Principais destinos turísticos do norte de África estimam ano recorde
Os principais destinos turísticos do norte de África, tais como Marrocos, Tunísia e Egito preveem que 2023 será um ano recorde, após conhecerem os resultados da primeira metade, em que tanto as chegadas como as receitas aumentarem acentuadamente. No entanto algumas nuvens negras ainda pairam no ar.
Carolina Morgado
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No final de junho de 2023, todos os indicadores do turismo estavam bem encaminhados nos principais destinos do norte de África, apontando para recordes de chegadas e receitas turísticas em 2023, tanto em Marrocos como na Tunísia e no Egipto, apesar de não estarem reunidas todas as condições, nomeadamente devido ao conflito Rússia-Ucrânia que priva os países da região de fluxo de turistas russos e ucranianos.
No entanto, tudo indica que a recuperação do setor após dois anos de crise sanitária seguida da guerra Rússia-Ucrânia que levou ao disparar dos preços, inclusive das passagens aéreas, é uma realidade tangível. Já, para os primeiros seis meses do ano, a tendência é em geral melhor do que a de 2019, considerado um ano de referência para o setor de turismo mundial. Le 360 Afrique
No final de junho, de acordo com dados fornecidos pelo ministro egípcio do Turismo e Antiguidades, Ahmed Issa Taha, citados pelo jornal “Le 360 Afrique”, as chegadas de turistas rondaram os 7 milhões de visitantes, face aos 4,9 milhões no período homólogo de 2022, um aumento de 42,85%. Com base neste resultado e na esperança de registar picos durante o período de verão, as autoridades egípcias esperam um ano turístico recorde. Claramente, o Egito espera 15 milhões de visitantes em 2023, contra 11,7 milhões em 2022 e 14,7 milhões em 2010, um ano recorde para chegadas de turistas ao país.
Para conseguir este número, foram realizadas várias ações, incluindo uma destinada a facilitar o regresso dos turistas russos. Antes da guerra Rússia-Ucrânia, os turistas destes dois países representavam mais de um terço dos visitantes e rumavam às estâncias balneares egípcias em regime de tudo incluído nos grandes resorts de Sharm el-Sheikh e Hourghada, no Mar Vermelho.
Só que, após o início da guerra, as saídas da Visa e da MasterCard complicaram as viagens dos turistas russos que enfrentam dificuldades de pagamento com cartões bancários. Para superar essa armadilha, as autoridades egípcias, com o acordo da Rússia, agora aceitam o uso do rublo no destino, bem como transações através dos cartões de pagamento Mir da Rússia, uma situação que tem favorecido a volta dos turistas russos à terra das pirâmides.
Outra ação que também impulsionou a chegada de turistas, segundo o mesmo jornal, é a decisão do governo egípcio de flexibilizar as regras para obtenção de vistos de visitantes em benefício de 180 nacionalidades. A esses fatores também se somam os efeitos da recuperação do turismo mundial, que também beneficia o Egito.
Já em relação a Marrocos as chegadas de turistas apresentaram um forte crescimento no final de junho de 2023. Segundo dados oficiais, as chegadas de turistas situaram-se nos 6,5 milhões de visitantes, o que representa um crescimento de 21% face ao mesmo período de 2019, ano de referência pré-Covid. Em junho passado, esse número atingiu 1,4 milhão de visitantes, um recorde nunca alcançado num único mês.
Estas boas performances, revela o jornal online marroquino, são o resultado de vários mercados emissores tradicionais: Espanha (+79%), Reino Unido (+23%) e Portugal (%+16%), ao que se junta-se o mercado israelita que registou um crescimento de 96%.
De acordo com os dados do Observatório do Turismo de Marrocos relativos ao número acumulado de chegadas de turistas durante os primeiros cinco meses do ano, as chegadas de marroquinos residentes no estrangeiro (MRE) aumentaram 48% face ao mesmo período de 2019, enquanto as de estrangeiros os turistas apresentaram apenas um modesto aumento de 4%. Paralelamente, e apesar do forte aumento das chegadas, as dormidas registadas nos estabelecimentos de alojamento turístico classificados diminuíram 2% para 7,1 milhões. Em termos de receitas cambiais, estas ascenderam os 41 mil milhões de dirhams no final de maio de 2023, uma subida de 42% face ao período homólogo de 2019.
Em termos de perspetivas, tudo indica, refere a mesma fonte, que o segundo semestre promete ser igualmente excelente. Além de o período de verão e as festas de fim de ano tradicionalmente atraírem pessoas a Marrocos, as várias parcerias firmadas pelas autoridades com operadores turísticos e agências de viagens online deverão assegurar 2,8 milhões de visitantes durante a atual temporada de verão, ou seja, o dobro do volume garantido durante o verão de 2019.
Na Tunísia também as autoridades e profissionais esperam um bom desempenho em 2023. No final de maio deste ano, 3,2 milhões de turistas visitaram o país, um aumento de 87% em relação ao mesmo período de 2022. Este valor aumenta 3,3% face ao mesmo período de 2019, ano de referência para o setor do turismo. Quanto às dormidas, fixaram-se em 6,26 milhões, mais 54,2% face ao ano passado, mas em baixa, se considerarmos as de 2019.
O presidente da Federação Tunisiana de Agências de Viagens e Turismo, Ahmed Bentaieb, citado pelo Jeune Afrique, aponta que a temporada de verão parece promissora. “Com um aumento de 30% em relação ao ano passado, as reservas em 2023 provavelmente excederão o ano base”.
Esta recuperação do turismo tunisino é impulsionada sobretudo pelo mercado magrebino, com destaque para o regresso dos argelinos e líbios, mas também pelo regresso à normalidade dos clássicos mercados europeus (França, Alemanha, Inglaterra e Portugal).
Recorde-se que, em 2022, o país recebeu 6,44 milhões de turistas e registou 4,28 mil milhões de dinares em receitas turísticas. De janeiro a junho deste ano, as receitas turísticas ascendiam a 2,22 mil milhões de dinares (ou seja, 730 milhões de dólares), um aumento de 54,4%, sabendo que é durante o segundo semestre que o turismo tunisino experimenta um fluxo maior graças ao período de verão. Com isso, os profissionais contam com receitas que podem ultrapassar os 5,5 mil milhões de dinares e se aproximar dos 5,63 mil milhões de dinares verificados em 2019.