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“Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional”

Juan Gómez-Vega é o CEO da Vilamoura World, a empresa que, juntamente com o fundo norte-americano Lone Star, comprou o resort português em Abril de 2015. O primeiro projecto já […]

Carina Monteiro
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“Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional”

Juan Gómez-Vega é o CEO da Vilamoura World, a empresa que, juntamente com o fundo norte-americano Lone Star, comprou o resort português em Abril de 2015. O primeiro projecto já […]

Carina Monteiro
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Juan Gómez-Vega é o CEO da Vilamoura World, a empresa que, juntamente com o fundo norte-americano Lone Star, comprou o resort português em Abril de 2015. O primeiro projecto já está em andamento. Mas o responsável revela os planos para este ano.
vilamoura world

»Com um investimento de cerca de dez milhões de euros, a fase II do empreendimento L’Orangerie é o primeiro projecto da Vilamoura World e teve início em Novembro de 2016. Em que fase se encontra o projecto? Relativamente à fase II do empreendimento L’Orangerie, 50% está construído e está a vender-se. Em Novembro, contratámos a empresa imobiliária Garvetur para fazer a venda destas unidades e, em Dezembro e Janeiro, venderam-se cinco unidades e nos seis meses anteriores tinha sido vendida uma unidade. O que significa que é um bom arranque, tendo em conta estes dois meses que são tipicamente maus para comercializar propriedades no Algarve. Venderam-se bem e a bons preços. O empreendimento engloba 32 unidades de alojamento, incluindo oito apartamentos de T1 a T3, 18 moradias T2 com jardim privado e pátios interiores e seis villas T3 com piscina privada. A sua conclusão está prevista para o final do primeiro semestre de 2017. No que se refere às unidades já vendidas da Fase II, tratam-se de quatro moradias e dois apartamentos.

»A quem foram vendidas as primeiras casas?
Dois suecos, dois portugueses e dois franceses.

»Para este ano, o que prevêem começar a construir? Estava previsto dar início à construção do Vilamoura Lakes.
O Vilamoura Lakes é um projecto ‘filet mignon’, temos previsto construir 4500 casas, dessas 1200/1500 estão no projecto Lakes. Neste momento, faltam dois passos administrativos: um com a Câmara de Loulé e outro com Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Este ano, vamos trabalhar com a Câmara na engenharia dos lagos artificiais. O foco este ano é na parte do terreno que está mais preparada para construção.

»E além do Vilamoura Lakes?
Vilamoura tem outros dois novos empreendimentos a chegar ao mercado. Na zona noroeste irá surgir o projecto Uptown, com um total de 240 unidades residenciais (47 das quais turísticas), um hotel boutique e cerca de 7.000 m2 de área comercial complementar à zona da marina. Em Janeiro deste ano, foi lançado um concurso internacional de arquitectura, a que responderam quatro empresas (uma portuguesa e três estrangeiras), com o objectivo de definir o novo conceito de desenvolvimento e sustentabilidade deste projecto.
Além disso, a Vilamoura World está a trabalhar com consultores externos para definir a oferta comercial e turística. Fairways é um projecto residencial com uma localização privilegiada no coração de Vilamoura, rodeado pelos campos de golfe Millenium e Laguna. Integra um conjunto de 85 unidades residenciais projectadas segundo os mais elevados standards de qualidade e sustentabilidade. Estes dois novos projectos representam um investimento global de cerca de 90 milhões de euros, além da criação de mais de 1.000 postos e dão sequência à consolidação do masterplan de 400 hectares, que alia arquitectura contemporânea e design de interiores de qualidade num resort com elevado nível de infraestruturas comerciais e de animação, equipamentos de saúde, educacionais e desportivos. Esperamos iniciar a pré-comercialização de Uptown no Verão, e iniciar as obras mais para o final do ano (quarto trimestre). Junto a esse projecto, a Vilamoura World está a negociar com vários operadores de restauração para trazer dois ou três novos restaurantes para que se juntem ao Praia na Villa [restaurante do chef Olivier aberto no Verão de 2016], reforçando assim o hub alternativo à marina.

»Porque Vilamoura é muito mais que imobiliário?
Esse é o desafio. Os accionistas estão satisfeitos com este activo, mas o desafio é sempre pensar que somos um destino. Hoje, em Vilamoura, existem 14/15 mil vivendas, dessas quatro mil/ cinco mil estão ocupadas todo o ano e vivem dez mil habitantes. É quase uma cidade. A primeira coisa que temos de pensar muito bem é na promoção imobiliária. A promoção imobiliária pós-crise mudou na Europa e no mundo. Temos de ver primeiro o que querem as pessoas e depois é que construímos. Para que o projecto Vilamoura seja sustentável, que venda e venham mais pessoas, há que empurrar o destino.

»Como é que vão fazer isso? Que mercados é que vos interessam?
O mercado número um para nós, e por mais que possa parecer estranho, é Portugal. Seria um erro muito grande não nos focarmos no maior mercado e no mais fácil de chegar. Não temos de explicar aos portugueses o que é Vilamoura, simplesmente temos de dar-lhes novos motivos para virem, mostrar-lhes que é um destino renovado, moderno, pujante, aspiracional.
A nossa perspectiva é que o mercado português seja responsável por 40% a 50%, o Reino Unido por 25%, o francês, -um mercado que está muito forte-, responsável por 10% a 15% da procura. Depois irlandeses, alemães e suecos. Dependendo do produto, os mercados dividem-se. Os franceses querem algo de 100 metros quadrados, o português quer algo de 120, 150 metros quadrados, o britânico quer 70 metros quadrados. Um dos segredos, sobretudo quando se tem tanto para desenvolver, é ir fazendo coisas que chamem a atenção aos diferentes mercados.

»Qual é o posicionamento de Vilamoura?
Estamos a trabalhar no plano de acções para este ano. Hoje não podemos apenas enviar um press release. Acabámos de relançar uma associação de parceiros de Vilamoura como o Oceânico Golf, Hilton, Tivoli, estamos em contacto com a Câmara de Loulé e o Turismo do Algarve. Há muitas acções para irmos juntos a feiras, mesmo com a Associação Portuguesa de Resorts, do qual somos associados.

Marina de Vilamoura
»O que está planeado para a requalificação da marina de Vilamoura?
Há dois patamares. Por um lado, a parte mais funcional, que tem a ver com as solicitações do cliente. Estamos a melhorar a funcionalidade da marina. Temos três milhões de visitantes por ano na marina. Estamos a trabalhar em pequenas coisas que ajudam a melhorar a experiência dos visitantes. Melhorámos a segurança, o Wi-Fi, os decks de madeira estão a ser substituídos. Esta é a parte menos glamorosa, mas que faz diferença para os clientes da marina. Em paralelo estamos a trabalhar na criação do novo Yacht Club. Tendo em conta os timings, neste momento, está em standby para ser retomado após o Verão.
Ainda ligado à marina, estamos a tentar uniformizar os apoios de praia de forma a integrá-los cada vez mais na paisagem natural. Estamos a trabalhar com um dos concessionários, e também com um arquitecto paisagista, para dar uma imagem global à Praia da Rocha Baixinha Nascente que seja natural e pouco invasiva, não apenas no que se refere aos apoios de praia, mas também aos caminhos de madeira, às pontes e às zonas de descanso.

»Este projecto é ambicioso para ser desenvolvido em cinco anos. Julgam conseguir cumprir este prazo?
Se o desenvolvêssemos em cinco anos seria muito bom. Se olharmos para a quantidade de casas que temos para desenvolver, para fazê-lo em cinco anos teria de ser a um muito bom ritmo. Estamos a fazer tudo para que isso aconteça. Não vamos fazer tudo sozinhos. Vamos desenvolver algumas coisas mas também vamos trazer parceiros. Estamos a criar condições para isso. A mim não me serve que os parceiros depois não consigam vender os seus apartamentos ou moradias. Pode passar os cinco anos? Pode. Estamos muito optimistas. Creio que nós, os estrangeiros, somos muito mais optimistas que os portugueses.
Portugal tem as suas próprias características. O Algarve não tem tanta construção como uma parte de Espanha. Há cada vez mais pessoas que conhecem o destino. As obras de ampliação do aeroporto de Faro vão terminar este ano. O investimento do Tivoli Marina que vai ampliar o seu centro de conferências, o maior do Sul de Portugal. A Oeste de Vilamoura está a desenvolvido um W Hotel que vai abrir em 2018.

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»A política fiscal em Portugal é atractiva?
A política dos nossos accionistas é que o Governo faça o que tem de fazer. As regras são para todos. O Governo tem de trabalhar. Mas o sistema é muito atractivo, o crescimento do mercado francês acontece porque os incentivos fiscais são bons. No geral, há sempre um pouco de ruído quando a fiscalidade muda.

»O que vos atraiu em Vilamoura?
É um destino que existe, vive muita gente aqui, tem a maior marina de Portugal. Ao nível financeiro, tem uma combinação de activos líquidos e ilíquidos que agrada aos acionistas. E quando se vê um activo que por algum motivo não funcionou durante anos, perguntamos: é um problema do activo ou de gestão? Temos a certeza que Vilamoura é um activo excepcional. Consegue ainda ter uma natureza em estado puro. Uma das mensagens que passámos aos arquitectos do Projecto Uptown foi: toquem o menos possível no que se vê hoje.

»Quais são os desafios do produto Turismo Residencial em Portugal?
Portugal, e o Algarve em particular, tem duas mais-valias: uma que é natural é a comida, as praias, o clima. É um factor único competitivo. Devido aos problemas dos países da bacia do Mediterrâneo, para onde vão as pessoas? Vêm para cá, porque Espanha está saturada. Existem coisas feitas pelo homem muito importantes, acessos e conectividade, nomeadamente através do aeroporto de Faro. Os incentivos fiscais também são positivos. Pode ter havido um certo ruído este ano [inclusão do imposto sobre imóveis no Orçamento de Estado para 2017], mas ao nível dos vistos gold, isso é uma mais-valia. A segurança é também um ponto forte.
Quanto às debilidades, há que continuar a trabalhar nas acessibilidades e na comunicação do destino, comparativamente a outros destinos da Europa muito concorridos.

Sobre o autorCarina Monteiro

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Edição Digital: 50 anos da Marina de Vilamoura, estudo “Distribuição Turística”, ‘Espanha Verde’, Cuba, easyJet e Festuris

A penúltima edição do jornal Publituris de 2024 faz capa com a entrevista a Isolete Correia CEO da Marina de Vilamoura. O estudo “Distribuição Turística no pós-pandemia”, a apresentação da “Espanha Verde”, uma viagem a Cuba e a Cabo Verde com a easyJet e ao Festuris, compõem o resto da edição.

Publituris

A próxima edição do jornal Publituris destaca os 50 anos da Marina de Vilamoura. 1974 marcou o início da atividade da Marina de Vilamoura, que foi pioneira em Portugal, ocupando um lugar de referência no panorama da náutica de recreio nacional, continuando a ser a maior do país com 825 postos de amarração. Isolete Correia, CEO da Marina de Vilamoura, afirma que “o lançamento da Nova Marina representa um salto qualitativo” e terá “capacidade de atrair novos clientes, com um poder de compra elevado”.

Após uma atenta leitura do documento “Distribuição Turística no pós-pandemia”, distribuído no 49.º Congresso da APAVT, em Huelva, e apresentado em linhas gerais por Sandra Primitivo, CEO da EY, consultora que elaborou o estudo, no painel dedicado ao “Virtudes, fragilidades e desafios do setor da distribuição”, é assertiva a afirmação de Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação, no seu prefácio, quando diz que, este setor “com performances superiores ao padrão nacional, reforçou a sua influência na economia nacional”.

Presente em Portugal para a apresentação da “Espanha Verde”, Xosé Merelles, diretor do Turismo da Galiza, explicou ao Publituris a importância deste novo posicionamento e desta aposta a quatro. Criada há 35 anos, o diretor do Turismo da Galiza, admite que a apresentação em Portugal é “simultaneamente uma necessidade e uma oportunidade”, indicando que “o número de turistas portugueses que visitam as quatros regiões que constituem a marca ‘Espanha Verde’ aumenta consideravelmente todos os anos”.

Jon Arriaga, diretor-geral da DIT Portugal, já nos tinha avisado que o “Oriente Cubano” é uma região bem diferente, onde a natureza é rainha, além de ter um património histórico e cultural inigualável, mas dizia que é pouco conhecida pelo turismo europeu. Ao participar na II macro convenção da DITGéstion, o Publituris pôde comprovar isso mesmo. Agora é preciso convencer os operadores turísticos ibéricos a programar esta “Cuba menos conhecida” e, de certeza, que não se vão arrepender.

A 29 de outubro, a easyJet abriu o seu primeiro voo para Cabo Verde, passando a ligar Lisboa à ilha do Sal. A rota, que conta com quatro voos por semana, a que se juntam outros dois desde o Porto, pretende democratizar o destino e, segundo José Lopes, diretor-geral da easyJet Portugal, é para manter no futuro.

