Câmara de Comércio de Ponta Delgada critica aplicação de taxa turística em São Miguel
A taxa turística deverá começar a ser aplicada nos municípios de São Miguel, Açores, a partir do segundo semestre deste ano, com um valor de dois euros por noite, até um máximo de cinco noites.
Inês de Matos
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A vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, Raquel Franco, criticou este fim-de-semana, na Feira da Indústria, do Comércio e dos Serviços dos Açores, a proposta de aplicação de uma taxa turística em São Miguel, considerando que o “enfoque devia estar na criação de valor através da disponibilização de experiências, com o princípio do utilizador pagador”.
“Na proposta de aplicação de uma taxa turística nos municípios de São Miguel, o enfoque devia estar na criação de valor através da disponibilização de experiências, com o princípio do utilizador pagador. Mas não, focou-se apenas e exclusivamente na aplicação de mais uma taxa”, defendeu a responsável, segundo a RTP Açores.
Durante a sua intervenção no arranque desta feira, que decorre até 9 de maio, Raquel Franco afirmou que, ao longo dos anos, os Açores não têm sido eficazes na execução dos planos para o setor do turismo e defendeu que é necessário “aportar todos os recursos necessários à manutenção” da competitividade, valorizando o destino e investindo na sua promoção.
Por isso, para a responsável, a adoção desta taxa turística, que deverá começar a ser aplicada a partir do segundo semestre deste ano, com um valor de dois euros por noite, até um máximo de cinco noites, não faz sentido, até porque surge numa altura em que São Miguel se debate com um problema de acessibilidades aéreas, depois da redução dos voos da Ryanair.
“No que concerne à política de acessibilidades aéreas, não podemos regredir 10 anos, num setor crucial para o desenvolvimento dos Açores. O impacto da redução dos voos da Ryanair foi significativo, mesmo com o esforço que foi efetuado por outras companhias, com o intuito de compensar a referida redução, temos registo de quebras superiores a 20%”, lamentou.
Presente no certame esteve também Berta Cabral, secretária Regional de Turismo dos Açores, que forneceu números diferentes e sublinhou o facto dos Açores terem registado, no ano passado, um “saldo positivo de 1.200 passageiros vindos do continente, nos meses do inverno IATA, face ao inverno de 2022”.
“2023 foi o nosso melhor ano de sempre, com mais de 3,8 milhões de dormidas, uma receita recorde na hotelaria, sem contar com todos os proveitos dos setores congéneres, de 158 milhões de euros”, afirmou a governante regional.
Já Pedro Nascimento Cabral, presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, afirmou apenas que a “taxa turística está destinada a desenvolver e promover a sustentabilidade ambiental e social” que todos desejam nos Açores.