTL todos os anos vai crescendo, vai-se reinventando. Nesta edição de 2025 temos mais de 50 mil metros quadrados de área ocupada e começa, de facto, a ser um desafio, porque não temos, neste momento, nem mais um metro quadrado disponível na BTL para aceitar qualquer tipo de expositor ou qualquer tipo de conteúdo.

Temos, como não tínhamos há muito tempo, uma lista de espera muito grande em todas as áreas da BTL, com uma grande preponderância na área internacional, na área dos hotéis e dos serviços, na área das agências de viagens e dos operadores turísticos e também na área dos municípios e das comunidades intermunicipais.

Portanto, começamos a ter um problema, que é um problema bom …

Mas é um problema!
É um problema, sim. Perceber o que podemos fazer para acomodar novas necessidades no futuro é o grande desafio.

E isso tem de ser pensado a curto prazo?
Tem de ser pensado já e temos de ir acomodando, obviamente, essas novas necessidades, mas sempre a olhar para o mundo que nos rodeia e perceber quais as condições que temos para que estes resultados que o setor do turismo tem atingido, ano após ano, continuem a ser consistentes e continuem a ter condições em termos daquilo que são as dimensões internacionais que nos rodeiam e continuar a consolidar estes objetivos.

Mas dada a falta de espaço nas atuais instalações, poderá ser equacionada levar uma parte da BTL, fisicamente, para outro local, outro espaço? Tal com o Web Summit o fez, por exemplo.
É um dos drivers que pode ser considerado, sendo que, para além desse, há outros que, não gostaria agora de avançar muito, mas que têm a ver com a própria infraestrutura, com coisas que a própria Fundação AIP já foi anunciando ao longo do tempo, de que mais cedo ou mais tarde, haveria necessidade de se considerar ou se faz sentido avançarmos com um plano de expansão e em que condições.

Mas essa é uma matéria sobre a qual não quero ir muito mais além, até porque nada está definido ou pensado.

Mais mundo
Mas quando fala em internacionalização, e há pouco falou nos buyers que cá estão, na lista de espera que têm, também referiu que a grande missão era o mundo mostrar-se em Portugal na BTL. A minha pergunta é: temos uma BTL onde não só Portugal está a mostrar-se ao mundo, mas o mundo está a mostrar-se também em Portugal através da BTL?
Está, mas tem de ser um movimento sincronizado e temos de ter um conjunto de stakeholders que façam isso connosco. Uma das medidas que implementamos este ano, que vai ser testada, mas que, para já, identificámos que está a ter impactos muito positivos, é o facto de o programa de “Hosted Buyers”, que está essencialmente dimensionado para vender o destino Portugal, e vai continuar a ser assim, mas que da parte da tarde se abra a janela de oportunidade para que, já que os buyers estão em Portugal, possam contratar outros destinos que não Portugal. E isto tem, obviamente, uma vantagem para o ecossistema que a BTL pretende gerar, nomeadamente em termos do seu posicionamento internacional, e que gera maior capacidade de atração junto de destinos internacionais que passam a ver Lisboa, passam a ver Portugal como um mercado onde, para além do posicionamento que assumem para tentar captar fluxo turístico de portugueses para visitar os seus países, comecem a identificar um reforço do valor do marketplace BTL, porque esse mesmo marketplace também lhes permite contratarem através dos buyers internacionais que trazemos.

Mas que mundo falta à BTL? Faltam turismos internacionais, empresas internacionais, companhias aéreas internacionais, cadeias de hotéis internacionais?
Falamos de tudo um pouco, mas vamos por partes. Turismos internacionais, ou seja, uma presença institucional dos países? Claro que esse é um dos grandes objetivos para a BTL, ter turismos internacionais na feira para tentarem captar fluxo de turistas.

Portanto, ou a BTL se diferencia de outra forma e esses turismos nos veem com outros fatores distintivos, e esta é uma narrativa que temos tido e na qual acreditamos desde 2019, ou se for só para alavancar a captação de turistas nacionais, eventualmente, o nosso mercado não é, digamos, suficientemente atrativo.

Por isso, o que temos de fazer? Temos de criar dinâmicas para que esses países possam contratar outros fluxos de turistas, com a plataforma de negócios que se gera em Lisboa ou através de uma outra coisa que tem a ver com a qualidade do ecossistema.

Mais não quer dizer melhor.
Encontramo-nos muitas vezes em alguns fóruns internacionais e digo isto e repito, nós como país, nós como oferta turística, nós BTL, por reflexo, comparando com outras feiras internacionais de referência, somos seguramente mais pequena, mas, em termos de qualidade, a BTL em muitos fatores, é muito melhor do que as suas congéneres internacionais.

Sim, são feiras com uma massa crítica maior, mas em termos da qualidade e do resultado daquilo que se gera no marketplace, a BTL entrega um valor muito elevado.

Somos 10 milhões ponto final. E como não é previsível que a nossa demografia cresça de forma substantiva nos próximos anos, a nossa diferenciação tem de ser sempre por fazer diferente e fazer melhor.

 

Se conseguirmos, em conjunto, passar uma mensagem internacional de que a BTL, apesar da sua dimensão, é um produto de altíssima qualidade, isso vai gerar uma atratividade que vai ter um valor muito importante para a BTL, para o turismo e para o país

 

O marketplace que refere, e que já está em andamento há algum tempo, continua a ser de forma física, digital, híbrida, de forma a posicionar a BTL em todas as vertentes e dar conteúdos diferenciados e de qualidade aos expositores e ao mercado?
Sim, e a nossa ambição passa também por a BTL ser mais do que aquilo que já é. Ou seja, de não estar circunscrita a um conjunto de dias no ano.

Por isso, um dos grandes objetivos é, de facto, que a BTL consiga entregar valor ao longo de todo o ano aos seus expositores, parceiros, visitantes através de um conjunto de atividades e dinâmicas.

Daí a participação nos tais roadshows internacionais?
Sim, passa por essa presença em roadshows internacionais, mas passa também por mais e posso dizê-lo em primeira mão. Nós vamos assinar um protocolo com a Porto Business School e com a Universidade Nova para fazermos um estudo sobre aquilo que são os desafios no mercado de trabalho no setor do turismo e como é que vamos ultrapassar estes desafios. Será um protocolo que será assinado durante a BTL e que vai permitir que, ao longo do ano, voltemos a ter mais um momento em que entregamos valor ao ecossistema do turismo e com o qual podemos contribuir para valorizar o setor.

Mas vamos seguramente identificar outras iniciativas onde a BTL possa ter um posicionamento em que reforce a entrega desse mesmo valor ao longo do ano.

Um dos programas mais relevantes da BTL é, de facto, o programa dos “Hosted Buyers”. Que diferença existe de 2025 para 2024?
Existe, sobretudo, no que diz respeito ao crescimento que é um fenómeno muito interessante. Para além daquilo que é o programa “Hosted Buyers”, que desde há muitos anos tem vindo a ser melhorado, em parceria com a TAP e com o Turismo de Portugal, começámos a desenvolver, paralelamente, um programa de “Buyers”. Ou seja, compradores internacionais, que não são selecionados pela BTL, pelo Turismo de Portugal ou pela TAP, para virem como convidados, mas que querem vir à BTL, investindo o seu tempo e os seus recursos porque entendem que há valor no marketplace.

E posso dizer que o número de compradores internacionais que não “Hosted Buyers” tem crescido de forma exponencial nos últimos anos.

É mais interessante ter mais “Hosted Buyers” do que “Buyers” ou vice-versa?
Estamos muito satisfeitos com o programa que temos de “Hosted Buyers”, mas não deixa de ser interessante perceber que há “Buyers” que estão disponíveis a virem à BTL por iniciativa e com recursos próprios. Ou seja, o nível de compromisso é diferente, vêm por iniciativa própria, investem o seu tempo e os seus recursos, porque entendem que há um valor no marketplace e querem marcar presença.

E posso dizer-lhe que, além do trabalho árduo que é feito quer pelo Turismo Portugal, quer pela TAP, na identificação dos melhores “Buyers” para trazer a Portugal, temos recebido contactos de compradores internacionais que muitas vezes o próprio Turismo Portugal nos diz “excelente comprador vamos trazê-lo porque é muito importante que cá esteja”.

Ora, isso comprova o valor que o programa possui para este tipo de compradores.

BTL do futuro
E como é que inova, renova uma feira como a BTL? Ainda para mais um evento que não tem mais um metro quadrado para oferecer aos expositores e/ou parceiros?
Com duas coisas: com imaginação, abrindo-nos ao exterior e, por outro lado, ouvindo pessoas de fora da BTL, obviamente muitos stakeholders que participam, mas até pessoas que não participam na BTL.

Muitas vezes, e pode parecer um cliché, é preciso sair fora da caixa, conseguir ter outros olhos que não estão tão viciados, se quiser, naquilo que é o programa habitual de um evento como a BTL. Pessoas que nos possam trazer novas sugestões. E a propósito disso, como sabe, a Fundação AIP, teve a honra de convidar Rita Marques [ex-secretária de Estado do Turismo] para ser presidente do Conselho Estratégico. Haverá, brevemente, novidades, mas posso adiantar que, de facto, uma das novidades desse Conselho Estratégico passa por ter uma abrangência e uma dimensão que permita sair de portas e ter gente de fora olhar para nós e a fazer, de alguma forma, uma crítica construtiva.

Mas também pessoas fora do setor do turismo?
Sim, também pessoas de fora do setor do turismo. Essa é uma responsabilidade que está cometida à Rita Marques, em articulação connosco, com a Fundação AIP, e que, quando foi pensada, foi pensada com este desígnio e objetivo, que é pensar que BTL vamos ter dentro de 10 anos. Temos de começar a trabalhar nessa BTL agora e não dentro de 10 anos.

Quando digo trabalhar agora, é pensarmos que, se já não temos espaço, como é que colocamos mais conteúdos que o mercado entende que fazem sentido ter na BTL?

Este ano, por exemplo, lançamos um novo conteúdo, BTL Weddings.

