Moradores de Gaia contestam planos da APDL para construir novo cais no Douro
Em causa está uma nova estrutura portuária, que vai contar com uma área de 6.200m2 e 10 metros de altura diretamente sobre o Douro, o que, segundo o grupo de moradores, vai contribuir para “a desfiguração da margem do Douro, sobre a encosta histórica de Vila Nova de Gaia”.

Publituris
Agência de Viagens El Corte Inglés já está em Guimarães
Lusanova promove formação sobre o Brasil em parceria com a TAP
Incerteza global não impacta viagens na Europa e Portugal continua a ser um dos destinos preferidos
Turismo sustentável e economia circular em análise na Escola Superior de Turismo e Tecnologia do Mar
Celebrity Cruises apresenta novo restaurante e opções de entretenimento do Celebrity Xcel
KIPT CoLab lança Barómetro Estatístico para o setor do Turismo a 26 de maio
LovelyStay celebra 10 anos de operação com bons resultados e acelera expansão internacional
CPLP apoia candidatura do Campo do Tarrafal a Património da Humanidade
Maior Legoland do mundo abre em Xangai em julho
Turismo no Porto confirma crescimento em 2024
Os moradores do Edifício Destilaria Residence, situado no Cais do Cavaco, em Vila Nova de Gaia, estão contra a proposta da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo para construção de um novo cais no Douro, que consideram ser uma “estrutura megalómana” e cujo projeto não teve em consideração as preocupações dos gaienses e moradores daquela zona ribeirinha.
“Não se encontra, em nenhum documento disponibilizado na consulta pública, nenhuma razão que sustente a necessidade de um projeto desta envergadura e neste local específico. Os argumentos utilizados, meramente económicos, levam-nos a interpretar que este projeto é mais um passo dos operadores em privatizar o rio Douro, transformando-o num parque temático, afogado num turismo de massas descontrolado, assente numa procura de maximizar os lucros de terceiros sem considerar as preocupações das associações ambientais e da população local”, critica Paulo Leal, morador do Edifício Destilaria Residence, numa nota enviada à imprensa.
Os moradores de Vila Nova de Gaia acusam a Câmara Municipal de Gaia e a APDL de terem transformado a consulta pública, que terminou esta quarta-feira, 14 de junho, num “mero pró-forma, desconsiderando por completo as preocupações dos gaienses e dos moradores daquela zona ribeirinha”.
O excesso de turismo e as preocupações com a sustentabilidade do Douro estão entre as principais preocupações dos moradores, uma vez que, segundo as projeções da APDL, estima-se que, em 2035, exista uma frota de 37 navios-hotel no Douro e um total de 125.500 passageiros anuais, números que representam aumentos de 48% e 26% face aos números mais recentes, respetivamente.
“A preservação das condições únicas do Douro é do interesse do país e do município. Ao aceitar estes números, a APDL assume, implicitamente, que não se deve estudar, previamente, o limiar da sustentabilidade e a capacidade de assimilação turística do Douro”, acrescenta a informação divulgada pelos moradores, que acusa a APDL de ter falhado na resposta “à totalidade dos
impactos ambientais deste projeto, não apresentando, por exemplo, cálculos e medidas de minimização dos riscos de derrame de combustíveis”.
Por isso, os moradores mostram-se indignados pelo “desrespeito pela preservação do rio Douro”, até porque, como refere Paulo Leal, a APDL considera que uma dragagem de 23.000m3 e a extorsão de 9.000m2 de margem de Rio acabam por produzir “impactos positivos, irreversíveis, de elevada significância”.
Apesar das preocupações, o grupo de moradores apenas foi recebido pela APDL, apesar de ter solicitado várias reuniões com decisores e entidades envolvidas no
processo, tendo a entidade responsável pela gestão da via navegável remetido para o processo de consulta pública.
“Até agora a única entidade que nos recebeu foi a APDL, que remeteu tudo para o
processo de consulta pública e mostrou pouca preocupação com o bem-estar dos
gaienses que aqui vivem todos os dias, mostrando valorizar mais um crescimento turístico descontrolado de pessoas que vêm cá uma vez e nunca mais voltam”, reitera José Filipe Mesquita, outro dos moradores de Gaia que estão contra a construção do novo cais.
Os moradores consideram que esta nova construção, a ficar localizada no Cais do Cavaco, será de dimensão megalómana, uma vez que vai contar com uma área de 6.200m2 e 10 metros de altura diretamente sobre o Douro, o que, segundo este grupo de moradores, vai contribuir para “a desfiguração da margem do Douro, sobre a encosta histórica de Vila Nova de Gaia”.
“No seu entender, o projeto contribui para desvirtuar de forma irreversível o património geomorfológico, ambiental, histórico e cultural numa zona classificada como Património Mundial da Humanidade e parte integrante do Centro Histórico de Vila Nova de Gaia”, acrescenta a informação divulgada pelo grupo de moradores.
Estes moradores pedem que seja realizada uma “verdadeira discussão pública, estudos mais aprofundados e um maior escrutínio no processo de tomada de decisão”, até porque apenas foram consultados mais de dois anos depois do início do estudo de projeto e garantem que vão levar esta questão “a todas as instâncias”.
“Para estas famílias, que se uniram sem qualquer agenda política, o rio Douro, o património público e a qualidade de vida das populações locais não podem ser constantemente menosprezados a favor de um crescimento económico e turístico descontrolado”, conclui o grupo de moradores.