Azul retoma voos diários para Lisboa em dezembro
A reabertura de fronteiras entre Portugal e o Brasil ditou um forte aumento da procura por viagens aéreas entre os dois países, num crescimento que está a ser sentido pela Azul – Linhas Aéreas Brasileiras, que conta retomar em dezembro os voos diários para Lisboa.
Inês de Matos
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Mesmo nos piores dias da pandemia da COVID-19, a Azul – Linhas Aéreas Brasileiras não deixou de voar entre Portugal e o Brasil e, quando as fronteiras se fecharam, a companhia aérea brasileira apostou nos voos de repatriamento para levar de volta a casa os portugueses e brasileiros que tinham ficado retidos no estrangeiro. “Foi um momento em que, mais uma vez, a aviação demonstrou a sua importância de conectar regiões mesmo diante dos desafios sanitários impostos pela pandemia”, resume ao Publituris Giuliano Ponzio, gerente comercial regional da Azul para a Europa, fazendo um balanço positivo destas operações de repatriamento.
Apesar de ter provocado uma “queda extremamente significativa” na oferta da companhia aérea brasileira, que passou de “quase mil voos por dia” para cerca de 70, em consequência da baixa procura, a pandemia não trouxe apenas notícias negativas à Azul e, como diz o responsável, houve até unidades de negócio que cresceram, a exemplo da Azul Cargo Express, que foi impulsionada pelo e-commerce. Mas a Azul aproveitou também este período de baixa procura aérea para implementar alguns “sistemas que melhorassem a jornada do cliente”, como o Tapete Azul que recorre à realidade aumentada e indica ao passageiro o momento certo de embarcar, mas também “as bancadas digitais de autoatendimento para etiquetagem de bagagem e o check-in pelo aplicativo”. “Todas essas tecnologias vieram para ficar e estamos animados com isso”, destaca Giuliano Ponzio.
Animação é também a palavra que melhor descreve o sentimento atual da companhia aérea brasileira, uma vez que, passados os piores momentos da COVID-19, a procura está a subir e, este verão, a Azul já disponibilizou 90% da capacidade pré-pandemia e conta mesmo ultrapassar os números de 2019 em breve, principalmente no mercado brasileiro. “A retoma já está forte e vemos que os nossos clientes estão com muita vontade de voar, reencontrar entes queridos, sair do ambiente doméstico, viajar de férias. Já estamos com cerca de 90% da capacidade que operávamos antes da pandemia e temos a intenção de progredir ainda mais, até mesmo ultrapassando os níveis de antes desta crise, principalmente no que diz respeito aos voos nacionais”, revela o responsável.
Com a reabertura de fronteiras entre Portugal e o Brasil, os bons indicadores estendem-se também à rota entre Lisboa e São Paulo – Campinas, que conta atualmente com uma média de quatro voos por semana, mas que Giuliano Ponzio garante que vai crescer já este mês de outubro e regressar aos voos diários em dezembro. “Atualmente, a Azul opera, em média, quatro voos semanais, porém, agora com as fronteiras reabertas, temos observado um crescimento da procura, o que fará com que precisemos de aumentar a nossa oferta de voos. Em outubro, por exemplo, essa frequência passará para cinco voos por semana e, a partir de dezembro, serão voos operados todos os dias para a capital portuguesa”, revela o responsável comercial da Azul para a Europa.
Porto continua no horizonte
Ao Publituris, Giuliano Ponzio garante que “Portugal é um destino importante para a Azul”, principalmente pela comodidade que oferece aos clientes brasileiros da companhia aérea, que têm em Lisboa “uma porta de entrada” para a Europa. Por isso, não é de estranhar que a reabertura das fronteiras portuguesas para turistas brasileiros – que aconteceu no início de setembro e dispensou a realização de quarentena – tenha ditado “um aumento na procura por passagens aéreas”, que ultrapassou até as melhores expetativas da transportadora. “Surpreendentemente, as emissões de bilhetes para o país lusitano mais que duplicaram neste mês [setembro] se comparado com agosto. A expectativa da empresa é realizar um novo incremento da oferta em dezembro, com a operação de um voo diário entre Campinas, maior centro de conexões de voos da companhia, e a capital portuguesa. Estamos confiantes na consolidação da procura”, indica Giuliano Ponzio.