O ministro do Turismo e Transportes do país, Carlos Santos, a chegada da easyJet a Cabo Verde representa “um mar de oportunidades” para o país, nomeadamente para a “diversificação do turismo e negócios”.

A 36.ª edição do Festuris – Feira Internacional de Turismo, que decorreu em Gramado, no Rio Grande do Sul, Brasil, entre 7 e 10 de novembro, ficou marcada pela recuperação desta região brasileira que, em maio, foi afetadas por cheias devastadoras. Além de mostrar que o Rio Grande do Sul já está recuperado, a feira serviu também para dar a conhecer a oferta regional e anunciar que o sul do Brasil já está de braços abertos para ser descoberto pelos portugueses.

Portugal marcou presença no espaço Luxury e Lídia Monteiro, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, referiu ao Publituris que “a aposta no sul do Brasil é pelo impacto que esta feira tem e a capacidade de influência que tem na parte sul, como a Argentina, Uruguai, ou seja, outros países da América do Sul”.

Além do “Check-in”, as opiniões desta edição pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), João Santos (Highgate), Sílvia Dias (Savoy Signature), Joaquim Robalo de Almeida (ARAC), e Carlos Torres (jurista e professor da ESHTE).

Leia a edição aqui.

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Foto: Frame It

Emprego e Formação

“Um bom gestor tem de estar consciente de todos os desafios, mesmo que não esteja propriamente consciente da solução“

Lançada este ano pela Universidade Nova, a pós-graduação “Leading Tourism & Hospitality” pretende olhar para os grandes desafios que o turismo enfrenta. O objetivo, diz Eurico Cabrita, professor e cientista químico, e coordenador desta pós-graduação, é “encontrar as melhores práticas para minimizar os efeitos” num tempo marcado pela incerteza.  

Victor Jorge

De natureza inter e multidisciplinar, a nova pós-graduação da Universidade NOVA de Lisboa, iniciado no ano letivo 2024-2025, pretende ser uma resposta concreta às necessidades de qualificação no setor de turismo e hospitalidade, integrando uma abordagem fundamental para a formação de líderes inovadores e preparados para enfrentar os desafios e as oportunidades do futuro. Eurico Cabrita, sub-diretor para a Inovação e Investigação da NOVA FCT e cientista químico, admite que “os grandes desafios do turismo não são diferentes dos grandes desafios da atual sociedade”.

A Universidade NOVA de Lisboa lançou, neste ano letivo 2024/2025, uma nova Pós-Graduação “Leading Tourism & Hospitality”. No que consiste esta pós-graduação, que valor acrescentado traz para quem a frequenta e depois a transpõe para o setor e para o seu dia-a-dia profissional?
Em primeiro lugar, esta pós-graduação não surge do nada. A Universidade Nova já trabalha o setor do turismo há algum tempo de uma maneira coordenada. O que é que isto significa? Significa que foi formada na Universidade Nova uma plataforma de turismo e hospitalidade. Representando o turismo cerca de 17% do PIB nacional, trata-se, efetivamente, de um setor muito importante. E a Universidade pensou ou começou a pensar esta área e à partida pode parecer estranho, mas de facto os desafios do turismo nos dias de hoje são verdadeiramente multidisciplinares.

Sendo uma Universidade com tantas unidades orgânicas e cobrindo todas as áreas do saber, o que pensámos foi ter uma visão integrada do turismo, contribuindo para ajudar ao desenvolvimento do turismo, mas de uma maneira integrada. Ou seja, todos nós, de alguma maneira, nas unidades orgânicas da universidade, desde a economia ao direito, da medicina às ciências de tecnologia, trabalhamos o setor do turismo, em alguns casos diretamente, em outros casos mais indiretamente.

Temos, inclusive, na IMS (Information Management School) e na SBE (School of Business and Economics), cursos específicos e dedicados a determinadas áreas do turismo, mais ligados ao marketing, à parte digital ou ao negócio.

Esta experiência acumulada, associada a uma questão de oportunidade, já que esta pós-graduação é apoiada por um PRR – Tourism International Academy (TIA) -,deu-nos capacidade financeira, porque também é importante, de estruturar esta oferta, ou seja, olhar para todas as unidades orgânicas e permitir construir uma oferta curricular para capacitação na área do turismo. Em cada uma das unidades orgânicas, e a partir dessa experiência, percebemos que temos muito potencial, muito saber acumulado e, reunindo alguns parceiros-, sentimos que o setor precisava desta capacitação.

Além disso, como universidade que trabalha diversas áreas, percebemos que os grandes desafios do turismo não são diferentes dos grandes desafios da atual sociedade, ou seja, a sustentabilidade, o digital, os recursos humanos, o marketing, entre outros, e a gestão de uma incerteza que nos acompanha. Quando me refiro a incerteza, é o risco de uma maneira geral, que podem ser as alterações climáticas, uma guerra, ou seja, a imprevisibilidade que se vive hoje em diversos setores, com o turismo incluído.

E, portanto, ao colocar especialistas nesta pós-graduação, a mais-valia que vamos trazer é para gestores médios do turismo, dar-lhes uma capacidade de pensar estes temas de uma maneira transversal, porque sabemos que o turismo tem grandes desafios, mas também tem um grande potencial transformador.

O mundo está em permanente mudança e queremos preparar as pessoas, os profissionais da melhor maneira.

Os grandes desafios do turismo não são diferentes dos grandes desafios da atual sociedade


Cadeia para melhores práticas
Mas falou em os parceiros. Portanto ouviram o setor e quando o ouviram, o que é que o setor vos disse?
O setor identificou três áreas – sustentabilidade, digital e incerteza – como importantes. São grandes áreas temáticas que, hoje em dia, nos preocupam a todos, em todas as áreas. Numa área com a importância económica do turismo, ainda mais.

O setor do turismo funciona muito bem, é extremamente competitivo. Portugal não atinge este nível de competitividade internacional se não fôssemos bons e se não tivéssemos bons decisores. O que significa que os nossos decisores, ou seja, quem pensa o turismo em Portugal, têm tido esta capacidade de perceber, de entender, de estudar e de se preparar. E o que estamos a fazer é dar esta contribuição para preparar ainda mais e melhor quem trabalha no setor do turismo.

A pós-graduação foi pensada dessa maneira, muito com base na experiência, da formação que tínhamos feito neste último ano e conseguimos identificar professores de todas as unidades orgânicas para esta unidade curricular. Portanto, aqui a multidisciplinaridade é extremamente importante e também temos pessoas do setor, profissionais que vêm com casos de estudo para quem entra nesta pós-graduação também ouvir quem está verdadeiramente no terreno e quem está a trabalhar o turismo nas mais variadas vertentes.

Tentamos fazer este cruzamento do que se está a fazer na universidade, quais são as previsões de futuro em determinadas áreas e para onde é que o setor aponta, e ligar depois com pessoas que estão no terreno.

A pós-graduação está estruturada em dois semestres e depois tem um projeto, em função dos interesses específicos, uns podem estar mais ligados ao património, outros podem estar mais ligados ao marketing outros à sustentabilidade.

Mas trata-se de uma pós-graduação para quem já está a exercer uma profissão no setor e procura um upskill ou ainda não está no mercado do trabalho?
Diria que temos a ambição de servir os dois públicos. Para quem já está no setor do turismo, isto é uma preparação para o futuro e para aquilo que achamos que é o presente.

É um futuro quase imediato?
Exato, é um futuro imediato. Para quem acabou e pretende entrar nesta área é muito interessante perceber quais são os desafios. É entrar a perceber, ou seja, quais são os desafios para os próximos anos neste setor, em muitas áreas distintas. Temos a noção que estamos a fazer uma formação com um espetro alargado, mas depois temos formações específicas nas nossas unidades orgânicas. Se alguém se quiser especializar mais no Direito, no Marketing Digital, Gestão pode encontrar essas especializações nas nossas unidades orgânicas.

Não vai sair daqui um gestor em turismo, não é essa a nossa intenção, já que a formação é de largo espetro, permitindo a quem já está no setor fazer um refresh, fazer uma atualização, perceber quais são as tendências e quais são as implicações dos fenómenos que estamos a viver atualmente.

Por exemplo, a parte do digital é algo que está a revolucionar o setor. Mas há mais, por exemplo, como é que a revolução dos materiais de construção pode levar a que eu torne o meu empreendimento mais sustentável, ou adquirir uma capacidade de pensar uma logística que pode fazer com que se tenha uma pegada de CO2 mais baixa.

Portanto, é de facto transformar o turismo, é pegar em todo esse conhecimento, os desafios que nos são colocados no presente e que vão, de certeza, ser agravados no futuro. O turismo está a crescer praticamente em todo o lado e não diria que esta formação passa por, não digo encontrar as soluções porque isso significaria que deixaríamos de ter esse problema, mas por encontrar as melhores práticas para minimizar os efeitos.

E, acima de tudo, um dos grandes objetivos é, uma vez que o mundo é cada vez mais complexo e interdependente, percebermos que, quando atuamos num problema, temos de pensar como é que as coisas estão interligadas.

É explicar a cadeia?
Correto. Ao montar um empreendimento turístico num local, há toda uma cadeia de eventos que não estão propriamente só relacionados com o setor do turismo, mas que têm implicações na sociedade.

Há, de facto, alguns desequilíbrios que têm de voltar a ser equilibrados o mais rapidamente possível na questão multidisciplinar. No fundo, a pós-graduação espelha um pouco aquilo que serão as melhores práticas para o problema do turismo e a maneira como o turismo tem de evoluir tendo em conta esta interdependência entre várias áreas e, principalmente, para gestores médios que têm de tomar decisões é importante eles estarem conscientes da implicação que tudo tem ou poderá ter.

Um bom gestor tem de estar consciente de todos os desafios, mesmo que não esteja propriamente consciente da solução, mas sabe que terá de recorrer a um especialista de determinada área para resolver o problema ou pelo menos minimizá-lo.

Portugal não atinge este nível de competitividade internacional se não fôssemos bons e se não tivéssemos bons decisores


Falou na digitalização do setor do turismo. Esta vai, por exemplo, deixar o turismo mais desumano. Ou seja, as decisões vão passar a ser mais digitais e menos humanas?
Por trás da máquina está sempre o humano. Neste momento o que temos é uma capacidade de tratar dados. Agora falamos muito em Inteligência Artificial, mas a palavra inteligência induz-nos em erro, já que o que temos é a capacidade de tratar muitos dados e obter muita informação. A decisão não é da máquina, não devemos deixar a decisão para a máquina.

Ao ter mais informação, também posso aproveitar para tomar a decisão mais informada, abre-nos mais oportunidades. Eventualmente, poderei ter novos produtos, ter capacidade de gerir as coisas de outra maneira.

Por exemplo, porque havemos de ter tantas pessoas a tentar ir ao mesmo tempo para um museu ou para uma atração turística se posso ter em tempo real informação e gerir esses fluxos da forma mais correta e eficiente? Isto pode ser aplicado a tudo. Podemos criar experiências que estão muito mais vocacionadas para aquilo que é o gosto pessoal de cada pessoa. Como disse, há todo um leque de oportunidades também para criar novos produtos.

Até porque este leque de oportunidades de criar novos produtos também pode ser vista como uma questão geracional?
Também. A segmentação no turismo sempre existiu e vai continuar a existir e as ferramentas digitais vão permitir ainda mais nichos, explorar mais nichos, porque permitem-nos quase criar o produto que é um turismo quase para uma pessoa. Ou seja, a personalização da experiência máxima e a digitalização traz-nos essas oportunidades, O facto de poder ir ao chatGPT e pedir para me fazer um itinerário retirou completamente as agências de viagens e isso é uma das preocupações.

Mas isso significa que as agências de viagens ficam sem negócio?
Não, não vão ficar sem negócio. As agências de viagens vão é utilizar a Inteligência Artificial para criar novas experiências.

Ainda relativamente aos parceiros – Turismo Portugal, Pestana Hotel Group, Details Hospitality, Sports and Leisure, AHP e APAVT – que importância tem a envolvência destes para esta formação? Não falta aqui uma TAP ou uma rent-a-car?
Os que mencionou são os parceiros oficiais, desde o primeiro momento. O que não quer dizer que depois, nas várias unidades curriculares, não venham, e virão com certeza, mais parceiros. É evidente que vamos ter pessoas também de outros setores. Mas os parceiros oficiais pensaram a estrutura da pós-graduação connosco e quais seriam os temas mais importantes, funcionando um pouco como consultores.

Contudo, depois, ligados às unidades curriculares específicas, cada coordenador tem a liberdade para construir a sua unidade curricular.

Os grandes problemas, os grandes desafios que temos no setor do turismo são os desafios que a sociedade enfrenta atualmente como um todo e a resposta vai vir da ciência e da tecnologia


Turismo multidisciplinar
O professor é cientista químico e subdiretor para a inovação e investigação da nova FCT. Esta formação científica que possui demonstra um pouco a necessidade de o turismo ser cada vez mais multidisciplinar.
Vou dar uma resposta à cientista que é: a ciência é que tem a solução para tudo. É da ciência e da tecnologia que têm vindo as grandes soluções para os grandes desafios da humanidade. Portanto, os grandes problemas, os grandes desafios que temos no setor do turismo são os desafios que a sociedade enfrenta atualmente como um todo e a resposta vai vir da ciência e da tecnologia.

