Como vai ser 2018?
Com 2017 a chegar ao fim, é tempo de fazer um balanço do ano que está a terminar e traçar perspectivas para 2018.
Inês de Matos
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Com 2017 a chegar ao fim, é tempo de fazer um balanço do ano que está a terminar e traçar perspectivas para 2018. O Publituris foi ouvir algumas personalidades ligadas ao Turismo, que são unânimes em considerar 2017 como um dos melhores anos de sempre para o sector. E 2018 deve seguir a mesma tendência.
Balanço 2017
Com um balanço globalmente positivo, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, considera que, ao longo de 2017, houve “vários aspectos positivos a destacar”, mas elege os prémios que o País tem vindo a receber como um dos momentos mais marcantes, cujo “ponto alto” ocorreu “nos WTA, com a conquista de sete distinções mundiais, entre as quais a de melhor destino turístico do mundo”, diz a governante, para quem estas distinções mostram que “estamos, assumidamente, a conquistar um lugar de referência enquanto destino turístico que precisamos de consolidar”.
Tal como Ana Mendes Godinho, também Vitor Costa, director-geral da Associação Turismo de Lisboa (ATL), destaca os prémios recebidos pelo País e pela capital, considerando que “a atribuição a Lisboa do prémio de Melhor Destino de City Breaks do Mundo pelos World Travel Awards veio culminar um ano muito positivo para o Turismo na Região”.
O director-geral da ATL diz que “2017 foi um ano bastante positivo para o Turismo de Lisboa” e destaca eventos como a Web Summit ou a Volvo Ocean Race, que foram importantes para a maturidade e para aumentar a projecção do destino.
E também no Porto o ano de 2017 trouxe bons resultados, merecendo igualmente um balanço positivo por parte de Melchior Moreira, presidente da Entidade Regional de Turismo do Porto e Norte de Portugal, para quem “o crescimento sustentável do fenómeno turístico na região é sem dúvida o factor que mais importa relevar”.
Já Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo Português (CTP), para quem 2017 foi um ano “claramente positivo”, foca o bom desempenho dos indicadores e o contributo do Turismo para a economia nacional. “Mais uma vez, superámos as melhores expectativas em todos os indicadores – hóspedes, dormidas, receitas. Ainda que o ano não esteja fechado, os últimos números do INE referem, por exemplo, que as receitas, entre Janeiro e Setembro deste ano, cresceram 19%. Ou seja, entraram 11.500 milhões de euros na economia portuguesa. O Turismo continua, pois, a dar um importantíssimo contributo para a economia e criação de riqueza e emprego”, afirma.Para Francisco Calheiros, “o crescimento sustentado do Turismo” foi o aspecto mais positivo do ano, até porque “estamos a falar de um ciclo de crescimento que assenta num destino consolidado”, acrescenta.
Opinião idêntica tem Rodrigo Pinto Barros, presidente da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), que defende que “existe um ambiente globalmente positivo, evidenciado nos resultados estatísticos que foram sendo sucessivamente divulgados, no interesse demonstrado pelos investidores e na criação de emprego”.
Já Cristina Siza Vieira, directora executiva Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), destaca “a quantidade e qualidade das novas unidades hoteleiras que surgiram e se projectam para os próximos dois anos por todo o País, e a renovação que está a ser feita no parque hoteleiro” como um dos aspectos mais positivos do ano que agora está a terminar.
E também no rent-a-car o ano merece um balanço positivo, com Joaquim Robalo de Almeida, secretário-geral da Associação dos Industriais de Aluguer de Automóveis sem Condutor (ARAC), a afirmar que “no ano em curso, a actividade de rent-a-car tem registado um crescimento do seu volume de negócios em relação ao ano anterior, o qual já havia registado igualmente um crescimento acentuado”. Entre os aspectos mais positivos, destaca “o crescimento do Turismo de forma exponencial, do qual o rent-a-car faz parte integrante”, além do aumento do número de clientes, da facturação e da diminuição da sazonalidade.Aspectos negativos
Apesar do balanço positivo de 2017, também existem aspectos negativos ou “desafios a que temos de responder”, como refere a secretária de Estado do Turismo. Neste ponto, Ana Mendes Godinho destaca os “recursos humanos” como “a grande aposta e onde temos de concentrar muita da nossa energia”. “Não basta dizer que é necessário haver mais mão-de-obra qualificada, é necessário que o Turismo tenha capacidade de atrair e reter talentos e recursos humanos, oferecendo condições competitivas e que respondam à exigência de quem trabalha nesta actividade”, acrescenta.
Já Francisco Calheiros salienta enquanto aspecto menos positivo a “inexistência de um modelo eficaz de governance para o Turismo, que dê resposta à transversalidade da actividade, assegurando o melhor alinhamento entre o sector público e privado”. O presidente da CTP acrescenta ainda “a falta, da parte do Governo e no quadro do OE2018, de mais medidas de apoio ao financiamento das empresas do Turismo e ainda o erro de não haver a dedutibilidade do IVA no MICE, com consequente perda de competitividade para o nosso País”, como notas negativas de 2017.
Na opinião do presidente da APHORT, “o principal sinal de preocupação está nos indicadores que nunca constituem notícia de ‘primeira página’, mas que são de maior relevância, uma vez que têm como consequência directa a debilidade das empresas do sector” e dá como exemplo a taxa de ocupação-cama, que é actualmente “um terço da taxa de crescimento das dormidas. Ou seja, o crescimento da oferta é superior ao crescimento da procura. Esta realidade, a médio prazo, só pode trazer problemas”, explica.
