Análise

Subida de preços: o novo obstáculo que ameaça o turismo

O recente aumento de preços, muito por culpa da subida da inflação e do aumento dos custos da energia, está a deixar o setor do turismo apreensivo face a um novo obstáculo que pode a atrapalhar a recuperação já em curso na atividade turística.

Inês de Matos
Análise

Subida de preços: o novo obstáculo que ameaça o turismo

O recente aumento de preços, muito por culpa da subida da inflação e do aumento dos custos da energia, está a deixar o setor do turismo apreensivo face a um novo obstáculo que pode a atrapalhar a recuperação já em curso na atividade turística.

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De há um meses para cá, as notícias sobre o aumento dos preços tornaram-se constantes. A saída da pandemia levou ao aumento da procura e provocou uma subida da inflação, que se caracteriza pelo crescimento generalizado dos preços na economia. A esse aumento, é preciso juntar a subida dos custos da energia, combustível e matérias-primas, o que veio dar mais gás à inflação que, em Portugal, chegou aos 3,3% em janeiro, a mais elevada desde fevereiro de 2012, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Lá fora, a situação não é mais animadora. Em dezembro, os países da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico viram a inflação subir para 6,6%, o valor mais elevado dos últimos 30 anos, enquanto nos EUA chegou aos 7%, o que se explica, em grande parte, pela subida de 25,6% nos preços da energia registada nesse mês.

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A subida de preços está a afetar todos os setores da economia e o turismo não é exceção. Já em outubro, Scott Kirby, CEO da United Airlines, alertava que “os preços mais altos do combustível da aviação levam a preços mais altos nos bilhetes” e, mais recentemente, foi a vez da hotelaria espanhola se queixar do custo da energia, com a Associação dos Hotéis de Castela e Leão a dar o exemplo do AC Hotel by Marriott Palacio de Santa Ana, em Valladolid, onde a conta da luz passou de oito mil euros antes da pandemia para 24 mil euros no último mês. E, já em janeiro de 2022, foi a vez da TUI revelar, aquando da apresentação da programação para o verão, que as viagens organizadas já subiram cerca de um quinto face ao período pré-pandemia.

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Claro que o crescimento da procura induz, obviamente, quando há escassez, o crescimento do preço, mas aqui o fenómeno é muito mais profundo e preocupante”, Cristina Siza Vieira, presidente executiva AHP

É caso para dizer que, numa altura em que as expetativas apontavam para a recuperação já este ano, o setor do turismo tem um novo obstáculo para contornar, que pode atrasar o desejado regresso à normalidade.

De quem é a culpa?
Apesar dos vários fatores que contribuem para o aumento de preços, Pedro Brinca, economista e professor da NOVA SBE, diz ao Publituris que este aumento de preços não é uma surpresa, até porque, nos EUA, cedo se começou a discutir o impacto que teriam os estímulos económicos adotados para fazer face à pandemia. “Vários foram os analistas e académicos (como Olivier Blanchard e Larry Summers) que alertaram para os perigos de um surto de inflação”, indica, explicando que “o hiato do produto estimado nos EUA em abril de 2021 era de cerca de um terço do pacote total de ajudas que foram implementadas”.

Na Europa, acrescenta Pedro Brinca, “os estímulos não foram tão acentuados”, o que explica que as expectativas de inflação venham a ser “mais moderadas”. “Mas ainda assim a inflação na zona euro está próxima dos 5%, bem acima do objetivo de 2%”, alerta, realçando que, apesar de se esperar que este surto seja temporário, o certo é que ele não mostra sinais de abrandamento e já dura há 10 meses.

Além da inflação, também a energia tem culpas na situação. Pedro Brinca aponta, desde logo, “o fim progressivo em alguns países da produção de eletricidade com carvão e energia nuclear”, como um dos motivos que levaram a “um aumento da dependência das energias renováveis e do gás natural”, cujo consumo tem subido, com reflexos também no custo. A agravar o problema, está ainda a postura da Rússia, que não acompanhou a subida do consumo com um aumento do fornecimento à Europa, o que voltou a agravar o preço da energia.

Tal como Pedro Brinca, também o setor do turismo atribui a subida dos preços à inflação, principalmente motivada pelo aumento dos custos da energia e combustível, mas também de produção. Como resume Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP – Associação da Hotelaria de Portugal, “está tudo a subir, desde os combustíveis, aos custos da distribuição, da construção, aos salários e também aos salários da hotelaria”. Na opinião da responsável, apesar da saída da pandemia também ter provocado um aumento da procura, não é esse tipo de inflação que explica a escalada a que se tem assistido e que, na hotelaria, é comum a todas as categorias de unidades. “Claro que o crescimento da procura induz, obviamente, quando há escassez, o crescimento do preço, mas aqui o fenómeno é muito mais profundo e preocupante. Pode induzir alguma coisa, alguns países sinalizam essa dinâmica como podendo ter aqui algum efeito adicional, mas não é o efeito principal”, explica.

A estes motivos, aponta ainda Francisco Calheiros, presidente da CTP – Confederação do Turismo de Portugal, é preciso juntar também o “aumento dos preços nos serviços associados à atividade turística, nomeadamente serviços de marketing, serviços bancários, financeiros e seguros”, assim como o efeito da “reorganização das cadeias logísticas de abastecimento de bens e serviços”, que também tem contribuído para o aumento de preço no setor do turismo.

Mais difícil é estimar quando é que esta crise dos preços termina, com Pedro Brinca a mostrar-se convicto que “esta dinâmica se irá manter pelo menos até ao próximo inverno”. “É de esperar que as disrupções das cadeias de abastecimento sejam progressivamente ultrapassadas e também que o retorno de uma maior disciplina orçamental possam ser fatores que contribuam para a estabilização da inflação”, indica.

Impacto no turismo
O efeito da inflação no turismo está espelhado nos mais recentes dados do INE, que indicam que, em janeiro, os preços da hotelaria e alojamento subiram 6.79%, nos serviços de refeições houve um aumento de 3.85%, nos restaurantes e hotéis a subida foi de 3.57% e nos restaurantes, cafés e estabelecimentos similares o aumento de preços chegou aos 4,11%.

Os dados económicos ajudam a perceber a escalada de um problema que é confirmado pelo setor, com o presidente da CTP a indicar que os aumentos se sentem em “praticamente todas as áreas, desde a aviação até à restauração, passando pelo alojamento e animação, não obstante os esforços das empresas em mitigar o impacto dos aumentos”.

