Agências de viagens e operadores turísticos trilham o caminho da sustentabilidade
Em Portugal já há mais de quarenta agências de viagens com coordenadores de sustentabilidade formados, 15 que atingiram o estatuto de Travelife Partner, outras que o estão a finalizar e algumas, mesmo a prosseguir o processo até ao final, para a certificação. Referimo-nos à Travelife, a única certificação em sustentabilidade, reconhecida pelo GSTC (Global Sustainability Tourism Council), que foi pensada, criada e implementada especificamente para agências de viagens e operadores turísticos, no âmbito do projeto SUSTOUR.
Carolina Morgado
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Em entrevista ao Publituris, Paula Antunes, diretora da APAVT com o pelouro da Sustentabilidade, fala-nos do projeto SUSTOUR e da sua certificação em sustentabilidade Travelife, bem como a forma como foi abraçado pelas agências de viagens e operadores turísticos em Portugal.
Em que consiste o SUSTOUR?
SUSTOUR é o nome de um projeto destinado a promover a sustentabilidade entre agências de viagens e operadores turísticos europeus que sejam PMEs. Resulta de uma candidatura que foi aprovada pela Comissão Europeia, a um consórcio constituído pela ECEAT (ONG que gere a certificação Travelife), ECTAA (Confederação Europeia das Associações de Agências de Viagens e Operadores Turísticos), Futouris (Alemanha), ANVR (Associação Holandesa de Agências de Viagens), SMAL (Associação Finlandesa de Agências de Viagens), UHPA (Associação Croata de Agências de Viagens) e pela APAVT.
Este consórcio comprometeu-se inicialmente, a promover as capacidades e competências de mais de 175 agências e operadores turísticos (PME’s) para implementar formação, sistemas de gestão, normas e soluções, melhorando a sua gestão e desempenho sustentáveis. Um objetivo largamente ultrapassado, dado que atualmente são mais de 600 as PMEs europeias a beneficiar do SUSTOUR. Através deste projeto, todas estas empresas se candidataram e conseguiram obter um apoio, que consiste em poderem fazer a certificação de sustentabilidade Travelife, sem custos.
E a certificação Travelife?
A Travelife é a única certificação em sustentabilidade, reconhecida pelo GSTC (Global Sustainability Tourism Council), que foi pensada, criada e implementada especificamente para agências de viagens e operadores turísticos. Existem outras certificações de qualidade, claro, mas o que diferencia a Travelife é o facto de ter tido operadores e agências na sua génese, o que lhe confere uma base de conhecimento do negócio que melhor pôde e pode adequar os critérios às necessidades e características destas empresas. É uma certificação exigente, mas é exatamente o seu grau de exigência, que lhe garante a credibilidade de que goza nos mercados internacionais.
Qual é montante financeiro que o projeto exige?
O montante global do projeto é de 1,3 milhões de euros, sendo cofinanciado pela Comissão Europeia, ao abrigo do programa COSME, e pelos parceiros.
62 operadores turísticos e agentes de viagens portugueses de pequena e média dimensão teriam sido selecionados para participar do projeto SUSTOUR. Em que pé está este projeto?O projeto está na reta final, dado que terminará em setembro deste ano, conforme referido. Em Portugal temos já mais de quarenta agências com coordenadores de sustentabilidade formados, 15 agências que atingiram o estatuto de Travelife Partner, outras que o estão a finalizar e algumas, estão a mesmo a prosseguir o processo até ao final, para a certificação. Se pensarmos que há um ano não existia nenhuma, podemos afirmar estar extremamente satisfeitos com esta situação.
Processo exigente, mas que se faz, passo a passo
Que requisitos ou critérios são necessários para se chegar a esta certificação?
Requisitos, só mesmo o reconhecer a necessidade de iniciar este caminho da sustentabilidade, conscientes de que é um processo exigente, mas que se faz, passo a passo. Critérios, na verdade são 260, aqueles a que têm de responder, cobrindo todos os pilares da sustentabilidade: Ambiental, Social e de Governança (ou ESG, na sigla em inglês).
Atualmente são mais de 600 as PMEs europeias a beneficiar do SUSTOUR. Através deste projeto, todas estas empresas se candidataram e conseguiram obter um apoio, que consiste em poderem fazer a certificação de sustentabilidade Travelife, sem custos
Quanto custa às agências de viagens e operadores turísticos em Portugal?
No âmbito do projeto SUSTOUR, não há qualquer custo para as agências associadas da APAVT que concorreram e foram aprovadas. Fora deste âmbito e em resultado de um acordo celebrado com a Travelife, os nossos associados beneficiam de condições de acesso vantajosas, sendo mesmo dispensados do valor de inscrição na plataforma.
Quem os analisa? Será feito um acompanhamento à posteriori? Por quem?
Trata-se de um processo rigoroso, como já referi anteriormente, e essa é uma das razões pelas quais alcançou a notoriedade e a credibilidade que hoje tem em todo o mundo. Todos os processos de certificação Travelife são auditados presencialmente, por auditores que chegam de várias partes da Europa. Chegam, sentam-se na agência, “passam a pente fino” todas as declarações que foram feitas, conversam com os funcionários e, no final, sugerem correções e recomendam a sua aprovação… ou não.
Que apoios técnicos são dados? De que forma?
A própria Travelife disponibiliza Coaches que orientam as agências na resposta aos vários critérios. Existem atualmente três Coaches de língua portuguesa, mas as agências podem ter apoio de Coaches de outros países, desde que tenham uma língua comum. Além disso, a APAVT presta apoio a nível de consultoria de sustentabilidade para os seus associados.