Rodrigo Pinto Barros aponta ainda “o desequilíbrio regional que persiste no crescimento do Turismo” como outro dos desafios e concorda com Ana Mendes Godinho na questão dos recursos humanos, afirmando que “há um problema claro de falta de mão de obra qualificada”.
Já a directora executiva da AHP aponta os incêndios como “a pior calamidade do ano de 2017”, mas considera que um dos maiores problemas que se põem actualmente é “a situação esgotada do Aeroporto Humberto Delgado, à qual acrescem as disfunções do SEF e o incrível tempo de espera dos passageiros”.
Cristina Siza Vieira fala ainda em “dificuldades na tomada de decisão relativamente à localização do novo aeroporto” e considera que existem também, “a nível de situações legais, alguns aspectos pendentes que carecem de intervenção da secretária de Estado do Turismo”.
O novo aeroporto de Lisboa é também uma preocupação para Vitor Costa, que elege igualmente a sustentabilidade como um dos principais desafios. “Relativamente à capacidade aeroportuária, de que o nosso Turismo depende esmagadoramente, foram evidenciadas algumas limitações do actual aeroporto, bem como a preocupação relativa ao período de tempo até que o aeroporto complementar no Montijo entre em operação”, refere.
E também Melchior Moreira fala no transporte aéreo como uma preocupação, principalmente no que diz respeito ao “efeito de imprevisibilidade da tomada de decisão unilateral e sem pré-aviso de suspensão de voos pela companhia Ryanair, sem que tenha havido possibilidade de encontrar alternativas e soluções, para minimizar o seu impacto negativo na economia turística real”.
O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal destaca também a gestão das florestas como outro dos desafios, e fala na “incapacidade do País em prever e suster catástrofes”. “Os efeitos sobre os activos da região do ponto de vista turístico são incalculáveis e houve uma notória desvalorização e falta de atenção da Secretaria de Estado do Turismo ao Norte”, acusa.
Na ARAC, Joaquim Robalo de Almeida também aponta alguns problemas de legislação e diz que o rent-a-car “continua a ter um processo de contratação muito burocratizado”. “É imperativo que de uma vez por todas o Turismo em Portugal tenha o reconhecimento que merece e que lhe é devido e seja dotado de ferramentas legislativas que lhe permitam combater com os seus concorrentes directos. O sector necessita de legislação sucinta e adequada”, diz.
Como será 2018?
Apesar das preocupações, todos os intervenientes ouvidos pelo Publituris são unânimes em afirmar que 2018 vai voltar a trazer boas notícias. Ana Mendes Godinho, defende que “2018 será claramente um ano de trabalho para garantir que concretizamos as medidas que identificámos na Estratégia para o Turismo 2027” e elege como prioridades “a valorização das pessoas que trabalham no Turismo, a promoção do Turismo em todo o território nacional e em todo o ano, e o estímulo permanente à inovação”. “Estou certa que o Turismo, em 2018, continuará a ter um papel essencial na criação de riqueza e de emprego em todo o território, afirmando-se cada vez mais Portugal como o País que ninguém pode perder”, considera.
Vitor Costa também espera crescimento em 2018, nomeadamente na capital, apesar de admitir que “possa haver algum abrandamento nos níveis de crescimento por causa das limitações do aeroporto”.
Já Melchior Moreira diz que o Porto e Norte deverá “continuar a crescer de forma sustentável”, apesar do desafio de “tornar o destino mais inclusivo”, motivo pelo qual a região está já a trabalhar num “plano estratégico que foque na problemática da acessibilidade para todos”.
Confiante está também Francisco Calheiros, que acredita que “o número de visitantes irá aumentar, quer nos nossos mercados tradicionais, quer nos novos como o EUA e a China, que apresentam grande potencial de crescimento”. O presidente da CTP tem a expectativa que a questão do aeroporto de Lisboa possa ficar “definitivamente fechada em 2018, com a adopção da solução do Montijo, abrindo caminho a novas ligações aéreas e, consequentemente, novos mercados”.
Já Cristina Siza Vieira diz que a expectativa da AHP “é de que o próximo ano seja ainda melhor do que 2017”, até porque “Portugal tem tudo para continuar a crescer” e diz que a hotelaria está focada no aumento da ocupação. “Na Hotelaria, estamos muito focados no aumento da taxa de ocupação em destinos ‘menos maduros’ e no crescimento dos preços a nível nacional, pelo que apostar na formação de activos é essencial para podermos oferecer um serviço de excelência”, defende.
Joaquim Robalo de Almeida também acredita que o sector vai manter o bom desempenho, afirmando que “o Turismo deverá continuar no próximo ano a ser um dos principais motores das exportações portuguesas e do crescimento do País”, tendo em conta as reservas já feitas para 2018 e “a cada vez maior apetência dos mercados tradicionais”, bem como dos novos mercados, como a China, Coreia do Sul ou Canadá.
Opinião mais critica tem Rodrigo Pinto Barros, que apesar de considerar que “haverá certamente indicadores positivos em 2018”, alerta que há “também sinais cada vez mais preocupantes”. “A visão eufórica e especulativa do sector leva, por exemplo, ao aparecimento das taxas turísticas que são uma forma, a nosso ver, errada de pôr os turistas a contribuírem para a sustentabilidade dos destinos”, refere, acrescentando que “o facto dos municípios julgarem que podem criar livremente impostos sobre a economia – autênticos ‘IVA’s’ municipais – é um enorme factor gerador de incerteza”. É por estes motivos que Rodrigo Pinto Barros diz olhar para 2018 com uma “confiança insegura”.
Nota de editor: artigo publicado na edição do Publituris nr. 1357, de 15 de Dezembro.