Há alguns desafios e transformações que se vão notando. A importância da tecnologia, a questão das comunidades locais, do turismo agregar mais valor. Apontou as alterações climáticas, da inovação, da análise de dados, ou seja, de não só tê-los, mas de utilizá-los. Esta pós-graduação pode olhar para o futuro a quantos anos?
Essa é uma pergunta difícil de resposta, porque o que nos prova o momento histórico em que vivemos é que tudo pode mudar de uma maneira quase imprevisível em muito pouco tempo.

Temos guerras que pensávamos que já não podiam existir, tivemos uma pandemia. A nossa intenção seria pensar a cinco ou 10 anos, mas acho que não somos capazes de o fazer no mundo em que vivemos hoje. Agora, o que conseguimos fazer é preparar pessoas para lidarem com essa incerteza, de estarem mais bem capacitadas para lidarem com a imprevisibilidade, ter mecanismos para lidar com os dados, para perceber como é que se analisam, para perceber tendências e para saber como reagir a tudo isso.

No fundo, aquilo que queremos é capacitar as pessoas, de alguma maneira, para estarem preparadas para a resiliência e para a imprevisibilidade.

Estes últimos anos o que nos ensinaram é, de facto, que temos de estar preparados para a incerteza?
Exatamente. E o fator humano continua a ser extremamente importante, desde que se saiba utilizar todas as ferramentas.

Estamos numa universidade. Que papel podem e fundamentalmente devem desempenhar as instituições de ensino na formação e na especialização dos profissionais do setor do turismo?
As universidades são centros de criação de conhecimento e investigação. Numa faculdade de ciências e tecnologia, como esta, muitas vezes até criamos coisas novas.

Por isso, o que temos de fazer? É colocar todo esse conhecimento e aplicá-lo a um ou vários setores. A obrigação da universidade é realmente criar conhecimento, mas depois utilizá-lo para deixar o mundo melhor. Assim, parece uma afirmação quase esotérica, mas o assunto é sério.

O que acontece muitas vezes, senão na maioria das vezes, é que o conhecimento é criado na universidade e fica na universidade. Existe, está lá, mas não é utilizado.

Mas não é utilizado porquê? Porque não se vai à procura, porque não se dá a conhecer, porque não é procurado?
Este não é um problema exclusivo da academia portuguesa, é um problema da academia em geral. Esta relação da academia com a sociedade sempre foi uma relação difícil. Mas basta recuar um pouco, não muito, para perceber que o conhecimento científico, quando a sociedade precisou da academia, ela esteve presente e a investigação científica apareceu com uma ou várias soluções. É uma relação que tem os seus altos e baixos.

Dou-lhe um exemplo, no Departamento de Engenharia do Ambiente, temos pessoas que trabalham muito em sustentabilidade, que editaram um livro sobre a sustentabilidade em empreendimentos turísticos. Por isso, quando se coloca este conhecimento em prol de uma determinada causa, vêm-se coisas muito úteis.

O papel da universidade é criar conhecimento e tem o papel de fazer uma translação deste conhecimento para os problemas reais.

 

O fator humano continua a ser extremamente importante, desde que se saiba utilizar todas as ferramentas

 

E poderão surgir daqui outras pós-graduações ou outras formações mais específicas ligadas ao turismo, ligadas à hospitalidade, à mobilidade, mas mais específicas?
Elas já existem, de alguma maneira no universo da Nova e de uma forma muito diversificada, desde a gastronomia, tratamento de dados, marketing, gestão, direito, etc..

Se tivéssemos uma bola de cristal e pudéssemos olhar para daqui a cinco ou 10 anos, quais os skills que apontaria necessários ter no universo do turismo?
Tudo o que tem a ver com a sustentabilidade nos próximos anos vai ser fundamental. E a sustentabilidade aqui tem tantas implicações, porque vai ter implicações a nível da gestão, do normal dia-a-dia, implicações legais, porque a legislação vai mudar. Ou seja, a sustentabilidade tem implicações e ramifica-se.

O importante, depois, é ter a noção correta de como aplicar a sustentabilidade. O que digo é que os profissionais na indústria do turismo terão em tudo o que é sustentabilidade um enorme desafio e vão ter de olhar a sério este tema.

Mas falando em sustentabilidade, as soluções têm de ser, de alguma forma, impostas por lei, e não tanto por transformação da mentalidade das pessoas, do tal fator humano?
Penso que terá de acontecer pelas duas vias. Mas claro que a maneira mais rápida é sempre se for imposta por lei. Diria até, na emergência em que vivemos no planeta, provavelmente terá mesmo de ser esse o caminho.

Se queremos que isto tudo seja sustentável, a sustentabilidade só se atinge plenamente se mudarmos as mentalidades, mas terá de ser natural. Só assim se conseguirá ter sucesso.

As novas gerações, por exemplo, veem esta questão da sustentabilidade de uma forma completamente diferente e para os mais jovens a sustentabilidade é algo já natural seja nas viagens, na gastronomia, no alojamento. É uma geração que está mais alerta para esta questão, está mais informada e atua de forma mais rápida.

Mas, no fundo, tem de ser fácil ser-se sustentável. Ou facilitamos ou não teremos sucesso.

E do lado dos turistas?
Os turistas são a outra parte da equação. Inclusivamente temos uma unidade curricular a pensar nisso. Como é que o setor do turismo e os agentes e operadores turísticos poderão, eles próprios, ser intervenientes na mudança na mentalidade do turista.

Nesse aspeto, vamos mais ao campo da psicologia, mas é reconhecido que há realmente um papel que o turista irá desempenhar.

Se olharmos para os nossos parceiros, o Turismo Portugal tem a responsabilidade de informar o turista, o grupo Pestana, o maior grupo hoteleiro em Portugal, também tem de informar o seu hóspede, que é turista. Temos uma AHP, uma associação que não é um grupo hoteleiro, mas que o represente e, portanto, também tem a sua responsabilidade, tal como uma APAVT que, junto das agências, também tem de informar os operadores para dar essa informação ao turista.

É evidente que não vamos mudar a mentalidade de uma pessoa no período em que está a fazer turismo.

Sobre o autorVictor Jorge

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Edição Digital: O reforço da aposta da Sogevinus no enoturismo, Kannak, Iberia e Turismo LGBTI+

A nova edição do Publituris destaca o investimento realizado pela Sogevinus no enoturismo, a definição da estratégia do novo operador turístico Kannak, a nova “coqueluche” da Solférias, entrevistas a Antonio Linares, diretor de Vendas da Iberia para Portugal e Espanha, e Gerald Hampel, partner da MICE Buz, um resumo da Convenção da ARAC, e um dossier sobre Turismo LGBTI+.

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A primeira edição do jornal Publituris de novembro faz capa com a aposta da Sogevinus no enoturismo. Depois de um investimento de dois milhões de euros nas Caves Barroca, inseridas nas Caves Cálem, a Sogevinus passou a disponibilizar uma área para experiências dedicadas única e exclusivamente para grupos. Maria Manuel Ramos, diretora de Turismo da Sogevinus, justifica este investimento com o crescimento que o enoturismo tem registado no grupo e globalmente em Portugal e espera uma consolidação das visitas. No início do próximo ano, será inaugurado o Tivoli Kopke Porto Gaia Hotel.

Na “Distribuição”, a Kannak, novo operador turístico especializado em circuitos culturais da World 2 Meet (W2M), que entrou em Espanha em 2023, chegou também a Portugal, mas o grupo está a definir se toda a estrutura da marca ficará centrada no nosso país ou em Espanha. A programação 2024/2025 dedicada apenas ao mercado português deverá ser lançada dentro de semanas. O grupo, que tem vindo a crescer no nosso país, põe a hipótese de trazer outras marcas para Portugal.

Já a nova “coqueluche” da Solférias para o verão de 2025 chama-se Costa Norte do Egito, pela primeira vez programado em voos charter de Portugal, neste caso do Porto para El Alamein, com partidas todas as segundas-feiras entre 9 de junho a 8 de setembro, com a Fly Egypt. O operador turístico deu a conhecer os pormenores do seu programa, em webinar conduzido por Dário Brilha, gestor de produto África (exceto Cabo Verde), que o Publituris acompanhou.

Nos “Transportes”, o jornal Publituris aproveitou o 49.º Congresso da APAVT para conversar com Antonio Linares, diretor de Vendas da Iberia para Portugal e Espanha. Sem adiantar mais informação ao que o CEO da IAG, interessada na compra da TAP, avançou recentemente, o responsável comercial da companhia aérea espanhola destacou a importância do mercado português para a Iberia. E admite, “neste momento, possuímos a rede certa”.

Ainda nos “Transportes”, o Publituris esteve presente na V Convenção Nacional da ARAC – Associação Nacional dos Locadores de Veículos, na qual estiveram em debate alguns dos principais desafios com que o setor do rent-a-car convive atualmente, com destaque para a IA, inovação que já está a ser aplicada nesta atividade, mas cujo impacto deverá vir a ser muito mais profundo.

Presente em Portugal, enquanto parceiro dos Portugal Meeting Forums by Portugal 2024, Gerald Hampel, partner da MICE Buzz, salientou a importância destes eventos para colocar frente-a-frente quem oferece e quem procura soluções no segmento MICE. No final admitiu ter ficado surpreendido pela “qualidade” oferecida pelos “atores” portugueses.

O “Dossier” desta edição é dedicado ao Turismo LGBTI+. No próximo ano, a capital portuguesa vai ser palco do Euro Pride 2025, o maior evento da Europa para a comunidade LGBTI+, que vai incluir um extenso programa de atividades, conferências, encontros, marchas e festas, e que deverá trazer até Lisboa “milhares de visitantes de todo o mundo”.

Ainda a propósito deste tema, foi lançada este ano, a The Queer Spot, uma nova app que facilita o acesso a eventos e espaços seguros para a comunidade LGBTI+ e que, segundo Roger Junior, designer e programador brasileiro, co-fundador primeira startup LGBT-Tech de Portugal, tem vindo a receber um “bom feedback por parte da comunidade de utilizadores orgânicos” e que pode ter também “um papel importante no turismo LGBTI em Portugal”.

Já entre 13 e 15 de setembro, a cidade do Porto voltou a receber o Porto Pride, evento que, este ano, terá levado entre oito a 10 mil pessoas até à capital nortenha e que tem ajudando a afirmar o Porto como um destino de referência para este público.

Além dos Pulse Report, numa parceria entre a GuestCentric e o jornal Publituris, os artigos de opinião pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), Maria José Silva (CEO da RAV T & ZENTravel), e Carlos Torres (jurista e professor na ESHTE).

Leia a edição aqui.

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Enoturismo

“Este é um projeto pioneiro, somos o primeiro canal de enoturismo do mundo”

Lançada a 18 de outubro, a Wine Tourism TV afirma-se como um projeto pioneiro, que a APENO – Associação Portuguesa de Enoturismo lançou para ajudar a promover e internacionalizar a oferta nacional de enoturismo. O Publituris falou com Maria João Almeida, presidente da associação, para conhecer todos os detalhes deste projeto.

Inês de Matos

Nascida mesmo à beira da pandemia, a APENO tem o objetivo organizar o sector, de nivelar por cima o enoturismo nacional e de promover a sua internacionalização, razões que já levaram a associação a lançar vários projetos, entre os quais o recém-lançado canal WineTourism TV. Segundo Maria João Almeida, presidente da APENO, a plataforma é inédita e vai ajudar muito à promoção, contribuindo para que o enoturismo português se torne numa referência lá fora e ajude a atrair novos públicos para Portugal. “O enoturismo pode ser um catalisador para que os estrangeiros descubram vários destinos vitivinícolas portugueses”, considera a responsável, que revela ainda ao Publituris outros projetos que a associação tem em carteira e que visam igualmente afirmar o enoturismo nacional.

A APENO lançou, a 18 de outubro, o Wine Tourism TV, o primeiro canal de televisão nacional dedicado ao enoturismo. Porque surgiu a ideia de lançar este canal?

A Wine Tourism TV foi pensada para internacionalizar o nosso enoturismo. A APENO – Associação Portuguesa de Enoturismo nasceu antes da pandemia, precisamente para nivelar por cima o enoturismo português.
Antigamente, o vinho português tinha uma conotação negativa por ser barato, havia algum preconceito e o enoturismo era colocado na mesma carruagem. Mas, a partir do momento em que o nosso vinho tem uma perceção de qualidade diferente, principalmente nos concursos internacionais, o enoturismo tinha de ir atrás.
Portanto, um dos principais objetivos da APENO é nivelar por cima o enoturismo português. Como tal, e como este é um setor que, apesar de tudo, precisa de muita organização e que não tem enquadramento, obviamente, tínhamos muita coisa para fazer, mas também tínhamos de começar a pensar nessa internacionalização.