Opinião idêntica manifesta Joaquim Robalo de Almeida, secretário-geral da ARAC – Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor, que representa grande parte das empresas de rent-a-car que operam em Portugal, que refere que “o aumento generalizado de preços está a acontecer em todo o mundo” e estima que, devido à inflação, “se assistirá a um aumento de preços generalizado nos vários produtos e serviços que compõem este importante motor da economia nacional”.

O aumento do preço da hotelaria nunca é uma oportunidade para a aviação”, Paulo Geisler, presidente da RENA

No rent-a-car, além da inflação e do combustível, há também a crise dos semicondutores, que está a provocar a escassez de veículos automóveis e a aumentar o seu custo, contribuindo para que os preços dos alugueres subam. “Face ao aumento dos vários custos de exploração por parte das empresas de rent-a-car e tendo em atenção a inflação que atinge toda a economia, caso não se verifique uma inversão da tendência inflacionista, é seguro que o preço dos serviços de aluguer de veículos sem condutor irá aumentar”, defende o responsável da ARAC.

Paulo Geisler, presidente da RENA – Associação das Companhias Aéreas em Portugal, também confirma a subida de preços na aviação, devido à inflação. Para o responsável, os preços vão continuar a subir, entre 3% a 4%, ainda que o combustível possa “alterar esta previsão”.

No alojamento turístico, cujo preço subiu cerca de 6,8% em janeiro, Cristina Siza Vieira mostra-se essencialmente preocupada com o “aumento de custos da energia que é, a par dos salários, um dos maiores custos da hotelaria” e diz que a hotelaria vai ter de “acompanhar o resto da inflação”. “Não vejo como é que poderia não ser assim se temos de absorver os custos de produção”, lamenta.

Este aumento de preços, também “acontece nas atividades da restauração, similares e do alojamento turístico, como acontece em todas as outras atividades económicas”, acrescenta Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, que diz, no entanto, esperar que o aumento de preços seja, este ano, compensado por uma “maior procura, nomeadamente de turistas internacionais, devido ao fim das restrições. “Todos desejamos que o mercado responda positivamente, e que seja possível compensar este aumento de custos e de produção, que tendencialmente poderá levar a um aumento de preços”, acrescenta.

O Publituris tentou ainda contactar a APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, mas, até ao fecho desta edição, a associação não esteve disponível para responder às questões colocadas.

Efeito na procura
A subida dos preços é um novo obstáculo que o turismo precisa ultrapassar, principalmente porque, como diz Pedro Brinca, “é normal que os aumentos de preços levem a uma diminuição da procura”. “Parte destes aumentos de preços podem refletir uma necessidade de tesouraria das empresas que sacrificam margem no longo prazo por uma maior receita no curto prazo. Nesta dimensão, é de esperar que a procura diminua”, considera, lembrando, no entanto, que a nível internacional também “existe um efeito de preços relativos”, pelo que é “preciso comparar com outros destinos e respetivas taxas de inflação” a situação de Portugal, que tem registado uma das inflações mais baixas da Europa.

Apesar de admitir que a procura pode diminuir devido ao aumento de preços, pois as empresas têm de refletir esses aumentos no valor cobrado aos clientes, sob “pena de entrarem em perda”, Cristina Siza Vieira mostra-se confiante de que não vai faltar procura, já que as previsões apontam para o crescimento da economia, o que, a juntar à vontade de viajar, depois de dois anos de pandemia, promete animar a hotelaria. “Também há boas notícias e quais são? É que também o crescimento da economia aconteça. Ou seja, que também haja um aumento do poder de compra dos consumidores de serviços de turismo, através do aumento dos salários, e que seja capaz de absorver esta subida de preços. Esta é a parte em que estamos todos um pouco mais otimistas”, aponta, realçando ainda o crescimento da poupança na pandemia como uma vantagem.

Já para a AHRESP, a expectativa é que as “empresas de restauração e do alojamento turístico vão tentar amortecer este efeito com ganhos de produtividade ou outras medidas procurando preservar os clientes deste impacto e para manter competitividade face à própria concorrência”. Ana Jacinto reconhece, contudo, que há limites e que, se a subida continuar, haverá “um momento que terão que inflacionar também os preços”.

Confiante está ainda a aviação, o único subsetor do turismo a apresentar uma evolução negativa da inflação em janeiro (-1,73%), com Paulo Geisler a explicar que, neste caso, a subida dos preços tem acontecido mais para “recuperar das reduções de preços realizadas nos últimos dois anos”.

Na aviação, a subida do preço é mais visível no transporte de carga, que beneficiou “das dificuldades de transporte rodoviário e marítimo”, enquanto no transporte de passageiros tudo vai depender “da capacidade dos operadores em trazer de volta a capacidade que tiveram de retirar do mercado durante os últimos dois anos para responder ao aumento de procura”. E, tal como a hotelaria, também a aviação espera uma recuperação, pois continua ainda aquém dos valores de 2019 e é provável que “muitas pessoas que optaram por fazer turismo doméstico nos últimos dois anos vão voltar a viajar internacionalmente”, defende.

Já no rent-a-car, que espera que o aumento de preços se verifique em todo o tipo de alugueres, mas principalmente nos contratos de curta duração, que têm mais custos, o aumento dos preços também deverá levar a “uma subida de preços no consumidor, como aliás é natural em qualquer economia de mercado”, admite Joaquim Robalo de Almeida.

Ameaça ou oportunidade?
Apesar da incerteza, a subida dos preços pode ser uma ameaça ou uma oportunidade para o turismo. Pedro Brinca explica que se “não for acompanhada por uma diminuição da procura, ou seja, se houver inflação generalizada inclusive nos salários da população mantendo o poder de compra e não houver mudanças significativas nos preços relativos, a inflação pode ser uma maneira de aliviar os encargos do stock de dívida”. E lembra que o turismo, “por via da sua estrutura de custos muito assente em investimentos à cabeça em equipamentos e infraestruturas, é dos setores mais alavancados da economia”.

As empresas de restauração e do alojamento turístico vão tentar amortecer este efeito com ganhos de produtividade ou outras medidas procurando preservar os clientes deste impacto e para manter competitividade face à própria concorrência”, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP

O professor da NOVA SBE nota ainda que, face a outros países, em Portugal as “ajudas diretas foram relativamente mais reduzidas e muito mais assentes em moratórias creditícias e fiscais”, o que ajuda a resolver “o problema da liquidez, mas não da solvabilidade”, pelo que o fim das moratórias, em dezembro de 2021, “poderá trazer problemas complicados de tesouraria associados à necessidade de reembolso de juros e capital, agora maiores devido aos prejuízos acumulados”. “Mas como a dívida está determinada em termos nominais, a inflação generalizada pode, como descrevi acima, dar um ajuda importante a diminuir os custos reais de capital”, acrescenta, lembrando que, a variação de Portugal face aos seus competidores, será um aspeto “determinante” para a competitividade internacional do país. “É provável que até tenhamos ganho competitividade relativa uma vez que a inflação em Portugal tem sido muito mais contida do que na generalidade dos outros países europeus”, explica, alertando, no entanto, que “a subida generalizada dos preços da energia, inclusive até em resultado da tensão na Ucrânia, é seguramente uma ameaça devido à pressão que fará nos preços das viagens”.