Apesar da elevada procura nos voos de Lisboa, o responsável comercial da Azul para a Europa revela, no entanto, que os planos da companhia aérea para regressar ao Porto, para onde a Azul também operava antes da pandemia da COVID-19, estão mais atrasados, uma vez que a companhia aérea “estima um retorno gradual e lento das operações internacionais”. “O objetivo principal da Azul é reforçar e recuperar a sua oferta para Lisboa antes de planear o retorno das operações no Porto”, explica Giuliano Ponzio.
Já no Brasil, a Azul tem vindo a abrir várias novas rotas, muitas das quais também têm interesse para turistas portugueses que viajam em lazer para o Brasil. “Teremos uma malha leisure durante a temporada alta de verão no Brasil e os nossos clientes portugueses poderão aceder às belezas naturais do nosso país com conexões rápidas e convenientes em Campinas”, indica o responsável, dando como exemplo Jericoacoara, Fernando de Noronha, Fortaleza, João Pessoa, Recife, Maceió e Salvador, bem como os destinos do sul e sudeste do Brasil, como algumas das rotas que mais devem atrair os turistas portugueses, nomeadamente por causa das praias.
No Brasil, a Azul já está a operar em 130 destinos – incluindo os oito novos destinos no interior do Rio Grande do Sul e um no Amazonas, que foram inaugurados em agosto, e outro na Bahia, aberto já em setembro -, número que supera a oferta que a companhia aérea disponibilizava antes da COVID-19, que não ultrapassava os 116 destinos, com Giuliano Ponzio a revelar que o objetivo da Azul é “chegar a 150 cidades dentro do Brasil até ao fim deste ano”.
Segmento corporate recupera e fim-de-ano promete
Igualmente animadoras são as perspetivas quanto às viagens de negócios, que eram um dos pontos fortes da rota da Azul entre Lisboa e São Paulo – Campinas, mas que foram drasticamente afetadas e reduzidas com a pandemia, com Giuliano Ponzio a revelar que “a procura por passagens aéreas de negócios, nos voos dentro do Brasil, atingiu 60% na comparação com o período pré-pandemia”, pelo que a estimativa da transportadora é que “o segmento alcance 80% a 85% até ao fim de dezembro”. “A perspetiva de retoma das viagens corporativas também é vista com otimismo dentro da Azul. As empresas pretendem retomar as viagens corporativas face ao avanço da vacinação. Mesmo que algumas reuniões ainda sejam realizadas por vídeo-conferência, afinal as pessoas descobriram como trabalhar remotamente, muitos negócios não dispensam o olho no olho, o aperto de mãos”, explica o responsável.
Positivas são ainda as expetativas para o fim-do-ano, época que, devido ao período do Natal e Ano Novo, costuma ser forte para a aviação, principalmente no Brasil, onde este período coincide com o verão, com o responsável a indicar que a transportadora está “confiante tanto para o mercado nacional quanto internacional”. “Já notamos uma retoma gradual nas viagens e preparamos uma malha de temporada alta especial para os meses de dezembro e janeiro. Inclusive, o incremento de voos para Portugal, que passarão a ser diários, faz parte desse período em que prevemos um aumento nas viagens”, destaca, garantindo que “a Azul está preparada para a retoma”. “À medida que percebermos uma procura consolidada maior, iremos remodelar a nossa operação para garantir uma oferta de assentos equivalente. O avanço da imunização em todo o mundo reflete um interesse genuíno dos clientes em realizar viagens internacionais, todos estão com saudades de viajar”, resume Giuliano Ponzio.
“Codeshare com a TAP é um caso de sucesso”
Em Portugal, a Azul conta com uma relação de parceria com a TAP que se mantém há alguns anos e que envolve mesmo um acordo de codeshare que permite que os passageiros da transportadora brasileira que viajam para a capital portuguesa desde Campinas possam seguir viagem para toda a Europa, a bordo dos voos da TAP. “São duas empresas internacionalmente reconhecidas pelo bom serviço que entregam aos clientes trabalhando conjuntamente. O resultado disso só poderia ser positivo”, resume Giuliano Ponzio, considerando, por isso, que a “parceria de codeshare com a TAP é um caso de sucesso” para a Azul, que a companhia pretende manter no futuro.