Pedro Siza Vieira sugere que apoios a fundo perdido não são agora solução para o turismo
Pedro Siza Vieira sugeriu que os futuros apoios a fundo perdido para as empresas do turismo não são solução, mas sim de ajudas à reconstituição dos balanços, com um programa minimamente pensado, que prometeu deixar montado, antes das eleições.
Carolina Morgado
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O ministro da Economia, Pedro Siza Vieira sugeriu que os futuros apoios a fundo perdido para as empresas do turismo não são solução, mas sim de ajudas à reconstituição dos balanços, com um programa minimamente pensado. O governante espera deixar isso montado até às eleições legislativas agendadas para 30 de janeiro de 2022.
“Admito que possamos ter alguns apoios mais específicos. Já não estamos numa situação de não haver clientes. Por isso, mais do que propriamente dar apoios a fundo perdido para as empresas não fecharem a porta completamente, é ajudar à reconstituição do balanço das empresas que ficaram muito degradadas”, disse Pedro Siza Vieira no último dia do Congresso da APAVT, que decorreu de 01 a 03, em Aveiro.
A ideia, dirigida principalmente às micro e pequenas empresas do setor do turismo mais devastadas pela pandemia, como as agências de viagens, era que por cada euro que o empresário invista para reduzir a dívida, o Estado investisse um euro. “A ideia é fazer a redução do passivo, algo que pode ter um efeito grande”, disse o governante.
Não vale a pena ter um novo aeroporto sem a TAP
O ministro da Economia considerou “lamentável” a incapacidade de decisão sobre o novo aeroporto da região de Lisboa, mas reconheceu que “não vale a pena termos um aeroporto se não tivermos TAP”.
Pedro Siza Vieira realçou, numa amena conversa com Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, que decorreu numa sessão do congresso em que o formato era falar dos temas mais quentes da atualidade, que “precisamos de um novo aeroporto até porque o tempo tem um valor cada vez maior, e foram anos perdidos”, mas na sua opinião, a construção dessa infraestrutura só deve existir se houver TAP, alertando, de seguida que “o país tem de preservar esta capacidade instalada para que haja recuperação”. Isto porque, “se deixarmos agora a TAP morrer seria uma perda muito grande para o país, que nos arrependeríamos nos próximos anos”.
O governante disse que a companhia aérea portuguesa “é provavelmente uma das empresas mais críticas para o nosso futuro coletivo”, mas lembrou que, sendo uma empresa exportadora, se a TAP desaparecesse o país sentiria “um impacto imediatamente negativo” no PIB, na balança comercial e dívida externa, empresa que representou em 2019 quase 2% da balança comercial portuguesa.
Além disso, Pedro Siza Vieira, recordou que 95% que chegam a Portugal é por via aérea e sem a TAP e o aeroporto de Lisboa corria o risco de se tornar secundário, para acrescentar que “o movimento aeroportuário cresceu em Lisboa, porque a TAP cresceu e isso motivou a que outras operadoras viessem para Portugal”.
Para que isso não aconteça, o ministro salientou que “o esforço que estamos a fazer na TAP deve ser visto como um investimento estratégico”, recordando que todos os Estados do mundo tiveram que meter dinheiro nas suas companhias aérea.
“O movimento aeroportuário cresceu em Lisboa, porque a TAP cresceu e isso motivou a que outras operadoras viessem para Portugal”, disse o ministro, recordando ainda que foi a facto de a TAP ter um hub em Lisboa que proporcionou o crescimento do investimento estrangeiro no país.
Estas declarações de Pedro Siza Vieira veem na sequência do que o Presidente da República tem vindo a dizer ao sector, tanto no Dia Mundial do Turismo, celebrado em Coimbra, numa conferência promovida pela CTP, como no Congresso da AHP, que decorreu em novembro, no Algarve.
Dizia Marcelo Rebelo de Sousa, na abertura do 46º Congresso da APAVT que “é muito importante que os concorrentes às eleições clarifiquem o que querem com a TAP, para que não haja angústias metafísicas no decurso da legislatura”.
É nesta linha de raciocínio que o governante considera necessário a existência de um consenso político para mudar a legislação e não ser possível bloquear decisões, lembrando que atualmente há sempre uma câmara que pode bloquear. Espera, assim, que saia uma solução do executivo que vier a governar os destinos de Portugal após as eleições legislativas de 30 de janeiro.
Instabilidade política não é bom para Portugal
O ministro fez questão de sublinhar que a instabilidade política não é bom para Portugal, pois das conversas que tem tido com investidores internacionais, o que valorizam mais em Portugal é a estabilidade que “tem mesmo um valor” que é mais mencionado do que temas como a fiscalidade. “As pessoas valorizam a segurança, a coesão nacional e a estabilidade. Espero que seja preservado”.
Siza Vieira justificou ainda a decisão de não viabilizar o Orçamento do Estado a qualquer custo porque o Governo não esteve disponível para aceitar matérias que não tinham a ver com o Orçamento e que afetariam a vida das empresas e das pessoas.
A crise política provocada pelo chumbo do Orçamento do Estado “foi um desperdício de oportunidades” porque as pessoas e as empresas esperam estabilidade do Estado, considerou o ministro da Economia, mas assegurou que o Governo mantém capacidade orçamental e flexibilidade jurídica para dar respostas, mas alertou o setor do turismo, em particular, para o grande “se não formos capazes de ter uma solução governativa no pós-eleições”.
O ministro da Economia respondeu ainda a várias questões e até deixou uma receita para acautelar a subida da inflação e das taxas de juro: “O que temos de fazer é evitar uma subida da dívida pública”.