Por parte do setor, também há opiniões distintas, ainda que a incerteza deixe reticente parte dos intervenientes, num sentimento que é traduzido pela CTP, cujo presidente diz não ter dúvidas de que a escalada dos preços representa uma ameaça, pois resulta da “incorporação alheia e externa de custos”, com consequências negativas para as empresas, que se deparam “com a debilitação das suas já enfraquecidas contas de exploração e menores margens de comercialização”, enquanto os consumidores vão assistir à repercussão “de parte dos custos das empresas”.

Reticente está ainda Paulo Geisler, que está preocupado com o impacto na aviação da subida de outros preços do setor. “O aumento do preço da hotelaria nunca é uma oportunidade para a aviação”, diz, defendendo que os operadores que “controlam toda a estrutura de distribuição” conseguem “gerir melhor a distribuição do aumento de preços”.

Já para o rent-a-car, o aumento dos preços não deve ser visto como oportunidade ou ameaça, sendo antes “uma resposta inevitável à crescente subida dos custos suportados pelas empresas”. Por isso, a ARAC pede a descida do IUC e do ISV, bem como a aplicação ao rent-a-car da taxa intermédia de IVA (13%), “à semelhança do que se passa com a maioria dos demais serviços turísticos”, como medidas de “vital importância” para manter a competitividade do setor.

Na AHRESP, Ana Jacinto também diz que o aumento de preços não é oportunidade nem ameaça, sendo antes “um desafio”, até porque Portugal vive o mesmo cenário que os destinos concorrentes, “onde a mesma escalada de preços acontece” e até para valores mais elevados.

A associação antevê, no entanto, uma descida da procura doméstica e aumento da externa, com Ana Jacinto a referir que, a confirmar-se, esta realidade é uma “ameaça” para as empresas, que vão necessitar de trabalhar mais para a converter numa “oportunidade”.

Opinião idêntica manifesta Cristina Siza Vieira, que apesar de considerar que o aumento de preços é um “problema”, diz que não é uma ameaça, uma vez que “a hotelaria se tem vindo a preparar para mais este obstáculo”. “Já se modificaram as formas de prestar serviço, ganhou-se alguma eficiência, reduziram-se custos e alguns hotéis estão a fazê-lo ainda mais no housekeeping, para que os custos operacionais baixem. E o próprio consumidor está preparado para determinadas alterações e percebe que as coisas não podiam ser mantidas como estavam”, explica.

Apesar de estar preparada, a AHP considera que a hotelaria também devia ser alvo de alterações fiscais para ajudar as empresas a lidar com o aumento dos custos, a exemplo da redução da TSU, que pode ter um efeito “positivo quando os custos com os salários estão a subir”.

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Portugal entre os países que lideram o turismo de bem-estar em 2025

No “Travel Trends Report 2025” do Mastercard Economics Institute (MEI) Portugal surge em 12.º lugar na lista de destino líderes em experiências de bem-estar e autocuidado, de acordo com o Índice de Viagens de Bem-Estar (Wellness Travel Index, WTI). Lisboa ainda aparece bem posicionada como destino para os “amantes da gastronomia”.

No mais recente relatório anual do Mastercard Economics Institute (MEI) – “Travel Trends Report 2025” – Portugal surge em 12.º lugar no ranking de destinos líderes em experiências de bem-estar e autocuidado.

No Índice de Viagens de Bem-Estar (Wellness Travel Index, WTI) a liderança pertence à Namíbia, África do Sul e Tailândia, onde os visitantes podem reconectar-se com a natureza em pousadas ecológicas imersivas ou encontrar serenidade em retiros de meditação.

No caso europeu, Portugal só é ultrapassado por Itália (6.º), Áustria (8.º) e Irlanda (11.º), aparecendo à frente de destinos como Polónia (13.º), Estónia (14.º), Hungria (15.º) ou Letónia (19.º).

De resto, o relatório da Mastercard refere que “os consumidores europeus estão a dar prioridade a motivações mais profundas e com maior valor pessoal para as suas viagens, como a procura de conexão, bem-estar, aventura e experiências gastronómicas”. Estes fatores, orientados por objetivos pessoais e emocionais, continuam a ser “motores determinantes para viajar, mesmo em cenários de incerteza económica”.

Embora os fatores macroeconómicos continuem a influenciar o comportamento dos viajantes, a Europa continua a destacar-se como um importante centro de turismo global, com o seu rico património culinário, paisagens diversas e ofertas de bem-estar a atrair viajantes de todo o mundo. No entanto, os fatores não económicos pesam também na hora de tomar uma decisão. A prevalência das redes sociais, onde muitos viajantes publicam imagens apelativas de cenários e refeições exóticos, tem encorajado outros utilizadores a criar as suas próprias memórias, muitas vezes por receio de perder algo.

O mais recente relatório Economy Experience, também da Mastercard, refere também que as viagens, as atividades ao ar livre e a restauração estão no topo da lista de prioridades de despesa dos europeus em 2025, o que evidencia uma mudança para viagens baseadas em experiências e valores.

Mais de dois terços (70%) dos europeus afirma que a realização de atividades da lista de desejos é uma “prioridade máxima”. Nesse sentido, os dados analisados pelo MEI apontam que o turismo de bem-estar tem crescido significativamente nos últimos anos, apresentando-se como uma “fuga ao stress do quotidiano”.

“Estas viagens privilegiam o relaxamento, a cura e um certo grau de indulgência, em vez de horários preenchidos ou aventuras cheias de adrenalina. Embora os retiros de ioga tradicionais e os spas de luxo continuem a ser populares, o panorama do bem-estar está a evoluir, incluindo agora ofertas como clubes de longevidade e retiros focados no sono”, salienta o relatório da Mastercard.

Turismo desportivo é outra tendência
Com base numa análise única de dados agregados e anónimos de transações e de fontes de dados de terceiros, o relatório conclui ainda que paixão pelo desporto impulsiona o turismo.

