Apesar de terem viajados menos em 2024, os residentes em Portugal realizaram mais viagens ao estrangeiro ao longo do ano passado, avança o Instituto Nacional de Estatística (INE), que diz que este indicador aumentou 6,2%, alcançando um novo “máximo histórico”.
De acordo com os dados divulgado esta segunda-feira, 28 de abril, no ano passado “realizaram-se 22,9 milhões de viagens, -3,2% face ao ano anterior”, tendo as viagens a nível nacional diminuído 4,7%, principalmente nos dois primeiros trimestres do ano, enquanto “as viagens ao estrangeiro cresceram 6,2%, atingindo um máximo histórico”.
Na globalidade do ano 2024, 48,7% da população residente em Portugal efetuou pelo menos uma viagem turística, número que recuou 3,0 p.p. face a 2023 (menos 138,6 mil turistas).
O “lazer, recreio ou férias” foi, segundo o INE, o principal motivo de viagem, correspondendo 50,9% do total ou a 11,7 milhões de viagens, o que traduz uma descida de 1,7% face a 2023, seguindo-se a “visita a familiares ou amigos”, que foi o segundo principal motivo para viajar, originando 37,7% ou 8,6 milhões de viagens, o que também traduz uma descida mas de 4,5% face a 2023.
Já os motivos “profissionais ou de negócios” representaram 6,5% das viagens realizadas pelos residentes em território nacional no ano passado, num total de 1,5 milhões de deslocações, tendo sido este o tipo de viagem que registou o maior decréscimo face a 2023, numa quebra de 12,9%.
O INE diz que, no total do ano de 2024, “as viagens nacionais decresceram 4,7%, representando 85,0% do total (-1,3 p.p.), tendo a maioria sido realizadas por motivos de “lazer, recreio ou férias” (peso de 47,5%, +0,3 p.p.), enquanto as viagens ao estrangeiro aumentaram 6,2%, predominando também o motivo “lazer, recreio ou férias” (peso de 70,3%; +2,1 p.p.).
Os dados mostram também que a região Centro se manteve como o principal destino das viagens realizadas em território nacional, concentrando 29,9% do total de deslocações (+0,1 p.p. face a 2023), seguindo-se a região Norte (25,0% do total), com maior ganho de representatividade face ao ano anterior (+1,3 p.p.), enquanto, em sentido inverso, destacou-se a AM Lisboa, que recuou para 14,9% face aos 17,3% de 2023.
Já nas viagens ao estrangeiro, o destaque foi para Espanha, França e Itália, que ocuparam novamente as três primeiras posições do ranking de destinos nas deslocações internacionais, com quotas de, respetivamente, 40,6% (-1,0 p.p.), 9,5% (-0,6 p.p.) e 6,2% (-0,7 p.p.).
“Entre as viagens realizadas ao estrangeiro, as que tiveram como destino o conjunto dos países da União Europeia aumentaram 1,8%, representando 71,5% do total (-3,1 p.p.)”, indica o INE.
Os dados mostram ainda que os residentes optaram por serviços de marcação prévia em 41,0% do total das viagens (+2,1 p.p. face a 2023), sendo que nas viagens ao estrangeiro esta foi a opção em 93,3% (+1,0 p.p.) das situações.
“O recurso à internet ocorreu em 28,1% (+2,4 p.p.) das viagens, 20,8% nas que tiveram como destino Portugal (+1,6 p.p.) e 69,6% nas viagens ao estrangeiro (+2,7 p.p.)”, especifica o INE, que diz ainda que, no ano passado, as dormidas em “alojamento particular gratuito” corresponderam a 59,4% (61,3% em 2023) e decresceram 6,6%.
Já os “hotéis e similares” concentraram 24,6% do total das dormidas (+1,0 p.p. face a 2023), enquanto o alojamento “particular pago” representou 12,0% do total das dormidas.
No total do ano 2024, cada viagem teve uma duração média de 4,07 noites (4,08 noites em 2023).