E o Wellness …
Sim, o Wellness também é novidade este ano. Mas começando pelo BTL Weddings, teve a ver com a necessidade de um conjunto de players que operam neste setor de quererem ter um espaço de visibilidade na BTL. E aqui está um desafio que é, como é que a BTL consegue encontrar espaço quando não tem espaço para colocar mais conteúdos.

Aqui entra o facto de conhecermos bem o nosso produto e percebermos que o BTL Village, que funciona em termos corporativos durante os dias profissionais, no fim de semana não é utilizado. Ora, não sendo utilizado, vamos transformá-lo. Durante a noite de sexta-feira, as equipas de operação da FIL e da BTL vão transformar aquele espaço e no sábado de manhã, quando os visitantes, o público final, chegarem à BTL, vão ter um novo conteúdo e um novo espaço dentro da BTL.

O BTL Wellness decorre também do facto de este ser um segmento do turismo que começa a ter uma procura crescente e que importava mais do que ter esta oferta dispersa pela BTL, sem visibilidade, encontrarmos, juntamente com o nosso parceiro da CIM das Beiras e da Serra da Estrela, um novo posicionamento.

 

Não foi por razões financeiras que a APAVT não está na BTL. Podemos não ter chegado a acordo sobre o conjunto das contrapartidas que as partes entregavam uma à outra. Agora, reduzir isto a condições financeiras? Não e não.

 

É importante ter estes vários ”B’s” como os designam?
É muito importante.

E isto pode levar ao surgimento de mais “B’s” ou “B’s” em substituição de outros menos interessantes?
A BTL é, necessariamente, um evento dinâmico e que tem de refletir, em cada momento, aquilo que são as necessidades do setor e do mercado. Portanto, se houver setores de atividade dentro do turismo que ganham um novo empowerment, provavelmente vamos ter de acompanhar e vamos ter de dar posicionamento a esse setor. Ou ao contrário, se infelizmente houver setores que vão perdendo tração e deixam de ter tanta procura ou tanta notoriedade, vamos ter de repensar se faz sentido continuar a estar na BTL.

Dentro do universo BTL, Fundação AIP, e em função da expertise, já alguma vez foi pensado levar esta experiência, este conhecimento para fora e organizar a feira noutro país, por exemplo, nos PALOP?
Com toda a transparência e sinceridade, é uma coisa que pode ser analisada, mas não é, neste momento, o nosso foco. Vou ser muito transparente e muito honesto na resposta que lhe vou dar: as organizações defrontam-se hoje em dia com um problema que tem a ver com a escassez de recursos. E, portanto, neste momento estamos absolutamente empenhados em consolidar o crescimento e a estratégia da BTL que organizamos aqui em Lisboa.

Nunca digo não a nada e, portanto, não digo que um dia não se pode colocar essa questão, mas neste momento a prioridade estratégica é a BTL, é Lisboa, é Portugal.

Diálogo para um regresso da APAVT
E continua a ser importante o B2C. Quanto vale, de facto, este B2C na BTL?
Tenho de estribar a minha resposta naquilo que é a informação que me é passada pelos nossos clientes e parceiros. Até há dois anos, eventualmente, não tínhamos a noção da dimensão do mercado B2C que é gerado pela BTL. E leia-se, BTL durante os dias da feira, uma semana antes, uma semana depois. Há todo um ecossistema e um conjunto de campanhas de oferta, pacotes turísticos, férias, etc. que é criado à volta da BTL.

Mas isso depois não esgota a oferta da BTL naqueles dois dias aberto ao público?
Não. Há indicadores que posso partilhar e que validam que nunca tivemos tantos pontos de venda numa BTL como vamos ter em 2025. Ou seja, se o número de pontos de venda, o número de expositores com oferta para este segmento do B2C cresce, é porque há procura. E se cresce é porque há a noção destes investidores, destes clientes, que a BTL lhes oferece um retorno seguro e que faz sentido eles reforçarem o seu investimento na feira.

Mas a BTL também acarinha este ecossistema e reflexo disto é a campanha específica que desenvolvemos este ano para o segmento do B2C, muito alinhada com o reposicionamento e o rebranding da BTL e que representa um forte investimento no sentido de criar condições para que essa oferta B2C conheça um retorno ainda maior daquele que era oferecido e que soma várias e várias dezenas de milhões de euros.

Falando em pontos de venda e parceiros, qual será o impacto da ausência da APAVT na BTL 2025? Como disse, nunca tiveram tantos pontos de venda numa BTL como em 2025. Isso quer dizer que os parceiros, expositores reconhecem a importância da BTL com ou sem APAVT?
Isso é incontornável e deixe-me dizer duas coisas. A primeira é que temos uma política de não falarmos, publicamente, das relações com os nossos clientes e com os nossos parceiros.

Mas sabe que é um tema que tem de ser abordado?
Sim, mas acho que a BTL já disse o que tinha a dizer sobre isso. Vou só adiantar mais uma coisa. Obviamente, e reforço, continuamos a achar que faz todo o sentido a APAVT estar na BTL. Não vou tecer nenhuma consideração sobre coisas que li e que vi publicadas. Mas esperamos, sinceramente, que haja condições para a APAVT regressar à BTL.

Mas há uma coisa que acho que é importante dizer-se. Não foi por razões financeiras que a APAVT não está na BTL. Podemos não ter chegado a acordo sobre o conjunto das contrapartidas que as partes entregavam uma à outra. Agora, reduzir isto a condições financeiras? Não e não.

 

Não havia uma BTL muito boa enquanto a APAVT cá estava, e agora não há uma BTL muito má porque a APAVT deixou de estar cá. Não, a BTL continua seguramente a ser o ecossistema que reúne os players do setor do turismo

 

Portanto, em termos de área, o que era ocupado pela APAVT, que eram cerca de 1.300 m², está ocupada com expositores do setor da APAVT?
Sim, mas vou dizer outra coisa para desmistificar isto. Se houvesse algum racional economicista por trás desta situação, era um racional em que a BTL ficava a perder em termos económicos.

Explique, por favor.
Uma coisa é ter um stand de 1.300 m², que não está atravessado por ruas. O espaço útil que é colocado é muito maior do que eu pegar nesses 1.300 m2 e ter de o dividir.

Portanto, aquilo que dizemos é, esperamos que no futuro volte a haver condições para a APAVT estar na BTL. Agora, também há uma coisa que é importante dizer, é que não havia uma BTL muito boa enquanto a APAVT cá estava, e agora não há uma BTL muito má porque a APAVT deixou de estar cá. Não, a BTL continua seguramente a ser o ecossistema que reúne os players do setor do turismo e no qual eles se reveem.

Estas coisas, infelizmente, às vezes acontecem e continuo a ser uma pessoa que entende que através do diálogo as coisas se ultrapassam. E espero que num futuro próximo seja possível que esse diálogo seja retomado e que esta situação seja ultrapassada.

Medir o sucesso
A BTL voltará a ser um palco político?
Sinceramente, não tenho resposta para isso, porque, obviamente, não controlamos os calendários eleitorais. Há uma coisa que eu sei e gosto de ver as coisas pelo lado positivo. O facto de termos um número de políticos, uma presença institucional muito grande na BTL, é um reconhecimento transversal por parte das várias figuras e dos vários partidos políticos, de que o turismo desempenha, de facto, um papel muitíssimo relevante na economia nacional.

O setor do turismo era desvalorizado?
O setor do turismo comunica melhor hoje do que comunicava no passado e consegue, hoje, mostrar de uma forma mais efetiva o valor que tem. Havia bons profissionais no turismo no passado e há bons profissionais agora. O país como um todo e cada um dos setores que opera no setor do turismo comunica melhor e de forma mais organizada. E conseguiu-se conjugar uma coisa que me parece fundamental e que nem sempre se faz em Portugal, que é, comunicar sem sobreposição, consegue haver articulação na comunicação.

 

O facto de termos um número de políticos, uma presença institucional muito grande na BTL, é um reconhecimento transversal por parte das várias figuras e dos vários partidos políticos, de que o turismo desempenha, de facto, um papel muitíssimo relevante na economia nacional

 

E uma linha orientadora a ser seguida?
Sem dúvida, uma linha orientadora que, apesar de partidos diferentes, tem sido seguida e com os resultados que se veem.

Há alguma forma nova ou distinta de avaliar o sucesso da organização de uma BTL?
Se não temos mais um metro quadrado, significa que houve uma procura muito grande. Portanto, diria que há razões para estarmos otimistas com a forma como o ecossistema que vamos oferecer a quem nos visita, sejam profissionais, seja público.

A seguir, há indicadores que têm a ver com alguns instrumentos que temos para medir a adesão dos visitantes. Diria que também estamos otimistas quanto a esses indicadores. Mas o verdadeiro KPI é no dia em que encerramos as portas e depois de termos auscultado a opinião de quem nos visitou e de quem investiu para cá estar.

Temos um ecossistema de expositores diverso, as entidades que vêm cá, não vêm todas com o mesmo objetivo. Ou melhor, todas elas vêm com um objetivo que é o da afirmação do seu destino turístico, da sua oferta turística. Mas há uns que têm um valor transacional e outros não têm um valor transacional imediato.

E se tivesse de mudar, acrescentar, retirar, inovar alguma coisa na BTL para edições futuras, o que é que seria?
Vamos ter de ter a capacidade de fazer isso passo a passo. A BTL é maior, gera um retorno financeiro maior para todos os que cá estão, e para nós também, mas assim como os nossos expositores e parceiros estão a investir mais, nós BTL estamos a investir muito mais.

Isto significativa que nos próximos anos, dentro deste alinhamento, deste reforço internacional da BTL, vamos ter de conseguir que alguns players internacionais vejam in loco o que é a BTL.

