Custos operacionais e dívida empurram grupo SATA para prejuízo de 45M€ no 1.º semestre
Apesar do aumento do número de passageiros transportados e das receitas, os prejuízos do grupo SATA ascenderam a 45 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2024, fruto da evolução dos custos operacionais e encargos com dívida.
Victor Jorge
O grupo SATA obteve, no primeiro semestre de 2024, cerca de 180 milhões de euros receitas, correspondendo a um aumento de cerca de 32 milhões de euros face a igual período de 2023, o que equivale dizer que o grupo açoriano registou um aumento de 22% na faturação.
Neste mesmo período – janeiro a junho de 2024 – o grupo SATA transportou 1,174 milhões de passageiros, correspondendo a mais 16%, o que se traduz em mais 166 mil passageiros transportados quando comparado aos mesmos seis meses de 2023. No comunicado que informam dos resultados do grupo SATA no primeiro semestre de 2024, pode ler-se que “a capacidade disponibilizada registou um aumento de 13% versus o primeiro semestre de 2023, traduzindo-se num incremento geral da taxa de ocupação média (“load factor”) do grupo em 2,6 pontos percentuais (p.p), cifrando-se em 78,6%”.
A pressão sobre os custos fez recuar o EBITDA para 6,5 milhões negativos, que compara com os 3,6 milhões de euros positivos verificados no primeiro semestre de 2023, indicando o grupo que o resultado líquido foi afetado pela “pressão provocada pelo aumento dos custos operacionais, bem como nos gastos financeiros, fixando-se nos 45 milhões negativos”.
Custos operacionais puxam operação regional baixo
A SATA Air Açores transportou 427 mil passageiros, correspondendo a mais 6% face ao 1.º semestre de 2023, ou seja, mais 23 mil passageiros, tendo sido atingido um “load fator” de 74,5%, superior em 3,9 p.p. ao “load factor” do período homólogo (70,6%).
As receitas nestes primeiros seis meses de 2024 atingiram 51,4 milhões de euros, mais 6,1 milhões de euros quando comparado com o 1.º semestre 2023, ou seja, um crescimento de 13,4%.
Os custos operacionais no acumulado do 1.º semestre de 2024 totalizaram 52,7 milhões de euros, +16% que o verificado no período homólogo, indicando o grupo que esta situação se deveu, sobretudo, “ao aumento de custos com pessoal, decorrente do aumento do número de efetivos e das valorizações salariais sendo em parte associadas aos novos acordos da empresa; custos com irregularidades/indemnizações e ACMI (Aircraft, Crew, Maintenance and Insurance); custos diretos, nomeadamente, combustível, taxas, catering, etc.; e gastos com manutenções de aeronaves, fruto de eventos de manutenção não programada sobre a frota da companhia”.
O resultado operacional antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) foi negativo em 1,2 milhões de euros, que compara com os 55 mil euros negativos verificados no 1.º semestre de 2023.
Já o resultado líquido no 1.º semestre de 2024 foi negativo em 9 milhões de euros, que compara com um resultado líquido negativo de 11,4 milhões de euros no período homólogo.
Azores Airlines aumenta receitas mais não sai do vermelho
No 1.º semestre de 2024, a Azores Airlines atingiu 135,5 milhões de euros de receita, correspondendo a uma subida de 22% quando comparado com o 1.º semestre de 2023. “Este crescimento deveu-se a um conjunto concertado de iniciativas operacionais e comerciais e de apostas em novas rotas”, diz a companhia salientando que “não se verificou a consolidação das rotas da América do Norte como também o sucesso das novas rotas, como Ponta Delgada – Milão e Ponta Delgada – Faro, ainda que a operação se tenha iniciado apenas em junho”; esperando a Azores Airlines “um maior impacto nos restantes meses de verão”.
A Azores Airlines atingiu, nos primeiros seis meses de 2024, um volume de 747 mil passageiros transportados, o que significa mais 24% quando comparado com o 1.º semestre de 2023. “O aumento do tráfego foi impulsionado pelo aumento da conetividade dentro da rede, pelo maior número de rotas operadas, pela inclusão de aeronaves de maior dimensão na exploração de algumas das referidas rotas e beneficiando da maior notoriedade da Azores Airlines em mercados estrangeiros e forte procura por parte dos passageiros na América do Norte”, explica o grupo SATA no comunicado.
Apesar do aumento das receitas, o 1.º semestre registou, igualmente, um crescimento dos custos operacionais, “em consonância com vários outros players de mercado”, admite-se no comunicado.
Após um 1.º trimestre muito marcado por irregularidades provocadas, sobretudo, por questões meteorológicas e atrasos na entrega de aeronaves que estavam em manutenção, a Azores Airlines verificou um início de 2.º trimestre “igualmente desafiante”, especialmente devido a irregularidades provocadas por eventos de manutenção não programados, originando um aumento de custos com indemnizações e irregularidades de mais 868 mil euros, +44,1%, face ao período homólogo.
Os resultados operacionais acumulados do 1.º semestre foram negativos em 4,9 milhões de euros, com os gastos com depreciações e amortizações neste período a sofrerem um aumento de 4,5 milhões de euros (+29%), sobretudo devido à existência de duas novas aeronaves na frota, comparativamente ao período homólogo. Face a este agravamento, os resultados antes de juros e impostos (EBIT) totalizaram 24,9 milhões de euros negativos no acumulado dos primeiros seis meses de 2024.
Assim, os resultados líquidos continuam pressionados pelos elevados gastos operacionais e financeiros, totalizando 37,8 milhões negativos no 1.º semestre de 2024.