OMT: Turismo internacional recuperou quase metade dos níveis de 2019 até maio
Apesar das chegadas internacionais terem recuperado 46% dos níveis de 2019, a OMT está preocupada com o impacto da guerra na Ucrânia, inflação, aumento de juro e caos nos aeroportos, que podem comprometer a recuperação no resto do ano.
Inês de Matos
SET quer sentar à mesa APAVT e ANAV para discutir se vale a pena duas figuras de Provedor do Cliente das agências de viagens
Turismo do Centro quer saber o impacto do turismo na região
“O cliente português é mais exigente que o espanhol”, admite José Luis Lucas (Hyatt Inclusive Collection)
Espanha multa cinco low cost em 179M€ por cobrança indevida de bagagem de mão [Atualizada]
600 aeroportos certificados na gestão do carbono a nível mundial
Museus e monumentos com novos preços de entrada a partir de 1 de janeiro
Ryanair ameaça retirar voos de dez aeroportos em França
São Tomé e Príncipe aumenta taxas aeroportuárias a partir de 1 de dezembro
Aviação brasileira vive melhor outubro da história
AHP debate restrições à circulação de autocarros no centro histórico do Porto com a Câmara Municipal
O turismo internacional apresentou uma forte recuperação nos primeiros cinco meses do ano e contabilizou 250 milhões de chegadas, traduzindo uma subida de quase 225% face às 77 milhões de chegadas internacionais de igual período de 2021, o que mostra que, em comparação com 2019, o turismo internacional já recuperou “quase metade (46%) dos níveis pré-pandemia”, segundo o último Barómetro da Organização Mundial do Turismo (OMT).
“A recuperação do turismo ganhou ritmo em várias partes do mundo, enfrentando os desafios que estão no seu caminho”, sublinha Zurab Pololikashvili, secretário-geral da OMT, citado no comunicado que acompanha os resultados do Barómetro do Turismo Mundial, que foi divulgado esta segunda-feira, 1 de agosto.
Segundo os dados do Barómetro da OMT, a Europa e as Américas lideraram a recuperação nos primeiros cinco meses do ano, com a Europa a contabilizar mesmo quatro vezes mais chegadas internacionais que no mesmo período do ano passado, num crescimento que chega aos 350% e que se deve ao levantamento de todas as restrições relacionadas com a COVID-19 em vários países, o que fez disparar a procura inter-regional.
A OMT destaca o mês de abril, que apresentou um crescimento “particularmente robusto”, com um aumento de 458% na procura internacional, o que se ficou a dever às celebrações da Páscoa, que se assinalaram nesse mês.
Tal como a Europa, também o continente Americano apresentou um forte desempenho entre janeiro e maio, período em que as chegadas internacionais aumentaram 112%, valores que, quer na Europa, quer na América, não foram suficientes para alcançar os números de 2019.
“A forte recuperação é, no entanto, medida em relação aos fracos resultados de 2021 e as chegadas permanecem 36% e 40% abaixo dos níveis de 2019 em ambas as regiões, respetivamente”, acrescenta a OMT.
Além da Europa e América, a recuperação do turismo internacional chegou também ao Médio Oriente, que apresentou um crescimento de 157% nas chegadas internacionais até maio, assim como a África, onde houve um acréscimo de 156%, regiões que, ainda assim, ficaram 54% e 50% abaixo dos níveis de 2019, respetivamente.
Na Ásia-Pacífico, as chegadas internacionais praticamente duplicaram entre janeiro e maio, subindo 94%, ainda que, também nesta região, os números continuem 90% abaixo dos níveis pré-pandemia, uma vez que, justifica a OMT, “algumas fronteiras permaneceram fechadas para viagens não essenciais”.
Por sub-regiões, a OMT diz que também há uma recuperação e que várias dessas sub-regiões recuperaram 70% a 80% das chegadas internacionais, a exemplo das Caraíbas e da América Central, que lideraram o crescimento entre janeiro e maio, seguindo-se o sul do Mediterrâneo, assim como o Oeste e Norte da Europa.
Gastos acompanham crescimento
Tal como as chegadas, também os gastos dos turistas internacionais estão a aumentar e, segundo a OMT, os gastos dos turistas provenientes turistas da França, Alemanha, Itália e Estados Unidos estão agora em 70% a 85% dos níveis pré-pandemia, enquanto os gastos dos turistas da Índia, Arábia Saudita e Qatar superaram já os níveis de 2019.
A recuperação das receitas turísticas já supera mesmo os valores de 2019 em vários países, a exemplo de Portugal, mas também da República da Moldávia, Sérvia, Seicheles, Roménia, Macedónia do Norte, Santa Lúcia, Bósnia e Herzegovina, Albânia, Paquistão, Sudão, Turquia, Bangladesh, El Salvador, México e Croácia.
Para a OMT, os resultados positivos devem continuar ao longo do verão, essencialmente no hemisfério Norte e à medida que mais países levantem as restrições à COVID-19 que ainda existem, o que já aconteceu em 62 destinos turísticos, incluindo 39 na Europa e um número crescente na Ásia.
Incerteza preocupa
Apesar da recuperação, a OMT mostra-se preocupada quanto à sua continuação e alega que o aumento da procura acima do previsto está a causar problemas operacionais, o que a juntar à guerra na Ucrânia, aumento da inflação e das taxas de juro, pode representar “um risco para a recuperação” e colocar em causa os cenários avançados em maio e que previam que, este ano, as chegadas internacionais atingissem 55% a 70% dos níveis pré-pandemia.
“Os resultados dependem da evolução das circunstâncias, principalmente das mudanças nas restrições de viagem; inflação, incluindo altos preços de energia e condições económicas gerais; evolução da guerra na Ucrânia, bem como da situação sanitária”, acrescenta a OMT, considerando que também a “falta de pessoal, congestionamento severo nos aeroportos e atrasos e cancelamentos de voos” podem prejudicar a recuperação.
Por isso, a OMT diz que as suas previsões apontam para uma recuperação mais rápida na Europa e América, enquanto Ásia e o Pacífico devem “ficar para trás devido a políticas de viagens mais restritivas”, prevendo-se que as chegadas internacionais de turistas podem subir para 65% ou 80% dos níveis de 2019 em 2022 na Europa, enquanto nas Américas podem atingir 63% a 76% desses níveis.
Já em África e no Médio Oriente, as chegadas podem atingir 50% a 70% dos níveis pré-pandemia, enquanto na Ásia e no Pacífico devem permanecer em 30% dos níveis de 2019 no melhor cenário, “devido a políticas e restrições mais rígidas”, considera a OMT.