Banco Mundial sublinha aposta de Cabo Verde no digital e dependência do turismo
Depois de enfrentar uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística por causa da pandemia, o Banco Mundial antevê “um crescimento médio de 5,3% entre 2023 e 2025, liderado pela recuperação do turismo e investimento nos setores das TIC, energias e pesca”.
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O Banco Mundial alerta para a “dependência excessiva do turismo” em Cabo Verde e os impactos que o Setor Empresarial do Estado (SEE) ainda pode representar nas contas públicas, reconhecendo a importância da anunciada aposta no ‘hub’ digital.
“O modelo de desenvolvimento é caracterizado por uma dependência excessiva do turismo, forte presença do Governo na economia e grandes fluxos de Investimento Direto Estrangeiro direcionados a hotéis ‘all inclusive’ [tudo incluído], com pouca conexão com outros setores da economia”, refere o relatório “Cabo Verde Economic Update 2022”, apresentado recentemente na Praia pelo Banco Mundial.
O documento, sobre o estado da economia, intitulado “Potenciais Dividendos Digitais de Cabo Verde”, acrescenta que o “choque resultante da COVID-19 gerou a maior contração económica já registada e expôs as vulnerabilidades económicas do país”.
Contudo, essa crise “veio destacar ainda mais” o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) “no aumento da produtividade e da resiliência da economia de Cabo Verde”.
O relatório descreve que antes da crise Cabo Verde teve “um crescimento económico robusto e acelerado, impulsionado por um setor do turismo próspero e beneficiando de profundas reformas estruturais”, incluindo as reformas no SEE, e com “a contenção fiscal, que fez reduzir a dívida”, salientando que “a crise reverteu esse progresso”.
O arquipélago enfrenta uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística desde março de 2020 – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e do emprego -, devido às restrições impostas com a pandemia de covid-19.
Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 impulsionado pela retoma da procura turística, sobretudo no último trimestre. Para 2022, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, nomeadamente a escalada de preços, o Governo cabo-verdiano baixou a previsão de crescimento de 6% para 4%.
“Estima-se um crescimento médio de 5,3% entre 2023 e 2025, liderado pela recuperação do turismo e investimento nos setores das TIC, energias e pesca. A consolidação orçamental gradual, necessária para restaurar a sustentabilidade da dívida, sustentará o crescimento”, aponta o relatório.
O Banco Mundial descreve que a crise provocada pela pandemia “continuou a afetar negativamente” o SEE, “exigindo apoio fiscal adicional e levando à reversão da privatização da Cabo Verde Airlines (CVA)”, em julho de 2021.
O documento identifica que Cabo Verde concedeu 52,4 milhões de dólares (51,7 milhões de euros) em garantias do Estado a empréstimos a empresas públicas em 2020, praticamente metade à CVA, que tinha sido privatizada (51% vendida a investidores ligados ao grupo Icelandair) em 2019. Em 2021, essas garantias adicionais para empréstimos ao SEE ascenderam a 43,6 milhões de dólares (43 milhões de euros), novamente impulsionadas pela CVA, com 20,1 milhões de dólares (19,8 milhões de euros).