O MEI analisou as despesas num raio de oito quilómetros do local da final da Liga dos Campeões, em Londres, nos cinco dias anteriores e posteriores ao evento, em junho de 2025. A vitória do Real Madrid sobre o Borussia Dortmund resultou num aumento homólogo de 61% nos gastos alemães, ultrapassando o aumento global de 14%, ao passo que os gastos espanhóis dispararam 148% em relação ao ano anterior, sugerindo que os adeptos celebraram com extravagância.

Norte-americanos gostam de Portugal
A Mastercard analisou, igualmente, as cidades mais visitadas pelos mercados entre 2019 e 2024. Lisboa surge destacada neste ciclo em mercados como o Canadá, EUA e Espanha.

No caso do Canadá, a Mastercard indica um crescimento de 80,3% no número de visitas por parte dos canadianos a Lisboa entre 2019 e 2024, colocando-se em 4.º lugar nas preferências dos turistas deste mercado emissor.

Os EUA registaram um crescimento ainda maior que o Canadá, fixando-se no aumento de 86,7% entre 2019 e 2024, verificando-se que Lisboa ocupa o 9.º lugar entre as cidades destino preferidas dos americanos.

No caso espanhol, Lisboa cresceu 33,8%, colocando a capital portuguesa em 6.º no ranking de preferências dos espanhóis.

Para onde se viaja neste verão e porquê
Os dados de reservas de voos revelam os principais destinos globais que estão a ganhar força como pontos quentes para viagens entre junho e setembro. Tóquio está no topo da lista como o destino global mais procurado para o verão de 2025. Especificamente para os viajantes europeus, as principais cidades incluem Tóquio, Palma de Maiorca, Hurghada (Egito), Paris, Osaka, Pequim e Londres. Notavelmente, Tirana, na Albânia, viu o maior aumento de visitantes europeus entre 2019 e 2024 – liderados principalmente por turistas italianos –, tornando-a um dos destinos urbanos de crescimento mais rápido no continente.

Istambul, Cannes e Interlaken são as três principais cidades para os apreciadores internacionais de gastronomia. Com a popularidade crescente das viagens internacionais, medir o número mediano de nacionalidades presentes em cada restaurante por cidade dá uma ideia mais clara sobre os destinos gastronómicos mais globalizados. O MEI apurou que a Europa domina a lista de destinos que atraem os amantes da gastronomia internacional, de acordo com os seus gastos em 2024.

Os restaurantes de Istambul acolheram turistas de 67 países em 2024, o valor mais alto entre as 43 cidades analisadas. Outros seis destinos europeus – Cannes (França) e Interlaken (Suíça) com 64 nacionalidade, Barcelona (Espanha) com 60 nacionalidade, Dubrovnik (Croácia) com 59 nacionalidades e Mykonos (Grécia) com 57 nacionalidades – surgem também no top 10, atraindo visitantes de todo o mundo com os seus vibrantes cenários culinários.

Já Portugal aparece em 15.º lugar, com os restaurantes de Lisboa a acolher turistas de 50 nacionalidades.

Outra das tendências apontadas pela Mastercard são as aventuras nórdicas que ganham cada vez mais popularidade. Ao analisar os principais parques nacionais e o modo como o comércio local contribui para os gastos totais dos turistas, o MEI concluiu que o turismo de aventura está a florescer na região nórdica, onde os viajantes procuram a beleza natural das florestas, fiordes e a serenidade ao ar livre. A Finlândia destaca-se neste conjunto de países, com os parques nacionais a representarem 7,1% dos gastos transfronteiriços totais. Outros países europeus de relevo com percentagens significativas de despesa associada a parques nacionais incluem a Suíça, Polónia, França e Noruega.

Finalmente, as viagens de negócios parecem estar a tornar-se menos frequentes, mas mais longas. Segundo o MEI, as reservas de voos corporativos no Reino Unido indicam que a duração média das viagens de trabalho é agora superior à do período anterior à pandemia. No caso dos viajantes norte-americanos, as deslocações à Europa aumentaram de 7,4 para 8,1 dias. Esta tendência verifica-se também entre os viajantes britânicos, com exceção das viagens para o Canadá e os EUA, que se tornaram mais curtas entre 2020 e 2025.

“O sector europeu das viagens continua a demonstrar uma resiliência notável”, afirma Natalia Lechmanova, economista-chefe para a Europa do Mastercard Economics Institute. A responsável conclui ainda que, mesmo perante a incerteza económica, se observa uma “mudança clara entre os viajantes europeus, que passam a privilegiar experiências com significado pessoal e valor a longo prazo. Seja através de retiros de bem-estar, exploração cultural ou aventuras na natureza, os viajantes europeus estão a dar prioridade a viagens que se alinham com os seus valores e aspirações individuais”.

Importa notar que o WTI não contabiliza viagens dentro de um mesmo país com fins de bem-estar, apenas viagens internacionais, o que provavelmente “subestima economias desenvolvidas e sobrestima países emergentes”, admitem as conclusões do relatório da Mastercard.

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EUA a perder turistas internacionais, diz relatório do WTTC

O World Travel & Tourism Council (WTTC) antevê uma forte quebra nas receitas do turismo internacional nos EUA devido às políticas da administração Trump.

Os Estados Unidos da América (EUA) poderão ver a indústria hoteleira perder até 12,5 mil milhões de dólares (cerca de 11,2 mil milhões de euros) este ano em receitas provenientes do turismo internacional, com o total a descer para 169 mil milhões de dólares (valor a rondar os 151 mil milhões de euros) em 2025, face aos 181 mil milhões de dólares (cerca de 162 mil milhões de euros) registados em 2024, segundo dados avançados pelo World Travel & Tourism Council (WTTC).

Estes números representam uma queda de 22,5% em relação ao pico de gastos internacionais nos EUA, que foi de 217,4 mil milhões de dólares (mais de 191 mil milhões de euros) em 2019, de acordo com o mais recente relatório de Impacto Económico da do WTTC, surgindo esta previsão após meses de políticas da administração Trump que terão desencorajado visitantes estrangeiros.

A publicação especializada “Travel and Tour World” refere ainda que a perda de receitas internacionais será mais acentuada nas zonas fronteiriças, já que dependem fortemente do turismo internacional e a quebra nas chegadas terá um impacto severo nas economias locais”.

Já Geoff Freeman, presidente e CEO da associação US Travel, afirmou, em comunicado, esta a acompanhar “atentamente os dados sobre visitas”, admitindo que as políticas da administração Trump em matéria de fronteiras e imigração “alteraram algumas perceções no estrangeiro”.