A ideia do canal de televisão já nasceu com a associação, ou seja, desde o início que existia a ideia de lançar a Wine Tourism TV?

Não exatamente. A associação nasceu para organizar o setor porque é inacreditável que, sendo o enoturismo um dos pilares das políticas do turismo, não houvesse um enquadramento legal, nem um conceito legal para o enoturismo. Isso leva a grandes confusões, até porque o conceito do enoturismo não existia, assim como não existe legislação especifica em Portugal. Já existe legislação em Itália ou no México, mas não temos em Portugal, onde o enoturismo nem é considerado uma atividade económica.
Portanto, havia tanta coisa para organizar que, quando a associação nasceu, foi exatamente para regularizar o setor, para falar com o Governo e com as autoridades, abordando esta necessidade. Não nos parece possível que o Turismo de Portugal queira que o enoturismo seja um dos pilares do turismo mas, depois, nada esteja organizado.
Já chateámos toda a gente, porque esta problemática foi apresentada ao Turismo de Portugal, partidos políticos e até ao Presidente da República, e temos feito, realmente, alguns progressos. O governo já nos ouve de outra forma, já nos disse que a situação vai melhorar, apesar de não sabermos muito bem o que isso quer dizer.
O papel de uma associação não é só defender os interesses dos associados, é também promover o melhor possível esses mesmos associados e, como nós não temos enquadramento legal nem apoio do Estado, a única forma que tivemos de fazer esta promoção foi juntando-nos a empresas que nos ajudaram na construção do canal.

 

Se queremos que o enoturismo português seja tão bom como qualquer enoturismo a nível mundial, temos de o promover de forma profissional. Acredito que o canal vai ajudar muito à promoção

 

Qual tem sido a reação e feedback relativamente ao lançamento da Wine Tourism TV?

O feedback tem sido incrível. Fizemos alguns programas piloto e os nossos associados estão contentes com o resultado porque é um trabalho profissional. Se queremos que o enoturismo português seja tão bom como qualquer enoturismo a nível mundial, temos de o promover de forma profissional. Acredito que o canal vai ajudar muito à promoção.
E, apensar de não termos apoio estatal, trabalhamos com todas as comissões vitivinícolas nacionais, os institutos do vinho e com as ERT do turismo. Isso é importantíssimo porque demonstra que estas entidades estão connosco e todos enviaram vídeos das suas regiões, o que nos dá uma grande diversidade de conteúdos.
Estamos a trabalhar neste canal há mais de um ano e acredito que o seu potencial é incrível. Será algo também importante para que o Turismo Portugal, que é a única entidade que não trabalha connosco, e a quem nós apresentámos o projeto mas que não o considerou relevante, perceba o potencial disto.  Não posso deixar de achar estranho que todos estejam a trabalhar connosco, menos o Turismo de Portugal, que tem um pilar da sua estratégia no enoturismo.

Em que consiste a programação da Wine Tourism TV?

Neste momento, será mais centrada nos nossos associados, queremos dar uma primazia aos associados. E até nos parece uma vantagem, uma vez que na nossa lista de associados temos os melhores enoturismos de Portugal. A APENO já representa, a nível vitivinícola, mais de 80% da produção nacional nos seus associados. Temos também garrafeiras e agências de viagens, ou seja, empresas do setor do turismo que trabalham o enoturismo. Isso também acontece com hotéis, nomeadamente os que se localizam em espaço rural, mas também nos urbanos que dão atenção ao enoturismo, uma vez que o enoturismo não é só praticado nos meios rurais, existe também nas cidades.
Além dos nossos associados, temos uma programação específica feita pela APENO, com um programa chamado “O Mundo do Enoturismo” e as Wine Tourism Talks, ou seja, conversas sobre enoturismo, em que falamos com pessoas não só do setor, a exemplo de personalidades famosas, que já visitaram adegas e gostam desta área.
Temos ainda um noticiário semanal, apoiado pela inteligência artificial porque vamos fazer esse noticiário com um avatar, que se vai chamar Daniel Garcia, escolhemos este nome porque é um nome que também existe em inglês.
Mas o objetivo é apostar nas CVR, nas ERT e nos produtores que queiram algum programa porque temos uma equipa altamente preparada.

Objetivo: internacionalizar o mais possível

O canal vai estar disponível apenas em português?

Vai estar disponível em português, mas toda a programação aparece em inglês. Não fazia sentido, apesar de um dos nossos mercados principais ser o Brasil, que o canal estivesse disponível apenas em português. Queremos internacionalizar o mais possível e, como tal, tínhamos de disponibilizar os conteúdos em inglês.

 

O enoturismo pode ser um catalisador para que os estrangeiros descubram outros destinos portugueses


Quais são os mercados que a APENO pretende atingir com este canal?

Temos dados muito específicos sobre os mercados. Neste momento, os nossos principais mercados são os EUA, que representam 19,2%, e o Brasil, com 16,1%. Mas, depois, temos países como o Canadá, Itália, França e Espanha, que são fortíssimos na internacionalização e que também são possíveis espectadores dos nossos programas, porque são países fortes no enoturismo e aos quais queremos mostrar a nossa oferta.
Por outro lado, este é um projeto pioneiro, somos o primeiro canal de enoturismo do mundo. Não conheço outro projeto semelhante e devo dizer que, antes de avançarmos, fizemos uma investigação alargadíssima, até junto das delegações do AICEP, para saber se havia algum canal do género e não existe. É algo pioneiro, queria que tivéssemos sido o primeiro país a ter legislação para o enoturismo e não fomos, mas somos pioneiros com o lançamento da Wine Tourism TV.

Como é que o canal é financiado, por parte da associação e dos associados, ou existem apoios de fundos comunitários, por exemplo?

Não tivemos hipótese de concorrer a nada porque não existe nenhum fundo para a promoção ou internacionalização do enoturismo. Há do vinho, mas não do enoturismo.
Portanto, ficámos muito tristes e pensámos que não iríamos conseguir avançar com o projeto, mas, embora a APENO seja uma associação sem fins lucrativos, não somos uma associação com uma visão não lucrativa. Temos de ter uma visão empresarial do setor porque se não tivermos essa visão, os nossos associados não ganham.
Portanto, reunimos com empresas e com os associados, onde dissemos que tínhamos um projeto importante para a internacionalização e visto que não tínhamos a capacidade de recolher apoios públicos, nem de concorrer a nenhum fundo comunitário, foi com a ajuda das empresas que avançámos. Já gastámos cerca de 100 mil euros ao longo destes últimos meses, tudo com o trabalho e investimento das empresas.

Setor estratégico ou nem por isso?

Qual é a opinião da APENO sobre a estratégia nacional para o enoturismo e a forma como o Turismo de Portugal tem vindo a promover a oferta?

Achamos importantíssimo que exista uma estratégia e, aliás, ficámos muito felizes por perceber que o enoturismo estava incluído nessa estratégia.
Não estamos, em absoluto, contra o Turismo de Portugal, queremos trabalhar com o Turismo de Portugal e achamos que é muito importante dar as mãos ao Turismo de Portugal, porque já damos as mãos a todas as outras entidades.
Queremos trabalhar com o Turismo de Portugal mas não entendemos porque é que o Turismo de Portugal não se aliou a este projeto. É muito estranho, principalmente a partir do momento em que o enoturismo passou a ser um pilar estratégico, que o Turismo de Portugal não apoie a única associação dedicada ao enoturismo do país.

A APENO tem alguma justificação para essa falta de apoio?

Não sei, penso que nos podíamos ajudar uns aos outros mas não podemos deixar de dizer que não há qualquer relação e não entendemos porquê, uma vez que somos pessoas profissionais, que leva isto muito a sério e que quer realmente ver o enoturismo a ser desenvolvido. E, lá está, a representação dos nossos associados é de cerca de 80% do universo do enoturismo nacional, sem falar no próprio setor do turismo. Temos, por exemplo, a Abreu, que é uma das maiores agências de viagens do país, a trabalhar connosco. As maiores garrafeiras também estão a trabalhar connosco, assim como os restaurantes. O que é que falta? Falta o Turismo de Portugal.
O Turismo de Portugal faz as suas escolhas, agora, nós não podemos mais ficar calados. É até inacreditável que o Turismo de Portugal tenha formado um conselho estratégico para o enoturismo sem incluir a APENO, que é a única associação do país a dedicar-se ao enoturismo. Mas, o mais curioso, é que esse conselho estratégico, que foi formado há cerca de dois anos, reuniu apenas uma ou duas vezes. É algo inacreditável.
Não estamos aqui para dar alfinetadas a ninguém, queremos trabalhar com todos, mas a verdade é que há imenso tempo que temos vindo a apresentar iniciativas e a concorrer a projetos que foram chumbados, e nunca conseguimos trabalhar com o Turismo de Portugal. Portanto, para termos voz, temos de reclamar e, se a associação está a ter sucesso, é porque estamos a desempenhar bem o nosso papel.

 

Não posso deixar de dizer que é muito estranho, principalmente a partir do momento em que o enoturismo passou a ser um pilar estratégico, que o Turismo de Portugal não apoie a única associação exclusivamente dedicada ao enoturismo do país


Relativamente à promoção do enoturismo, que outros projetos tem a APENO em carteira, além da televisão, para promover a oferta nacional?

Temos muita coisa, lá está, dentro das nossas possibilidades. Por exemplo, ainda não conseguimos avançar com a revista. Temos a Wine Tourism Magazine pronta, só que ainda não conseguimos divulgar isso.
Atualmente, vivemos num mundo de vídeos, a procura por vídeos está cada vez a aumentar mais e o que estamos a fazer é a seguir essa tendência. A nossa revista também não é uma revista qualquer, é uma revista de autor, trimestral e que é dirigida a assinantes. E devo dizer que este projeto também tem recebido um bom feedback, toda a gente gosta do projeto a nível gráfico e a nível de conteúdos mas ficou um pouco para trás também porque ainda não tivemos a possibilidade de financiar o site, porque será uma revista que também tem a vertente online. Agora com o canal de televisão, quem sabe se até será possível inserir a revista no Wine Tourism TV.
Neste momento, temos uma newsletter nacional que chega aos associados e, com o lançamento da Wine Tourism TV, vamos começar a anunciar não só notícias dos nossos associados, como as coisas que a APENO faz, as festas e os eventos, para que os jornalistas internacionais possam ter acesso a esses conteúdos.
Temos trabalhado com algumas ERT que nos têm ajudado ao nível dos jornalistas internacionais e agora queremos começar a trazer esses jornalistas internacionais para cá, em colaboração com as ARPT que trabalham o setor a nível internacional.
E temos estado ainda, através da Wine Tourism TV, em contacto com empresas de media e transportes para estarmos presentes nos ecrãs dos meios de transporte. Por exemplo, os comboios têm televisão e queremos que esses ecrãs comecem a passar a Wine Tourism TV. Temos feito vários contactos para alargar a divulgação deste canal.

Motivo para atrair novos turistas

Como está a procura pelo enoturismo nacional?

Os principais mercados são o americano e o brasileiro, assim como são para o turismo em geral. A questão é que temos apenas estudos de oferta e procura, não temos nenhum de quantificação, ou seja, não sabemos quanto é que vale o enoturismo, nem sabemos, entre os turistas que vêm a Portugal, quantos vão para o enoturismo.
Seria importante que conseguíssemos quantificar o setor mas só temos valores do investimento estrangeiro e, em 2024, estima-se um investimento estrangeiro de cerca de oito mil milhões de euros em Portugal, podendo o investimento no enoturismo representar 10%. Numa perspectiva a três anos, pensamos ser possível atingir os mil milhões de euros. Estes valores mostram o grande potencial do enoturismo.

Até que ponto o enoturismo pode ser um trunfo para atrair para Portugal turistas de mercados que são, aos dias de hoje, ainda pouco representativos?

Sem dúvida que o enoturismo pode ter esse papel. Fora questões de religião, todos os mercados são possíveis, principalmente o chinês, seria fantástico atrair os chineses, os indianos e todos os mercados impensáveis.
As pessoas que gostam de vinho podem ser atraídas pela qualidade do nosso vinho. É isso queremos fazer com esta questão da comunicação e até me espanta como é que não se pensou mais cedo na promoção digital, porque, virtualmente, podemos dar a conhecer as quintas e as atividades que temos a esses mercados.
Se pensarmos na Hungria, por exemplo, um país com ótimos vinhos mas que não representa um grande mercado em Portugal, o enoturismo pode ser uma oportunidade, porque um húngaro que seja impactado por esta promoção, via web, vai descobrir que Portugal tem coisas tão interessantes como Itália, África do Sul ou França. Por vezes as pessoas pensam nesses países porque, da nossa parte, não houve um esforço de comunicação que pudesse chamá-los para Portugal. Se começarmos a aparecer em vídeos, na internet, vamos começar a captar esses turistas inesperados.
Atualmente, temos a web para facilitar a promoção, principalmente quando a procura de vídeos está a crescer.  Em Portugal, a procura de vídeos ‘over top’, que são distribuídos pela internet, atingiu, em 2023, 5,4 milhões de visualizações. Por outro lado, o Advertising Video On Demand (AVOD), em 2023, apresentou proveitos de 29 milhões de euros. Ou seja, nota-se um aumento da procura desses conteúdos e também se estima um crescimento de 8% até 2027. Os anunciantes olham para este crescimento e começam a perceber que o vídeo também é um bom meio de anunciar.

