Mário Centeno: “Mercado de trabalho tem sido a estrela do desenvolvimento económico”
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, marcou presença no Congresso da AHRESP deste ano, onde referiu a importância do número de imigrantes recebidos para a criação de emprego em Portugal e o facto de o salário ser uma “peça fundamental” para enfrentar desafios futuros. A necessidade de retirar os apoios criados nas crises pandémica e energética foi outro dos pontos abordados.
Carla Nunes
Enoturismo no Centro de Portugal em análise
ESHTE regista aumento de 25% em estágios internacionais
easyJet abre primeira rota desde o Reino Unido para Cabo Verde em março de 2025
Marrocos pretende ser destino preferencial tanto para turistas como para investidores
Do “Green Washing” ao “Green Hushing”
Dicas práticas para elevar a experiência do hóspede
Porto Business School e NOVA IMS lançam novo programa executivo “Business Analytics in Tourism”
Travelplan já vende a Gâmbia a sua novidade verão 2025
Receitas turísticas sobem 8,9% em setembro e têm aumento superior a mil milhões de euros face à pré-pandemia
Atout France e Business France vão ser uma só a partir do próximo ano
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, participou este sábado, 12 de outubro, numa sessão do Congresso da AHRESP, onde frisou o papel dos imigrantes recebidos em Portugal na criação de emprego. Como referiu, “do milhão de empregos que criámos, 600.000 são imigrantes”.
Sem esquecer que “a taxa de crescimento no mercado de trabalho dos nacionais continuou a crescer”, Mário Centeno referiu que “o grande impulso diferencial nesta fase” coube à população imigrante. No seu entender, a tendência replica o cenário europeu, com “o emprego na Europa [a crescer] 11 milhões em menos de cinco anos” – sendo que destes postos de trabalho “60% são trabalhadores que estão a trabalhar num país onde não nasceram”.
“Temos todos que respeitar e entender estes fluxos e tentar enquadrá-los naquilo que é a situação económica e financeira do país, em particular nos desafios futuros”, afirmou.
Neste contexto, “se o mercado de trabalho tem sido a estrela do nosso desenvolvimento económico”, como colocou Mário Centeno, “o salário é a peça fundamental de todo esse ciclo”. O governador do Banco de Portugal referiu que “os salários em Portugal têm aumentado como nunca aconteceu no passado”, indicando que os salários pagos no setor privado em Portugal aumentaram 92% em 10 anos.
“O valor dos salários pagos em 2015 foi de 30 mil milhões de euros. De 2015 até 2024, primeiro semestre que já é conhecido, este número aumentou 92%. Ou seja, nós hoje pagamos quase 60 mil milhões de euros de salários”, indica.
Contudo, Mário Centeno sublinha que “esta dinâmica não está garantida” e terá de continuar a assentar em dois pilares: estabilidade financeira e qualificação.
O desafio salarial no setor do alojamento e da restauração
Ainda sobre a questão salarial, Mário Centeno afirma que “a dinâmica de emprego em Portugal nos últimos anos é particularmente marcada nos setores que pagam acima do salário médio”. Neste contexto, aponta que o desafio em termos salariais para o setor do alojamento e da restauração “é grande”.
Se “o setor pagava acima do salário mínimo em 2015”, sendo que na altura o salário mínimo representava 72% do salário médio da indústria, atualmente o número passou de 72% para 80%, “ou seja, o salário mínimo progrediu bastante mais do que o salário médio do setor”.
Já olhando para a renumeração média do setor do alojamento e da restauração, o indicador “cresceu 46% neste período”. Contudo, Mário Centeno relembra que “como funcionamos no mercado global, temos que atender às pressões que se colocam do resto do mercado de trabalho”.
Com o total de remunerações pagas pelo alojamento e restauração a crescer 141%, o governador do Banco de Portugal incentiva a “focar nestes sucessos e lançá-los naquilo que possam ser perspectivas futuras”.
Numa nota final, e frisando que “o caminho de equilíbrio tem de se manter”, defende que os apoios dados quer na crise pandémica, quer na crise energética “devem ser retirados”.
“Já não estamos em crise pandémica e a crise energética felizmente desapareceu. Isso permitia que o Estado, tal como qualquer agente económico, garanta as condições para que, num momento de crise futura – que não se está a anunciar, mas que todos sabemos que vai acontecer – nós possamos estar preparados”, termina.
O Congresso da AHRESP decorre este ano no Parque de Exposições de Aveiro de 11 a 12 de outubro e conta com a presença de 1.510 participantes registados.