Isso dará músculo ou mais músculo à BTL?
Acho que reforçará a BTL, nomeadamente numa dimensão, que é conseguir ultrapassar o facto de sermos um país com a dimensão que temos, com o número de habitantes que temos e, por consequência, com o potencial de emissão de turistas que temos. Mas há uma coisa que sei, é que se nós, enquanto ecossistema, e já o fazemos muito no dia-a-dia, os diferentes atores no setor turístico fazem-no, conseguirmos, em conjunto, passar uma mensagem internacional de que a BTL, apesar da sua dimensão, é um produto de altíssima qualidade, isso vai gerar uma atratividade que vai ter um valor muito importante para a BTL, para o turismo e para o país.

Nós estamos em ciclos de crescimento contínuos no turismo, mas há uma coisa que qualquer gestor deste mercado dirá, é que isto não vai durar para sempre. E não durando para sempre, temos de começar a pensar como é que vamos gerir o futuro e ter fluxos turistas de mercados que têm valor acrescentado para o nosso país.

Importa começar a trabalhar agora para garantir que vamos ter esse resultado no futuro e não trabalhar mais tarde para depois sermos surpreendidos.

Sobre o autorVictor Jorge

Victor Jorge

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Pedro Moita, pró-presidente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (ESHTE)
Emprego e Formação

Turismo vai sofrer uma nova revolução e formação tem de a acompanhar

Pedro Moita, desde que o setor o conhece, é um formador nato na área do turismo, e apesar de ser um académico, sempre defendeu a formação para além da tradicional sala de aula, agregando vários projetos que podem trazer mais-valias aos futuros profissionais desta indústria, que acredita que vai sofrer uma nova revolução e que a formação tem, inevitavelmente, de a acompanhar.

O turismo vai sofrer uma nova revolução, defendeu, em entrevista ao Publituris, Pedro Moita, pró-presidente, coordenador da licenciatura em direção e gestão hoteleira e coordenador da área científica de ciências da informação e informática da ESHTE (Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril). Se no início deste século, as tecnologias revolucionaram a atividade, se a distribuição turística, os operadores, as agências de viagens, a gestão hoteleira se reinventaram, se as companhias aéreas intermediaram grande parte do seu negócio, também a formação em turismo tem de acompanhar essas transformações, tendo Pedro Moita apontado que fatores como a inteligência artificial, e o data science, que trazem um panorama completamente novo para a nossa sociedade, “também vão ter muitas implicações no turismo. Este setor sempre esteve na ribalta do IT, e agora, com a indústria 4.0, com esta ciência dos dados, com a inteligência artificial, também o turismo vai ser charneira de muitos projetos de IT”.

Remodelação das licenciaturas
Tendo esta visão, o docente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, instituição de ensino superior público, revelou ao Publituris que “já o ano passado submetemos à tutela uma proposta de remodelação das nossas licenciaturas, onde para além das componentes técnicas, juntar a componente prática aplicada, por isso temos os principais players do turismo connosco”.

Portanto “para além das atualizações normais de 10, 12 anos, que os planos de estudo já teriam, que já fazíamos nos conteúdos, e que agora repercutimos nas unidades curriculares, desde a gestão de comidas e bebidas, ao alojamento, à área de gestão de eventos, animação turística, à segurança alimentar, “colocámos este pormenor da indústria 4.0 e do data science, com grande destaque e relevo”.

Aí, quer nos mestrados, quer nas licenciaturas, a ESHTE está em processo de reformulação, já aprovado pelo Conselho Técnico-Científico da escola, e que aguarda agora a avaliação da Agência de Avaliação do Ensino Superior, no âmbito dos novos planos de estudo.

Em paralelo, “criámos há pouco tempo, eu e a minha equipa de IT da ESHTE, o Núcleo de Investigação Tecnológica em Turismo (NIT), e temos já várias candidaturas, uma aprovada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, o nosso primeiro projeto aprovado em termos científicos e de investigação, que é na área de Data Science e Inteligência Artificial aplicada à formação”.

 

“Já o ano passado submetemos à tutela uma proposta de remodelação das nossas licenciaturas, onde para além das componentes técnicas, juntar a componente prática aplicada, por isso temos os principais players do turismo connosco”

Além disso “contactámos já as agências regionais de turismo para projetos, basicamente, com muita Inteligência Artificial, com apps, chatbots, e aqui temos duas visões, quer a do turista, para melhorar a sua experiência do turista, quer a visão para melhorar a distribuição, a promoção do destino, do equipamento e do produto”, avançou o formador.

Pedro Moita concorda que “todos os equipamentos turísticos vão ter de se adaptar a esta nova realidade, não são só os players de serviços, como as agências de viagens e a hotelaria em que, por exemplo, os revenue management já começam a ser híbridos, com agentes de inteligência artificial a auxiliar, também os restantes equipamentos e destinos vão sofrer remodelações profundas porque, a forma como se vão prestar as experiências aos turistas nos destinos, nos eventos, nos equipamentos, vai evoluir consideravelmente”.

Assim, avançou que “este pacote de dados que temos, de estarmos sempre conectados, este Big Data, esta transformação fácil que a IA faz em modelos preditivos, em modelos de análise, vai ter implicações muito fortes”.

Igualmente, na componente imersiva “também estamos a trabalhar em alguns projetos”, deu conta, para apontar que, com realidade virtual e com experiências imersivas “acreditamos que podemos explodir com projetos muito interessantes para a experiência do turista. Hoje em dia, podemos ter asas com as experiências imersivas, permitindo que os nossos equipamentos fiquem com muito mais valor acrescentado para a experiência do turista, que pode ser colocado no centro da mensagem, ou seja, aquilo que aquele equipamento pretenda”.

Sempre perto dos players
Voltando à formação propriamente dita, o pró-presidente da ESHTE destacou que “temos o nosso PRR a funcionar, com várias parcerias, em que vamos tentando também suprir necessidades do mercado, nas áreas de alimentos e bebidas, de eventos, da hotelaria, do turismo cultural, bem como uma nova pós-graduação nessa área, subsidiada pelo PRR”.

Daí que, Pedro Moita acredita que a formação turística tem de evoluir. “Não será bem uma mudança radical, mas tem de evoluir. Não haverá mutação, pelo menos a curto prazo, mas a inteligência artificial vai trazer implicações. O turismo evoluiu sempre muito e se nós, no ensino, não o fizermos, não chegamos lá”.

Observou que a nível médio, o Turismo de Portugal, nas suas escolas, tem feito um bom trabalho, tem preparado bem os seus profissionais para a atividade técnica, mais do serviço hoteleiro e da restauração, do que propriamente noutras áreas, mas tem também tocado nessas.

 

“A formação turística tem de evoluir. Não será bem uma mudança radical, mas tem de evoluir. Não haverá grande mutação, pelo menos a curto prazo, mas a inteligência artificial vai trazer implicações. O turismo evoluiu sempre muito e se nós, no ensino, não o fizermos, não chegamos lá”

A nível do ensino superior, referiu que “o nosso trabalho é um pouco mais complexo, porque os nossos docentes têm, não só de dominar a área técnica, como igualmente de saber gerir, saber aprender, saber evoluir, saber estudar, de resolver problemas, e nós procuramos muito isso. O nosso ensino procura muito isso, e temos de evoluir sem dúvida alguma, porque se não estivermos perto dos players, se não os formos ouvindo, se não fizermos parcerias, corremos o risco de os alunos saírem das faculdades para o mercado de e pensarem que agora é que vão aprender a atividade real, e que até então tinham estado num ginásio mental, que também é importante, mas não chega”, reconheceu, sublinhando que “a ideia é que saibam pensar, liderar, gerir equipas, que saibam pesquisar/investigar”. Portanto, “se a nossa formação fosse meramente softwares e componentes técnicas, estava obsoleta ao fim de poucos anos, e não valiam nada no mercado”.

Ainda em termos de ensino, “acho que vai haver uma forte revolução porque começam a aparecer também algumas ferramentas muito interessantes que vão permitir revolucionar o nosso modelo, mas também requer que o aluno do ensino superior mude um bocado a sua perspectiva, deixando apenas de chegar lá, ouvir o que temos para dar e estudar o que mandamos, sem se pré-preparar para a aula. Portanto, às vezes, se calhar, temos de começar a treiná-los também no secundário e a pré-prepará-los para este tipo de abordagens”.

Tornar a Escola interessante
Se o ensino evoluiu, a própria escola também o deve fazer, defendeu Pedro Moita, para apontar que “nós temos de agarrar nestas ferramentas e saber transformar-se para que própria escola seja interessante, e acho que estamos a fazê-lo, e estou a falar de Portugal inteiro. Em geral, as universidades portuguesas e os institutos politécnicos estão a conseguir ir acompanhando esta evolução”.

Sendo um formador há muito anos, o coordenador da licenciatura em direção e gestão hoteleira e coordenador da área científica de ciências da informação e informática da ESHTE consegue dar-nos, igualmente, a perspectiva do aluno, e porque escolhe um curso de turismo. “Há alguns que vêm porque já conhecem a realidade da profissão, aqueles cujos pais ou familiares têm negócios turísticos ou trabalham no turismo, esses já têm de facto esse gosto e procuram-nos nesse sentido. Há depois os outros que consideram o turismo “sexy”, atrativo e optam por este tipo de formação, mas existem ainda os que não sabem porque escolheram esta área. No entanto, de um modo geral reagem bem e temos muito poucas desistências por mudança de área, e quando chegam ao ciclo dos mestrados muitos deles optam por se especializar na área que gostaram mais”.

E a própria ESHTE mantem, no geral, uma estreita relação com os seus ex-alunos, embora muitos deles estejam lá fora, o que, no entanto, “não impede, hoje em dia, com as tecnologias, que façamos alguns contactos, disse Pedro Moita.

O docente ressalvou que os alunos que passaram por esta instituição de ensino superior “têm muita procura, completam a sua formação e depois voam, porque se calhar formamos bem, apesar de haver muita coisa a melhorar”, reconheceu, mas “acho que o produto é bom, daí terem muitas portas abertas no mercado de trabalho”. Do ponto de vista dos estágios, que são obrigatórios, também “os nossos alunos estagiam nas melhores instituições e, depois têm uma grande facilidade de evolução para as chefias intermédias e direção de cadeias hoteleiras no estrangeiro”.

