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Por Turismo Cultural entendemos os “movimentos das pessoas em busca de motivações essencialmente culturais, tais como excursões de estudo, teatralizações e excursões culturais, viagens para festivais e outros eventos culturais, visitas a localidades e monumentos, viagens para estudar a natureza, folclore ou arte e peregrinações” (OMT, 2004).
A OMT prevê que, até 2020, o turismo cultural tornar-se-á numa das suas formas de foco (e.g. Boyd, 2002, Frangialli, 2002 and Light and Prentice, 1994, citados por Niemczyk, 2013). Isto sugere que existe um enorme potencial de crescimento na procura dos produtos turísticos com base em valores culturais.
De acordo com dados da UNESCO, o Turismo Cultural, Natural e Patrimonial é o “sector do turismo que apresenta um crescimento mais rápido na indústria do turismo”.
Embora seja difícil estimar a atual dimensão deste fenómeno, o OCDE e a OMT estimavam que em 2007 o turismo cultural representava 40% de todo o turismo internacional (bem acima dos 37% em 1995) (Mintel, Cultural and Heritage Tourism-International, 2011).
Em Portugal, o estudo realizado pelo Turismo de Portugal, IP (2014), sobre a Satisfação dos Turistas que nos visitam, aponta que nossos principais mercados emissores são a Espanha, França, Reino Unido, Escandinávia, Alemanha e Brasil. A Oferta Natural e Cultural, através das Paisagens e da Gastronomia e Vinhos, e a Hospitalidade com a Simpatia da População local, representam os pontos fortes de Portugal, na medida em que são considerados os touch points com melhor performance simultaneamente ao nível da satisfação e do cumprimento face às expectativas.
Ainda de acordo com este estudo, as principais motivações associadas às viagens realizadas nos últimos 3 anos pelos turistas que nos visitam, e independentemente do país escolhido, estão sobretudo relacionadas com a praia (50%), city breaks (40%), visitas a museus e património histórico (39%) e passeios na natureza (32%). Destacando alguns números:
– 80 % dos turistas que nos visitam mostram-se muito satisfeitos com a oferta natural e cultural;
– 65 % dos turistas visitou monumentos e museus durante as férias em Portugal (73 % muito satisfeitos);
– 45% dos turistas realizou actividades culturais (67% muito satisfeitos).
Fazendo uma análise, necessariamente sumária, do potencial competitivo de Portugal, em termos de Turismo Cultural, poderá distinguir-se:
– Património edificado muito diversificado (monumentos, igrejas, sítios, centros históricos);
– Património imaterial atractivo (tradições, gastronomia, hospitalidade);
– Museus, artes criativas contemporâneas;
– Áreas naturais, paisagens culturais;
– Dimensão territorial adequada;
– Ser um destino europeu próximo.
Neste contexto, torna-se necessário considerar-se os seguintes aspectos:
– A oferta deve ser capaz de exceder as perspectivas do cliente na descoberta do Património;
– Englobar produtos regionais – gastronomia;
– Conhecer o cliente;
– Antecipar as tendências internacionais;
– Acrescentar valor na oferta;
– Criar uma experiência global sobre o que se visita;
– Criar redes de colaboração;
– Reforçar a relação turismo – património – cultura;
– Estamos num momento em que se reinterpreta o património;
– O património também é território, é paisagem, logo envolve muitos atores;
– Há a necessidade de envolver as populações no fenómeno turístico;
– O turista procura genuinidade e não “cidades fantásticas” criadas para turistas;
– Procura-se a experiência autêntica, a “atmosfera do lugar”.
No passado 22 de Maio do corrente ano, em Coimbra, local de excelência do turismo cultural e patrimonial, abriu as suas “portas” para uma primeira conferência, ainda sem inauguração formal, o novo e maior investimento feito no Centro de Portugal, para este efeito – o renovado e ampliado Convento de S. Francisco – verdadeiro Centro Cultural e de Congressos que servirá num futuro muito próximo a região e o País.
Trata-se de uma nova infraestrutura que, na expressão do Reitor da Universidade de Coimbra, “é maior que a cidade, a região e o País”.
Atendendo ao contexto territorial e às suas sinergias, constitui um elemento absolutamente decisivo para a captação de grandes eventos, seminários e congressos, posicionando o centro do país, num verdadeiro destino de MI.
Importa, ainda:
– Aproveitar as marcas presentes no território (Aldeias Históricas, Aldeias do Xisto, Castelos e Muralhas do Mondego, Templários, etc);
– Estabelecer diálogos profícuos entre as Universidades, a Administração Central, a Administração Local, e as empresas;
– Efectivar o envolvimento dos agentes culturais;
– Implementar modelos eficazes de gestão, promoção, comercialização (importância das parcerias);
– Sensibilizar agentes económicos (turísticos e outros) para novas oportunidades de negócio;
– Criar produtos atractivos para os turistas e viáveis para os operadores turísticos;
– Aproveitar as novas tecnologias de informação;
– Promover diálogo entre património histórico e a criação contemporânea;
– Criar condições para a fidelização do visitante;
Trata-se, afinal, de construir um novo futuro para esta região e para o país. Citando um dos nomes maiores de Coimbra: Cada época é definida pelo que apresenta de novo, de especificamente seu. Pode não ser um alto pensamento filosófico, uma grande reforma moral, uma arte requintada, uma ciência generosa. Mas há-de ser a dádiva de qualquer uma dessas manifestações humanas, ou todas, numa concepção inteiramente inédita, original, inconcebível noutro tempo da história.
Diário (1943), Torga;
Até porque, “todo o turismo” é cultural.