Em que medida pode o enoturismo contribuir para desenvolver novos destinos nacionais, uma vez que os estrangeiros, por norma, conhecem o Douro e o Alentejo, mas podem não ter ideia de que há quintas e vinhos por todo o país?

Sem dúvida. Geralmente, quando algum jornalista estrangeiro vem a Portugal, tentamos mostrar aquilo que pensamos que lhe vai interessar, que são as regiões mais visíveis, como o Douro, que a nível internacional é o mais visível, e o Alentejo, que a nível nacional é o mais visível mas que tem vindo a ganhar também projeção internacional, assim como a região dos vinhos verdes.
Mas se dissermos a esses turistas que, no resto do país também há vinhos incríveis, podemos dar a conhecer projetos fantásticos e que se localizam em regiões que ninguém imaginaria. Estou a pensar, por exemplo, na Azores Wine Company, onde as pessoas chegam e descobrem uma adega fantástica, assim como é a Madeira Wine Company. Apesar dos mais conhecidos serem os licorosos, a Madeira também tem vinhos de mesa fantásticos e com um perfil completamente diferenciador porque têm uma salinidade que a vinha absorve. Isto é incrível e é muito giro as pessoas verem essas coisas através do vinho e do enoturismo.
Portanto, sim, o enoturismo pode ser um catalisador para que os estrangeiros descubram outros destinos portugueses.

 

Em 2024, estima-se um investimento estrangeiro de cerca de oito mil milhões de euros em Portugal, podendo o investimento no enoturismo representar 10%. Numa perspectiva a três anos, pensamos ser possível atingir os mil milhões de euros. Estes valores mostram o grande potencial do enoturismo


Para terminar, queria saber quantos associados tem a APENO atualmente, esse número tem vindo a subir, a descer ou tem-se mantido?

Lançámos a associação um mês antes da pandemia e, por isso, foi difícil arrancar com o projeto e receámos não ter associados, mas a verdade é que, até ao final de 2020, já tínhamos cerca de 20 associados. Isso só prova a necessidade que o setor tinha de ser organizado. Entretanto, fomos crescendo e, neste momento, temos 140 associados, é um número muito bom e que tem vindo sempre em crescendo.
Há imensas vantagens para as empresas associadas da APENO, oferecemos aconselhamento legal e profissional, e todos aqueles serviços que são sempre vantajosos para os associados. A APENO fornece os meios e as armas para que os associados possam trabalhar mas são os produtores que têm de estruturar a oferta e apresenta-la aos canais certos. Por isso, houve empresas que entraram e depois saíram, porque estavam à espera de fazer negócio fácil e não é para isso que uma associação serve. Estamos aqui para encontrar os meios mais viáveis para as pessoas poderem trabalhar, mas se o trabalho de casa não for feito, não podemos fazer milagres.
Portanto, o número de associados tem vindo sempre a crescer e a verdade é que, nos três primeiros anos, ninguém desistiu, as entradas foram sempre mais do que as saídas.

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Edição Digital: Especial Portugal no WTM London, DIT Portugal, WTTC Global Summit, Wine Tourism TV e Mercados de Natal

A próxima edição do jornal Publituris traz em destaque a participação de Portugal no WTM 2024. Além disso, damos conta da Convenção da DIT Géstion, realizada em Cuba, a intervenção de John Kerry no WTTC Global Summit com foco nas alterações climáticas, o lançamento da Wine Tourism TV pela APENO e um dossier dedicado aos Mercados de Natal.

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A nova edição do jornal Publituris, a última do mês de outubro, destaca a participação de Portugal no World Travel Market (WTM) London 2024.

Num especial em inglês, entrevistámos o presidente do Turismo de Portugal Carlos Abade, que salientou a importância do mercado do Reino Unido para o turismo em Portugal. Destacando os diferentes produtos turísticos oferecidos pelo país, Carlos Abade frisou que “a perceção é que existe uma procura crescente por produtos estruturados, que acrescentem valor e que incorporem a dimensão da sustentabilidade”.

O presidente do Turismo de Portugal enfatizou que toda a oferta de Portugal terá de ter sempre em atenção o bem-estar de todos, sejam eles residente ou não residentes. E aproveita para afirmar que a “Estratégia Turismo 2035” terá em conta esta ligação entre turismo e as comunidades locais, destacando que a “hospitalidade e o bem-receber são dos ativos mais importantes” que Portugal possui.

Além do presidente do Turismo de Portugal foram ouvidos, também, os responsáveis pela promoção externa das sete regiões de Portugal, bem como alguns dos expositores que marcarão presença de 5 a 7 de novembro do Excel London.

Na “Distribuição”, viajámos até Cuba, para a II Macro Convenção da DIT Géstion. Jon Arriaga e César Clemente, diretor-geral e diretor Comercial da DIT Portugal, respetivamente, realçam que este agrupamento de gestão aposta em “serviços diferenciadores”, tendo anunciado às suas agências de viagens uma série de novidades, principalmente na área tecnológica, que vão permitir a essas empresas melhorar as suas performances de rentabilidade.

Nos destinos, relembramos a intervenção de John Kerry, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos da América, ex-candidato presidencial e responsável pela assinatura do Acordo de Paris pelos EUA no Global Summit do World Travel & Tourism Council (WTTC).

Em Perth (Austrália), John Kerry alertou para o flagelo das alterações climáticas e como estas irão impactar o setor do turismo. A mensagem foi clara: “se não cuidarmos do planeta, o turismo será dos primeiros a sofrer”.

Também nesta edição do Publituris, destaque para o lançamento da Wine Tourism TV, projeto da APENO – Associação Portuguesa de Enoturismo. A presidente da associação, Maria João Almeida, dá conta da importância que o enoturismo poderá ter como catalisador para que os estrangeiros descubram outros destinos em Portugal”.

“Se queremos que o enoturismo português seja tão bom como qualquer enoturismo a nível mundial, temos de o promover de forma profissional”, frisa Maria João Almeida, considerando que “este canal vai ajudar muito à promoção” do enoturismo nacional.

O “Dossier” desta edição é dedicado aos Mercados de Natal. Dentro de poucos dias, as ruas das cidades europeias estarão engalanadas com luzes festivas, decorações alusivas à data, e árvores de Natal cintilantes. O certo é que as viagens para visitar os Mercados de Natal na Europa entraram na lista de preferências dos portugueses, produto que tem vindo a crescer significativamente de ano para ano.

Além do “Check-in”, as opiniões desta edição pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), Paulo Morais Vaz (Porto Business School), Miguel Pizarro (ISAG), Carlos Picanço (Futurismo Azores Adventures), e Amaro F. Correia (Atlântico Business School).

Leia a edição aqui.

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Congresso APAVT

“Os problemas não se resolvem diminuindo o turismo, resolvem-se aumentando os outros setores”

A “Cidade APAVT” reúne-se para o 49.º congresso. Com diversos temas na agenda, Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, diz que a associação vive “o momento mais alto do ponto de vista da capacidade de intervenção, da visibilidade e das portas que se abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos”.

Victor Jorge

Na véspera do 49.º Congresso da APAVT, o jornal Publituris republica a entrevista feita a Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Com indicações de que o Orçamento de Estado para 2025 deverá ser aprovado, depois do líder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, ter indicado que propõe a abstenção do documento apresentado pelo Governo de Luís Montenegro, o presidente da APAVT espero um Orçamento que seja “uma espécie de cópia daquilo que tem sido o turismo”.

Com o esperado aumento das viagens dos portugueses, o presidente da APAVT admite estar “pessimista” em relação ao novo aeroporto, salienta que é “importante que a TAP mantenha o ciclo de recuperação que tem evidenciado”, vê com “dificuldade” a APAVT regressar à BTL nos próximos anos e, finalmente, diz ser “premente combater uma certa comunicação anti-turismo, com uma mensagem una da ‘Cidade do Turismo’”.

O 49.º da APAVT tem como tema a “Cidade APAVT”. Que cidade é essa?
O que tentámos transmitir, fundamentalmente, foi um conceito de comunidade, em que existem interesses que litigam, mas que, nem por isso, deixam de ser legítimos. Existem opiniões diferentes, existem modelos de negócio que competem entre si, mas é sempre muito mais aquilo que os une do que aquilo que nos separa. Isto é verdade para o setor da distribuição e é verdade para o turismo e, eventualmente, será verdade, naturalmente, também para o país.

Mas é uma cidade mais forte, é uma cidade que tem vindo a crescer?
Ah, sim, completamente. E isso também é verdade para o setor do turismo. Atualizaremos os “Economics” do setor no próprio congresso e, sim, saímos da pandemia para o melhor ano de sempre em 2022. Tudo quanto pensamos relativamente ao que já aconteceu em 2023 permite-nos dizer que foi o melhor ano de sempre e provavelmente 2024 será semelhante a 2023, mas melhor. E, portanto, do ponto de vista do setor, maior do que nunca e, eventualmente, do ponto de vista da associação, também num momento muito feliz com uma boa relação com toda a gente, com uma capacidade de intervenção como nunca teve, com um modelo financeiro que está absolutamente sólido, com uma independência que é totalmente conhecida de quem se relaciona connosco e, portanto, é verdade para o setor, é verdade para o turismo, é verdade para a associação.

Vivemos [APAVT] o nosso momento mais alto do ponto de vista da nossa capacidade de intervenção, da nossa visibilidade e das portas que se nos abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos


Neste programa há um tema que se repete: a Inteligência Artificial (IA). Porquê essa repetição?
Porque a IA não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona e até uma maratona especial, porque ainda não se conhecem os percursos não percorridos. Todas as empresas, incluindo as pequenas e médias, introduzirem a IA de um modo estratégico nas empresas e, por isso mesmo, é um assunto que vamos acompanhar nos próximos anos. É um assunto em permanente evolução e é um assunto de grande importância.

Portanto, não pode ser um tema que aparece “one shot” num só congresso?
Sim, a IA já é completamente diferente do ano passado. Basta olhar para a intervenção de um dos oradores, Sérgio Ferreira, que nos disse que só pretendia preparar a sua intervenção com 15 dias ou uma semana de antecedência, porque, entretanto, pode surgir uma novidade qualquer. É neste universo que nos movemos atualmente.

A Natália Rosa, outra das oradoras vai falar de ferramentas que já utilizamos no dia-a-dia, mas que ainda nem existiam da última vez que ela abordou o tema no congresso do Porto.

E há adesão à IA por parte do setor?
É um tema que preocupa e o setor vai acompanhando e incorporando na operação, até porque muitas das ferramentas que se utiliza são quase universais e, portanto, já têm IA. Diria que, como sempre, as maiores empresas estão à frente, mas uma das ideias que queremos muito e desafiámos os oradores para isso, é explicar que a IA é uma jornada para todos, não é uma jornada apenas para os grandes.

Viajar para fora, sem perder o “cá dentro”
Deixando o congresso, e conhecidos que foram os dados do INE relativamente a agosto, os portugueses estão a viajar mais para fora?
Bem, estão a viajar mais para fora, mas acho que é mais do que isso, estão a viajar mais. Gosto pouco de comentar uma alteração de comportamento por uma situação conjuntural, gosto mais de olhar para uma série. Se olhamos para os últimos 20 anos, os últimos 15 anos, os últimos 10 anos ou para os últimos 5 anos, os portugueses estão a viajar mais, ponto. Mas estão a viajar mais para fora e mais para dentro.

Aliás, há uma pergunta da moda que é: Os portugueses estão a abandonar um pouco o turismo interno? Bem, não acho que isso seja verdade, primeiro, porque os portugueses continuam a ser o mercado emissor mais importante do inbound. Por outro lado, se olharmos para números recentes, durante a pandemia, que é muito recente, houve um momento extraordinário do mercado interno e esse momento lançou sementes e criou raízes. Mas sim, os portugueses estão a viajar, mas também seria expectável.

Houve uma explosão de viagens em 2022, aumentou em 2023 e está-se a consolidar em 2024. Se há alguma característica específica no comportamento do consumidor português relativamente às viagens, é que me parece absolutamente óbvio que as viagens passaram a ser uma primeira necessidade, não é igual à alimentação, mas é uma das primeiras necessidades.

