Moradores de Gaia contestam planos da APDL para construir novo cais no Douro
Em causa está uma nova estrutura portuária, que vai contar com uma área de 6.200m2 e 10 metros de altura diretamente sobre o Douro, o que, segundo o grupo de moradores, vai contribuir para “a desfiguração da margem do Douro, sobre a encosta histórica de Vila Nova de Gaia”.
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Os moradores do Edifício Destilaria Residence, situado no Cais do Cavaco, em Vila Nova de Gaia, estão contra a proposta da APDL – Administração dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo para construção de um novo cais no Douro, que consideram ser uma “estrutura megalómana” e cujo projeto não teve em consideração as preocupações dos gaienses e moradores daquela zona ribeirinha.
“Não se encontra, em nenhum documento disponibilizado na consulta pública, nenhuma razão que sustente a necessidade de um projeto desta envergadura e neste local específico. Os argumentos utilizados, meramente económicos, levam-nos a interpretar que este projeto é mais um passo dos operadores em privatizar o rio Douro, transformando-o num parque temático, afogado num turismo de massas descontrolado, assente numa procura de maximizar os lucros de terceiros sem considerar as preocupações das associações ambientais e da população local”, critica Paulo Leal, morador do Edifício Destilaria Residence, numa nota enviada à imprensa.
Os moradores de Vila Nova de Gaia acusam a Câmara Municipal de Gaia e a APDL de terem transformado a consulta pública, que terminou esta quarta-feira, 14 de junho, num “mero pró-forma, desconsiderando por completo as preocupações dos gaienses e dos moradores daquela zona ribeirinha”.
O excesso de turismo e as preocupações com a sustentabilidade do Douro estão entre as principais preocupações dos moradores, uma vez que, segundo as projeções da APDL, estima-se que, em 2035, exista uma frota de 37 navios-hotel no Douro e um total de 125.500 passageiros anuais, números que representam aumentos de 48% e 26% face aos números mais recentes, respetivamente.
“A preservação das condições únicas do Douro é do interesse do país e do município. Ao aceitar estes números, a APDL assume, implicitamente, que não se deve estudar, previamente, o limiar da sustentabilidade e a capacidade de assimilação turística do Douro”, acrescenta a informação divulgada pelos moradores, que acusa a APDL de ter falhado na resposta “à totalidade dos
impactos ambientais deste projeto, não apresentando, por exemplo, cálculos e medidas de minimização dos riscos de derrame de combustíveis”.
Por isso, os moradores mostram-se indignados pelo “desrespeito pela preservação do rio Douro”, até porque, como refere Paulo Leal, a APDL considera que uma dragagem de 23.000m3 e a extorsão de 9.000m2 de margem de Rio acabam por produzir “impactos positivos, irreversíveis, de elevada significância”.
Apesar das preocupações, o grupo de moradores apenas foi recebido pela APDL, apesar de ter solicitado várias reuniões com decisores e entidades envolvidas no
processo, tendo a entidade responsável pela gestão da via navegável remetido para o processo de consulta pública.
“Até agora a única entidade que nos recebeu foi a APDL, que remeteu tudo para o
processo de consulta pública e mostrou pouca preocupação com o bem-estar dos
gaienses que aqui vivem todos os dias, mostrando valorizar mais um crescimento turístico descontrolado de pessoas que vêm cá uma vez e nunca mais voltam”, reitera José Filipe Mesquita, outro dos moradores de Gaia que estão contra a construção do novo cais.
Os moradores consideram que esta nova construção, a ficar localizada no Cais do Cavaco, será de dimensão megalómana, uma vez que vai contar com uma área de 6.200m2 e 10 metros de altura diretamente sobre o Douro, o que, segundo este grupo de moradores, vai contribuir para “a desfiguração da margem do Douro, sobre a encosta histórica de Vila Nova de Gaia”.
“No seu entender, o projeto contribui para desvirtuar de forma irreversível o património geomorfológico, ambiental, histórico e cultural numa zona classificada como Património Mundial da Humanidade e parte integrante do Centro Histórico de Vila Nova de Gaia”, acrescenta a informação divulgada pelo grupo de moradores.
Estes moradores pedem que seja realizada uma “verdadeira discussão pública, estudos mais aprofundados e um maior escrutínio no processo de tomada de decisão”, até porque apenas foram consultados mais de dois anos depois do início do estudo de projeto e garantem que vão levar esta questão “a todas as instâncias”.
“Para estas famílias, que se uniram sem qualquer agenda política, o rio Douro, o património público e a qualidade de vida das populações locais não podem ser constantemente menosprezados a favor de um crescimento económico e turístico descontrolado”, conclui o grupo de moradores.