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Espanha prepara-se para receber 115 milhões de turistas estrangeiros nos próximos anos
Os dados mais recentes de um estudo da Braintrust colocam Espanha a ser visitada por 115 milhões de turistas internacionais em 2040. Ao mesmo tempo, as receitas irão bater recordes ano após ano.
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O “Barómetro do Turismo” da Braintrust prevê um aumento significativo da chegada de turistas internacionais a terras espanholas nos próximos anos. A consultora afirma espera um crescimento sustentado do turismo estrangeiro ao longo do tempo, posicionando a Espanha como o mercado líder em viajantes internacionais nas próximas décadas, atingindo 115 milhões de viajantes por volta de 2040, o que a coloca no topo do pódio, como o primeiro mercado recetivo de turistas no mundo, à frente da França.
Com uma previsão de mais de 91 milhões de turistas internacionais para este ano, e gastos na ordem dos 125.000 milhões de euros, os cálculos apontam para que estes valores sejam significativamente ultrapassados nos próximos anos. O contexto internacional, a evolução da economia e as ações levadas a cabo pelos diferentes destinos podem influenciar a continuação da quebra de recordes não só em número, mas também em gastos, juntamente com a promoção que a Turespaña está a levar a cabo no estrangeiro.
De facto, as comunidades autónomas e os municípios de Espanha estão a atualizar e a planear cada vez mais as suas políticas turísticas com vista ao crescimento, prevendo-se que, a nível nacional, o peso do turismo ultrapasse os 15% nas próximas décadas, valor que já é ultrapassado em comunidades como as Baleares e as Canárias.
Alguns lugares, como os destinos incipientes, procurarão a quantidade e outros, como os destinos maduros, procurarão a qualidade, já que esta indústria turística representa uma grande parte do PIB dos diferentes territórios, como mostra o mapa elaborado pela Braintrust.
Para Ángel García Butragueño, diretor de Turismo da Brantrust, sublinha que o turismo “volta a revelar-se o motor económico do país, com uma força e uma resiliência avassaladoras dignas de elogio, cujo peso aumentará no futuro graças à extraordinária proposta de valor”.
O responsável da área de turismo da consultora refere ainda que “Espanha é chamada a liderar o setor a nível mundial num modelo de turismo sustentável, tanto do ponto de vista económico, área em que já trabalhou no passado, como do ponto de vista social e ambiental. Para tal, deveria ser implementada uma política de Estado para o turismo sustentável, como a planeada pela Secretaria de Estado do Turismo até 2030, à qual se juntou o manifesto do Conestur sobre o assunto”.
E respondendo de certa forma às críticas que são feitas ao turismo no país vizinho, Butragueño frisa que “Espanha não pode nem deve viver sem turismo, mas esse turismo deve ser muito diferente, com uma mudança absoluta de paradigma”.
“Neste dilema da quantidade ou da qualidade dos viajantes internacionais, dependendo das necessidades de cada destino, surgem algumas questões sobre como serão os novos turistas internacionais no futuro, uma vez que Espanha está a beneficiar da situação económica, social e geopolítica mundial, que devemos aproveitar, fidelizando os turistas estrangeiros, oferecendo-lhes experiências únicas que lhes permitam repetir e um maior gasto médio diário”, diz o diretor de Turismo da Braintrust.
Menos Europa. Mais Américas e Ásia
Assim, indica a consultora, é muito provável que estes novos turistas não sejam europeus e, se o forem, não serão dos mercados mais tradicionais, como o Reino Unido, a Alemanha ou a França, reduzindo o peso dos mercados emissores tradicionais para menos de 70%.
Embora os mercados emissores europeus representem atualmente três quartos dos viajantes, o aumento de viajantes provenientes das Américas (tanto dos EUA como do resto do continente) e do resto do mundo, especialmente dos países asiáticos, indica que pelo menos um terço dos viajantes não virá dos mercados emissores tradicionais.
“No futuro, os novos visitantes de Espanha não virão apenas para relaxar ao sol e à praia. Cada vez mais, há uma tendência para viagens ‘mistas’, ou seja, lazer misturado com trabalho, um evento (concerto, espetáculos …) combinado com alguns dias de relaxamento ou mesmo experiências culturais e gastronómicas acompanhadas de um pouco de sol”, admite Butragueño.
As estimativas da Braintrust mostram que mais de 25% dos viajantes virão por este tipo de motivações mistas, ao mesmo tempo que o peso dos meses de verão no número total de chegadas está a diminuir progressivamente e se prevê que fique abaixo dos 30% (em número de viajantes) em comparação com os 38% que representava há alguns anos.
Em consonância com as diferentes motivações para visitar Espanha, observar-se-á também uma diversificação dos destinos. As seis principais comunidades autónomas que representam atualmente mais de 90% das chegadas de viajantes (Andaluzia, Baleares, Canárias, Catalunha, Valência e Madrid) verão a sua quota reduzida a favor de outras com menor peso atual.
“Esta redução não será rápida, mas far-se-á gradualmente, como indicam as nossas previsões para os próximos anos, com regiões como a Galiza, as Astúrias, o País Basco, Navarra, Castela Leão, Castela La Mancha e a Extremadura a ganharem adeptos pela sua oferta turística, longe do tradicional sol e praia”, considera o diretor de Turismo da Braintrust.
Gasto médio diário duplica face a 2022
Da mesma forma, é muito provável que o novo visitante não viaje com um pacote turístico, estimando-se que esse número ronde, no futuro, os 30% o farão. No que respeita ao alojamento, as previsões indicam que, enquanto 2 em cada 3 ficarão em estabelecimentos hoteleiros, 1 em cada 3 optará por outro tipo de alojamento.
Relativamente aos gastos médios dos novos viajantes internacionais que visitarão Espanha, a Braintrust estima que se situarão, em média, entre 2.000 e 3.000 euros, o que, tendo em conta a estadia (aproximadamente oito dias), significa um gasto médio diário entre 200 e 300 euros, quase o dobro do que era gasto antes da pandemia.
Neste capítulo, a consultora estima que, em 2030, a despesa média diária duplicaria em relação a 2017, com um valor aproximado de 280 euros por dia, e entre 2035 e 2040 a despesa média diária poderia aumentar para 340 euros por dia, duplicando o valor de 2022.
A concluir, José Manuel Brell, partner responsável pela prática de Quantitative Research & Modelling e Tourism & Leisure Industry da Braintrust, refere que o estudo levado a cabo pela consultora revela um “perfil de turistas estrangeiros relativamente diferente do que temos tido tradicionalmente, tanto em termos da sua origem como das suas motivações, o que conduz a um gasto médio diário mais elevado nos próximos anos. Um turista que se assemelha mais ao protótipo de que tanto se fala nos discursos em que se procura a qualidade e não a quantidade”.
Contudo, Brell termina admitindo que para alcançar os tais 115 milhões de turistas internacionais, “temos de garantir que a chegada de visitantes traz mais benefícios à nossa sociedade do que os danos que causam. É a única forma de conseguir um modelo de sucesso”.