Houve uma explosão de viagens em 2022, aumentou em 2023 e está-se a consolidar em 2024


Mas comparativamente com 2023, os números são melhores?
São ligeiramente melhores e construídos de uma forma muito díspar. Tivemos um primeiro trimestre com um aumento absolutamente brutal das reservas. Lembro-me, na altura, cerca de 20%. Isso significou uma grande antecipação das reservas. Por causa disso, tivemos uma travagem muito significativa em maio e junho. No verão, julgo que a operação decorreu ligeiramente acima do ano passado, mas temos de ter em consideração que havia mais oferta, e espera-se um quarto trimestre muito em cima do realizado no ano passado. No final, o mercado responde sempre de forma diversa, não é uno, depende do tipo de negócio, da dimensão da empresa, onde se posiciona em termos de mercados. Uns terão crescido 10%, outros terão crescido 15%, outros terão crescido 5%, outros terão igualado números de 2023. Mas no final, as agências de viagens vão vender mais e vão ganhar ligeiramente mais. Julgo que os operadores vão vender mais e vão ganhar menos. Porque as operações charter são um risco grande, não foram todas preenchidas, no verão houve alguma quebra de preço por last minute, ao contrário da antecipação onde foi feito bom preço no primeiro trimestre. Portanto, no final, creio que os operadores todos eles vão vender mais, mas quase todos eles, vão ganhar menos.

Essa antecipação registada no primeiro trimestre poderá ter incutido na mente do setor que o crescimento iria manter-se?
Não creio. Na altura nem conseguimos explicar um crescimento tão grande, face às condições de consumo dos portugueses, ao nível das taxas de juros, à dependência dos empréstimos bancários para habitação, à inflação. Julgo que o primeiro trimestre ainda terá sido um prolongamento da necessidade de viajar brutal que sucedeu à pandemia.

As chamadas viagens de vingança?
Exato. Talvez não durou um ano, durou um ano e três meses do ponto de vista das decisões dos portugueses. E depois acabaram por se ajustar ao efetivo poder de conta.

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E o perfil mudou?
O mercado é muito eclético e maduro. Se alguma tendência existe no mercado, diria que, cada vez mais, o mercado alarga a franja também às grandes viagens e às viagens de mais alto valor, de mais alto preço.

E as de mais baixo preço?
Não. Se pensarmos nos voos charter mais básicos, se pensarmos em Cabo Verde, nas Caraíbas, Marrocos, Tunísia, são todas operações que foram um êxito este ano. Portanto, as operações mais tradicionais mantêm-se em crescimento e vamos acrescentando à medida que os anos passam outras.

O português olha para fora por causa do preço ou porque quer viajar mais?
As duas coisas. Acharia um mundo bonito e um Portugal bonito se houvesse mais turistas portugueses no estrangeiro e mais turistas estrangeiros em Portugal.

O que nos deve preocupar, a acontecer, é se houver menos turistas portugueses em Portugal e as taxas de ocupação baixarem muito. Não foi verdade este ano. Este ano os preços aumentaram muito, penso que, provavelmente, desajustados do serviço que está a ser prestado e que terá de sofrer algum ajuste. Toda a gente está de acordo com isso, inclusivamente os hoteleiros. Mas a grande verdade é que, mesmo com o agravamento de que tanto se fala, as taxas de ocupação satisfazem muito os hoteleiros e os preços satisfazem ainda mais. Desse ponto de vista, se houve mais ou menos portugueses, não é preocupante. Seria preocupante se não houvesse turistas portuguese e se não houvesse turistas estrangeiros ou haver mais turistas estrangeiros e os portugueses não conseguissem viajar. Não aconteceu nenhuma nem outra.

Contas (re)quilibradas
Em relação ao balanço das empresas, já estão equilibrados?
O mercado, uma vez mais, tem uma resposta que é um caleidoscópio, não é monocromática. Mas, em primeiro lugar, equilibrar os balanços, significa voltar a 2019. Em 2020 e 2021 perdemos seis vezes e meio o resultado de 2019. Portanto, mantendo-se os ritmos de 2019, o que seria excelente, os balanços demorariam seis anos a chegar a 2019.

Vamos no terceiro. Sendo certo que muitos balanços se equilibraram em 2023, algo impensável, muitos vão equilibrar em 2024 e eventualmente haverá também alguns que se equilibrarão mais tarde, dependendo das empresas, uma vez mais, do tipo de negócio, etc.. Mas o que é assinalável é que o setor sai da pandemia muito mais forte do ponto de vista do ritmo de negócio do que entra na pandemia e recupera muito mais rápido do que era previsível. Agora, os balanços ainda têm cicatrizes, têm e vão ter durante alguns anos, basta pensar no lazer, nas empresas que contraíram dívidas para pagamento dos vales.

A dívida é um problema, porque as taxas de juros subiram e os custos do serviço da dívida aumentaram de forma muito visível. Agora, o volume de negócios também aumentou, os ganhos também, portanto, diria que, neste momento, não sinto que haja incobrabilidade, que haja qualquer momento de rutura. Há um bom momento, os balanços estão a cicatrizar, mas a questão está longe de estar resolvida.

Esperava uma maior consolidação do mercado, face às dificuldades que foram vividas, principalmente naqueles dois anos a seguir à pandemia em que as empresas, como se costuma dizer, tinham na incerteza a maior certeza?
Sim e não. O mercado está preparado para uma maior consolidação pela sua composição, isso é óbvio. E o mercado, se víssemos isto a preto e branco, diria que são quase só microempresas, muito poucas grandes e até poucas médias.

Logo a seguir à pandemia, julgo que tínhamos um problema acrescido, que não costuma aparecer, é que mesmo as mais fortes estavam muito fragilizadas e havia muita incerteza, porque não saímos da pandemia com a certeza que o assunto estava resolvido. Fomos saindo na dúvida de que ele podia reaparecer. Desse ponto de vista, deixou de haver um gargalo para a concentração, mas eu acho que há dois tipos de razões que têm atrasado a concentração. Em primeiro lugar é que não temos só micro e pequenas empresas. Temos sobretudo micro e pequenas empresas familiares. E culturalmente, uma empresa familiar, prefere continuar com o controlo de um pequeno negócio, que não cresce, do que participar, mas não controlando um negócio maior que cresce. E, portanto, há aqui uma raiz cultural que pode impedir a venda. Por outro lado, o mercado, talvez até por a raiz ser familiar e não querer que existam concentrações de capital, arranjou modos de acrescentar dimensão económica ou capacidade de intervenção sem necessidade de integração de capital. No lazer, os franchising, os grupos que de gestão, são muito importantes no mercado português, no corporate os ACE, e até a figura em crescendo da consolidação aérea, faz com que os clientes, agências de viagens, tenham capacidade de preços e condições que só a dimensão consegue, sendo muito pequeninos.

É assinalável é que o setor sai da pandemia muito mais forte do ponto de vista do ritmo de negócio do que entra na pandemia


Abordou a questão preço. Viajar está mais caro?
Porque os hotéis aumentaram muitíssimo os preços, porque a aviação aumentou muitíssimo os preços e porque houve aumentos salariais e dos custos extra das empresas também muito significativos depois da pandemia. Portanto, está mais caro porque os custos são mais caros.

Mas em relação ao aumento de preço que se verificou em 2023 e também em 2024, acha que vai abrandar?
Sim, porque não vejo grande espaço para se manter aumentos de preços. Aliás, a pressão sobre os hotéis é muito contrária e não apenas em Portugal. Lemos as notícias em Espanha e, no verão, os preços estão acima.

Relações agradáveis
No que diz respeito à “Cidade APAVT”, a associação tem mantido várias reuniões com diferentes stakeholders. Falo da TAP, ANAC, ANA, SATA, entre outros. Esta relação e este diálogo que a APAVT tem mantido com os diversos stakeholders está mais fácil, está mais difícil, mantém-se igual, está num momento de viragem?
Não, está num momento muito bom, muito agradável. Do ponto de vista da APAVT, julgo que já referi isso, sentimos que, provavelmente, vivemos o nosso momento mais alto do ponto de vista da nossa capacidade de intervenção, da nossa visibilidade e das portas que se nos abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos. Depois, é evidente que as agendas são muito difíceis, porque o facto de os interesses litigarem, e litigam claramente em vários dos exemplos que referiu, não deixam de ser legítimos e, portanto, não deixam de poder existir e temos é de dialogar entre interesses divergentes. A agenda é certamente difícil, sobretudo no que se relaciona com as companhias aéreas. Mas o diálogo é fácil no sentido em que há muita abertura para o diálogo.

Está mais fácil do que era?
Está progressivamente mais fácil, porque há disponibilidade para o diálogo, há diálogo frequente e há muita confiança de parte a parte com todos os organismos em questão. E a confiança de parte a parte vai-se formando, vai-se desenvolvendo e vai-se fortalecendo.

Agora, a agenda é tremendamente delicada, nomeadamente nas relações com as companhias e aéreas e tendo em conta a introdução do NDC, sobretudo no corporate, irá, certamente, significar mais custos administrativos, certamente mais trabalho administrativo e, muito provavelmente, menor remuneração.

Mas acrescenta também mais incerteza?
Não acrescenta mais incerteza, acrescenta dificuldades no curto prazo. A médio e longo prazo, o setor tem revelado tanta capacidade de encontrar soluções que julgo que ainda é cedo para dizer que o NDC é um mau caminho.

Já vivi, infelizmente, porque significa que já não sou tão novo, uma relação com as companhias aéreas em que tínhamos uma comissão base de 9%, mais rappel. Se juntarmos os dois, tínhamos uma comissão base, ou uma comissão de relacionamento, que superava os 20%. Nessa altura, as agências de viagens ganhavam menos dinheiro do que ganham agora, em que têm uma relação com base em 0,5%. Portanto, o ajustamento e o aumento da produtividade, a modernização do setor, foi abissal nas últimas décadas. Por isso, vamos ter esperança que continuaremos a encontrar as soluções.

Mas esta nova dinâmica assusta o setor?
Não, temos reunido o capítulo aéreo, que é um dos corações da APAVT, que é uma dinâmica muito jovem e muito importante para o negócio e, portanto, preocupa e entra naquilo que têm de ser os planeamentos estratégicos e a gestão anual. Mas não é algo que faça o setor entrar em pânico. Eu diria que, quem resolver os problemas, e há muitas maneiras de os resolver, provavelmente ficará num posicionamento superior antes do aparecimento do NDC, como tem acontecido em toda a história do relacionamento entre as agências de viagens e as companhias de aviação.

A médio e longo prazo, o setor tem revelado tanta capacidade de encontrar soluções que julgo que ainda é cedo para dizer que o NDC é um mau caminho


De que forma é que o setor se tem de reorganizar face a esta nova dinâmica?
O problema aqui é, sobretudo, tecnológico. Há muita tecnologia incluída. Há uma disrupção face à norma anterior, já que essa era de uma tecnologia disseminada por todo o mercado e, portanto, era fácil de normalizar os comportamentos de gestão e o trabalho do dia-a-dia.

Esta disrupção fez com que, neste momento e a curto prazo, haja mais trabalho na busca, por exemplo, de reservas, na emissão, nas reemissões, nas relações entre companhias que são de diferentes grupos globais. Mas, como há estes problemas, há uma série de desenvolvimentos tecnológicos que lhe estão a fazer face. Estamos num momento de ondulação mais alta, estamos num momento do temporal e, portanto, é, obviamente, o que preocupa e que dá mais desgaste e mais trabalho, mas os ciclos económicos também pertencem a este tipo de relações e temos a certeza que vai haver uma estabilização quer da tecnologia existente, quer até da sua harmonização pelos diferentes players. Nessa altura, estaremos num degrau superior.

Mas isso também cria novas oportunidades?
Não tenho nenhuma dúvida. Teremos um mercado mais eficiente, com maior produtividade, como temos relativamente ao momento em que ganhávamos 20% de comissão. E teremos ou os mesmos ou outros players, mas o mercado em si, enquanto um todo, será certamente mais capaz e, provavelmente, com tanta utilidade ou mais para o negócio das companhias aéreas. É assim que tem sido.

Um “olhar” político
Lembro-me da última entrevista que deu ao Publitúris, antes do 48.º Congresso da APAVT, estávamos em plena crise política …
Mas já saímos?

Este Governo tem seis meses: tem correspondido às expectativas?

É uma resposta difícil, porque tem pouco tempo e tem pouca margem de manobra face ao desenho da Assembleia da República. Acho que tem um aspeto muito positivo, já que tentou colocar na agenda política a ideia de quanto urgente é crescermos. Outra coisa é saber se consegue desenvolver uma estratégia em volta dessa ideia. Vai depender, provavelmente, de poucos dias depois do nosso congresso na APAVT, se o orçamento é ou não é aprovado e em que condições é que é ou não é aprovado.

Por isso, diria que existe um bom sentimento relativamente àquilo que foi apresentado pelo Governo, nomeadamente o conjunto das medidas que visam exatamente acelerar a economia, por outro lado, algumas dúvidas sobre a capacidade do Governo em desenvolvê-las e aí sim, muito pessimismo relativamente ao ambiente político. Para quem é empresário este diálogo entre políticos em redor do orçamento é surreal, completamente afastado dos problemas da vida pública.

