Air France afirma em Lisboa a sua trajetória rumo à descarbonização
São mil milhões de euros anuais que a Air France tem destinados à renovação da frota, até 2025. Tudo para reduzir a pegada ambiental e as emissões de CO2, poluição sonora, mas também para proteger a biodiversidade e combater o desperdício. Para tal, o SAF é essencial na estratégia “ACT” da companhia francesa.
Victor Jorge
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Depois de apresentado o “Air France ACT”, programa que define a nova trajetória de descarbonização da companhia francesa, a 13 de abril, os responsáveis da Air France vieram a Lisboa revelar os compromissos para reduzir a sua pegada ambiental.
Vincent Etchebehere, diretor de Desenvolvimento Sustentável e Novas Mobilidades da Air France, referiu no encontro realizado no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, que a estratégia assenta em três pilares fundamentais: descarbonizar (o que acontece através da renovação da frota); uso progressivo do SAF (Sustainable Aviation Fuel – Combustíveis de Aviação Sustentáveis); Eco-piloting (responsabilidade na pilotagem e no consumo de combustível no ar e no solo).
No fundo, afirmou o executivo da Air France, “encontramos uma palavra que traduzisse exatamente o que pretendemos na Air France: agir [ACT]. Temos de perceber que o desafio da descarbonização não é somente da Air France ou do setor da aviação, é global”.
Etchebehere admitiu, igualmente, que, nesta questão, “não podemos ser demasiado pessimistas, mas também não podemos ter um otimismo exacerbado e não pensar que a tecnologia irá fazer tudo. Não podemos agir daqui a cinco ou 10 anos. Se não agirmos hoje, agora, prejudicaremos tudo e todos”.
Apontando uma clara estratégia na direção do SAF (Sustainable Aviation Fuel), Etchebehere afirmou que as decisões da Air France são tomadas com base científica, nomeadamente na Science Based Targets initiative, para atingir o objetivo de chegar a 2050 com zero emissões, revelando que para tal, “temos um investimento de mil milhões de euros anuais até 2025 para a renovação da nossa frota”. Isto porque a companhia pretende que, partindo de uma frota (7%) renovada de acordo com as políticas de descarbonização, em 2021, se atinja 45% da frota renovada, em 2025, e 70%, em 2030.
Até porque, no que toca à outra possibilidade em estudo – o hidrogénio – Etchebehere admite que o primeiro voo possa acontecer em 2035, mas que até lá “não podemos ficar de braços cruzados”.
Esta renovação já se tinha iniciado com os novos Airbus A350 e foi agora continuada com os A220, avião que efetuou a viagem a partir do aeroporto Paris-Charles de Gaulle em direção a Lisboa, na versão médio curso, tendo sido realizado outro voo (longo curso), com partida do mesmo aeroporto francês, mas com destino a Montreal (Canadá) com o A350.
De resto, segundo os responsáveis da Air France, estas aeronaves de última geração, estão no centro da estratégia de renovação da frota da companhia, consumindo entre 20 a 25% menos combustível do que os aviões da geração anterior, com uma redução de 20% nas emissões de CO2 e diminuindo em 34% a pegada sonora.
Segundo Laurent Perrier, diretor-geral para a Península Ibérica da Air France, “toda esta estratégia leva tempo e é importante criar o awarness relativamente ao que se está a fazer no campo da descarbonização. Este é o principal desafio de hoje e do futuro”, reconheceu o executivo.
“Temos de trabalhar em conjunto” afirmou Perrier, revelando que todos os dados relativamente à redução das emissões e descarbonização serão partilhados, de modo que todos possam melhorar as suas estratégias e performances. “Esta entreajuda e partilha não é só válida para as companhias aéreas, mas para fabricantes, aeroportos, consumidores e passageiros”.
De resto, Vincent Etchebehere revelou que as emissões da aviação civil, em 2019, rondaram mil milhões de toneladas de CO2, correspondendo a cerca de 2,4% das emissões globais. “Mas não nos podemos esquecer que os dados nos mostram que, entre 2005 e 2019, as emissões do setor aumentarem 40%. Por isso, embora não sejamos dos setores mais poluidores, aumentámos demasiado a nossa pegada ambiental”.
Ou seja, “basicamente não temos escolha, não há outra opção senão redução as nossas emissões e é isso que não sentimos somente na Air France, mas em todas as companhias aéreas. Somos concorrentes, mas neste capítulo somos parceiros”, concluiu Etchebehere.
*Leia a entrevista a Vincent Etchebehere, diretor de Desenvolvimento Sustentável e Novas Mobilidades da Air France, na próxima edição do Publituris