Pedro Nuno Santos garante “não perder um segundo” relativamente ao aeroporto
O secretário-geral do Partido Socialista e candidato a primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos, garantiu, no almoço-debate, organizado pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), que “à primeira oportunidade, não vou perder mais um segundo” relativamente à decisão para o novo aeroporto.
Victor Jorge
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Pedro Nuno Santos, secretário-geral do Partido Socialista (PS) e candidato a primeiro-ministro de Portugal, deixou a certeza de que, a ser eleito líder do próximo Governo, saído das eleições de 10 de março, que “o país não pode mais dar-se ao luxo de desperdiçar a vinda de turistas”, uma vez que “não somos propriamente um país rico que se pode dar ao luxo de desperdiçar aquilo em que tem vantagens. E nós temos vantagens claras no nosso posicionamento geográfico em fazer a ligação entre o Atlântico e a Europa. Nós temos feito isso, mas temos feito isso numa condição altamente precária”, admitiu o candidato do PS a primeiro-ministro no primeiro almoço-debate organizado pela Confederação do Turismo de Portugal (CTP), e que no dia 15 de fevereiro terá Luís Montenegro, líder do Partido Social Democrata, como convidado.
“É com a certeza de que, à primeira oportunidade, não vou perder nem mais um segundo”, frisou Pedro Nuno Santos (PNS) no que diz respeito a uma decisão relativamente à localização e construção do novo aeroporto para Lisboa.
“É que são décadas desperdiçadas e que apenas traduzem esta cultura nacional que temos, a incapacidade de conseguir decidir uma localização para o novo aeroporto”. Uma incapacidade que, segundo PNS, “custou ao país, ao longo de décadas, milhares de milhões de euros, porque o contador que a CTP colocou na 2.ª Circular, quando foi colocado, não contabiliza o que já se perdeu”.
“Temos um aeroporto com uma pista esgotada, sem as melhores condições para receber os nossos turistas”, admitiu PNS, considerando que, “quantos dos nossos turistas que ainda não saíram do aeroporto já estão a dizer mal da cidade de Lisboa e do país? O aeroporto é o primeiro contacto com o território, o primeiro contacto com o país”. “E não é só uma má experiência, como todos os anos negamos a possibilidade de milhares de pessoas visitarem o nosso país”.
Por isso, Pedro Nuno Santos também colocou as suas perguntas e questionou “como chegamos até aqui. Como é que não somos ainda mais desenvolvidos e não somos aquilo que poderíamos ser?”, considerando que esta questão está espelhada na “dificuldade em tomarmos decisões como nesta matéria do aeroporto”.
Para Pedro Nuno Santos, de resto, nenhuma localização a ser escolhida terá apoio maioritário. “Não vai haver consenso quanto à localização, mas não podemos estar indefinidamente a arrastar os pés, a adiar. São 50 anos. Os primeiros estudos são de 1972. Já passaram 50 anos, já se estudaram cerca de 19 localizações. O que é que Portugal está à espera?.”
E a decisão sobre o novo aeroporto tem, para o secretário-geral do PS duas razões. Uma delas é “prática. Precisamos de avançar o quanto antes”.
A segunda é “simbólica”, porque é ”passar uma mensagem clara ao país de que o país tem de avançar, não pode estar a arrastar, não pode estar parado, não pode ter medo”.
Por isso, “decidir é para mim tão importante quanto a necessidade prática de ter o aeroporto. É passar uma mensagem para o país de que nós, de facto, não podemos continuar a adiar decisões”, frisou Pedro Nuno Santos para “concluir o capítulo” aeroporto.
O segundo tema, como não podia deixar de ser, foi a TAP Air Portugal. Neste caso em particular, Pedro Nuno Santos admitiu que “foi um processo difícil” e que será “uma mochila que carrego e carregarei para o resto da minha vida”, fazendo referência a uma empresa que “estava no chão, com capitais próprios negativos, falida. Portanto, já tinha problemas antes da pandemia e nós decidimos. O governo decidiu e participei na decisão de intervencionar a empresa, com muito gosto”, disse Pedro Nuno Santos.
Reconhecendo que o processo “teve erros, teve falhas”, o secretário-geral do PS reforçou a ideia de que a empresa, na altura, “tinha cerca de 500 milhões de euros de capitais próprios negativos, que não tinha atividade, que já dava prejuízo antes da pandemia de 100 milhões de euros por ano”.
“Pegámos na empresa, decidimos intervencioná-la, fizemos um plano de reestruturação, fomos negociar a Bruxelas, numa negociação muito difícil e toda a gente em Portugal dizia que íamos sair de lá com uma TAPzinha”.
A história contada por PNS aponta para um “plano de reestruturação aprovado, a contratação de uma administração que pôs a empresa a funcionar e a dar dinheiro. Uma empresa cronicamente deficitária que nos primeiros nove meses do ano 2023 deu 200 milhões de euros de lucro”, destacou Pedro Nuno Santos. “E ao fim deste tempo todo, continua a ser um tema usado contra mim”, rematou ainda, referindo que “pusemos a empresa a servir a economia nacional e a dar dinheiro”.
Pedro Nuno Santos recordou ainda que a TAP não foi a única companhia aérea em Portugal resgatada. “Mas só esta é que atraiu atenção e só os políticos que decidiram intervencionar a empresa é que são criticados politicamente. Mas temos outra companhia aérea que foi alvo de intervenção pública, a SATA. E já agora, não foi por um Governo do PS, foi por um Governo PSD CDS-PP, apoiado pela Iniciativa Liberal e pelo Chega”.
“Eu defenderia a intervenção na SATA. Só que é este dualismo, esta incoerência que caracteriza a política em Portugal, infelizmente, que nos impede de olhar para os temas como eles devem ser olhados”.
Ainda no capítulo SATA, PNS recordou que a intervenção na companhia açoriana “correspondeu a 10% do PIB regional dos Açores. A intervenção na TAP pesou 1,5% para o Continente. Para percebermos a dimensão da intervenção que foi feita na SATA nos Açores, do qual ninguém se queixa, da qual ninguém diz nada”.
Pedro Nuno Santos também lembrou que, no caso da TAP, “estamos a falar de uma empresa que irá chegar aos quatro mil milhões de euros de faturação, em 2023. É disso que estamos a falar. Uma empresa que exporta como praticamente mais nenhuma em Portugal, uma empresa que contrata a mais de 1.000 empresas nacionais, cerca de 1.300 milhões de euros por ano”.
Além da questão aérea, Pedro Nuno Santos também fez referência ao trabalho feito na ferrovia, considerando-a “um instrumento muito importante também para o turismo. A ferrovia tem um potencial brutal que permite ao setor do turismo expandir-se pelo território, apresentar mais território aos turistas”, reconhecendo que “esse é um trabalho que ainda está por explorar no próprio setor turístico nacional”, já que “o turismo ferroviário é um turismo de alto valor acrescentado”.
No final do almoço-debate não foi possível à imprensa ouvir as questões colocadas pelos agentes do setor do turismo presentes ao candidato do PS a primeiro-ministro nem as respostas dadas por Pedro Nuno Santos.