“Uma BTL forte é fundamental para a marca Portugal e para todo o setor”
A pouco mais de um mês do arranque da BTL 2022 e após dois anos de interrupção, Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal, crê que, apesar das dúvidas e incertezas, “a BTL possa representar o primeiro passo para a recuperação efetiva” do setor do turismo.

Victor Jorge
BTL
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Depois de marcar presença na FITUR 2022, a Turismo do Centro marcará presença na BTL 2022, a realizar na FIL de 16 a 20 de março. Depois de um ano de 2021 que “correspondeu à tendência de recuperação”, a expectativa do presidente da entidade, Pedro Machado, para 2022 é de “é continuar a alcançar bons resultados”. No àmbito de uma série de entrevista que o Publituris publicará sobre a BTL 2022, Pedro Machado pede à organização do evento que esta seja “uma referência internacional, com potencial de mobilizar países, empresas e marcas de todo o mundo”, até para que a marca “Centro de Portugal” saia desta edição da BTL com a sua “notoriedade reforçada junto dos diferentes públicos da feira, tanto em termos nacionais, como internacionais”. A isto Pedro Machado acrescenta dois aspetos muito importantes: “mais projetos e mais negócios”.
Que expectativas possui relativamente à BTL 2022 a menos dois meses do início do evento e depois da não realização em 2020 e 2021?
São muitas as expetativas quanto à BTL 2022, após dois anos de adiamento desta que é a maior feira nacional de turismo. Por um lado, é a vontade de vermos alguma normalidade reposta no setor do turismo, que a realização deste grande evento representa; por outro, é um sinal que damos ao país e ao mundo, despertando consciências para a importância da retoma deste setor para a economia nacional; e por fim, pela necessidade de reencontro dos vários destinos, empresas e empresários, as reuniões e o networking, que são fundamentais para fazer avançar projetos e gerar novas ideias.
O que poderemos esperar da participação do Turismo do Centro nesta BTL 2022?
A Turismo Centro de Portugal estará presente na BTL 2022, com um stand próprio e em estreita parceria com alguns dos seus parceiros fortes da região, nomeadamente as suas comunidades intermunicipais, empresários e instituições. Ainda que com uma participação um pouco diferente do habitual, dadas as circunstâncias pandémicas que vivemos, pretende-se aproveitar esta “montra” para dar destaque a alguns dos nossos principais produtos turísticos, e que estão em linha com as novas tendências do consumidor, em particular, a natureza, o ecoturismo, o enoturismo, o turismo industrial, o nomadismo digital e o bem-estar.
A estratégia do Turismo do Centro terá como alvo o mercado interno ou externo? Que importância possui, neste aspeto, o programa dos “Hosted Buyers”?
A estratégia da Turismo Centro de Portugal tem como alvo o mercado interno e os portugueses. As questões da promoção externa serão tratadas pela Agência Regional de Promoção Turística do Centro de Portugal, que também estará representada, no stand do Turismo de Portugal. Nesse âmbito, consideramos ser fundamental o programa dos “hosted buyers”.
Entretanto, a ITB já cancelou o evento presencial, que se deveria realizar uma semana antes da BTL, a FITUR acaba de ter uma edição que superou, segundo os presentes, as expectativas, a BIT de Milão também foi adiada. Como se gere esta expectativa e dúvida relativamente a medidas e restrições que poderão ser colocadas a qualquer hora e dificultar ou até impossibilitar a participação?
Esta é quase uma “navegação à vista”, a que já nos habituámos com o aparecimento da pandemia em 2020. Há questões que se mantém, outras que vamos ajustando, sempre no sentido de gerirmos os recursos que investimos, na proporção de eventuais “surpresas” que possam surgir. Desde adiamentos, cancelamentos, mudanças no modelo de participação … esta é uma gestão difícil, e um dos maiores desafios com que nos defrontamos atualmente. E isto vale para a BTL, como para qualquer outro evento ou ação de promoção.
Este poderá ser o evento da retoma para o setor do turismo ou ainda existem demasiadas dúvidas e incertezas?
Acredito que continua a haver muitas dúvidas e incertezas, até porque, como vimos, a vacinação não resolveu todos os problemas. A nossa expetativa seria que, com a vacinação, no final de 2021 e no início de 2022, já seria permitido circular com mais segurança e com mais vontade. Estamos certos de que a vontade existe, mas o surgimento da variante Ómicron veio trazer dificuldades acrescidas ao setor, com o confinamento de milhares de portugueses. Ainda assim, e como sou uma pessoa de fé, acredito que as coisas irão melhorar, e que a BTL possa representar esse primeiro passo para a recuperação efetiva do setor.