“Essa perceção não reflete a intenção da administração,” indicou Freeman, salientando que a associação está a “colaborar com a Administração para reduzir os obstáculos aos viajantes e reafirmar que os EUA continuam a ser um destino caloroso, aberto e acolhedor para todos os visitantes internacionais legais.”

Os dados mostram que, em março, os EUA foram visitados por 2,4 milhões de turistas internacionais, com todas as regiões do país a registarem quebras, com a Europa a cair 17,2%, a América Central registou uma queda de 23,9%, enquanto México e América do Sul desceram 23,2% e 10,4%, respetivamente. Do Canadá e Colômbia, indicam os dados, as descidas são ainda maiores, embora não se conheçam os números.

Já Israel (+21,1%), Turquia (+25,4%) e Chipre (+12%) são os países que registam crescimentos, embora as entidades admitam que se trata de “anomalias e não tendências”.

Na cidade de Nova Iorque, por exemplo, as previsões avançam para uma quebra de 14,1 milhões de visitantes internacionais, em 2024, para 12,1 milhões, em 2025, estimando-se em quatro mil milhões de dólares (cerca de 3,6 mil milhões de euros) as perdas diretas.

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Acordo entre Iberia e sindicatos para tripulantes de cabine

A Iberia, o Sindicato Independente de Tripulantes de Cabine de Linhas Aéreas (SITCPLA), a Candidatura Independente de TCP (CITCP) e a CC.OO. alcançaram um acordo preliminar que permite aumentos salariais e participação nos lucros da empresa.

A Iberia, a UGT, o Sindicato Independente de Tripulantes de Cabine de Linhas Aéreas (SITCPLA), a Candidatura Independente de TCP (CITCP) e a CC.OO. alcançaram um acordo preliminar para melhorar o XVIII Acordo Coletivo dos Tripulantes de Cabine e prolongá-lo até 31 de dezembro de 2028.

O acordo preliminar visa “implementar um modelo que permitirá à Iberia partilhar de forma mais equitativa os seus lucros com os tripulantes de cabine, à semelhança do que já acontece com os pilotos”, refere a Iberia, em comunicado. Este modelo permitirá aos tripulantes receber aumentos salariais adicionais, consolidados e não consolidados, com base não apenas nos resultados económicos, mas também no cumprimento de objetivos relacionados com a excelência operacional: pontualidade, NPS (Net Promoter Score) e produtividade.

Assim, para além do novo sistema de recebimento de rendimentos adicionais, as negociações permitiram alcançar outras melhorias significativas, respondendo às principais preocupações do grupo.

Em comunicado, a Iberia refere que o no que diz respeito ao aumento salarial adicional ao atual, este será de até 1% consolidado e até 2,65% não consolidado, consoante a rentabilidade da companhia e a excelência operacional. Estes aumentos serão aplicados às tabelas salariais que já previam um aumento consolidado de 2,5% e um aumento não consolidado de 1,85% por cumprimento dos objetivos de EBIT do Grupo Iberia em 2024.

Quanto ao pagamento extraordinário pontual e não consolidável em 2025, o valor será equivalente ao dos subsídios de Natal e de verão.

Relativamente ao aumento salarial para os níveis de entrada, o acordo preliminar inclui uma melhoria específica de compensação para os níveis 12, 11, 10, 9 e 8, através do aumento do subsídio de deslocação garantido, assegurando que o vencimento mensal nunca fique abaixo do salário mínimo. Em casos excecionais, será feita uma regularização mensal para garantir o salário mínimo.

Assim, os aumentos anuais para os níveis 8 a 12 vão de 700 euros, para o oitavo, até 2.700 euros para o 12.º nível. serão de 700 euros para o Nível 8, de 1.420 euros para o Nível

Além disso, refere a Iberia, “elimina-se a compensação chave por circunstâncias operacionais no cálculo do salário mínimo, conforme o acordo”.

O novo bónus por incidente, responde, segundo se pode ler no comunicado da companhia aérea espanhola, “a uma reivindicação histórica do grupo”. O bónus será de 300 euros por mês de incidência. O acordo garante também que não serão programados meses consecutivos de incidentes ou férias, salvo em situações excecionais.

A Licença Especial não sofre alterações, mas aumenta-se a quota de tripulantes que a podem usufruir anualmente, passando de 50 para um máximo de 125. Todas as solicitações feitas e não atendidas em 2024 devido à superação da quota estabelecida serão agora aceites, indica a Iberia.

O tripulante poderá escolher o montante do Acordo Especial, tal como estabelecido antes da assinatura deste acordo, e, de forma voluntária, os tripulantes poderão optar por um novo sistema de racionalização das bases de contribuição aplicadas ao Acordo Especial. Neste caso, o tripulante receberá anualmente 30% da diferença entre o valor do Acordo Especial sem racionalização e com racionalização.

A Iberia garante que a aplicação deste mecanismo de racionalização “não causará qualquer prejuízo ao tripulante, que continuará a ter direito à pensão de reforma contributiva que lhe corresponderia caso não fosse aplicada a racionalização”.

O acordo agora anunciado prevê, igualmente, o pagamento único adicional e não consolidado, equivalente às contribuições não efetuadas em 2021 para o Fundo Social (Loreto), respondendo, desta forma, a outra das reivindicações dos tripulantes nos últimos anos.

A terminar, o acordo institui, também que, no que diz respeito à compensação por emparelhamento (atribuição de voo) e voos com menos tripulantes, um pagamento da diária se a nova hora de início do emparelhamento for adiada para o dia seguinte ao originalmente previsto. Em voos de longo curso, se faltar um tripulante no voo de ida e regresso, será pago um valor equivalente a dois dias de diária de Wide Body.

Finalmente, o acordo reforça ainda o compromisso com “emprego de qualidade”, ou seja, a transformação de todos os contratos de trabalho fixos descontínuos em contratos fixos ordinários, o que representa mais de 230 transformações.

 

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Turquia recebe mais de 8,8 milhões de turistas internacionais nos primeiros três meses de 2025

O turismo na Turquia bateu recordes no primeiro trimestre de 2025, tendo registado mais de 8,8 milhões de visitantes internacionais e gerado 9,5 mil milhões de dólares em receitas turísticas. Número de visitantes portugueses atingiu 18.245.

A Turquia começou o ano de 2025 com números históricos, registando 8,84 milhões de turistas internacionais entre 1 de janeiro e 31 de março de 2025, gerando receitas turísticas recorde de 9,5 mil milhões de dólares (cerca de 8,5 mil milhões de euros), o melhor valor alguma vez registado pelo país até à data.