 

“Temos o nosso PRR a funcionar, com várias parcerias, em que vamos tentando também suprir necessidades do mercado nas áreas de alimentos e bebidas, de eventos, da hotelaria, do turismo cultural, bem como uma nova pós-graduação nessa área, subsidiada pelo PRR”

 

Fuga de talentos… como colmatar!
Igualmente, como formador, como é que vê essa questão da escassez de mão de obra e de retenção de talentos. Como é que esta situação pode ser resolvida? O docente considera que “a imigração tem-nos ajudado, principalmente na restauração e hotelaria, mas precisamos de dar formação a essas pessoas, porque corremos o risco de perder a qualidade e excelência que caracteriza o destino Portugal”.

Adiantou que “não compete diretamente à ESHTE dar essa formação média, não é a nossa praia, uma vez que nós temos de dar as competências de um licenciado ou de um mestre, mas fazemo-la quando nos pedem, no âmbito dos projetos aplicados que já referi”.

Pedro Moita avança que essa formação aos migrantes não deve ser só técnica, mas do próprio português, bem como na área de atendimento e acolhimento, fatores que muitas vezes divergem dos nossos porque são culturas distintas.

“Em termos de ensino superior, a fuga de talentos é preocupante. As chefias intermédias e os diretores começam a ser bem valorizados, mas depois, eles próprios, também não implementam políticas corretas em relação aos seus subordinados, e isto não dá muita estabilidade a estes jovens que, como é óbvio, não saem das universidades diretamente para diretores gerais”, confidenciou, sem esquecer de mencionar que, por exemplo, “se formos ver os RevPars e os ADRs da hotelaria, têm subido de forma exponencial nos últimos anos, e as taxas de ocupação são boas, não se percebe muito bem que não se consiga conquistar estas pessoas”.

A ESHTS também tem tido um papel importante a nível internacional. O docente revela que “temos muitas parcerias, os nossos cursos são todos certificados pela ONU Turismo, bem como vários projetos com instituições de ensino superior estrangeiras, muitos alunos a fazer Erasmus no exterior ou a estagiarem lá fora em muitas unidades hoteleiras, ou seja, cerca de 20% dos nossos alunos fazem estágio internacional”.

Mas, continuou: “Onde ainda não estamos como queríamos é na captação de alunos internacionais, porque, neste momento, arranjar casa no Estoril ou em Cascais, é muito difícil, e daí termos vários candidatos que depois acabam por desistir, aliás, também alunos nacionais de outros pontos do país, pois muitos referem que não conseguem o alojamento, e a ESHTE não dispõe nas suas instalações”.

Refira-se que na base da criação do ESHTE, que foi no âmbito do Inftur e do Ministério da Economia, o Turismo de Portugal é o dono dessas instalações e isso “limitou-nos no nosso PRR. O nosso PRR só pode ser formativo, enquanto outras faculdades, como a Nova, conseguiram investir em alojamento para alunos, nós não porque não somos os donos”. Mesmo assim, “temos um projeto de novas instalações para sermos os proprietários”.

Na opinião de Pedro Moita, “o PRR foi um bom projeto de alojamento estudantil, e que abriu muitas hipóteses às faculdades, mas nós não nos podemos candidatar por aí, o que é pena porque somos a única instituição de ensino superior 100% dedicada a turismo e todos os nossos professores se preocupam por turismo, querem ser sempre um pouco especialistas, vão aos fóruns e investigam esta área, porque nós só temos cursos e formação para turismo, mas paralelamente não conseguimos responder a uma necessidade que temos, que é de construir alojamento próprio para os nossos alunos”, concluiu.

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Formação em turismo já nada é o que era

O turismo mudou e a formação nesta área está longe de ser como era. Quatro opiniões de profundos conhecedores da área formativa em turismo, em Portugal, que nos ajudam a responder algumas dúvidas.

“A formação turística tem sofrido mudanças significativas, nomeadamente impulsionadas pela evolução tecnológica, por preocupações de sustentabilidade (ambiental, económica e social) e por alterações nas preferências dos consumidores” reconhece o presidente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT), Flávio Ferreira.

É como confirma Mafalda Patuleia, diretora do Departamento de Turismo e investigadora no Intrepid Lab (CETRAD) da Universidade Lusófona, realçando que “observamos uma transição de abordagens tradicionais para as chamadas metodologias inovadoras, mais práticas e dinâmicas, que integram a utilização da tecnologia, de princípios ligados à sustentabilidade e à inovação, à liderança, à literacia financeira, à gestão e às soft skills”.

Sobre esta questão, Sofia Almeida, coordenadora da Área de Turismo & Hospitalidade na Universidade Europeia aponta que “o digital ganhou destaque, levando à integração de ferramentas tecnológicas nos currícula, como a inteligência artificial, o big data e as plataformas digitais de gestão, essenciais para a tomada de decisões informadas e estratégicas”. Por outro lado, disse, “houve um aumento da ênfase em temas como sustentabilidade, ética e inclusão, refletindo as exigências de um mercado cada vez mais consciente e exigente”.

Além disso, “a formação tem passado de um modelo tradicional para abordagens mais práticas e centradas no estudante, com uma maior aposta na aprendizagem experiencial e no desenvolvimento de soft skills, como liderança, comunicação intercultural e adaptabilidade”, realçou Sofia Almeida, defendendo que o modelo académico da Universidade Europeia “é o reflexo desta realidade, permitindo que os alunos respondam a desafios reais do mercado de trabalho através de técnicas ativas e mentorias constantes”.

A coordenadora da Área de Turismo & Hospitalidade na Universidade Europeia entende que os jovens em Portugal continuam a demonstrar interesse pela formação na área do turismo, especialmente em subáreas que refletem as tendências e desafios atuais do setor, como a gestão hoteleira, turismo sustentável, gestão de eventos e experiências e, mais recentemente, o turismo digital. A oferta atual do estabelecimento de ensino onde leciona cobre as subáreas iniciais, sendo que “estamos a ultimar esforços para responder à procura na área do turismo digital. Estas áreas atraem estudantes por oferecerem perspectivas de carreira diversificadas e pela ligação com setores emergentes que valorizam a inovação e criatividade”.

Sofia Almeida, coordenadora da Área de Turismo & Hospitalidade na Universidade Europeia

Os desafios, para Susana Mesquita, coordenadora da Licenciatura em Turismo no ISAG – European Business School “incluem a necessidade de atualização constante dos planos de estudos para acompanhar a procura do mercado resultante, nomeadamente das mudanças ocorridas no comportamento dos consumidores”, indicando que “são muitos os jovens portugueses que demonstram interesse pela área de turismo, especialmente em áreas como gestão hoteleira, marketing digital e organização de eventos”.

Há, no entanto, “uma grande preocupação com uma possível quebra na procura devido a perceções de instabilidade ou falta de progressão na carreira. Por isso é necessário motivar cada vez mais os jovens e, para isso, importa reforçar, junto dos mesmos, as oportunidades de progressão e a relevância estratégica do turismo para a economia nacional, criando programas de formação mais dinâmicos e mais alinhados com as necessidades do mercado. Ainda assim, os cursos superiores continuam a ser muito procurados”, acentuando que algumas instituições já começaram a implementar essas mudanças, mas “ainda há um longo caminho a percorrer. As parcerias entre o ensino e as empresas podem acelerar este processo. É necessário reforçar o networking”.

Alguns dos principais desafios passam, segundo a coordenadora da Licenciatura em Turismo no ISAG, pela existência de uma concorrência com outros setores mais tecnológicos, a ideia de que os salários são baixos e que existem poucas oportunidades de crescimento, por um lado, ao mesmo tempo que “existe alguma dificuldade em atrair talentos qualificados para áreas específicas necessidade de maior flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional dos profissionais deste setor”.

Em termos de níveis de formação, observa-se, considerou a formadora da UE, “uma procura equilibrada entre licenciaturas e pós-graduações, com um crescente interesse por cursos mais especializados que ofereçam uma vantagem competitiva no mercado de trabalho”. Não obstante, Sofia Almeida acrescenta que todos os cursos da área do turismo, cursos conferentes de grau e não conferentes de grau subiram em termos de alunos, “o que nos deixa particularmente orgulhosos do trabalho realizado até aqui”.

 

“A valorização das profissões do turismo passa, em primeiro lugar, pela identificação de todas as suas profissões, depois pela definição de novas estratégias de comunicação por forma a melhorar a imagem e o branding das mesmas, a par da recuperação do atraso salarial e da flexibilidade da carga horária”, Mafalda Patuleia

No entanto, há desafios. “Apesar de o turismo ser uma área de elevada empregabilidade, assiste-se a sinais de desmobilização de alguns jovens, influenciados por perceções de instabilidade, sazonalidade e falta de valorização em determinadas funções”, assim, “para combater este fenómeno, é essencial reforçar a atratividade do setor, promovendo carreiras que valorizem competências técnicas e pessoais, oferecendo condições de trabalho mais apelativas e sublinhando a importância do turismo como motor económico e social”, opina Sofia Almeida, para reforçar que, enquanto universidade, “a forma como temos contribuído para ultrapassar estas dificuldades é criar discussão à volta destas questões, organizando mesas-redondas, debates e conferencias para que os profissionais sejam convidados a refletir sobre os temas estruturantes do setor e apresentar soluções”.

Por sua vez, a diretora do Departamento de Turismo da UL sublinha que “hoje, o principal desafio é garantir que a formação acompanhe a evolução rápida da atividade, respondendo às necessidades emergentes, como a gestão de experiências personalizadas, sustentabilidade, acessibilidade e o uso de tecnologias inovadoras, como por exemplo a Inteligência Artificial e a realidade virtual”. Além disso, “são igualmente desafiantes, a constante proximidade ao mercado de trabalho, o desenvolvimento das soft skills, a retenção de talento e a criação de percursos formativos alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que contribuam para a criação de uma nova geração de gestores e profissionais nesta área”.

