Cenário mais pessimista de uma não decisão sobre aeroporto atira perda de riqueza para mais de 21MM€
Entre os vários cenários apresentados esta quinta-feira (14 de julho) pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), num estudo realizado pela EY, o mais otimista prevê uma perda de cerca de 9 milhões de passageiros entre 2024 e 2027, traduzindo-se em menos cerca de 3 milhões de turistas, com impacto económico agregado de 3,5 mil milhões de euros. No pior cenário, prevê-se uma perda de quase 58 milhões de passageiros entre 2022 e 2034 e impactos globais ao nível do VAB acima dos 21 mil milhões de euros.
Victor Jorge
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A não decisão sobre a construção do novo aeroporto para a área de Lisboa atira a perda acumulada de riqueza (VAB) para os 21,439 mil milhões de euros e menos 40 mil empregos (média anual), além do Estado não encaixar mais de seis mil milhões de euros em receitas fiscais até 2034, caso se confirme o cenário mais pessimista relativamente a um tema que está em discussão há mais de meio século, avança o estudo realizado pela EY para a Confederação do Turismo de Portugal (CTP).
Este é o cenário (4) traçado para uma velocidade de recuperação rápida da procura e uma decisão adiada para a ampliação aeroportuária que estaria em funcionamento somente em 2035., indica o mesmo estudo.
Na apresentação do estudo, Francisco Calheiros, presidente da CTP, destacou o facto de uma nova infraestrutura aeroportuária “não servir somente Lisboa”, mas sim “todo o país e toda a economia nacional”.
Não abrindo o debate relativamente à opção a tomar, se Portela +1 com Montijo, ou Montijo mais Alcochete ou só Alcochete, Francisco Calheiros admitiu que “anda-se há demasiado tempo a discutir a forma, mas não o conteúdo”, salientando que “não podemos chegar à conclusão que não podemos receber mais turistas porque não temos aeroporto”.
De resto, neste cenário mais pessimista conclui-se que, em termos de perdas económicas, estas possam chegar aos 0,77% do PIB nacional ou a 10,55% do VAB do turismo, tendo em conta os números de 2018.
Mas mesmo que a decisão seja tomada “agora”, o cenário de Portela +1, disponível a 1 de janeiro de 2018 e existindo uma recuperação rápida da procura turística, a perda potencial acumulada de riqueza gerada (VAB) atinge os 6,8 mil milhões de euros, associando-se ainda uma média de 27,7 mil empregos por ano e uma perda de receita fiscal superior a 1,9 mil milhões de euros.
Isto faz com que, segundo o estudo apresentado pela EY, o país possa perder cerca de nove mil milhões de euros até 2027, se se juntar ao VAB não realizado, os impostos não cobrados, podendo as perdas económicas chegar a 0,77% do PIB e a 0,95% no emprego nacional.
4 cenários dos quais só 2 são hipótese
Nos quatro cenários apresentados pelo estudo da EY feito para a CTP, Francisco Calheiros admitiu que dois deles (1 e 3) não são sequer já equacionados, uma vez que contemplam cenário de recuperação lenta, mas com decisão imediata e adiada.
Estimando-se um crescimento constante no número de passageiros para os próximos 13 anos, as previsões apontam para uma média total de 33,9 milhões de passageiros transportados anualmente, embora 3,1 milhões sejam perdidos por ausência de um novo aeroporto, no cenário de 2022 a 2027.
O número médio anual de passageiros aumenta para 36,5 milhões (no cenário 2022-2034), mas com uma perda de 4,5 milhões de passageiros sem uma nova infraestrutura aeroportuária.
Isto faz com que, num cenário de decisão adiada e recuperação rápida, o número médio anual de turistas perdidos, entre 2022 e 2034, ascenda a 1,3 milhões de pessoas, sendo que no acumulado no cenário 2 e 4, essas perdas possam atingir os 5,3 e 16,9 milhões de turistas, respetivamente.
Por tudo isto, Francisco Calheiros afirmou que “é altura de dizer basta”, referindo-se à polémica sobre o despacho e anúncio da decisão feita por Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas e da Habitação, que “pelo menos tivemos uma decisão”, admitindo que “aplaudimos a decisão e voltaríamos a aplaudi-la”.
O presidente da CTP revelou, aliás, que teve conhecimento da decisão que iria ser anunciada e que o atual estudo foi apresentado ao Presidente da República, Governo e maior partido da oposição (PSD), concluindo que não tem conhecimento relativamente a qualquer decisão que possa estar em estudo.
Sobre as obras de ampliação do Aeroporto Humberto Delgado, Francisco Calheiros frisou que estas “a capacidade não vai aumentar”, já que, o que está em causa são “ganhos de eficiência e não aumento de capacidade”.
A conclusão é, por isso, simples: “estamos a perder com as hesitações e falta de decisão do poder político. Por cada dia que passa em que nada se decide, são milhares de milhões de euros e milhares de empregos que o país perde”. Além disso, finalizou o presidente da CTP, “se não decidirmos rapidamente, a nossa capacidade de receber turistas vai esgotar-se, outros países ficarão a ganhar e Portugal nunca mais recuperará o seu principal motor económico, que começará a definhar”.