“Só acredito na iniciativa privada”
Em entrevista, Álvaro Covões, director-geral da Everything is new, que defende a existência de um Ministério da Cultura e do Turismo, considera que os privados devem desenvolver sinergias para aumentar os conteúdos dos destinos de forma a atrair mais turistas.
Raquel Relvas Neto
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Em entrevista, Álvaro Covões, director-geral da Everything is new, que defende a existência de um Ministério da Cultura e do Turismo, considera que os privados devem desenvolver sinergias para aumentar os conteúdos dos destinos de forma a atrair mais turistas.
De que forma é que os espectáculos e o turismo estão interligados?
Nós fazemos parte da indústria do turismo, estamos na indústria do entretenimento que obviamente tem uma ligação directa e vive do turismo. Por exemplo, quando vendemos os One Direction, só a título de exemplo, em mais de 40 mil bilhetes, vendemos 520 na Madeira. Significa que vêm 520 pessoas de avião, vão ter de ficar a dormir no Porto. No distrito de Faro, vendemos 1200 bilhetes. Há aqui uma lógica de turismo, tanto interno, como externo, que faz com que as pessoas viagem por causa dos conteúdos que se oferecem. O que é que traz uma pessoa a Lisboa ou ao Porto? Obviamente que é a oportunidade de conhecer, mas acima de tudo vêm atrás de algo de especial que lá aconteça. Se houver uma exposição da Joana Vasconcelos no Palácio Real, a primeira exposição do Museu do Prado em Lisboa, o concerto do Leonardo Cohen ou se houver outro tipo de eventos, até mesmo corporativos, faz com que as pessoas se desloquem. Portanto, os espectáculos estão directamente ligados ao turismo.
Quer isto dizer que os eventos e o turismo têm de andar de mãos dadas?
Completamente, nós somos o motor do turismo. Não tenho a menor dúvida.
Como avalia a importância do Turismo em Portugal?
A primeira indústria portuguesa é o turismo. Acho que representa muito mais do que 10% do PIB, mas vamos imaginar que só representa 10% do PIB. É extraordinário como a primeira indústria não tem um ministério. É uma coisa estranha. Se pensarmos, por exemplo, que a Defesa tem um ministério e 34 mil militares, é um bocado estranho como é que o Turismo, que só em criação de emprego nos últimos quatro meses gerou 44 mil empregos, não é um ministério? E mais estranho ainda, mesmo sendo Secretaria de Estado, que não é nenhum demérito, não está ligado à Cultura. Ou seja, a Cultura tem Primeiro-Ministro, o Turismo tem ministro da Economia. O que significa isto que a correlação entre as duas pastas não é a mesma coisa do que se estivessem debaixo do mesmo chapéu. Acho que estamos a perder oportunidades, porque cada vez que se decide fazer uma política cultural, como não está debaixo do chapéu do Turismo, não há essa contratação e perdemos essa grande oportunidade e, hoje em dia, já não nos podemos dar ao luxo de esbanjar.
E de que forma deveria ser constituído o Ministério do Turismo e da Cultura e com que objectivos?
Para já de desígnio nacional, turismo. Quando veio a ‘troika’ ouvi os políticos, o Governo, pelo menos os “não loucos”, as pessoas sérias e com discernimento dizer uma coisa importante: “Temos urgentemente que exportar, porque temos que equilibrar as contas públicas”. Para já porque importávamos mais do que exportávamos, o dinheiro estava a sair todo. Depois havia o problema da criação de riqueza, porque para aumentar o PIB, a criação de emprego, gerar mais impostos, temos de exportar, exportar, exportar. Mas não ouvi ninguém dizer que a primeira indústria que está pronta a duplicar as exportações, o primeiro exportador é o turismo e era a única indústria que estava pronta a dizer “sim senhora, sr. Governo, estamos prontos para duplicar as vendas a partir de amanhã”. É o turismo, porque tem camas, tem tudo. Ninguém falou nisso, porque agora estamos muito excitados com a indústria do calçado onde um operário ganha 485 euros. E um operário bom na hotelaria não ganha 485 euros, ganha mais, porque é uma indústria que paga mais, paga melhor.
Obviamente, que para se dar importância a isto, tem que ser um ministério, que tenha um ministro que seja da Cultura e do Turismo, obviamente que depois temos que separar as Secretarias de Estado, porque há interesses diferentes. Agora, quando se fazem determinadas políticas, assim seria muito mais fácil por exemplo, quando se fazem grandes eventos internacionais, ligar o património, por exemplo em Lisboa, os Jerónimos, a Torre de Belém, os Coches ao evento, porque está tudo debaixo do mesmo chapéu. Ou seja, o que estamos a fazer com a Direcção do Património, que não envolve a Secretaria de Turismo, é um bocado estranho. Estamos no fundo a actuar no Turismo, estamos a enriquecer o conteúdo cultural do país.
Leia a entrevista na íntegra na edição n.º 1257 do Publituris na edição impressa ou na edição digital disponível para Ipad e Android.