Luís Vieira, administrador; Bruno Gomes, responsável de enoturismo; Bento Rogado, responsável viticultura; Vera Moreira, enóloga; Ana Matias, comunicação e relações públicas
Quinta do Gradil, experiências ‘tailor made’
Localizada na região vitivinícola de Lisboa, a quinta dá-se a conhecer ao público não só pelo vinho, mas também através do enoturismo e de experiências feitas à medida, num piscar de olhos ao segmento corporate.
Paula Silva
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Localizada na região vitivinícola de Lisboa, a quinta dá-se a conhecer ao público não só pelo vinho, mas também através do enoturismo e de experiências feitas à medida, num piscar de olhos ao segmento corporate.
Situada nos contrafortes da serra de Montejunto, perto do Cadaval, a Quinta do Gradil – que terá sido pertença do marquês de Pombal – é uma das mais antigas herdades produtoras de vinho da região.
No entanto, a história da marca “Quinta do Gradil” começou a ser contada apenas em 1999, aquando da aquisição dos terrenos por parte de Luís Vieira e seu irmão, cuja família, sempre esteve ligada à produção de vinho.
No ano seguinte, iniciaram-se os trabalhos de reconversão da vinha e 16 anos depois e cerca de seis milhões de euros investidos, a Quinta do Gradil conta com 200 hectares, estando 120 hectares ocupados por vinha e 50 por zona florestal. Da gama “Quinta do Gradil” fazem parte vinhos brancos, tintos, um rosé, uma colheita tardia, um espumante e uma aguardente.
Este projecto passou por três fases. À reconversão da vinha, seguiu-se a modernização da adega que vai ter uma zona superior de passagem para que o visitante não interfira no circuito de trabalho. A última é a do enoturismo e da recuperação do palácio e da igreja, bem como a criação de alojamento para os visitantes da quinta, estas duas últimas ainda em projecto, e com um valor estimado de dois milhões de euros.
Mas se a produção de vinho já vai nos 15 anos, a dinamização da marca através do enoturismo é bem mais recente, contando apenas com cinco anos. Bento Rogado, engenheiro responsável pela viticultura da Quinta do Gradil explica as prioridades: “Primeiro produzir e depois mostrá-lo e não o contrário”.
A Quinta do Gradil quer posicionar-se numa lógica de qualidade e não de massificação. Luís Vieira, administrador, sintetiza: “O desafio que nos auto-impusemos é grande. Queremos ser líderes na região onde estamos.”
Valorização da marca
Só uma década após a chegada dos primeiros vinhos ao mercado é que na Quinta do Gradil se começou a trabalhar a marca, num processo sustentado e gradual. À promoção da marca “Quinta do Gradil” ajudou o facto da região vitivinícola “Estremadura” ter passado a chamar-se “Lisboa”, em 2009.
“Nessa altura começaram a aparecer, por nós e por outros, vinhos de uma qualidade acima da média. O que permitiu que fossemos pioneiros na valorização de uma marca e de uma região que se está a destacar e nós estamos também a contribuir para isso”, disse Luís Vieira.
Uma alteração que veio trazer alguma curiosidade por parte do mercado internacional acerca destes vinhos. “Mas é um trabalho de endurance, que demora,” acrescentou Vera Moreira, enóloga.
A nível de imagem, a “Quinta do Gradil” passou também por um restyling da marca, debaixo de uma chancela que se chama “selos que marcam”, imediatamente por baixo do rótulo, com diferentes cores que identificam o tipo de vinho.
Começaram ainda a enviar garrafas a concurso e os prémios foram chegando em 2012, 2014 e 2015. O Prémio Empresa do Ano da Revista de Vinhos relativo ao ano passado também foi para a Quinta do Gradil, ex-aequo com a Adega Mãe, na mesma região vitivinícola.
Promoção nos mercados
A natural proximidade com Espanha faz com que este seja um mercado prioritário a nível de promoção. Nesse sentido, e integrados na Turismo do Centro, a Quinta do Gradil esteve recentemente na Fitur, em Madrid, a promover a sua oferta mas ainda é cedo para falar de retorno.
Tirando estes eventos pontuais, a promoção no estrangeiro, que ainda é parca, é feita exclusivamente com operadores turísticos. Bruno Gomes, responsável do enoturismo, avança com um número: 70% da promoção é dirigida ao consumidor final.
No caso do mercado brasileiro já aconteceu serem os vinhos a “chamar as pessoas”, como esclarece Bruno Gomes. Depois de conhecerem os vinhos “Quinta do Gradil” no seu país, há visitantes que procuram a quinta para saber de onde vêm os néctares.
As sinergias com os hotéis cinco estrelas da região detentores de campos de golfe também estão a dar frutos. É através destas unidades hoteleiras que chegaram ao mercado nórdico, por exemplo.
Enoturismo
“O enoturismo é a alma, é meter as pessoas dentro da nossa casa,” metaforizou Luís Vieira. A loja, o restaurante (aberto ao público em geral) e os eventos (provas de vinho, corridas na vinha, vindimas…) perfazem as três vertentes do enoturismo da Quinta do Gradil. Todos os meses a Quinta do Gradil promove um evento diferente. Maio é o mês da gastronomia e em todos os jantares de sábado, há um chefe convidado que prepara a refeição. A experiência enogastronómica composta por cinco pratos harmonizados com cinco vinhos “Quinta do Gradil” custa 40 euros.
Já Setembro é por excelência o mês das vindimas. A Quinta do Gradil está a preparar um pacote de um dia com almoço e lanche incluído, chapéu de palha e tesoura de poda e garrafa de vinho, por cerca de 60 euros. Um produto também muito vocacionado para o sector corporate e o team building. Para breve está a instalação de um lagar de pedra à moda antiga para a pisa a pé. Uma atracção para os visitantes na altura das vindimas, mas acima de tudo, um laboratório para produções seleccionadas e novas experiências que não exijam um grande volume de produção.
E como “há muito mais além do que sai da barrica e está na garrafa” como explica Vera Moreira, para Julho está prevista, em Alcobaça, a inauguração de uma unidade industrial de engarrafamento do grupo Parras que também vai ser visitável. Aqui será possível oferecer um serviço chave na mão. Basta trazer as uvas que do resto (fazer o vinho e engarrafamento) tratam eles. Por fim, Bruno Gomes sintetiza que “o objectivo principal é que o cliente possa ter uma experiência mais alargada além do vinho que vê na prateleira do supermercado e que leva para casa para provar. Aqui vem conhecer o produtor, vem conhecer as vinhas, o processo produtivo.” ¶