Governo pronto para “assumir rédeas da TAP”, admite Luís Montenegro
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu, no final da VII Cimeira do Turismo Português, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal, que não vai abdicar do hub e das rotas estratégicas da TAP no processo de venda da companhia área. Se tal não ficar assegurado, “tomaremos as rédeas da operação”, garantiu.
Victor Jorge
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Chegado a Mafra, depois de uma reunião com o secretário-geral do Partido Socialista (PS, Pedro Nuno Santos), em que o tema foi uma “possível” negociação para o Orçamento de Estado para 2025, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, admitiu dificuldades nessas mesmas negociações, até porque as propostas do líder da oposição foram “radicais e inflexíveis”, garantido, contudo, que vai tentar um “esforço de aproximação”, com a entrega de uma contra-proposta a entregar durante a próxima semana.
Luís Montenegro afirmou que o Governo vai “tentar aproveitar parte daquilo que é proposto, com a legitimidade democrática que o Partido Socialista também tem”, salientando, no entanto, que “não abdicamos da política económica” e que não substituirá o programa do Governo pelo do maior partido da oposição, até porque, “em democracia quem governa é o Governo e há uma contradição quando quem quer governar é a oposição”.
Na questão fiscal, e no que toca à descida do IRC e IRS e a execução do PRR considerado como “instrumentos de política económica fundamentais” para o país “ser mais competitivo”, Luís Montenegro quis deixar bem claro que “não penso no IRC para ter receita, eu penso no IRC para que as empresas criem riqueza para pagar melhores salários e para poderem ter mais disponibilidade para investir”. Por isso, é preciso “desagravar o esforço fiscal das empresas” para haver “mais investimento” e “para sermos mais competitivos”.
Ainda no plano económico, Luís Montenegro mencionou os vários apoios do Governo para “sustentar o crescimento” e para “ir mais longe nas infraestruturas”.
“Temos apoiado medidas de capitalização das empresas, apoios ao investimento, apoios à aquisição de equipamentos, apoios à requalificação do património, apoios à dinamização das escolas de hotelaria e à valorização da formação profissional enquanto elemento fundamental de competitividade”, sublinhou.
Para o primeiro-ministro, o Governo não substituiu as empresas, apenas deve “facilitar a vida às empresas” e impulsionar cada empreendedor, dando apoio no âmbito “das infraestruturas, dos equipamentos, das políticas fiscais, das políticas de licenciamento” e das “políticas laborais”.
“A nossa obrigação é não criar entraves, é criar um ecossistema onde tudo isto possa convergir para a valorização das nossas empresas, de todas as áreas, incluindo o alojamento local”, reiterou Luís Montenegro.
TAP poderá ficar a ser gerida pelo Estado
Com o processo de privatização da TAP ainda não iniciado, mas com interessados já no terreno (Air France-KLM, IAG e Lufthansa), Luís Montenegro deixou uma certeza aos profissionais do turismo: “jamais abdicaremos do hub de Lisboa e das rotas da TAP que são estratégias”.
Considerando que, para além da diáspora, “há geografias que são cruciais para o futuro do país e do turismo, e se não tivermos garantias de salvaguarda dessas rotas tomaremos as rédeas de gerir essa operação”, Luís Montenegro deixou claro que essa “é uma linha que não vamos permitir que seja ultrapassada”.
Luís Montenegro aproveitou a ocasião para aludir aos muitos elogios que recebeu, durante a sua recente visita a Nova Iorque (EUA), para a Assembleia Geral das Nações Unidas, de “empresários” e “visitantes” que ficaram “encantados” com Portugal, destacando o valor da “marca Portugal” e o “destino Portugal” para os “cidadãos norte-americanos, portugueses emigrados e lusodescendentes”, referindo ainda que considera isso um “duplo sinal de esperança”.
Por um lado, no “crescimento do turismo em Portugal”, mas também no país como um “exemplo de excelência nas áreas da economia, da ciência do conhecimento, da inovação e da investigação”.
Ao setor do turismo deixou elogios, sublinhando a “capacidade que os empresários do turismo tiverem para vender a marca Portugal não só e apenas como um ponto de passagem, mas como um ponto de destino para uma oferta de turista turística diversificada, que não assenta só no sol e na praia, mas aproveita todo o potencial do território, todo o potencial do património”.
O primeiro-ministro também não deixou de recordar os presentes que foi com este Governo que, finalmente, se decidiu a localização para o novo aeroporto, denominado por Aeroporto Luís Camões, “Cumprimos, essa discussão acabou”, disse Luís Montenegro, salientando que “agora trata-se de executar a obra dentro do calendário previsto”, adiantando ainda a aposta simultânea a fazer na ferrovia, nomeadamente, nas ligações Lisboa-Porto-Vigo e Lisboa-Madrid”. T
Por tudo isto, o primeiro-ministro considera o turismo “uma porta ou vitrine da capacidade do país se afirmar no contexto de outras áreas de atividade”. concluindo a intervenção com a garantia de que “o primeiro-ministro é um amigo do turismo português”.