Amares, Braga e Terras de Bouro iniciam processo de certificação do Caminho da Geira e dos Arrieiros
O Caminho da Geira e dos Arrieiros prolonga-se por 240 kms, passa pelos municípios de Braga, Amares, Terras de Bouro, Castro Laboreiro e Melgaço e, nos últimos seis anos, foi percorrido por mais de três mil peregrinos.
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Os Municípios Amares, Braga e de Terras de Bouro vão dar início, em conjunto com as três comunidades intermunicipais do Norte, ao processo de certificação do Caminho da Geira e dos Arrieiros, que foi percorrido por cerca de mil pessoas em 2022 e que, segundo Manuel Tibo, autarca de Terras de Bouro, é um produto “importante enquanto itinerário de fé e para o desenvolvimento económico e cultural” do território abrangido.
Num comunicado conjunto enviado à imprensa pelos municípios abrangidos, após uma reunião da Associação Transfronteiriça do Caminho da Geira e dos Arrieiros (ATCGA), Manuel Tibo defende também que a certificação deste caminho representa “mais uma resposta à procura deste género de percursos que tem crescido nas duas últimas décadas”, pelo que este produto se torna “importantíssimo” para todos os municípios abrangidos.
Manuel Tibo revela que as autarquias de Terras de Bouro, Amares e de Braga já se encontram a colaborar na candidatura da Via Nova a Património da UNESCO, pelo que decidiram formar agora “uma equipa que vai iniciar o processo para a certificação do GGA”.
Esta certificação deverá contar com a atribuição de fundos comunitários, ao abrigo no Programa de Valorização Económica dos Recursos Endógenos (PROVERE), no qual, defende Manuel Tibo, “o projeto de certificação do CGA encaixa na perfeição”.
Com o objetivo da certificação, os municípios envolvidos comprometem-se também a “criar as infraestruturas de apoio necessárias aos peregrinos”, estando, nomeadamente, previsto que a autarquia de Terras de Bouro instale “um albergue na Casa de Latim, em Covide”, num processo que, segundo Manuel Tibo, está adiantado, mas que só entrará em funcionamento quando estiverem reunidas as condições necessárias.
“Para Braga e a região é importante tudo aquilo que possa ser feito para criar atratividade no território”, sublinha ainda António Barroso, adjunto do presidente da Câmara de Braga, garantindo que “os municípios estão empenhados na manutenção, criação de albergues, ajustes de menus com os restaurantes, ou seja, tudo aquilo que são os serviços importantes para os peregrinos”.
A reunião da ATCGA discutiu também “a forma como a associação poderá contribuir para a certificação do caminho, colocando-se ao dispor e estabelecendo no imediato contactos com as entidades que conduzem o processo”, tendo ainda sido “dados os passos finais para a formalização legal da associação, que já tem definidos os seus estatutos e regulamento”.
“Em breve o processo estará concluído, encontrando-se a associação, de direito português, aberta a participação de pessoas individuais e coletivas, portuguesas ou estrangeiras, empenhadas na defesa do Caminho da Geira e dos Arrieiros, e do Caminho de Santiago de uma forma mais ampla”, explica Carlos Ferreira, porta-voz da comissão instaladora, que acredita que o processo vai estar concluído em breve.
O Caminho da Geira e dos Arrieiros começa na Sé de Braga e passa pelos municípios de Amares, Terras de Bouro, Castro Laboreiro e Melgaço, entrando na Galiza pela Portela Homem.
Nos últimos seis anos, este caminho foi percorrido por mais de três mil peregrinos, um terço dos quais em 2022, provenientes sobretudo de Portugal e Espanha, mas também de Itália, Inglaterra, Alemanha, Croácia, Ucrânia, Rússia, Polónia, Brasil, EUA, Austrália ou Países Baixos.
Este itinerário foi apresentado em 2017 em Ribadavia (Galiza) e Braga, tendo sido reconhecido pela Igreja em 2019 e em publicações da associação de municípios transfronteiriços Eixo Atlântico (2020) e do Turismo do Porto e Norte de Portugal (2021), motivo pelo qual foi um itinerário oficial da Peregrinação Europeia de Jovens do Ano Santo Jacobeu 2021/22.
O percurso, que se prolonga por 240 quilómetros, destaca-se por incluir patrimónios únicos no mundo, como a Geira Romana, a via do género mais bem conservada do mundo, e a Reserva da Biosfera Transfronteiriça Gerês-Xurés, sendo ainda um dos escassos cinco traçados que ligam diretamente à Catedral de Santiago de Compostela.