O anúncio foi feito em Istambul pelo ministro da Cultura e do Turismo da Turquia, Mehmet Nuri Ersoy, que sublinhou a importância destes resultados no contexto do crescimento global do país enquanto destino turístico internacional.

“De acordo com os dados da Organização Mundial do Turismo, a Turquia tornou-se o quarto maior país do mundo em termos de turismo de entrada em 2024. Fechámos o ano com 62,2 milhões de visitantes, ultrapassando o nosso objetivo inicial, e até 2025, pretendemos atingir 65 milhões de turistas e 64 mil milhões de dólares em receitas. O aumento de 5,6% das receitas no primeiro trimestre confirma que estamos a ir na direção certa”, afirmou Ersoy.

Durante o primeiro trimestre, o maior número de visitantes veio do Irão (733.000 visitantes), da Rússia (601.000 visitantes), da Alemanha (572.000 visitantes), da Bulgária (560.000 visitantes) e do Reino Unido (304.000 visitantes).

O número de turistas provenientes de Portugal também continua a sua tendência ascendente, indicando os dados que, nos primeiros três meses de 2025, o número de visitantes portugueses na Turquia atingiu 18.245, um aumento de 2,42% em relação ao mesmo período do ano passado.

De referir ainda que os turistas internacionais permaneceram na Turquia durante uma média de 11 noites, com uma despesa média diária de 98,90 dólares (cerca de 90 euros).

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Hertz agrava prejuízo para 397,8 milhões de euros no 1.º trimestre

A Hertz totalizou um prejuízo de 443 milhões de dólares (cerca de 397,8 milhões de euros) no primeiro trimestre, acima dos 186 milhões de dólares (166,9 milhões de euros) reportados em 2024, anunciou a empresa de rent-a-car.

A Hertz registou um prejuízo de 443 milhões de dólares (cerca de 397,8 milhões de euros) no primeiro trimestre. Este resultado fica acima dos 186 milhões de dólares (166,9 milhões de euros) reportados em 2024, anunciando a empresa de rent-a-car que esta performance se deve, em parte, à descida nas vendas para os EUA.

Entre janeiro e março, as receitas da empresa atingiram 1.813 milhões de dólares (aproximadamente 1.626 milhões de euros), correspondendo a uma descida de 13% relativamente ao período homólogo.

No mercado dos EUA, a receita da Hertz foi de 1.490 milhões de dólares (1.336,5 milhões de euros), refletindo uma quebra de 14% face ao ano anterior.

Já no mercado internacional, a receita baixou 5% para 323 milhões de dólares (289,6 milhões de euros).

A empresa vendeu, no primeiro trimestre, 504.723 veículos, uma queda de 8% relativamente aos primeiros três meses do ano passado.

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Afastada administração da Linhas Aéreas de Moçambique que passa a ter comissão de gestão

O Instituto de Gestão das Participações do Estado (Igepe) moçambicano anunciou hoje o afastamento da administração da Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) e a nomeação de uma comissão de gestão que será presidida por Dane Kondic.

Em comunicado, o Igepe refere que a decisão foi tomada, em assembleia-geral extraordinária da LAM, no “âmbito do processo de revitalização” da companhia aérea estatal, avançando com “efeitos imediatos” a cessação de funções de Marcelino Gildo Alberto, até agora presidente do conselho de administração, e dos administradores Altino Xavier Mavile e Bruno Miranda.

Foi também aprovada a nomeação de um conselho de administração não executivo, composto por representantes das empresas estatais que este ano passaram a ser acionistas da LAM: Portos e Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), Hidroelétrica de Cahora Bassa e seguradora Emose.

Foi ainda aprovada a nomeação de uma “comissão de gestão, subordinada ao conselho de administração não executivo, com funções executivas, encarregue de conduzir a gestão da empresa e garantir a continuidade das operações”, e que será presidida pelo sérvio Dane Kondic, antigo diretor executivo da Air Serbia e ex-presidente do conselho de administração da portuguesa euroAtlantic.

O Governo confirmou na semana passada que vai avançar com uma auditoria forense às contas da LAM dos últimos dez anos e reestruturar a empresa, com cerca de 900 trabalhadores.

O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, disse em 28 de abril que há “raposas e corruptos” dentro da LAM, com “conflitos de interesse” que impediram a restruturação da companhia em 100 dias.

Ao apresentar os resultados referentes aos primeiros 100 dias de governação, o chefe de Estado denunciou pessoas “com conflitos de interesses” dentro da companhia estatal, cujo objetivo é impedir que a LAM “tenha aviões próprios”.

“Uma das ações de impacto que tínhamos previsto para estes 100 dias era a aquisição de três aeronaves para a LAM. Entretanto, quando decidimos que teríamos disponíveis pelo menos três aeronaves antes de 100 dias, descobrimos que dentro da LAM fomos entregar raposas para cuidar de um galinheiro, ou gatos para cuidarem de ratos”, disse o Presidente de Moçambique.

Afirmou que interessa a essas pessoas que a companhia “continue a alugar aviões, porque com aluguer de aviões ganham comissões”, e o Governo, que decidiu reestruturar a LAM, teve que “reorientar o processo, uma vez que é importante que se cuide dos interesses do povo e não interesses de pessoas ou de grupos”.

O Governo autorizou, em 5 de fevereiro, a venda de 91%, a empresas estatais, da participação do Estado na transportadora LAM, indicando que o valor vai ser usado para aquisição de oito aeronaves, ações que visavam reestruturar a empresa no âmbito dos 100 dias de governação.

A resolução aprovada pelo executivo moçambicano determina que apenas a CFM, a HCB e a Emose podiam adquirir a participação do Estado na LAM.

O Presidente da República prometeu uma ampla restruturação na LAM, incluindo recursos humanos, prometendo aos moçambicanos uma nova fase da companhia de bandeira.

Daniel Chapo afirmou que no contexto do processo relativo à aquisição das três aeronaves “saíram de Moçambique pessoas, com dinheiro dos novos acionistas disponível, e foram ficar 15 dias na Europa para inspecionar aviões e voltarem para Moçambique a dizer que não conseguiram inspecionar nem um avião sequer, coisa que não faz sentido e não tem lógica”.

“Quando descobrimos que dentro da nossa empresa está implantado um antro de corruptos (…) decidimos cancelar o concurso, vamos restruturar a empresa, colocá-la limpa com pessoas competentes que querem trabalhar para o povo moçambicano”, concluiu.

Há vários anos que a LAM enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.