Entre os desafios, já Flávio Ferreira aponta por alguns que passam por  incorporar soluções para minimizar a pegada de carbono do turismo, com foco em práticas de turismo regenerativo; A  necessidade de preparar profissionais para lidar com a constante evolução tecnológica, em particular o uso de IA; Preparar os futuros profissionais em relação a tendências como turismo de bem-estar, viagens conscientes, turismo de experiências e personalização de serviços; e ainda enfrentar a falta de profissionais qualificados em certas áreas, particularmente na hotelaria e restauração, e tornar o setor mais atrativo como carreira.

Mafalda Patuleia, diretora do Departamento de Turismo da Universidade Lusófona

Há interesse pela formação na área do turismo?
O presidente ESHT do Porto não tem dúvidas que os jovens portugueses “continuam a demonstrar interesse pela formação na área do turismo, especialmente devido ao peso significativo do setor na economia nacional”, até porque “o turismo é uma das indústrias mais dinâmicas em Portugal, responsável por uma elevada empregabilidade e oportunidades de crescimento”. Contudo, diz, “o nível de atração varia de acordo com a perceção das condições de trabalho e do potencial de carreira”, lembrando que as áreas mais procuradas são hotelaria, gastronomia e restauração, turismo sustentável, gestão de eventos, e que a maior procura acontece ao nível de cursos de licenciatura”.

Mafalda Patuleia também concorda, e lembra que “os últimos dados estatísticos apontam para um decréscimo no número de matriculados nos cursos superiores”, lembrando que segundo o Turismo de Portugal, em 2023 estavam matriculados no Ensino Superior 9,7 mil alunos (-10,3% tvh 2022). Ou seja, “estamos perante um desalinhamento preocupante entre a crescente competitividade da atividade turística e o interesse dos jovens em construir uma carreira nesta área.

Em sua opinião, “existem possíveis razões para este decréscimo, relacionadas com a perceção das condições de trabalho pouco atrativas na atividade, como os baixos salários em termos reais, a falta de uma melhor descrição das funções e das categorias profissionais, a inexistência de uma carreira profissional, a sazonalidade e horários exigentes, que podem desencorajar os jovens a apostar numa formação académica em áreas relacionadas com o turismo”. Além disso, “a falta de visibilidade de percursos profissionais mais diversificados e de oportunidades de ascensão na atividade pode contribuir para o afastamento dos estudantes”, apontou.

Para esta questão, o presidente da ESHT defende que “a instabilidade vivida durante a crise da COVID-19 levou a uma queda na procura por cursos de turismo em alguns anos, com estudantes optando por áreas consideradas mais estáveis”, para avançar que “muitos jovens veem o turismo como uma área exigente, com horários irregulares e pouca previsibilidade, o que pode desencorajá-los”, por isso “é oportuno reforçar a motivação dos jovens para a formação em turismo, especialmente considerando que é a área profissional que mais emprega em Portugal”. E sublinha que “a valorização da profissão, a melhoria das condições e a ligação a temas como sustentabilidade e inovação podem ser fundamentais para captar e motivar uma nova geração de talentos para o setor”.

Para Sofia Almeida, não há dúvidas da necessidade de adaptação da formação, questão que já está a ser reconhecida e implementada em diversas instituições de ensino e formação, incluindo na Universidade Europeia. Nos últimos anos, “temos assistido a uma evolução significativa na forma como os cursos são estruturados, com uma maior personalização das ofertas formativas e a integração de abordagens pedagógicas inovadoras que respondem às expectativas de estudantes e profissionais.

 

“A implementação de ofertas formativas atualizadas e adaptadas às necessidades reais do setor do turismo e da hospitalidade tem sido progressivamente colocada em prática em Portugal, mas ainda enfrenta desafios, como iniciativas de formação contínua, como cursos especializados em sustentabilidade, enoturismo e tecnologias digitais, Flávio Ferreira

Um exemplo claro é a inclusão de metodologias de ensino centradas no estudante, como o problem-based learning (aprendizagem baseada em problemas) e projetos colaborativos com empresas do setor, que permitem aos alunos desenvolver competências práticas alinhadas com as reais necessidades do mercado. Adicionalmente, têm surgido formações modulares e de curta duração, como pós-graduações que permitem aos profissionais atualizar conhecimentos de forma flexível, ao mesmo tempo que conciliam as suas carreiras”.

Por outro lado, admite que “as instituições de ensino têm trabalhado na criação de percursos mais individualizados, levando em conta as motivações, necessidades e aspirações de cada estudante. Isto inclui o acesso a programas de mentoria, coaching de carreira e estágios personalizados, bem como a utilização de ferramentas tecnológicas, como plataformas de aprendizagem adaptativa, que ajustam os conteúdos às preferências e progressos de cada aluno”, tendo apresentado dois exemplos: “O primeiro, o programa SUPERA da Universidade Europeia é uma iniciativa de apoio à inclusão e ao desenvolvimento de competências para estudantes com necessidades educativas especiais. O segundo, o programa exclusivo da UE em oferecer aos finalistas de Gestão Hoteleira a possibilidade de efetuar um estágio de direção hoteleira. Criámos 10 posições de estágio em funções de direção para os nossos alunos e desta forma tentamos ir ao encontro das suas expectativas e dos novos tempos”.

Conhecer as múltiplas profissões que existem na atividade turística
Mas será que, efetivamente, os jovens conhecem as múltiplas profissões que existem na atividade turística? A resposta da diretora do Departamento de Turismo da Lusófona, é negativa e descreve: “Os jovens associam maioritariamente o Turismo, às áreas da hotelaria e da restauração, que infelizmente e segundo o Turismo de Portugal (2024) são as duas áreas onde a média dos vencimentos é mais baixa (1.068 euros) e as condições laborais são mais incertas”, a acrescentar que apesar do esforço que tem sido feito por parte dos empregadores destas áreas em relação ao aumento do salário médio e à melhoria das condições laborais, “a verdade é que a situação continua precária e socialmente desinteressante”.

Como referimos, as conclusões do estudo recente “O perfil do profissional de Turismo e Hospitalidade-Competências e Formação” apontam para a necessidade de criação de ofertas formativas atualizadas e adaptadas às necessidades reais do setor, através da adoção de abordagens diferenciadas na gestão de carreiras e expectativas, levando em consideração as necessidades específicas de cada estudante e de cada profissional. Isto já está a acontecer? Flávio Ferreira responde que “a implementação de ofertas formativas atualizadas e adaptadas às necessidades reais do setor do turismo e da hospitalidade tem sido progressivamente colocada em prática em Portugal, mas ainda enfrenta desafios, como iniciativas de formação contínua, como cursos especializados em sustentabilidade, enoturismo e tecnologias digitais, são exemplos de adaptações às necessidades do setor, e uma  integração mais forte entre instituições de ensino, empregadores e estudantes é fundamental para garantir que as necessidades específicas do setor e dos profissionais sejam plenamente consideradas”.

Flávio Ferreira, presidente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT) Porto

Por sua vez Mafalda Patuleia dá-nos conta que a Universidade Lusófona “tem desempenhado um papel ativo nesta transformação”. E está a adaptar os currículos para incorporar competências práticas e transversais, trabalhando em estreita colaboração com empresas do setor e associações profissionais para garantir que os seus programas estão alinhados com as exigências do mercado, promovendo formações flexíveis e personalizadas. Exemplo disso, referiu, “é o trabalho que fazemos com algumas associações profissionais e de empregadores”, (APAVT, APOTEC e ADHP) na verificação prévia dos conteúdos programáticos de unidades curriculares como agências de viagens e operadores turísticos, contabilidade, gestão e análise financeira de empresas turísticas, gestão da restauração e gestão hoteleira.

Por outro lado, na aprendizagem baseada em problemas (PBL), em que, conforme contou, os alunos são desafiados a resolver problemas reais ou simulados pelo mercado de trabalho, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades práticas, colaborativas e também o pensamento crítico.

Em termos de competências, os profissionais de turismo devem desenvolver em áreas como, segundo Mafalda Patuleia, formação intercultural, fundamental numa atividade tão global; tecnologia e digitalização, com destaque para sistemas de gestão de reservas, big data, realidade virtual e inteligência artificial; sustentabilidade e responsabilidade social, integrando práticas que respeitem o ambiente e as comunidades locais; gestão de experiências personalizadas, respondendo às expectativas de clientes cada vez mais exigentes; resiliência e capacidade de adaptação, face à volatilidade do mercado.

Já o presidente da Escola Superior de Hotelaria e Turismo (ESHT) do Politécnico do Porto elenca: Digitalização e tecnologias de informação, gestão de sustentabilidade, análise de dados, comunicação intercultural, liderança e trabalho em equipa, inovação e criatividade, foco no cliente e personalização, gestão ética e responsável, sublinhando que a instituição de ensino que dirige estabelece uma forte ligação com o mercado de trabalho, “garantindo que os seus estudantes estejam preparados para responder às necessidades reais do setor”, apontando que essa ligação é realizada através de diversas iniciativas e estratégias que promovem a integração entre a formação académica e o ambiente profissional.

Entre as principais ações destaca: Todos os cursos incluem períodos de estágio obrigatórios em empresas do setor (nacionais e estrangeiras), proporcionando uma experiência prática essencial; A organização de almoços, jantares e eventos enogastronómicos permite que os estudantes coloquem em prática os seus conhecimentos em situações reais; O bar e restaurante de aplicação são espaços utilizados pelos estudantes para simular o ambiente de trabalho, sob a orientação de docentes e em colaboração com profissionais convidados”. Além disso, a ESHT “mantém uma relação próxima com confrarias gastronómicas e associações do setor, envolvendo os estudantes em atividades e eventos que promovem networking e reforçam a ligação ao mercado”.

