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Analistas referem que, a curto prazo, inflação parece não impactar turismo em Espanha
Depois de ter registado mais de 85 milhões de turistas e receitas na ordem dos 108 mil milhões de euros, os analistas da Oxford Economics admitem que a inflação parece não impactar o turismo espanhol. Mas advertem que a situação poderá mudar.
Victor Jorge
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Apesar de a inflação, em Espanha, estar a níveis altos, o setor do turismo registou, em 2023, os melhores resultados de sempre, com mais de 85 milhões de turistas a visitar o país, gerando receitas superiores a 108 mil milhões de euros.
Contudo, os analistas Oxford Economics afirmam que a forte atividade turística fará com que a inflação seja “mais rígida” em Espanha do que no resto da zona euro este ano. Quase metade da inflação dos serviços está a ser impulsionada pelos preços elevados dos hotéis e restaurantes, coincidindo com um aumento do número de chegadas de estrangeiros desde o fim das restrições impostas pela pandemia.
“O forte setor do turismo ajudou Espanha a tornar-se uma das economias de mais rápido crescimento na da zona euro, mas é também um fator importante por trás da rigidez da inflação dos serviços em Espanha, que se tem mantido acima dos 4% nos últimos dois anos”, refere a Oxford Economics.
Apesar de ter moderado os aumentos de quase dois dígitos registados em 2022, a inflação nesta categoria (restauração e hotelaria) continua a ser superior a 5%. “O que é mais preocupante é que, depois de eliminar os efeitos de base, os indicadores de dinâmica da inflação indicam que este parece ser um novo normal para o sector, com a inflação a flutuar de forma constante entre 5% e 6% ao longo do ano passado”, salientam os analistas.
Os analistas da Oxford Economics frisam, no entanto, que o setor está a beneficiar de uma forte procura, que parece ser “altamente inelástica em relação aos preços”. Este facto é particularmente evidente nos hotéis, que continuam a ver as suas receitas por quarto aumentar em paralelo com o aumento das tarifas. As taxas de ocupação estão a aumentar apesar de os preços estarem agora quase 30% acima dos níveis pré-pandémicos – quase o dobro do aumento da inflação global – sugerindo “pouco ou nenhum impacto na procura dos consumidores”.
Para 2024, os analistas preveem que a força contínua do setor do turismo significa que será difícil fazer baixar a inflação dos serviços significativamente no decorrer este ano. “Prevemos que a inflação na categoria de hotéis, cafés e restaurantes se mantenha acima dos 5% este ano. Só isso será suficiente para acrescentar quase 2 pontos percentuais (p.p.) à inflação dos serviços, resultando na nossa previsão para a inflação dos serviços seja superior a 3%”.
Para além de 2024, as perspetivas apontam para uma moderação da procura. Embora a equipa da Tourism Economics, pertencente à Oxford Economics, espere que as chegadas de estrangeiros cresçam de forma robusta nos próximos anos, “o aumento do ritmo de crescimento irá diminuir gradualmente”, salientam.
Entretanto, as viagens domésticas que representam um terço de todas as dormidas em hotéis e casas de férias estão a estabilizar e começaram mesmo a diminuir em 2023.
Além disso, sendo a competitividade dos preços um fator-chave para o sucesso do setor turístico espanhol, “pensamos ser provável que o longo período de aumento de preços comece a ter impacto no comportamento dos consumidores”, admitem os analistas da Oxford Economics. Alguns dados sugerem que os consumidores estão a reservar as suas férias mais cedo, tentando beneficiar de descontos antecipados e preços mais baixos. “Pensamos que o poder de fixação de preços do setor nos últimos dois anos não deverá ser sustentado, uma vez que os ventos favoráveis da retoma pós-pandémica e os ‘gastos de vingança’ associados irão desvanecer”.
Consequentemente, os analistas esperam que a inflação em alojamento e, em menor grau nos restaurantes – especialmente nos locais de turismo – “continuará a moderar-se em 2025. Sem sinais de crescimento dos salários ou pressões excessivas sobre a procura a impulsionar os preços dos serviços em termos mais gerais, tal deverá contribuir para que a inflação dos serviços se aproxime dos 2%, fazendo, por seu turno, com que a inflação subjacente também desça”, concluem os analistas.