“A transformação no turismo é diária” e o posicionamento começa “na pesquisa do turista e não quando ele chega ao destino”
Três ministras e um ministro – Bahrain, Croácia, Georgia e Egito – responsáveis pela pasta do turismo revelaram a visão dos respetivos países para o futuro do setor. A conclusão foi simples: aposta MICE, mais PPP, novas leis e transformação rápida foram, respetivamente, as estratégias definidas.
Victor Jorge
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A pandemia e a atual guerra na Ucrânia fazem com que, mais do que apontar uma tendência, “há que perceber que a transformação é diária”. Esta foi a conclusão da conferência em que foram ouvidos a ministra do Turismo do Bahrain, Fatima Al Sairifa; o ministro do Turismo do Egito, Ahmed Issa; a vice-ministra da Economia e para o Desenvolvimento Sustentável da Georgia, Mariam Kvrivishivli; e a ministra do Turismo e Desporto da Corácia, Nikolina Brnjac.
A ministra do Turismo do Bahrain começou por destacar a importância que determinados eventos possuem para o destino e respetiva economia, dando o exemplo da realização do Grande Prémio de Formula 1(realizado entre os dias 3 e 5 de março de 2023). “O investimento que efetuamos para trazer para o Bahrain a Formula 1 é pago com os visitantes que recebemos ao longo desse período”, salientando que são “mais de 100.000 pessoas por dia que visitam o nosso país para esse evento”, destacando a “promoção que o evento faz por todo o mundo do destino”.
A aposta MICE do Bahrain
De resto, a responsável da pasta do turismo do Bahrain aponta a comunicação como um dos fatores essenciais para ter sucesso. “A comunicação que fizemos, fazemos e continuaremos a fazer é fundamental para o sucesso. No mundo tradicional, medir esse retorno é praticamente impossível, mas as novas ferramentas digitais temos respostas imediatas e conseguimos alterar a nossa comunicação ao segundo. Isso é fundamental para nos posicionar e conhecer melhor e dirigir-nos ao nosso target”.
Assim, para a ministra do Bahrain, o digital “é a maior transformação e que terá de ser utilizada de forma adequada”, destacando o segmento MICE como aquele para o qual as baterias do Bahrain estão, atualmente, apontadas.
A estratégia do Bahrain levou a que fosse construído o maior centro de eventos e congressos da região, revelando a ministra do país que, desde novembro de 2022, o Bahrain já captou mais de uma dezena de grandes eventos internacionais, reconhecendo que, “será a partir desta estratégia que conseguiremos atrair mais turistas e, fundamentalmente, turistas que repetirão a experiência”, com o objetivo do país a passar por atingir, em 2026, mais de 14 milhões de turistas.
PPP determinantes para o turismo croata
Para tal, frisou, “o posicionamento do país não começa quando o turista chega ao destino, mas sim quando esse mesmo turista começa a pesquisar o destino”. Por isso, disse, “a informação tem de ser total, clara e estar disponível em todas as plataformas”.
Da Croácia, a mensagem passada foi direta ao tema da sustentabilidade, sendo que para a ministra do Turismo e Desporto da Corácia, Nikolina Brnjac, a sustentabilidade “já não pode ser encarada como uma tendência, mas sim como uma forma de vida”.
Admitindo que a pandemia reajustou o foco da estratégia do país que tem uma população de quatro milhões de pessoas, mas que recebe, anualmente, mais de 20 milhões de turistas, as políticas governativas passaram por uma maior colaboração entre o público e o privado, reconhecendo Nikolina Brnjac que, “sem elas, teria sido impossível traçarmos um novo rumo para o turismo da Croácia”.
Novo quadro legal para ajudar turismo egípcio
Do Egito, o ministro do Turismo do Egito, Ahmed Issa, referiu que o país se encontra a ultimar um quadro legislativo para o setor privado, de modo a “a dar as respostas adequadas a um setor que se encontra num período de reinvenção” e que “sem essas alterações não conseguirá dar as respostas esperadas pelos turistas nem oferecer o que é procurado”.
Também aqui, a transformação está aposta no digital, estimulando, inclusivamente, o ministro do Turismo do Egito, Ahmed Issa, quem tivesse na audiência da conferência e lhe conseguisse trazer uma estratégia para o digital – Realidade Aumentada e Virtual – que “marcasse de imediato uma reunião”, reconhecendo que “terá de ser nessa vertente que teremos e iremos apostar. O ‘escapismo’ já não terá de ser, forçosamente, físico, e as novas gerações procuram coisas novas e nós, através da tecnologia, seremos capazes de oferecer experiências que são mais baratas a quem nos procura”.
Do Egito também foi passada a mensagem de que qualquer produto turístico “terá de trazer um valor acrescentado a todos, sem exceção”.
Transformação sem calendário
Da Georgia, país convidado da ITB Berlim 2023, a mensagem da vice-ministra da Economia e para o Desenvolvimento Sustentável da Georgia, Mariam Kvrivishivli, foi simples: “a transformação do turismo é diária e não tem um calendário e quem definir timings para essa transformação e não for capaz de adaptá-la rapidamente não terá muito sucesso, já que o consumidor muda a uma velocidade alucinante e as respostas terão de surgir à mesma velocidade”.
Num país que está apostado em segmentos como a natureza, cultura, enoturismo, turismo eco/agro/rural, a proximidade ao “teatro da guerra” é algo que “não é ignorado” pelos responsáveis do país, “mas que nos ajuda a posicionar o destino”.
Para tal, a política de diversificação de mercados é tida como um ponto “estratégico e essencial”, concluindo a vice-ministra que “é preciso fazer o trabalho de casa e não querer colocar tudo no mesmo saco. Temos de ter uma comunicação e promoção muito bem definida e apontada aos mercados e tipologia de turistas que queremos atingir e trazer para o país”.