 

“Estamos a ultimar esforços para responder à procura na área do turismo digital. Estas áreas atraem estudantes por oferecerem perspetivas de carreira diversificadas e pela ligação com setores emergentes que valorizam a inovação e criatividade”, Sofia Almeida

Atualmente, as competências mais valorizadas no setor do turismo refletem, conforme sublinha Sofia Almeida “a necessidade de adaptação às rápidas mudanças e à diversificação do mercado. O domínio de competências digitais, como o uso de plataformas de reservas online, inteligência artificial e análise de dados, é essencial para melhorar a experiência do cliente e otimizar operações”, e o grande desafio deste ano letivo foi abrir o primeiro e único curso de licenciatura em Turismo, lecionado 100% em inglês. “Estamos sozinhos nesta oferta, mas arriscámos. E sabemos que estamos no caminho certo, pois houve um aumento do interesse dos alunos de Erasmus nesta licenciatura, e isto reflete-se no aumento da procura relativa aos anos anteriores”.

Indicou, ainda, e em primeira mão que a Universidade Europeia viu este ano letivo, as suas duas licenciaturas em Turismo e Gestão Hoteleira serem (re)acreditadas pela A3Es pelo período máximo de 6 anos sem alterações. Para o próximo ano letivo, 2025-2026 “posso já adiantar que o nosso grande desafio é ter uma Licenciatura em Gestão turística e hoteleira e um Mestrado em Gestão do Turismo e Hotelaria acreditados no Ensino à Distância (EAD)”.

Na opinião da coordenadora da Licenciatura em Turismo no ISAG, algumas das competências mais valorizadas “passam pela orientação para o cliente e pela excelência no atendimento, a capacidade de trabalhar em ambientes multiculturais, os conhecimentos em marketing digital e redes sociais, a resiliência e proatividade perante novos desafios e as habilidades em inovação e sustentabilidade”.

Recorrer às escolas para os melhores talentos
Refira-se, ainda, que as empresas do setor recorrem à ESHT para obter apoio na implementação de estratégias inovadoras, envolvendo docentes e estudantes nesses processos, ao mesmo tempo que esta instituição de ensino superior organiza eventos onde empresas do setor turístico e hoteleiro apresentam as suas ofertas e realizam entrevistas com os estudantes, facilitando o recrutamento. De destacar que ex-estudantes da ESHT que já atuam no mercado de trabalho frequentemente retornam à Escola para partilhar experiências, criar parcerias e motivar os atuais estudantes.

Também o Turismo da Lusófona estabelece parcerias estratégicas com empresas nacionais e internacionais, proporcionando estágios curriculares, projetos de investigação aplicada e programas de mentoria. A sua diretora do Departamento de Turismo conta-nos que, nos últimos anos, a UL tem dado muito ênfase ao estabelecimento de parcerias internacionais, proporcionando aos seus alunos a realização de estágios curriculares em contextos fora do país. Neste sentido, verificou-se um aumento do número de alunos em mobilidade (out) que passou de 8 alunos em 2022 para 20 alunos em 2023.

Por outro lado, disse, “estimulamos o desenvolvimento de projetos de investigação aplicada com parceiro internacionais, como é o exemplo da candidatura vencedora, na qual a Universidade Lusófona faz parte, ao Programa Horizon Europe, FUTOURWORK – Improving Tourism and Hospitality Worker Well-Being Through Social Dialogue, com o objetivo estudar e promover um maior bem-estar e melhores condições de trabalho para os trabalhadores do Turismo e Hospitalidade”.

 

“Os desafios incluem a necessidade de atualização constante dos planos de estudos para acompanhar a procura do mercado resultante, nomeadamente das mudanças ocorridas no comportamento dos consumidores”, Susana Mesquita

Também “achamos relevante o desenvolvimento de Programas de Certificação, como por exemplo o Protocolo que temos com a Travelport, na Certificação do Programa de GDS/Galileo, através da formação indoor e respetivo exame na empresa”.

Além disso, “promovemos eventos regulares, como feiras de emprego, workshops e palestras com profissionais da área, para encurtar a distância entre a academia e o mercado”. Por outro lado, “incorporamos no nosso corpo docente, profissionais da área que estimulam a aquisição de competências práticas e o desenvolvimento de uma rede de contactos relevante”, explicou.

Formação em contexto de trabalho precisa-se
Na ESHT há uma ampla gama de programas de formação contínua e cursos de especialização para profissionais em exercício, permitindo-lhes: atualizar competências técnicas e comportamentais; adaptar-se às novas exigências tecnológicas e ambientais do setor; desenvolver uma visão estratégica sobre gestão e liderança.

Através de iniciativas como workshops, dias de recrutamento e mentoring, a ESHT promove a retenção de talento ao criar oportunidades de crescimento profissional, ao mesmo tempo que utiliza plataformas digitais, simulações e ferramentas tecnológicas para preparar os profissionais para os desafios digitais no turismo, como gestão de reservas, marketing digital e análise de dados. Por outro lado, a Escola participa ativamente em iniciativas como o programa Eco-Escolas, que fomenta a educação ambiental, e desenvolve projetos de investigação aplicada que promovem a sustentabilidade no setor turístico.

Também a Lusófona oferece programas de Mestrado e de Pós-Graduação. Atualmente há dois Mestrados a funcionar: O Mestrado em Desenvolvimento e Gestão de Destinos Turísticos e o Mestrado online em Gestão e Inovação em Turismo e Hospitalidade. É o primeiro mestrado online na área do Turismo e funciona em parceria com o Centro Universitário Lusófona do Porto e com o ISMAT em Portimão, que, entre outras razões, assenta num modelo de ensino que permite a gestão do tempo de forma eficiente entre a vida profissional e pessoal.

Com todas as valências destes dois exemplos de ensino superior, o facto é que existe um número bastante elevado de pessoas a trabalhar no setor sem formação.

Mafalda Patuleia explica que, “infelizmente, os dados estatísticos, divulgados pela tutela são sistematicamente referentes ao alojamento, à restauração e similares e não ao turismo. Provavelmente esta situação não tem lugar nas agências de viagens e nos operadores turísticos, nos guias intérpretes, nos transportes aéreos, nos cruzeiros e outros que compõem a constelação do turismo”. No entanto, lembra que segundo o Turismo de Portugal (2024) pela 1ª vez a maioria (55%) dos empregados nas áreas do alojamento, restauração e similares têm o ensino secundário e superior.

Com o setor das viagens e turismo em constante mutação, numa indústria de pessoas para pessoas, os recursos humanos são a chave do seu desenvolvimento, e acarreta desafios, como é óbvio. Assim sendo, Mafalda Patuleia defende que “é preciso identificar quais são as profissões que existem e criar um plano de carreiras no turismo por forma a promover a sua valorização e, por conseguinte, conquistar o reconhecimento social”.

A ligação com o mercado de trabalho é essencial na estratégia formativa da Universidade Europeia. A coordenadora da Área de Turismo & Hospitalidade daquela instituição de ensino superior dá conta que “criamos pontes entre a academia e o setor de turismo e hospitalidade, preparando os estudantes para os desafios do mercado e oferecendo oportunidades de carreira, colaboramos com empresas do setor para estágios, projetos e aprendizagem prática, muitos dos nossos docentes trazem experiências do mercado, enriquecendo o ensino, e organizamos eventos como feiras de emprego e workshops para promover o networking e o conhecimento de tendências”. Igualmente, o Gabinete de Empregabilidade “orienta os estudantes na definição de objetivos e facilita o acesso a vagas. Projetos integradores e consultoria com empresas fortalecem as competências dos alunos. Focamo-nos também no desenvolvimento de competências transversais, como liderança e comunicação, essenciais para o sucesso profissional. Essa abordagem prepara os estudantes para se destacarem no mercado de trabalho e contribuírem para a evolução do setor”.

Da mesma forma, na Universidade Europeia, “temos desempenhado um papel ativo na formação contínua dos profissionais de turismo, focando-nos em áreas essenciais como a retenção de talento, inovação tecnológica e sustentabilidade. Oferecemos programas de pós-graduação, mestrados e cursos especializados que integram as últimas tendências e desafios do setor, capacitando os profissionais para lidar com as mudanças rápidas e as novas exigências do mercado. Sobre as pós-graduações, gostava de acrescentar que apesar da nossa oferta presencial, temos duas pós-graduações em Gestão Hoteleira e Gestão de Eventos, lecionadas 100% online”.

E vai mais além. “Através da nossa colaboração com empresas do setor, proporcionamos experiências práticas que ajudam os alunos a desenvolver competências digitais e a aplicar soluções inovadoras, particularmente no uso de tecnologias emergentes”. Por outro lado, “destacamos a importância da sustentabilidade, oferecendo formação em práticas responsáveis que promovem o turismo sustentável e a responsabilidade social, fruto de uma parceria com uma instituição com o mercado”. Neste sentido, segundo Sofia Almeida, “acreditamos que a formação contínua é essencial para garantir que os profissionais de turismo possam não só adaptar-se, mas também liderar as transformações que o setor exige, contribuindo assim para a evolução e o sucesso da indústria”.

Susana Mesquita, coordenadora da Licenciatura em Turismo no ISAG – European Business School

Por sua vez, comenta Susana Mesquita, existem várias formas de estabelecer a ligação entre as instituições e o mercado do trabalho. “No nosso caso temos várias parcerias com empresas de diversos subsetores, promover estágios curriculares, realizar eventos de networking e desenvolver programas de mentoria com profissionais do setor entre outras iniciativas”. Assim, considera que este aspeto constitui uma oportunidade para fomentar a formação contínua, criando programas acessíveis que capacitem os profissionais e elevem o padrão do setor.

Uso da Inteligência Artificial
Parece que, em alguns casos, os planos de estudos ainda não incluem tecnologias com inteligência artificial, “no entanto, não invalida que não sejam utilizadas como exemplos nas aulas”, conforme diz Flávio Ferreira, mas esclarece que os professores começaram a utilizar no ano passado exemplos de plataformas de geração de conteúdos (textos, imagens e vídeos), em particular nas unidades curriculares de informação e comunicação tecnológica, nos cursos de licenciatura, e de tecnologias e marketing digital, nos cursos de mestrado.

Contrapondo, Mafalda Patuleia refere que a UF já integra formação em inteligência artificial, análise de dados, automação e outras tecnologias emergentes, nas unidades curriculares de tecnologias digitais aplicadas ao turismo (1º Ano) e de transformação digital no turismo (3º Ano). Estas competências são abordadas em aulas práticas, simulações e projetos em parceria com o setor, preparando os alunos para os desafios da digitalização.