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Número de passageiros nos aeroportos nacionais volta ao positivo em março

O movimento de passageiros regressou a números positivos no mês de março de 2025, registando uma subida de 2,1% face a igual mês de 2024, depois de ter descido 0,5% em fevereiro relativamente ao mesmo mês do ano passado. Também o número de aeronaves a aterrar e descolar nos aeroportos portugueses subiu.

Victor Jorge

Os aeroportos portugueses registaram, março de 2025, o movimento de 5,4 milhões de passageiros, correspondendo a uma subida de 2,1% face ao terceiro mês de 2024, quando no mês anterior de fevereiro tinha caído 0,5%, avança o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A informação indica, igualmente, que no terceiro mês de 2025 registou-se o desembarque médio diário de 88,2 mil passageiros, valor superior ao registado em março de 2024 (86,5 mil; +1,9%).

Quanto ao número de voos, o INE revela que aterraram nos aeroportos nacionais 18,7 mil aeronaves em voos comerciais, correspondendo a uma subida de 2,5% face a período homólogo de 2024, quando no mês anterior de fevereiro se tinha verificado uma ligeira descida de 0,2%.

82,5% dos passageiros desembarcados nos aeroportos nacionais corresponderam a tráfego internacional, atingindo 2,3 milhões de passageiros (+2,4%), na maioria provenientes do continente europeu (67,9% do total), correspondendo a um crescimento de 1,3% face a março de 2024. O continente americano foi a segunda principal origem, concentrando 9,5% do total de passageiros desembarcados (+4,8%).

Relativamente aos passageiros embarcados, 82% corresponderam a tráfego internacional, perfazendo um total de 2,2 milhões de passageiros (+3%), tendo 69,2% do total como principal destino aeroportos no continente europeu, registando um crescimento de 3% face a março de 2024. Os aeroportos no continente americano foram o segundo principal destino dos passageiros embarcados (8,6% do total; +1,2%).

Lisboa foi o principal ponto de movimento de passageiros, registando 2,845 milhões de passageiros, ou seja, uma subida de 0,4% face ao terceiro mês de 2024. Já o Porto viu o número de passageiros aumentar em 3,3% para 1,250 milhões de passageiros, enquanto Faro registou uma subida ainda maior (+4,5%) para 567 mil passageiros.

Trimestre positivo
No primeiro trimestre de 2025 os aeroportos nacionais registaram um total de 13,953 milhões de passageiros, correspondendo a uma subida de 2,4% face ao mesmo período de 2024 e +5,9% relativamente ao trimestre homólogo de 2019.

Quanto ao tráfego de aeronaves, o INE indica que movimentaram-se mais de 50 mil aviões nos aeroportos portugueses.

Na divisão de passageiros pelos principais aeroportos nacionais, verifica-se que o aeroporto de Lisboa movimentou 54,6% do total de passageiros (7,6 milhões), +1,4% comparando com o primeiro trimestre de 2024. O aeroporto de Faro registou um crescimento de 4% no movimento de passageiros (1,2 milhões; 8,9% do total) e o aeroporto do Porto concentrou 23% do total de passageiros movimentados (3,2 milhões) e aumentou 2,6%.

Considerando o volume de passageiros desembarcados e embarcados em voos internacionais no primeiro trimestre de 2025, França foi o principal país de origem e de destino dos voos, tendo registado um ligeiro crescimento no número de passageiros desembarcados e um decréscimo no número de passageiros embarcados face ao mesmo período de 2024 (+0,4% e -1,3%, respetivamente). Reino Unido e Espanha ocuparam a 2.ª e 3.ª posições, como principais países de origem e de destino. A Alemanha ocupou a 4.ª posição. A 5.ª posição foi ocupada pelo Brasil enquanto país de origem e pela Itália enquanto país de destino dos voos.

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IAG arranca 2025 com números em alta e com 71 aviões encomendados

O International Airlines Group (IAG) apresentou os resultados referentes ao 1.º trimestre de 2025, registando um aumento nas receitas, superando os 7 mil milhões de euros, e nos lucros operacionais (198 milhões de euros). Encomendados estão, também, 71 aviões de fuselagem larga para apoiar a estratégia de longo prazo.

Victor Jorge

O International Airlines Group (IAG) – que congrega as companhias aéreas British Airways, Iberia, Vueling, Aer Lingus, LEVEL – registou um aumento de 9,6% nos lucros no final do 1.º trimestre de 2025 face a igual período de 2024, passando de 6,4 mil milhões de euros para 7 mil milhões de euros.

O grupo informa, igualmente, que os lucros operacionais passaram de 68 milhões de euros nos primeiros três meses de 2024 para 198 milhões de euros no trimestre terminado a 31 de março de 2025.

Depois de impostos, o grupo informa, também, que os prejuízos de 4 milhões de euros do 1.º trimestre de 2024 passaram a lucros de 176 milhões de euros no período homólogo do presente exercício.

No que diz respeito à operação comercial de passageiros, as receitas foram de 6 mil milhões de euros no período em análise, correspondendo a uma subida de 6,5% face aos mesmos três meses de 2024.

Na tabela de custos, todas as alíneas registaram um aumento, exceto os combustíveis onde o grupo viu reduzida a carga em 4,1%, passando de 1,789 mil milhões de euros para 1,715 mil milhões de euros. Já na alínea com o pessoal, os custos aumentaram em 12% face ao 1.º trimestre de 2024, fixando-se a 31 de março nos 1,6 mil milhões de euros.

Europa penaliza número de passageiros
Quanto ao número de passageiros transportados, a IAG registou uma quebra de 0,7%, passando dos 26,4 milhões para 26,2 milhões de passageiros, sendo que foi na Europa que o grupo registou a única descida por região.

Na realidade, na Europa a IAG transportou menos 3,4% de passageiros relativamente ao 1.º trimestre de 2024, fixando-se a 31 de março de 2025 nos 12,9 milhões de passageiros.

A maior subida foi registada na Ásia-Pacífico (+12,7%), passando para 302 milhões de passageiros, enquanto para a América Latina e Caribe a subida de 8% fez com que a IAG transportasse nos primeiros três meses de 2025 1,9 milhões de passageiros.

Já para a América do Norte, o crescimento foi menos (+0,7%), fixando o número de passageiros transportados nos 2,6 milhões, enquanto para a África, Médio Oriente e Sudeste da Ásia foram transportados 1,7 milhões de passageiros (+2,3%).

