A AirHelp apurou que, no ano passado, Portugal voltou a registar uma “elevada taxa de voos com perturbações” e que 34% dos 34 milhões de passageiros que partiram de aeroportos nacionais tiveram problemas com atrasos e cancelamentos de voos, número que colocam o país com o terceiro pior desempenho a nível europeu.
Segundo a análise da empresa de defesa dos direitos dos passageiros aéreos, entre os “países europeus com maior tráfego aéreo, Portugal é dos que apresenta uma maior taxa de voos atrasados”.
No ano passado, mais de 80 mil voos “sofreram algum tipo de perturbação – cancelamento ou atraso – afetando mais de 11 milhões de passageiros, ou seja, 34% dos mais de 34 milhões que viajaram a partir de Portugal”, dos quais mais de 630 mil passageiros são elegíveis para a obtenção de compensação.
Por rotas, a AirHelp diz que Madrid foi o destino preferencial de quem partiu de Lisboa, com 962 mil passageiros aéreos contabilizados nesta rota, “dos quais 38% sofreu alguma perturbação no seu voo”; seguindo-se Paris, que foi o segundo destino de quem partiu de Lisboa e registou de 868 mil passageiros aéreos, dos quais 38% sofreu alguma perturbação. Já a rota Madeira-Lisboa foi a terceira mais procurada, com 647 mil passageiros aéreos, incluindo 37% que tiveram sofrer alguma perturbação.
Os dados da AirHelp mostram, no entanto, que 2024 trouxe uma melhoria da situação, já que, em 2023, tinham sido 36% os voos com partida de Portugal a sofrer perturbações, a mesma percentagem que se verificou também nos voos com chegada a território nacional.
“O ano de 2024 foi um ano positivo para os aeroportos portugueses, que, em geral, registaram uma melhoria na performance da operação de voos, no que à pontualidade diz respeito, com uma diminuição do número de voos e de passageiros afetados por problemas nos voos, com cancelamento e atrasos, apesar do aumento do número de voos totais operados com partida em Portugal e a manutenção do número de passageiros”, refere o advogado especialista em direitos dos passageiros aéreos Pedro Miguel Madaleno.
O especialista realça que, em 2024, registou-se “uma inversão da tendência de crescimento dos números e das percentagens de voos e passageiros afetados por perturbações que se vinha registando desde o fim da pandemia de Covid-19”.
Por aeroportos, Lisboa voltou a ser o que registou maior número de passageiros, com mais de 17 milhões de passageiros a partirem da infraestrutura aeroportuária da capital, dos quais 40% terão sofrido alguma perturbação.
O Aeroporto do Porto foi o segundo mais movimentado e registou aproximadamente sete milhões e meio de passageiros aéreos, com 30% destes a sofrer alguma perturbação no seu voo, seguindo-se, em terceiro lugar, o Aeroporto de Faro, que registou mais de quatro milhões de passageiros aéreos, com 23% a sentir alguma dificuldade.
Os meses de verão, acrescenta a AirHelp, foram os que “registaram maior tráfego aéreo”, com destaque para julho e agosto, ainda que tenham sido nos meses de setembro e outubro que se registaram mais perturbações, com 42% e 45% dos voos, respetivamente, a sofrerem algum atraso ou cancelamento.
Portugal foi o terceiro país da Europa com maior número de perturbações
Além de Portugal, a análise da AirHelp analisou também as perturbações em voos a nível europeu, apurando que dos mais de 960 milhões de passageiros que passaram pelos aeroportos europeus; “30% deles viram os seus voos atrasados ou cancelados e mais de 19 milhões puderam reclamar uma indemnização financeira”.
De acordo com os dados da AirHelp, foi na Grécia que mais passageiros foram afetados por problemas nos voos, uma vez que dos 35 milhões de passageiros que passaram por este país europeu, 37% viram o seu voo sofrer algum atraso ou cancelamento, seguindo-se a Alemanha, que registou mais de 105 milhões de passageiros aéreos, sendo que “34% destes sofreu algum tipo de perturbação no seu voo, o que corresponde a mais de dois milhões e meio de passageiros aéreos”. Portugal fecha o pódio e fica na terceira posição.
Mas também houve bons exemplos e a AirHelp destaca a Noruega, Islândia e Lituânia como os países europeus com maior pontualidade, já que 81% dos 30 milhões de passageiros que apanharam um voo na Noruega chegaram ao seu destino a tempo. Na Islândia, 80% dos mais de quatro milhões de passageiros que voaram a partir de aeroportos islandeses partiram a tempo; tal como na Lituânia, onde esta percentagem também foi de 80% entre os mais de 2,5 milhões de passageiros que iniciaram a sua viagem neste país báltico.
A AirHelp diz ainda que Espanha foi, pelo segundo ano consecutivo, o país europeu com mais voos registados, com perto de um milhão de voos e 145 milhões de passageiros contabilizados, tendo, no entanto, piorado os seus registos de pontualidade, uma vez que 26% dos 145 milhões de passageiros que passaram por aeroportos espanhóis a sofrer uma perturbação no seu voo.
Já o segundo lugar pertenceu ao Reino Unido, que registou também 145 milhões de passageiros, sendo que 32% sofreu alguma perturbação no seu voo, enquanto a Alemanha, que foi o terceiro país com mais tráfego aéreo na Europa, registou mais de 105 milhões de passageiros aéreos. Itália, por sua vez, ficou na quarta posição, com 105 milhões de passageiros aéreos, 32% dos quais teve alguma perturbação, enquanto França encerra o Top5, tendo contabilizado 98 milhões de passageiros, incluindo 31% que tiveram problemas de pontualidade com o seu voo.