Finalmente, colocámos aos responsáveis pela área formativa em turismo, no Porto e em Lisboa, a seguinte questão: Quais são as competências mais valorizadas atualmente no setor do turismo?

Para o presidente da ESHT, elencou as seguintes: competências digitais; habilidades para implementar práticas de turismo sustentável; capacidade de gerir experiências e lidar com feedbacks negativos; saber criar pacotes turísticos inovadores e roteiros adaptados a diferentes públicos; habilidades de comunicação e interculturalidade.

Mas para a diretora do Departamento de Turismo da UL, além de competências técnicas, as competências transversais são cada vez mais valorizadas. Assim, no seu entender, “um profissional de turismo, enquanto mediador cultural, tem de possuir uma compreensão profunda das diferenças culturais, demonstrar empatia e capacidade de adaptação, e promover o respeito mútuo. Deve ter uma comunicação eficaz, empatia, trabalho em equipa, resolução de problemas e capacidade de adaptação”. Adicionalmente, a literacia financeira, a literacia digital e o domínio de línguas estrangeiras continuam a ser requisitos fundamentais”, enalteceu.

Também, na Universidade Europeia, alguns planos de estudo já incluem formação sobre o uso de tecnologias como a Inteligência Artificial, refletindo a crescente digitalização do setor do turismo. Na Universidade Europeia, esclareceu, “abordamos ferramentas como análise de dados, sistemas de gestão baseados em IA, chatbots, automação de processos e tecnologias de personalização da experiência do cliente. Estas tecnologias são introduzidas através de projetos práticos, simulações e estudos de caso, permitindo que os estudantes desenvolvam competências aplicáveis e compreendam como utilizá-las para melhorar a eficiência, a tomada de decisões e a experiência dos clientes. Já existe esta oferta noutras áreas da Universidade, mas o nosso desafio é trazer esta realidade para dentro dos cursos de Turismo”.

Sobre o autorCarolina Morgado

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Edição Digital: Harry Theoharis, candidato a secretário-geral do Turismo da ONU, Local by Clube Viajar, Newblue, Viagens Tempo, Uganda e Tecnologia no Turismo

O ex-ministro do Turismo da Grécia e candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism), Harry Theoharis, é capa da última edição do mês de fevereiro do Publituris. O ex-ministro do Turismo da Grécia e candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism), Harry Theoharis, é capa da última edição do mês de fevereiro do Publituris. Além disso, ainda poderá ler sobre a viagem da Newblue até à Jamaica, que começará uma operação para o destino em junho; sobre a Viagens Tempo – Operador Turístico; sobre a Local DMC by Clube Viajar; e sobre a estratégia do Uganda para o turismo. O dossier é dedicado à tecnologia no setor do turismo.

Publituris

A próxima edição do Publituris faz capa com a entrevista a Harry Theoharis, candidato a secretário-geral do Turismo da ONU (UN Tourism). O ex-ministro do Turismo da Grécia, admite que a experiência que viveu durante os anos da pandemia funcionará como um “espelho” do que poderá e deverá fazer à frente da organização. Segundo Theoharis, neste momento, a Europa turística até tem medo de mencionar a palavra “overtourism”, salientando que “precisamos de olhar para as questões, resolvê-las e geri-las”.

Como indicadores-chave de sucesso pelos quais gostaria de ser avaliado, o candidato a secretário-geral do Turismo da ONU refere que “a esperança é que no final do primeiro mandato vejamos todos os 160 Estados-Membros mais envolvidos, que todos se candidatem a integrar o Conselho Executivo e que todos queiram fazer parte da organização” que, diz, “tem de trabalhar de forma mais transparente, eficiente e relevante”.

Newblue voa até à Jamaica
Foi na fam/presstrip, organizada pela Newblue, que levou agentes top sellers e imprensa à Jamaica, que o Publituris conversou com Duarte Correia, diretor-geral da World2Meet (W2M) em Portugal, que explicou a razão desta aposta no país do Caribe. A operação arranca a 4 de junho e estende-se até outubro.

Viagens Tempo
A Viagens Tempo posiciona-se no mercado “como um operador turístico de proximidade, flexível, cujo foco é dar atenção e ajudar as agências de viagens a concretizar as vendas e crescermos juntos, para além de oferecer programas que vão ao encontro das expectativas do cliente final”. Quem o diz é o diretor do operador turístico, Ricardo Gordo.

Local DMC by Clube Viajar
Na sequência do recente rebranding do departamento de incoming da Clube Viajar, que passou a designar-se Local DMC by Clube Viajar, o Publituris falou com a sua diretora Comercial, Mariana Morais, que nos deu conta dos motivos desta nova identidade. “Este projeto surge como uma evolução estratégica para criar uma marca mais alinhada com o que fazemos e com a forma como queremos posicionar-nos no mercado internacional”, revelou. Um nome e uma identidade visual que “refletem melhor a nossa missão de conectar os nossos clientes às pessoas e cultura de Portugal”.

Uganda
Conhecido como a “Pérola de África” pela sua diversidade, o Uganda veio à Europa dar a conhecer uma oferta turística única e atrair investimento estrangeiro que ajude a desenvolver um setor que tem um vasto potencial e que é visto como estratégico para o crescimento económico do país. Em contrapartida, há vários benefícios fiscais e um mar de oportunidades.

A nova estratégia de desenvolvimento económico do Uganda foi o tema central do 1.º Fórum Económico Uganda-França, que decorreu em Paris, França, a 17 de fevereiro, num evento promovido pela Embaixada do Uganda em França e que, além das empresas francesas, procurou atrair também investimento português e espanhol.

Turismo vira hi-tec
No dossier desta edição, olhamos para a tecnologia no setor do turismo. Se é verdade que a evolução tecnológica tem desempenhado um papel crucial na transformação do setor do turismo nos últimos anos, revolucionando a forma como os serviços são prestados e procurados, melhorando a eficiência operacional das empresas e enriquecendo a experiência do viajante, também é verdade que ainda há muitos updates e upgrades a fazer.

E Se o universo da tecnologia já se vislumbrava como desafiante para todos os setores de atividade, não ficando, naturalmente, o turismo excluído, os próximos tempos, e com a velocidade de criação e inovação existente, palavras como “integração”, “implementação”, “adaptabilidade”, “conexão”, mas também “proximidade”, “planeamento” e “acessibilidade” farão parte do léxico obrigatório do lado das empresas.

Apesar de toda a discussão sobre o avanço tecnológico e a inevitabilidade deste no dia-a-dia de cada um de nós, seja pessoal, profissional ou como viajante, uma coisa é certa: a interação do humano continua e continuará a ser fundamental para o setor do turismo.

Check-in
No “Check-in” desta edição questionámos o Conselho Editorial sobre o impacto que a política externa de Donald Trump poderá ter no turismo em Portugal; o (possível) final da guerra na Ucrânia; a recuperação do longo-curso na Ásia-Pacífico; o contínuo crescimento das regiões turísticas nacionais em termos de hóspedes, dormidas e receitas; qual a região turística nacional com maior potencial de crescimento em 2025; e se a anunciada “Estratégia Turismo 2035” já deveria ter sido apresentada.

Opiniões
As duas opiniões desta última edição de fevereiro pertencem a Francisco Jaime Quesado “economista e gestor) – “A Nova Banca” – e Sílvia Dias (Savoy Signature) – “Inteligência Artificial: Oportunidade, risco ou evolução natural”.

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Edição Digital: Entrevista a Catarina Paiva (Turismo de Portugal) Dakhla, Euroairlines e dossier companhias aéreas

A próxima edição do Publituris faz capa com a entrevista a Catarina Paiva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal. Além disso, viajámos até Dakhla, entrevistámos o CEO da Euroairlines e dedicamos o dossier às Companhias Aéreas.

Publituris

A entrevista a Catarina Paiva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, faz capa da nova edição do Publituris. A responsável pela área da formação do Turismo de Portugal faz o ponto da situação dos projetos que estão a ser desenvolvidos nas 12 Escolas de Hotelaria e Turismo, iniciativas que, conforme afirmou, “refletem o compromisso em preprar os profissionais para os desafios atuais e futuros, contribuindo para a competitividade e sustentabilidade do setor. Catarina Paiva avança ainda que “estamos permanentemente atentos às necessidades de mercado para poder dar respostas alinhadas com o que os profissionais e empresas precisam”.

Prémios
Esta edição do Publituris divulga, novamente, a 13.ª edição dos “Portugal Trade Awards by Publituris @BTL 2025”.

Com 89 nomeados, as 15 categorias são: Melhor Operador Turístico, Melhor Agência Corporativa, Melhor Consolidador, Melhor DMC, Melhor Distribuidor B2B, Melhor GSA Aviação, Melhor Sistema Global de Distribuição, Melhor Empresa de Gestão Hoteleira, Melhor Empresa de Software de Gestão Hoteleira, Melhor Startup, Melhor Consultoria e Assessoria em Turismo, Melhor Formação Turismo, Melhor Parceiro Segurador, Melhor Empresa de Organização de Eventos, Melhor Venue para Eventos e Congressos, existindo ainda a categoria de Personalidade do Ano, prémio atribuído diretamente pela redação do Publituris.

Os vencedores serão conhecidos no primeiro dia da BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market 2025, a 12 de março, a partir das 11h00.

Dakhla
Situada no sul de Marrocos, Dakhla é onde o mar beija o deserto, numa dança mágica, revelando-se como um destino de sonho para os amantes da natureza, da aventura e do bem-estar. O Publituris foi visitar a região a convite do Turismo de Marrocos.

Euroairlines
No ano em que celebra o 25.º aniversário, a Euroairlines registou um incremento de 150% na faturação, ultrapassando os 12 milhões de euros. Na FITUR, o Publituris conversou com Antonio López-Lázaro, CEO da companhia, que revelou que o objetivo é duplicar as receitas já em 2025.