Mas surpreendeu a rapidez, por exemplo, relativamente à decisão do novo aeroporto?
Não, e não liguei muito a isso. Eu já assisti a outras decisões. Ligaria se existisse rapidez em começar as obras, situação que ainda não aconteceu. Aliás, em relação ao novo aeroporto estou mesmo pessimista. Primeiro com a obtenção de um documento de impacto ambiental, que não sei se vão conseguir, depois com o diálogo com associações credíveis que defendem interesses legítimos, nomeadamente as ecologistas, e, finalmente, ainda com um diálogo com associações pouco credíveis que fingem que defendem interesses legítimos como, por exemplo, os ecologistas, mas cujo único objetivo é a tentativa de boicotar a democracia liberal. Portanto, são vários debates seguidos que me fazem ficar com bastante pessimismo.

Mas está pessimista relativamente à localização ou à execução do projeto?
A localização está indicada. Acho que a execução não é nada óbvia que corra bem. Não é óbvio que dure menos do que 10 anos e preocupa muito não ter havido uma solução intermédia.

E faz falta o tal cronograma para saber, de facto, o que vai e quando vai ser feito?
É verdade, mas quem é que consegue construir um cronograma com tantas dependências. Esse é o ponto. Por exemplo, relativamente, às obras da Portela, que sei que já arrancaram, ainda há alguns aspetos da negociação entre a ANA e o Governo que têm de ficar resolvidos antes de continuarem. Sei que são obras que podem demorar cerca de três anos. E porque não há uma solução intermédia, julgo que são, neste momento, aquilo que mais me preocuparia e aquilo pelo qual mais lutaria.

E em função disso, deveria existir uma maior aposta, por exemplo, nos outros aeroportos nacionais, tipo Porto e Faro?
Até mais talvez o Porto. Há alguns aspetos de desenvolvimento na área do aeroporto da Portela, depois as companhias aéreas estão a escolher ou têm vindo a escolher, aeronaves maiores para com o mesmo número de slots e o mesmo número de movimentos, movimentarem mais gente, mas isso também tem um limite. Depois, toda a gente sabe que teremos mais alguma aberta do ponto de vista do crescimento quando passarmos para uma nova gestão do espaço aéreo.

Acho que, sobretudo, no long haul, outros aeroportos podem ser utilizados. Estamos a falar do mercado norte-americano, brasileiro, em que o Porto fará mais sentido, porque são mercados que não pedem tanta praia, são mercados que não pedem tanta sazonalidade e que vão permitir distribuir a procura ao longo do território.

A ferrovia aí ajudava imenso?
Ajudava o mercado interno, o mercado alargado de Espanha, ajudava a curta distância porque há muitas barreiras já do ponto de vista legal ou pelo menos a construção de muitas barreiras relativamente a voos de curto curso, libertava-se slots para os tais voos de long haul.

Foto: Frame It

Objetivo: crescer
Falou em crescimento económico. O “Programa Acelerar a Economia” foi apresentado pelo Governo. Das 60 medidas, 17 são do turismo. No âmbito da APAVT, como é que olha para estas medidas? São suficientes, deviam existir mais, deviam existir menos?
Penso que não devemos olhar para as 60 nem para as 17 como as únicas que estão em cima da mesa e que fazem parte da atuação do Governo. Foram um exemplo e foram retiradas até de um certo contexto, quiçá e bem, para dar aquela ideia de que há uma ideia estratégica no Governo que é urgente crescer. Portanto, as medidas são medidas de crescimento e, desse ponto de vista, felizes. Felizes também porque se percebeu o dinamismo do turismo. Às vezes diz-se que há turismo a mais. Não há turismo a mais. Há a competitividade internacional do turismo e há condições de competitividade que são muito maiores do que em outros setores. E numa economia aberta e com relações internacionais, crescem os que têm maiores valências competitivas.

Este dinamismo das medidas escolhidas para o turismo demonstra exatamente esta capacidade competitiva. Depois temos de pensar sempre no momento da sua apresentação e no momento da sua execução. E aí também acho que temos de dar tempo ao tempo e, sobretudo, temos de dar tempo ao tempo havendo condições políticas, uma vez mais.

Há, contudo, uma medida que escolho e que envergonha que esteja no Governo e que tenho enormes dúvidas que seja implementada, o Estado pagar a 30 dias. Só o facto de constar já é uma coisa absolutamente extraordinária.

Se disser que as agências de viagens pagam às companhias aéreas num tempo médio de 18 dias e meio e vão passar a pagar em menos tempo ainda, a partir de 2025, acho que está tudo dito. Tenho pena que a medida esteja lá, porque já lá não devia estar. Fico contente por estar lá, porque alguém, apesar de tudo, aponta para si próprio e diz que não paga em condições,

[Relativamente ao Orçamento de Estado, a pergunta ao presidente da APAVT foi feita antes de se saber a decisão do PS e a proposta de abstenção indicada pelo secretário-geral, Pedro Nuno Santos]
Quanto ao Orçamento de Estado para 2025, o que espera ou gostaria que acontecesse?
Um orçamento aprovado. Desejo um orçamento aprovado e desejo um orçamento que fale de gestão dos custos do Estado, que diminua a carga fiscal das pessoas e das empresas e que coloque em ponto de mira o crescimento da economia.

O grande problema de Portugal é só discutirmos questões de distribuição quando há cada vez menos para distribuir. E, portanto, temos é de falar em competitividade internacional e em crescimento.

No fundo, espero um orçamento que seja uma espécie de cópia daquilo que tem sido o turismo, que tem conseguido ser cada vez mais competitivo, do ponto de vista internacional, que tem crescido, que tem evoluído, que se tem modernizado. É tudo isso que falta na economia.

Os problemas não se resolvem diminuindo o turismo, resolvem-se aumentando os outros setores. Porque se resolvermos um problema específico de demasiado turismo, atacando o turismo, vamos ter um problema mais geral de pobreza que será pior para todos.

Acredita que as pessoas de facto têm a noção quando falam que há turismo a mais?
Na opinião pública sim, e às vezes essas opiniões podem mudar o mindset de toda uma população. Acho que devemos lutar contra isso. Mas tocou no coração da coisa. A pergunta não pode ser nunca se há turismo a mais ou turismo a menos. Porque nunca pode haver turismo a mais. O turismo em Portugal permitiu que Portugal crescesse. Sem turismo Portugal não tinha crescido e não tinha recuperado da pandemia.

Se não fosse o turismo, não havia equilíbrio das contas externas. Permitiu a taxa de desemprego mais reduzida da história recente.

Mais, com um aspeto qualitativo importante, com tantos problemas com a imigração, foi o turismo que soube acumular, da melhor maneira, uma série muito significativa de imigrantes. É o turismo que promove a cultura e a história. É o turismo que recuperou as cidades. Portanto, não podemos nunca perguntar se há turismo a mais.

Agora, há pontos específicos de pressão, de pegada turística, que têm de ser geridos, não afastando turistas, mas gerindo fluxos turísticos e requalificando ou qualificando a oferta.

A grande verdade é que se continua a dizer que não se consegue viver nos centros das cidades, que os turistas tiraram de lá as pessoas. O que aconteceu foi que o turismo recuperou económica, paisagisticamente, do ponto de vista da organização da cidade, o urbanismo, foi o turismo que recuperou isto tudo. Estar contra o turismo não faz qualquer sentido. Confesso que, neste momento, será premente combater uma certa comunicação anti-turismo, com uma mensagem una da “Cidade do Turismo”.

A APAVT saiu da BTL porque a BTL, entre outros aspetos, nos fez exigências financeiras que não eram comportáveis. E, portanto, a APAVT teve de sair


E relativamente à privatização da TAP. Tivemos cá IAG, a Air France KPLM, a Lufthansa? Percebe alguma definição?
Temos como tradição não comentar a composição do capital social da TAP. Eventualmente a TAP teve bons momentos com composição do capital público, teve bons momentos com composição de capital privado e teve maus momentos com os dois. Agora, há uma certeza que temos. A TAP é muito importante para o presente do turismo português e para o futuro do turismo português.

Cerca de 95% dos turistas entram por via aérea e a TAP tem o maior market share desse número e, portanto, por razões quantitativas, mas, sobretudo, por razões qualitativas, a questão do hub e da ligação estratégica ao mercado brasileiro e ao mercado norte-americano não podemos continuar a crescer gerindo a pegada turística se não desenvolvermos o long-haul. É o long-haul que nos traz menos sazonalidade, mais receita por turista, mais território turístico, mais diversidade de produto.

Sendo muito importante, ninguém sobrevive na indústria aérea se não crescer de uma forma relativamente contínua. A TAP precisa de uma estratégia de crescimento e essa precisa de capital. E, provavelmente, não sou especialista, mas a TAP vai precisar de capital. Até lá, é bom não esquecer, que é importante que a TAP mantenha o ciclo de recuperação que tem evidenciado, porque se não o fizer, na altura em que for necessária uma privatização, poderá não haver ninguém interessado.

Voltando às palavras do primeiro-ministro, tranquiliza-o, novamente, o facto de o mesmo ter dito que a TAP não é vendida ao desbarato e, se for preciso, o Estado mantém a TAP até conseguir privatizá-la em condições?
Penso que é de bom senso, quer político, quer económico. Estou de acordo que a TAP não deve ser vendida ao desbarato e estou de acordo que se ela não puder ser vendida, de alguma maneira, o Estado tem de tomar conta da ocorrência.

Agora, atenção, uma vez mais, se pensarmos que a estratégia de crescimento tem de ser executada, podemos é discutir a capacidade que o Estado pode ter em executá-la, nomeadamente, a capacidade que pode ter em disponibilizar capital, até do ponto de vista legal, para essa estratégia de crescimento.

BTL sem APAVT
A APAVT, comunicou a não presença na BTL. Porquê?
Sobre a BTL, que fique claro uma coisa, vamos falar mais do que vamos falar agora. Vamos falar na altura que decidirmos e vamos falar no local em que quisermos e que acharmos mais apropriado. Agora, não vou deixar de responder. Porquê? Porque achamos que os nossos associados e o setor do turismo, em geral, merecem ser esclarecidos relativamente à saída da APAVT, o que, desde logo, sublinho a importância da presença da APAVT.

A APAVT saiu da BTL porque a BTL, entre outros aspetos, nos fez exigências financeiras que não eram comportáveis. E, portanto, a APAVT teve de sair.

Os associados da APAVT compreenderam essa posição?
Mais do que compreenderam, a decisão do abandono não é uma decisão nem do presidente, nem da direção. É uma decisão do conjunto de cerca de 100 empresas que interagiam no maior stand privado da feira. E, portanto, foram essas 100 empresas que perceberam que eram incomportáveis as exigências de curto prazo, as exigências financeiras, não apenas as exigências, como também o curto prazo que tínhamos para as cumprir.

Mas há espaço para negociações?
Não. Como sabe, não há espaço para voltarmos e vejo com dificuldade nos próximos anos. A APAVT tinha uma posição, era o maior stand privado da feira e foi expulso da feira.

Estamos a falar da importância da iniciativa privada, julgo que um redireccionamento da BTL para mais dependência de dinheiros públicos não ajuda ninguém e, sobretudo, não ajuda o turismo.

Mas, uma vez mais, falarei mais tarde.

Estamos atualmente a viver tempos conturbados a nível internacional. Instabilidade no Reino Unido, em França, na Alemanha, em Espanha, eleições nos EUA, guerra na Ucrânia, agora o conflito no Médio Oriente. Que impacto poderá ter todo este cenário no fluxo turístico que Portugal tem ganho. Voltamos novamente à incerteza?
Sim, muito. E mais, referiu Espanha e França com crise política, Reino Unido com choque fiscal, Alemanha à beira da depressão, Estados Unidos com eleições. Ora, apontou “somente” os cinco maiores mercados emissores por Portugal. É só disto que estamos a falar. O que é que se pode dizer? Acho que há um momento em que a gestão tem de ter redobrada prudência e é um momento em que a “Cidade APAVT” e a “Cidade do Turismo” têm de ter as portas escancaradas para o diálogo e para a cooperação entre players relativamente aos quais é muito mais aquilo que os une do que aquilo que os separa.

Já disse que não vai voltar a concorrer à presidência da APAPVT …
Disse e não menti. Mantenho o que disse pela primeira e única vez na tomada de posse que estava de saída. Correu um ano, a APAVT para o próximo ano faz 75 anos, vai ser um momento muito importante. A PAVT está financeiramente mais sólida do que nunca. A APAVT tem com relações institucionais, talvez, as melhores de sempre.

Há relativamente pouco tempo o presidente da CTP, Francisco Calheiros, voltou a referir, também, que este é o último mandato à frente da CTP. Uma posição na CTP não está dentro dos horizontes?
De todo. E se estivesse, teria, em primeiro lugar, dialogar com os meus colegas da CTP e todos eles sabem que não há um único diálogo. Por outro lado, o meu próprio plano de vida pessoal, a própria idade, faz com que saiba que não vou ser o próximo candidato a presidente da CTP.

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Edição Digital: Entrevista ao presidente da APAVT, Portugal Meeting Forums by Publituris e réveillon

À beira de um novo congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), a nova edição do Publituris faz capa com uma entrevista ao presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, que desvenda alguns pormenores sobre o evento e fala também sobre alguns dos temas em destaque no setor. Portugal Meeting Forums by Publituris, CAI Conference 2024, Portos de Cabo Verde, pós-graduação da Universidade Nova, Toledo e um dossier sobre a programação para o Réveillon também merecem destaque nesta edição.

