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Transporte aéreo manteve recuperação em março e registou impactos “bastante limitados” da guerra na Ucrânia
Os dados revelados pela IATA indicam que, em março, o tráfego total aumentou 76,0% e o internacional 285,3% face a igual mês de 2021. A exceção foi o tráfego doméstico, que ainda se ressente dos confinamentos na Ásia.
Inês de Matos
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Em março, o transporte aéreo manteve a tendência de recuperação que já se vinha a registar e com impactos “bastante limitados” da guerra na Ucrânia, avança a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Os dados revelados esta quarta-feira, 4 de maio, pela IATA indicam que, no terceiro mês do ano, o tráfego total aumentou 76,0% em relação a março de 2021, ficando, no entanto, abaixo do aumento de 115,9% registado em fevereiro.
Face a 2019, acrescenta a IATA, março foi, contudo, o mês em que a procura mais se assemelhou à que tinha sido registada em mês homólogo de 2019, ficando apenas 41% abaixo do apurado nessa altura.
No entanto, no tráfego doméstico, o aumento foi de apenas 11,7% em relação ao mesmo período do ano passado e ficou “muito abaixo” da melhoria de 59,4% que tinha sido registada em fevereiro, o que, diz a IATA, se deve ao impacto da Ómicron na China e noutros mercados asiáticos.
“Os efeitos relacionados com a Ómicron continuaram confinados principalmente aos mercados domésticos asiáticos”, indica a IATA, explicando que o facto dos confinamentos continuarem em vigor, principalmente na China, levaram a que o tráfego doméstico de março ficasse 23,2% abaixo de março de 2019.
Já o tráfego internacional assistiu a uma forte recuperação no terceiro mês do ano, com a IATA a indicar uma subida de 285,3% em relação a março de 2021, “superando o ganho de 259,2% registrado em fevereiro”.
O crescimento do tráfego internacional foi comum a grande parte das regiões do mundo, ainda que, numa comparação com mês homólogo de 2019, se continuem a identificar uma descida de 51,9%.
A subida do tráfego aéreo merece, no entanto, um alerta da IATA, com Willie Walsh, diretor-geral da associação, a lembrar que os aeroportos se devem preparar para o aumento da procura, de forma a não frustrar a experiência dos passageiros.
“Com as restrições de viagem a cair na maior parte dos países, estamos a assistir ao aumento que há muito esperávamos. Infelizmente, também vemos atrasos em muitos aeroportos que têm recursos insuficientes para lidar com o aumento de passageiros. Isto deve ser resolvido com urgência para evitar frustrar o entusiasmo do consumidor”, alerta Willie Walsh, diretor-geral da IATA.
Por regiões, foi na Europa que o tráfego internacional mais aumentou, com a IATA a indicar uma subida de 425.4% face a igual mês de 2021, que se veio juntar ao aumento de 384.6% que já tinha sido apurado em fevereiro. Já a capacidade disponibilizada aumentou 224.5% e o load factor subiu 27.8, fixando-se nos 72,7%.
Na Europa, acrescenta a IATA na informação divulgada, o impacto da guerra na Ucrânia foi “relativamente limitado”, com exceção do tráfego com origem e destino à Rússia e países vizinhos do conflito militar.
Depois da Europa, foi no Médio Oriente que o tráfego mais subiu em março, com um aumento de 245.8% face a março de 2021, o que também traduz uma melhoria face ao resultado do mês anterior, quando o aumento tinha sido de 218.2%. A capacidade cresceu 96.6%, enquanto o load factor teve um aumento de 31.1 pontos percentuais, para 72,1%.
Na América Latina, o aumento do tráfego chegou aos 239.9% em março, ligeiramente abaixo da subida de 241.9% contabilizada em fevereiro, com a IATA a sublinhar que esta região saiu beneficiada pela conclusão de alguns processo de insolvência que envolviam companhias aéreas regionais. Já a capacidade subiu 173,2% e o load factor aumentou 15,8 pontos percentuais para 80,3%, mantendo-se como o mais elevado de todas as regiões pelo 18.º mês consecutivo.
Na América do Norte, o tráfego teve igualmente um comportamento positivo em março, aumentando 227.8% face a igual mês de 2021 e já depois da subida de 237.3% apurada em fevereiro. Nesta região, a capacidade subiu 91.9% em março, enquanto o load factor cresceu 31.2 pontos percentuais, fixando-se nos 75,4%.
Na Ásia-Pacífico, o aumento do tráfego de março foi de 197.1%, acima da subida de 146.5% de fevereiro, com a IATA a atribuir a culpa do menor crescimento desta região ao facto da China e do Japão continuarem a ter restrições para os turistas internacionais. Pelo contrário, acrescenta a associação, “outros países, como a Coreia do Sul, Nova Zelândia, Singapura e Tailândia” estão a abolir as restrições, o que acaba por puxar o tráfego para cima.
Na Ásia-Pacífico, a capacidade disponibilizada apresentou uma subida de 70.7% em março, enquanto o load factor cresceu 24.1 pontos percentuais para 56.6%, naquela que foi a ocupação mais baixa registada entre todas as regiões do globo.
Foi, contudo, em África que o tráfego internacional menos cresceu, registando um aumento de 91.8%, o que, ainda assim, indica uma melhoria face ao crescimento de 70.8% que tinha sido apurado em fevereiro. Já a capacidade oferecida subiu 49.9%, enquanto o load factor aumentou 14.1 pontos percentuais para 64,5%.
Em África, justifica a IATA, o fraco crescimento do tráfego aéreo está diretamente relacionado com a baixa taxa de vacinação contra a COVID-19 registada no continente africano, sendo ainda influenciado pelo “impacto do aumento da inflação”.
Apesar do bom desempenho do transporte aéreo em março, a IATA chama a atenção para o aumento das taxas aeroportuárias, que podem funcionar como um travão ao crescimento e dá mesmo o exemplo do aeroporto de Schiphol, em Amesterdão, onde estas taxas vão aumentar 37% nos próximos três anos, num aumento que é incentivado pelo governo dos Países Baixos tendo em conta o impacto ambiental da aviação.
A IATA mostra-se, no entanto, desapontada com o anunciado aumento de taxas nos Países Baixos e diz mesmo que “ver o governo holandês a trabalhar para desmantelar a conectividade, deixar de fornecer recursos operacionais críticos ao aeroporto e permitir a manipulação de preços no seu aeroporto central é um golpe triplamente destrutivo”.
“Essas ações vão custar empregos e vão prejudicar os consumidores que já estão a lidar com a inflação de preços. Vão esgotar os recursos que as companhias aéreas precisam para cumprir o compromisso de sustentabilidade. O governo holandês esqueceu uma lição importante da crise do COVID-19, que a qualidade de vida de todos sofre sem conectividade aérea eficiente”, considera Willie Walsh, instando o governo dos Países Baixos a rever a sua decisão e os outros executivos a adotarem medidas que permitam dar resposta à procura esperada.