Dossier: Companhias Aéreas
Em 2024, a procura por transporte aéreo manteve-se em alta e assim deve continuar no próximo verão IATA, esperam as companhias aéreas que operam em Portugal e que anteveem um verão de oportunidades, apesar das incertezas económicas e outros desafios que devem marcar a próxima época alta da aviação, que vigora entre 30 de março e 25 de outubro.

O próximo verão IATA vai, de resto, ficar marcado pela abertura de várias rotas e pelo aumento de capacidade de muitas das companhias aéreas que operam em Portugal. O Publituris conta tudo.

Pulse Report
O Publituris PULSE Portugal, uma parceria entre o Publituris e a Guestcentric, mostra que a evolução da procura no mês de janeiro de 2025 apresenta-se como a maior de sempre em termos de reservas em noites, com +7% face a janeiro de 2024.

Com a estrutura de mercado a ser igual a 2024, os EUA lideram com 29%, seguidos do mercado nacional (19%) e Reino Unido.

No que diz respeito ao desempenho por regiões, é a Madeira que lidera, com um crescimento de 29%, em janeiro de 2025 face ao mesmo mês de 2024, seguindo-se o Porto (+16%) e o Norte (+14%).

Já nas expectativas de fevereiro, é o Norte que lidera, com um crescimento de 51% face a fevereiro de 2024, seguindo-se o Algarve (+37%) e o Alentejo (+19%).

Opiniões
As opiniões desta edição pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor) – “A agenda da sustentabilidade”; Ana Jacinto (secretária-geral da AHRESP) – “Turismo: O melhor ‘destino’ para o amor”; Tiago Afonso Pais (NAU São Rafael Suites) – “Como combater a sazonalidade e manter a qualidade da oferta?”; e Pedro Castro (SkyExpert) – “Não nos SAFamos”.

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“Portugal está cada vez mais na agenda de wedding planners internacionais”

Depois da mudança do naming, de BTL – Bolsa de Turismo de Lisboa para BTL – Better Tourism Lisbon Travel, a maior feira do setor do turismo em Portugal apresenta uma nova área dedicada aos casamentos. Para Dália Palma, Gestora Coordenadora da BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market 2025, o “interesse crescente” por serviços relacionados com casamentos, revelou uma “oportunidade para estruturar esta oferta de forma mais clara e coesa e criar uma área com uma oferta alargada”.

Victor Jorge

A 35.ª edição da BTL, agora Better Tourism Lisbon Travel Market, traz novidades. Uma delas é uma área dedicada aos casamentos que a organização da maior feira de turismo, em Portugal, batizou de “BTL Weddings”, a realizar nos dias abertos ao público, ou seja, 15 e 16 de março. De acordo com Dália Palma, Gestora Coordenadora da BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market 2025, a organização tenciona receber “cerca de 30 expositores”, esperando que esta nova área se torne “uma referência no setor, proporcionando novas oportunidades de negócios, parcerias e visibilidade para as empresas participantes”.

Certo é que os números apurados pela organização da BTL revelam que, em 2023, realizaram-se 36.980 casamentos no país, dos quais 7.532 envolveram casais estrangeiros ou uniões entre portugueses e estrangeiros”. Ou seja, “Portugal está cada vez mais na agenda de wedding planners internacionais”, considera Dália Palma.

A BTL 2025 vai ter uma nova área: “BTL Weddings”. Qual a razão desta nova área na BTL?
A criação da “BTL Weddings” surge da necessidade identificada pela BTL em acompanhar as tendências do mercado e responder a uma procura crescente por soluções personalizadas e de qualidade no sector dos casamentos.

Vamos reunir, num só espaço, serviços e produtos personalizados para casamentos, oferecendo uma plataforma única para marcas, fornecedores e profissionais apresentarem soluções inovadoras a um público diversificado, garantido um selo de qualidade e confiança.

Que análise fizeram que vos fez ter esta nova área dedicada aos casamentos?
A decisão de criar a nova área dedicada a casamentos na BTL 2025 foi baseada em análises concretas e feedback directo dos visitantes das edições anteriores. Observámos um interesse crescente por serviços relacionados com casamentos, como quintas, hotéis, catering, viagens para Lua de mel e outros, que já participavam directamente no evento. Este comportamento revelou uma oportunidade para estruturar esta oferta de forma mais clara e coesa e criar uma área com uma oferta alargada.

Além disso, identificámos que o setor de casamentos tem um impacto significativo no turismo, com muitas cerimónias realizadas em destinos específicos, o que gera procura por serviços turísticos e contribui para a economia local.

A “BTL Weddings” realiza-se nos dias abertos ao público, ou seja, dias 15 e 16 de março? Porque não abrir esta nova área nos dias para profissionais?
A realização da “BTL Weddings” nos dias abertos ao público permite um contacto direto com os consumidores finais, ou seja, com os próprios casais que procuram soluções para o seu casamento. Assim, os expositores têm a oportunidade de apresentar e vender os seus serviços diretamente ao público-alvo.

30 expositores para começar
O que esperam desta nova área? Qual será o espaço a ocupar por esta nova área e quantos expositores terão?
Espera-se que esta nova área se torne uma referência no setor, proporcionando novas oportunidades de negócios, parcerias e visibilidade para as empresas participantes.

Nesta 1.ª edição tencionamos receber cerca de 30 expositores oferecendo, desta forma, uma resposta completa e personalizada aos nossos visitantes.

A missão da BTL é promover a oferta de produtos turísticos do destino nacional. Para alcançar esse objetivo, é essencial criar espaços de exposição e promoção destinados aos diversos players nos vários segmentos do mercado. A criação dessa área responde às necessidades tanto da oferta quanto da procura.


Que tipo de empresas/fornecedores estarão presentes neste novo espaço/área da “BTL Weddings”?
A “BTL Weddings” contará com fornecedores de diversos setores relacionados com casamentos, como organização de eventos ou wedding planners, espaços para eventos; serviços de catering; decoração e design de eventos; fotografia e vídeo; moda; entretenimento, entre outros.

Haverá espaço para alguma dinamização desta nova área com algumas ações específicas?
Para além das ações que serão desenvolvidas pelos próprios expositores, contamos desenvolver algumas atividades diretamente ligadas a esta área, como apresentações e pitches destinados ao público-alvo, sejam visitantes ou profissionais. Esta área vai estar localizada no pavilhão 3, o conhecido pavilhão da hotelaria e serviços.

Têm suppliers ou buyers internacionais para esta nova área?
Portugal está cada vez mais na agenda de wedding planners internacionais, que escolhem o país como destino de eleição para a organização de casamentos devido à grande qualidade da sua oferta de serviços, à sua beleza natural, clima ameno e património histórico. A “BTL Weddings” será uma plataforma para fornecedores nacionais e internacionais promoverem os seus serviços junto do mercado nacional e internacional que visita a BTL.

Esta nova área é um espaço de divulgação e mostra do que existe no mercado ou é um espaço onde os expositores podem efetuar já vendas?
A “BTL Weddings” funcionará como um espaço promoção e de negócio. Os expositores poderão apresentar os seus serviços e produtos e também concretizar vendas e fechar contratos diretamente com os visitantes.

O que é que Portugal tem para oferecer nesta área?
Portugal oferece uma vasta gama de espaços deslumbrantes e fornecedores e profissionais altamente qualificados, adaptados a diferentes estilos de cerimónias.

O país tem-se afirmado como um destino de eleição para casamentos, atraindo casais de diversas nacionalidades. Em 2023, realizaram-se 36.980 casamentos no país, dos quais 7.532 envolveram casais estrangeiros ou uniões entre portugueses e estrangeiros.

São dados que refletem a crescente popularidade de Portugal como destino para casamentos, impulsionada por fatores como paisagens deslumbrantes, clima ameno, património cultural rico e serviços de alta qualidade.

A “BTL Weddings” funcionará como um espaço promoção e de negócio. Os expositores poderão apresentar os seus serviços e produtos e também concretizar vendas e fechar contratos diretamente com os visitantes.


No seguimento do lançamento desta nova área, poderão existir outras novas aéreas a surgir em futuras BTL?
A missão da BTL é promover a oferta de produtos turísticos do destino nacional. Para alcançar esse objetivo, é essencial criar espaços de exposição e promoção destinados aos diversos players nos vários segmentos do mercado. A criação dessa área responde às necessidades tanto da oferta quanto da procura.

Sabemos que hoje a BTL é o momento mais importante do ano em que os portugueses decidem e compram as suas férias. Entre estas, inclui-se um número expressivo de luas de mel. No entanto, até agora, este era o único produto disponível para quem planeava o casamento dos seus sonhos.

Com o lançamento do “BTL Weddings”, passamos a oferecer uma solução completa para este público.

De destacar ainda nesta edição 2025 da BTL, o lançamento do “BTL Wellness”, uma nova área que responde à crescente procura por experiências bem-estar e equilíbrio e estilos de vida saudáveis.

Globalmente e a pouco mais de um mês do arranque da 35.ª edição da BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market quais são as expectativas para o evento deste ano?
As expectativas para esta edição são extraordinárias. A cada edição que passa, temos registado um balanço muito positivo, conseguindo superar consistentemente a anterior. Este ano não será exceção e promete ser a melhor edição de sempre, destacando-se pela diversidade, qualidade, número de expositores e pela área ocupada.

A novidade deste ano é a extensão coberta da área exterior entre pavilhões, criada para responder à forte procura por parte de empresas nacionais, internacionais e entidades públicas institucionais

Recentemente, apresentaram um novo naming: BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market. O objetivo é uma visão mais internacional à feira?
O novo naming, BTL – Better Tourism Lisbon Travel Market reforça o posicionamento internacional da BTL.

A marca evolui agora para uma identidade verbal mais alinhada com o compromisso que se começa a fazer sentir em todo o setor com um turismo de melhor qualidade, assente em valores como a sustentabilidade, autenticidade, inclusão e responsabilidade social. Uma identidade que reforça também o posicionamento internacional da BTL e que pretende aumentar a sua oferta B2B e B2C.

Sobre o autorVictor Jorge

Victor Jorge

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