Algumas agências de viagens e operadores turísticos portugueses já ostentam a certificação no nível “Travelife Partner”. Que passos terão de ser dados para o selo “Travelife Certified”?
Atingir o estatuto de Travelife Partner significa o reconhecimento de um forte compromisso da agência com a sustentabilidade, ao preencher praticamente 130 critérios. Para prosseguir para o Travelife Certified, há que dar resposta praticamente ao dobro dos critérios – 260 – o que não é difícil, mas é, isso sim, bastante trabalhoso.
Otimizar oportunidades de negócio
Como é que esta certificação se reflete no consumidor final?
Reflete-se sempre, mas por enquanto a níveis diferentes, face ao segmento de negócio.
Os clientes do norte e centro da Europa, por exemplo, assim como as suas agências e operadores, têm vindo de forma crescente, a exigir que todos os seus parceiros partilhem das mesmas preocupações com a sustentabilidade, pelo que esta certificação vai permitir otimizar oportunidades de negócio, assim como o interesse no destino, no caso das agências da área de Incoming e M&I.
Os clientes do segmento Corporate, sobretudo as multinacionais, já o exigem muito, às suas agências. É difícil imaginar, dentro de poucos anos, uma agência não certificada a poder ter como cliente uma empresa multinacional.
Em relação ao cliente de lazer, a realidade ainda não é a mesma, simplesmente porque o nosso turista não tem, por enquanto, esse grau de exigência. Mas sendo essa a tendência, as agências da área de Outgoing, estão a preparar-se para as gerações futuras.
Porque é importante este projeto e esta certificação no setor da distribuição? Na prática o que muda para essas empresas?
A APAVT existe para servir os seus associados. Acho que isto, por si só, justifica a importância atribuída a este projeto. Estamos a contribuir para formar agências mais sustentáveis, melhor preparadas para enfrentar as exigências dos seus clientes de hoje e do futuro, estamos a criar condições para que se diferenciem, como também o fazem, por exemplo, com o projeto Checked by DECO.
Além disso, a certificação traz outras vantagens, como é o acesso a fundos ou a crédito bancário, que hoje em dia privilegia as empresas sustentáveis, o que acontecerá cada vez mais.
Em resumo, o que muda para essas empresas é o estarem mais preparadas para um ambiente de mercado que está, efetivamente, a mudar.
Como está a ser divulgado junto dos associados da APAVT por forma a que concorram?
Para o projeto SUSTOUR, as inscrições abriram, houve 62 empresas a concorrer, e fecharam. Não há espaço para mais. Para a certificação Travelife fora do âmbito do SUSTOUR, temos divulgado através das nossas circulares, emails, em reuniões com agrupamentos e também de forma direta e personalizada.
Em Portugal temos já mais de quarenta agências com coordenadores de sustentabilidade formados, 15 agências que atingiram o estatuto de Travelife Partner, outras que o estão a finalizar e algumas, estão a mesmo a prosseguir o processo até ao final, para a certificação
Para além das agências de viagens e operadores turísticos
A APAVT assinou recentemente protocolos com a AGIC – Associação Portuguesa dos Guias-Intérpretes e Correios de Turismo e com o SNATTI – Sindicato Nacional de Atividade Turística, Tradutores e Intérpretes, com o objetivo de contribuir para a formação dos Guias Turísticos em Sustentabilidade. Estes protocolos estão relacionados com o projeto Sustour?
São protocolos tripartidos entre a APAVT, as organizações de Guias-Intérpretes e a Travelife.
A relação que existe com o SUSTOUR é o facto de, até setembro deste ano (quando termina o projeto) os guias destas organizações poderem fazer os cursos de formação em Sustentabilidade específicos para a sua atividade, de forma gratuita. A partir daí poderão fazê-lo, mas já com um pequeno custo que será a Travelife a fixar.
É importante para uma agência de viagens saber que os Guias-Intérpretes, que são uma peça fundamental na qualidade do serviço prestado aos clientes, têm formação em Sustentabilidade. Além de ser um dos critérios exigidos, para a certificação.
Este é o motivo pelo qual, ao abrigo destes protocolos, iremos divulgar junto dos nossos associados, a lista dos Guias que terminaram com sucesso os cursos e que, cumulativamente, tenham assinado o Código de Conduta de Guias da Travelife.
Apraz-nos muito dizer que, além destes protocolos assinados na BTL, fomos contactados por mais três organizações de guias que querem replicar esta iniciativa, a AGIGARVE (Associação de Guias-intérpretes do Algarve), a AGIA (Associação de Guias-intérpretes do Alentejo) e a AGITA (Associação de Guias de Informação Turística dos Açores), estando assim coberto todo o território continental e ilhas.
E o protocolo com o Fórum da Sustentabilidade?
O Fórum da Sustentabilidade é uma organização sem fins lucrativos, criada pela Rita Montez, que trabalha no nosso país com a Travelife. Através deste protocolo, os membros da APAVT que estão em processo de certificação no âmbito do SUSTOUR, beneficiam de gratuitidade no acesso às reuniões que o Fórum promove, sendo que este tem vindo a adotar temas relevantes para a certificação. Os outros interessados poderão também participar, mas com um pequeno fee, dado haver um desconto acordado para os associados da APAVT. No dia 14 deste mês, o Fórum promoveu uma reunião sobre o tema do Alojamento Sustentável na perspetiva do agente de viagens e no dia 20 o tema escolhido foi o do cálculo das emissões de carbono.