5,3 milhões de viagens no último trimestre de 2024
No último trimestre do ano, os residentes realizaram 5,3 milhões de viagens, valor que aumentou 3,1% face a igual período de 2023, o que, segundo o INE, reflete os acréscimos nas deslocações em território nacional (+2,5%; +1,4% no 3ºT 2024) e para o estrangeiro (+7,0%; +9,8% no 3ºT de 2024).
“No 4º trimestre de 2024, 86,2% das deslocações dos residentes (84,2% no trimestre anterior) ocorreram em território nacional, totalizando 4,6 milhões de viagens, enquanto as restantes 731,5 mil tiveram como destino o estrangeiro (13,8% do total; 15,8% no trimestre anterior)”, explica o INE, revelando que o número de viagens aumentou nos meses de outubro e novembro (+5,2% e +14,9%, respetivamente), mas decresceu em dezembro (-3,7%).
Os dados do INE indicam que a “visita a familiares ou amigos” foi a principal motivação para viajar no 4º trimestre de 2024, totalizando 2,5 milhões de viagens (-4,1%), tendo estado na origem de 47,2% do total de viagens (-3,6 p.p. face ao 4ºT 2023).
Já o “lazer, recreio ou férias” esteve associado a 2,0 milhões de viagens realizadas (+7,5%), o que representou 37,7% do total (+1,5 p.p. face ao 4ºT 2023), enquanto as viagens por motivos “profissionais ou de negócios” (412,3 mil) corresponderam a 7,8% do total (-0,9 p.p.) e decresceram 7,6%.
O INE indica ainda que, no último trimestre de 2024, o “motivo “visita a familiares ou amigos” esteve na origem de mais de metade das viagens nacionais (2,3 milhões; peso de 51,0%), tendo sido o segundo principal motivo das viagens ao estrangeiro (172,1 mil viagens; peso de 23,5%)”, enquanto o “lazer, recreio ou férias” foi o principal motivo das deslocações ao estrangeiro (432,6 mil viagens; peso de 59,1%) e o segundo motivo nas viagens em território nacional (1,6 milhões de viagens; peso de 34,2%).
Já os motivos “profissionais ou de negócios” foram a terceira principal razão dos residentes para viajar nas deslocações ao estrangeiro (15,4%; 112,6 mil viagens), no último trimestre do ano.
Os residentes recorreram à marcação prévia de serviços em 34,6% das viagens realizadas (-0,7 p.p.), sendo que, nas deslocações com destino ao estrangeiro, esta foi mesmo a opção em 92,4% das viagens, enquanto nas deslocações em território nacional apenas 25,4% (-1,1 p.p.) teve a marcação prévia de serviços.
Já a internet foi utilizada no processo de organização de 25,6% das deslocações (+0,9 p.p.), tendo este recurso sido opção em 73,9% (+1,0 p.p.) das viagens para o estrangeiro e 17,9% (+0,6 p.p.) das viagens em território nacional.
Quanto ao tipo de alojamento, o “particular gratuito” manteve-se como a principal opção nas viagens dos residentes (70,8% das dormidas) nos três últimos meses de 2024, apesar da diminuição de peso no total (-2,2 p.p.), enquanto os “hotéis e similares” foram a segunda opção, concentrando 21,5% das dormidas (3,6 milhões), com este tipo de alojamento a representar 47,9% das dormidas em viagens por “motivos profissionais ou de negócios” e 41,9% das viagens motivadas por “lazer, recreio ou férias”.
Cada viagem teve uma duração média de 3,19 noites entre outubro e dezembro de 2024 (3,29 no 4ºT 2023), tendo a duração média mais baixa sido registada no mês de novembro (2,50 noites), enquanto a mais elevada ocorreu em dezembro (3,65 noites).
No quarto trimestre de 2024, 20,1% dos residentes realizaram pelo menos uma deslocação turística, refletindo um decréscimo de 1,8 p.p. face ao mesmo período do ano anterior.
Já numa análise mensal, e em termos homólogos, a proporção de residentes que realizou pelo menos uma viagem diminuiu em dezembro (-0,4 p.p.), mas aumentou em outubro e novembro (+0,3 p.p. e +0,8 p.p., respetivamente).