Publituris

À beira de um novo congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), a nova edição do Publituris faz capa com uma entrevista ao presidente da associação, Pedro Costa Ferreira, que desvenda alguns pormenores sobre o evento e fala também sobre alguns dos temas em destaque no setor.

Nesta entrevista, o presidente da APAVT revela as suas expectativas sobre o Orçamento do Estado de 2025, mostra-se pessimista relativamente ao novo aeroporto e fala ainda sobre a privatização da TAP. Pedro Costa Ferreira mostra-se ainda indignado com aquilo que diz ser “uma certa comunicação anti-Turismo”, já que, apesar de reconhecer alguma pressão, considera que não faz sentido falar em excesso de turismo em Portugal.

Nesta edição, publicamos também uma fotorreportagem sobre a 8.ª edição dos Portugal Meeting Forums by Publituris, iniciativa que decorreu entre 1 e 3 de outubro e que deu a conhecer a oferta portuguesa de MICE a 26 buyers internacionais.

Destaque também para a CAI Conference 2024, que decorreu no Funchal, entre 26 e 28 de setembro, e que debateu as oportunidades e desafios para os cruzeiros nas ilhas da Macaronésia, no âmbito do 30.º aniversário da CAI – Cruise Atlantic Islands.

Durante a CAI Conference 2024, falámos também com Irineu Camacho, presidente do Conselho de Administração da ENAPOR – Portos de Cabo Verde, que indicou que o país está a fazer fortes investimentos para aumentar o número de cruzeiros no arquipélago, que tem já capacidade para receber estes navios em todas as ilhas.

Destaque merece ainda a pós-graduação “Leading Tourism & Hospitality”, lançada este ano pela Universidade Nova, assim como a reportagem sobre a cidade espanhola de Toledo, que o Publituris foi conhecer em meados de setembro.

Já o dossier desta edição é dedicado ao Réveillon e às muitas opções de férias que têm vindo a ser lançadas no mercado para esta época festiva. Neste trabalho, damos conta da programação lançada pelos operadores turísticos, que não sofreu grandes alterações face aos destinos propostos no ano anterior, assim como de outras opções, nomeadamente em navios de cruzeiro.

Esta edição, conta ainda com o Pulse Report, assim como com as opiniões de Francisco Jaime Quesado ((economista e gestor), Jorge Nogueira (economista e CEO da Iberobus), Luiz S. Marques (investigador do Dreams da Universidade Lusófona) e Carlos Torres (jurista e professor na ESHTE).

Leia a edição aqui.

 

 

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Edição Digital: Entrevista ao presidente da CTP, Inland, a sustentabilidade na easyJet, o novo Queen Anne e Turismo de Saúde e Bem-estar

Na edição que marca o Dia Mundial do Turismo, publicamos uma entrevista com o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, Francisco Calheiros. Além disso, damos a conhecer a Inland Portugal, a estratégia da easyJet para a modernização do espaço aéreo, a nova rainha do Cunard Line. A terminar, um dossier sobre Turismo de Saúde e Bem-estar.

Publituris

Na data em que se assinala o Dia Mundial do Turismo e a Confederação do Turismo de Portugal organiza a VII Cimeira do Turismo Português, o jornal Publituris publica uma entrevista com o presidente da CTP, Francisco Calheiros.

Na conversa, realizada uma semana antes da Cimeira e ainda com os incêndios a lavrarem no centro e norte de Portugal, Francisco Calheiros admite que estes têm “claramente impacto no turismo”. E dá o exemplo: “tinha dois eventos no Porto. Ambos foram cancelados de um dia para o outro ou mesmo no próprio dia. Isto implica cancelamento de transportes, alojamento, catering, aluguer de salas, entre outros”.

Quanto aos números que se avançam para a atividade turística em Portugal, em 2024, o presidente da CTP socorre-se do programa desenvolvido internamento e que dá conta de um crescimento entre 2% a 3% para o presente ano nas dormidas. Contudo, Francisco Calheiros é cauteloso e com as opiniões que estão a surgir anti-turismo, salienta que, “nesta fase, não aconselha muito a que falemos em novos recordes no turismo”.

Certo é que, com os objetivos da Estratégia Turismo 2027 praticamente alcançados, o presidente revela que o Turismo de Portugal já está, “e bem”, a lançar as bases para a nova estratégia.

No entanto, enumera três fatores determinantes que podem, de um momento para o outro, escalar e ter consequências graves: “a guerra na Europa, com a invasão da Ucrânia pela Rússia; o conflito no Médio Oriente; e as eleições nos EUA”.

Quanto a outros temas, para o aeroporto pede um cronograma de atuação e critica a falta de uma “solução intermédia” que diz ser o Montijo; na TAP, há que definir bem o que se quer privatizar para depois alinhar calendário e receber as propostas.

Defendendo o IVA turístico e frontalmente contra as taxas turísticas, quanto ao Orçamento de Estado para 2025, Francisco Calheiros admite que a não aprovação, independentemente de eleições antecipadas ou gestão em duodécimos é “péssima”.

Finalmente, reforçando que “este é o meu último mandato à frente da CTP”, Francisco Calheiros conclui que “O turismo é uma atividade muito diferente das outras, é provavelmente a atividade mais transversal que temos. O turismo põe tudo a mexer”.

A agência de tours, Inland Portugal, que dispõe de um menu de experiências de viagem, para pequenos grupos, desenhado para explorar locais, projetos e comunidades menos conhecidos do interior do país, está a dar os seus primeiros passos. A proprietária da empresa, Alexandra Melo, promete, conforme disse ao Publituris, uma imersão autêntica e enriquecedora, focada não apenas nas paisagens lugares pouco visitados, mas também em projetos sociais, ecológicos e comunitários que estão a transformar estas regiões, num convite à descoberta de um Portugal real.

Depois de darmos a conhecer o novo ICC – Integrated Control Centre da easyJet é a vez de publicarmos um artigo sobre o plano estratégico da companhia aérea para a modernização do espaço aéreo, renovação da frota, assim como a aposta em combustíveis sustentáveis e em aviões sem amissões de CO2.

Se Johan Lundgren, CEO da easyJet, admite estarem “entre as companhias aéreas que mais esforços dedicam a este tema, o que significa, atualmente, reduzir em 5% as emissões, e objetivos de “alcançar uma redução de 35% até 2035”, o ministro da Aviaçáo do Reino Unido, Mike Kane, admite “estarmos a aproximar-nos da realidade de virmos a ter voos movidos a hidrogénio, em 2035”.

Inaugurado em maio, o Queen Anne é o mais recente navio de cruzeiro da Cunard Line e esteve em Lisboa a 19 de setembro, numa escala que motivou a visita de um grupo de agentes de viagens portugueses convidados pela Mundomar Cruzeiros, que representa a companhia em Portugal, que pôde conhecer, em primeira mão, a nova rainha desta companhia de cruzeiros norte-americana.

Finalmente, no dossier, dedicado ao Turismo de Saúde e Bem-estar, o secretário-geral da Associação Termas de Portugal (ATP), João Pinto Barbosa, revela, em entrevista, que existem 44 estabelecimentos de termas em funcionamento no país, quase todas deixando o efeito da sazonalidade para trás, por isso abertas a maior parte do ano, e constituindo-se, os principais, e tantas vezes únicos, dinamizadores das economias locais e da criação e retenção de emprego nas regiões do interior e de baixa densidade.

Além, do “Check-in”, as opiniões pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), João Freitas (Highgate Portugal) e Sónia Brochado (BTRUST).

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Edição Digital: WESGRO, L’exquis, Adecco, ICC da easyJet e Turismo no Interior

A nova edição do jornal Publituris faz capa com a entrevista a Wrenelle Stander, diretora-executiva da WESGRO, que esteve de visita a Portugal para a concretização de diversas parcerias económicas e comerciais, sem esquecer, claro, o turismo.

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A primeira edição do mês de setembro do jornal Publituris faz capa com Wrenelle Stander, diretora-executiva da WESGRO – Agência oficial de promoção do Turismo, Comércio e Investimento da Cidade do Cabo e do Cabo Ocidental – que veio a Portugal para concretizar diversas parcerias económicas e comerciais, não deixando de aproveitar a oportunidade para promover a cidade, a região e o país a nível turístico. Relativamente ao mercado português Wrenelle Stander espera “aumentar potencialmente a quota de mercado em Portugal”, considerando que “Portugal pode ser um polo importante para o turismo na África do Sul”.

Na “Distribuição”, damos a conhecer a L’exquis, uma agência de viagens de luxo, que nasceu em Portugal no início do ano, para dar resposta a esta tendência de mercado de alta sofisticação que tem crescido no nosso país com a chegada de cada vez mais americanos (EUA e Canadá) asiáticos e russos endinheirados que não se importam de pagar, quer em férias ou em viagem de negócios, o que for preciso, para uma experiência única no nosso país. A empresa aliou-se a parceiros de alta qualidade para lhes dar o que pretendem: viagens, experiências, eventos, concierge, além de poderem pagar em criptomoedas.

No “Alojamento”, desde a pandemia, a hotelaria tem vindo a deparar-se com a escassez de recursos humanos, num problema que parece estar a melhorar muito por culpa da contratação de colaboradores estrangeiros, que vêm aumentar a diversidade das equipas. E, apesar de alguns desafios, parecem ser muitas as vantagens associadas à diversidade dos recursos humanos, como diz ao Publituris Inês Parreira, Branch Manager Lisboa Hospitality da Adecco Portugal.

No início de setembro, o Publituris visitou o novo ICC – Integrated Control Centre da easyJet, local que concentra a gestão de todas as operações da companhia aérea low cost britânica, que abriu em maio e recorre à Inteligência Artificial (IA) para controlar os cerca de 2000 voos diários da transportadora. Nesta edição damos a conhecer este centro, que é a nova joia da coroa e motivo de orgulho para a easyJet.

Portugal tem vindo a apostar no objetivo de espalhar o turismo por todo o território e ao longo de todo o ano, numa estratégia que parece estar a dar frutos e que merece um balanço positivo por parte de autarquias e de outros agentes regionais. O forte crescimento turístico registado desde a pandemia, inclusive por parte de mercados estrangeiros, é animador, mas o desafio passa agora por manter esse aumento, sempre com a sustentabilidade em mente. Por isso, dedicamos o dossier desta edição ao “Turismo no Interior”.

Além do PULSE REPORT, numa parceria entre o Guestcentric e o Publituris, as opiniões pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor), Carlos Torres (jurista e professor na ESHTE), Márcia Ferreira (CEO da Mainvision), Joaquim Robalo de Almeida (ARAC), Pedro Castro (SkyExpert).

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Edição Digital: A “guerra” ao turismo de massas, Europcar e tecnologia no turismo

A “guerra” ao turismo de massas, a estratégia do Europcar Mobility Group para a mobilidade sustentável, e um dossier dedicado à tecnologia no turismo são alguns temas da nova edição do Publituris.

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A fechar o mês de agosto, a nova edição do Publituris faz capa com um tema que tem vindo a ser cada vez mais frequente. Várias cidades europeias entraram em guerra aberta ao turismo de massas, tomando diversas medidas, umas que até fazem algum sentido, outras consideradas absurdas e despropositadas, com consequências que podem vir a “matar” uma das atividades fundamentais para a economia de muitos destinos turísticos. Equilíbrio, prudência e bom senso devem ser as palavras-chave. Fazemos aqui apenas uma passagem pelo que está a acontecer não só em Portugal como por esta Europa fora, prometendo voltar a este assunto mais vezes.

Nesta edição, uma pouco mais curta, dado o período de férias, falámos, também, com Isabel Martinez, Deputy Manager Director do Europcar Mobility Group em Portugal e Espanha, que revelou que, com as mudanças na área da mobilidade, o grupo tem apostado nos veículos elétricos com o objetivo de se colocar na “vanguarda da mobilidade sustentável”.

A responsável do grupo refere ainda que “Portugal é um dos países que demonstrou maior capacidade de recuperar os níveis de turismo internacional registados na pré-pandemia”, considerando que no setor rent-a-car, a Europcar tem “aproveitado esta tendência de procura”.

A fechar, um dossier dedica à tecnologia no setor do turismo. Atualmente, pensar qualquer setor de atividade sem tecnologia é impossível. No setor do turismo, onde o consumidor mudou (e muito) com a pandemia, a adaptação às novas exigências e necessidades passam exatamente pela adoção de tecnologia em todo e qualquer passo. E se alguém tiver dúvidas, basta recordar que hoje tudo está na palma da mão.

Ouvimos diversos profissionais de empresas com soluções para o setor do turismo e entrevistámos o diretor do Tourism Innovation Hub da Mastercard, Quim Martínez.

Além do “Check-in”, as opiniões desta edição pertencem a Francisco Jaime Quesado (economista e gestor) e Amaro F. Correia (docente na Atlântico Business School).

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