Por companhia, foi a British Airways que transportou mais passageiros (9,9 milhões; -3,6%), enquanto o crescimento de 0,8% da Vueling permitiu à lowcost atingir os 7,8 milhões de passageiros. Já a Iberia cresceu 1,1%, tendo transportado quase 6,1 milhões de passageiros, a Aer Lingus 2,1 milhões (+1,8%) e a LEVEL 159 milhões (+13,6%).

Mais aviões para long-haul
Luis Gallego, CEO da IAG; refere, no comunicado que informa os resultados trimestrais, que “continuamos a cumprir os nossos objetivos financeiros no setor. Mantemos o foco no reforço do nosso vasto portefólio de marcas líderes de mercado nos nossos mercados principais: o Atlântico Norte, a América Latina e o intra-Europeu. Continuamos a observar uma procura resiliente por viagens aéreas em todos os nossos mercados, especialmente nas cabines premium, apesar da incerteza macroeconómica”.

Quanto ao futuro e apesar da incerteza geopolítica e macroeconómica, a perspetiva do grupo para o ano completo mantém-se “inalterada”. A IAG refere que continua a registar uma “boa procura por viagens aéreas nos nossos mercados principais e pelas nossas marcas, o que evidencia a força do nosso portefólio”. Quanto a regiões, diz a IAG que a América Latina e a Europa “continuam fortes” e que a procura no Atlântico Norte tem sido “robusta”, salientando “o bom desempenho das cabines premium a compensar alguma fraqueza recente no segmento de lazer em classe económica com origem nos EUA”.

A 6 de maio, o grupo indica ter “cerca de 80% das reservas feitas para o segundo trimestre, com receitas superiores às do ano passado, e 29% das reservas efetuadas para o segundo semestre, em linha com o registado no ano anterior”.

Com a apresentação dos resultados trimestrais foi, também, revelado o plano para a compra de 71 aviões de fuselagem larga à Airbus e Boeing para apoiar a estratégia de longo prazo.

A agência Reuters, entretanto, avançou que a compra envolve 32 Boeing 787-10 e 21 Airbus A330-900neo. Além disso, foi acordado uma opção primária para a aquisição de mais seis Airbus A350-900, seis A350-1000 e seis Boeing 777-9, o que totaliza 38 aviões para a Boeing e 33 para a Airbus.

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Alemanha com quebras nas dormidas e hóspedes no 1.º trimestre

Quase 8% menos dormidas em março e menos 4% no 1.º trimestre. Número de hóspedes também cai na Alemanha.

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Em março, os estabelecimentos de alojamento na Alemanha registaram 32,7 milhões de dormidas, menos 7,7% do que no mesmo mês do ano anterior. Uma das razões para esta diminuição poderá ser a data mais tardia das férias e dos feriados da Páscoa, que em 2024 ocorreram maioritariamente em março, enquanto em 2025 se concentram quase totalmente em abril.

O número de dormidas de hóspedes residentes na Alemanha caiu 8,4% em março, face ao mês homólogo do ano anterior, para 27,4 milhões, segundo o Statistisches Bundesamt (Destatis – Departamento Federal de Estatística alemão). Também o número de dormidas de hóspedes estrangeiros diminuiu, em 4%, para 5,3 milhões. A queda foi particularmente acentuada nos parques de campismo: as 900 mil dormidas representam uma redução de quase 40%. No Alojamento Local (casas e apartamentos de férias), a descida foi de 18%. “Estes dois tipos de alojamento são especialmente procurados por famílias, pelo que a data tardia das férias da Páscoa teve um impacto mais significativo”, refere a entidade estatística alemã. Nos hotéis, estalagens e pensões, as dormidas caíram 4,7%, totalizando 21,5 milhões.

No 1.º trimestre de 2025, os estabelecimentos de alojamento registaram um total de 84,8 milhões de dormidas. Isto representa uma redução de 4,4% face ao mesmo período do ano anterior, em que se atingiu um valor recorde de 88,7 milhões de dormidas.

O número de dormidas de hóspedes residentes desceu 4,8%, para 70,2 milhões, em comparação com o 1.º trimestre de 2024. Quanto aos hóspedes estrangeiros, o número de dormidas caiu 2,6%, para 14,6 milhões. Também nestas quebras, o Destatis aponta o facto de a Páscoa ter ocorrido mais tarde como causa.

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Pequim levanta proibição às companhias aéreas chinesas de receberem aviões da Boeing

A China levantou uma proibição que impedia há um mês as companhias aéreas chinesas de receberem aviões da Boeing, após as negociações comerciais com os Estados Unidos, que reduziram temporariamente os direitos aduaneiros de cada uma das partes.

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As autoridades de Pequim começaram a informar as transportadoras domésticas e as agências governamentais esta semana que as entregas de aviões fabricados nos Estados Unidos da América (EUA) podem ser retomadas, segundo fontes chinesas em declarações à agência Bloomberg sob condição de anonimato, porque a informação é confidencial.

Foi dada liberdade às companhias aéreas para organizarem as entregas nos seus próprios prazos e condições, acrescentou uma das fontes.

A retoma das entregas à China constitui-se como um impulso imediato para a Boeing.

O descongelamento ocorre no momento em que as duas maiores economias do mundo acordaram numa trégua tarifária, com os EUA a reduzirem para 30%, durante 90 dias, as suas taxas combinadas de 145% sobre a maioria das importações chinesas.

A China concordou em reduzir os seus direitos aduaneiros de 125% sobre os produtos americanos para 10% e em eliminar outras contramedidas tomadas contra os EUA desde 02 de abril.

Ainda assim, o restabelecimento das entregas de aviões poderá ser de curta duração, caso a guerra tarifária não venha a ser resolvida durante os três meses de suspensão.

Nesse cenário, o gigante aeronáutico norte-americano sediado em Arlington, Virgínia, poderá ver o preço das suas aeronaves aumentar em comparação com os seus dois principais concorrentes, a europeia Airbus e a Commercial Aircraft Corporation of China (COMAC), que procura ganhar terreno no mercado doméstico com o apoio estatal.

A Boeing foi poupada às tarifas durante o último episódio da guerra comercial, durante a primeira presidência de Trump (2017-2021), mas as suas vendas ao ‘gigante’ asiático têm vindo a cair desde 2019.

Em 2022, a expectativa era que 25% das entregas internacionais da Boeing fossem para a China, mas em 2023 o número desceu para 9%.

Por outro lado, os especialistas acreditam que, se a guerra comercial não for estancada, a disputa fará com que as empresas norte-americanas de todos os setores vejam preços mais elevados por peças e matérias-primas que compram à China, o que significa que enfrentarão o duplo desafio de ter de realocar parte da respetiva produção e perder competitividade no mercado chinês.

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