Falando agora especificamente do Turismo do Centro, como correu o ano de 2021 e que expectativas possuem, aos dias de hoje, relativamente a 2022?
Os dados disponíveis até ao momento permitem-nos concluir que, face às circunstâncias, o ano de 2021 correspondeu à tendência de recuperação. Não correu tão bem como desejaríamos, mas esta é uma questão que afeta o mundo inteiro. O Centro de Portugal mostrou estar em linha com as tendências do comportamento do consumidor, no que diz respeito à procura de locais que garantem segurança. Desde logo pela nossa vasta oferta de percursos pedestres, experiências na natureza, as nossas aldeias (Históricas de Portugal, do Xisto, de Montanha), o bem-estar, a espiritualidade, as novas tendências de trabalho remoto, etc… Tudo isto contribuiu para que 2021 tenha sido, globalmente, um ano mais positivo do que 2020. Para 2022 a nossa expetativa é continuar a alcançar bons resultados, e continuar a subir nas dormidas, estada média e RevPar, recuperando o ritmo de crescimento a dois dígitos, alcançado em 2019.
Além da BTL 2022, que outras ações irão desenvolver para este ano de 2022 e que mercados terão como alvo?
As nossas prioridades passam por consolidar o processo de crescimento turístico da região Centro de Portugal, prosseguindo a estratégia de promoção da marca Centro de Portugal a nível nacional e internacional; reforçar a aposta no turismo religioso, não só o católico, com Fátima, mas também o judaico, muito expressivo em territórios de baixa densidade e de fronteira; apostar noutros nichos de mercado – em linha com os 27 mercados em que está presente a marca “Portugal” -, que aproveitem as potencialidades do Centro de Portugal, como são o turismo ativo e desportivo, o turismo cultural e patrimonial ou o turismo de natureza; colocar a sustentabilidade como um desígnio do turismo no Centro de Portugal; e apostar decisivamente na qualificação dos agentes, serviços e produtos da área do turismo, de forma a reforçar a qualidade e diversidade da oferta e, através disso, combater a sazonalidade e aumentar a permanência média na região.
Se tivesse de fazer um pedido à organização da BTL 2022, qual seria?
Que prossigam com determinação a sua estratégia de dar mais visibilidade e notoriedade à BTL, quer dentro, quer fora de fronteiras. Uma BTL forte é fundamental para a marca Portugal e para todo o setor. Uma BTL que seja uma referência internacional, com potencial de mobilizar países, empresas e marcas de todo o mundo. O Centro de Portugal procurará estar ao lado desta estratégia, como até aqui, para dar o seu contributo.
No final do evento, que balanço gostaria de conseguir fazer?
Gostaria que a marca “Centro de Portugal” saísse desta edição da BTL com a sua notoriedade reforçada junto dos diferentes públicos da feira, tanto em termos nacionais, como internacionais. A isto acrescem dois aspetos muito importantes: mais projetos e mais negócios. Mas, e sobretudo, que a BTL marque a agenda nacional e internacional, como o símbolo da retoma que o setor tanto deseja e, permitam-me, que tanto merece.
CENTRO EM RECUPERAÇÃO
De acordo com os dados preliminares relativos à atividade turística no mês de dezembro de 2021, publicado pelo Instituo Nacional de Estatística (INE), a região Centro de Portugal cresceu 33,17% no número de dormidas em alojamento turístico em comparação com o ano de 2020. Esse crescimento foi de 29,12% no caso dos turistas nacionais e de 47,35% no caso das dormidas de turistas estrangeiros, o que evidencia uma recuperação generalizada dos fluxos turísticos no Centro de Portugal. De notar, no entanto, que os 4,5 milhões de dormidas registadas estão ainda aquém dos 7,1 milhões alcançados no ano de 2019.
Esta tendência de recuperação é particularmente evidente se analisarmos os seguintes dados mensais do segundo semestre de 2021 por sub-região/comunidade intermunicipal: os valores de dormidas por mês em 2021 ultrapassaram o número de dormidas nos meses homólogos de 2019 na Região das Beiras e Serra da Estrela (em julho, agosto, setembro, outubro); na Região de Aveiro (outubro e novembro); na Região de Leiria (outubro e novembro) e na Beira Baixa (agosto, setembro, outubro e novembro), devendo salvaguardar-se a informação de que os dados relativos a novembro são preliminares e os acertos que serão feitos podem alterar esta realidade, para esse mês.