Parques temáticos e de diversões retomam normalidade e já crescem acima de 2019
A acalmia na COVID-19 ditou o regresso dos visitantes aos parques temáticos e de diversões que existem em território nacional, muitos dos quais estão já a crescer acima do período pré-pandemia. A recuperação e retoma da normalidade é uma realidade e está mesmo a levar a novas apostas e à apresentação de muitas novidades, apesar do peso que a inflação poderá vir a ter na carteira dos portugueses e estrangeiros que visitam estes parques.
Inês de Matos
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As restrições derivadas da pandemia da COVID-19 tiveram um impacto profundo na atividade dos parques temáticos e de diversões nacionais. Estes espaços, habituados a darem asas à animação de miúdos e graúdos, foram obrigados a funcionar de forma limitada por questões sanitárias e, por isso, não admira que, assim que as restrições foram levantadas, se tenha assistido a um regresso em grande escala do público.
“Logo após o término das restrições, e tal como seria de esperar, o número de entradas aumentou”, indica ao Publituris o Jardim Zoológico de Lisboa, explicando que 2022 ainda foi um ano atípico no número de visitantes uma vez que, em parte do ano, os parques temáticos e de diversões ainda funcionaram com as limitações originadas pela pandemia. Ainda assim, o Jardim Zoológico de Lisboa diz que, a meio do ano, quando as restrições foram levantadas, se notou o regresso do público, de tal forma que “o volume mensal de visitantes foi reposto”.
A experiência do Jardim Zoológico de Lisboa foi, aliás, comum à maioria dos parques que existem em território nacional e com os quais o Publituris foi falar, que relatam, quase sem exceção, que “2022 foi um ano de grande recuperação”, como indica Cláudia Correia, diretora de Comunicação & Relações Públicas do Slide&Splash, parque aquático no Algarve, cuja reabertura para a temporada de 2023 decorre este sábado, 1 de abril.
Em 2022, acrescenta a responsável do Slide&Splash, o parque conseguiu “igualar o número de visitantes do ano 2019, ou seja, 340 mil pessoas visitaram o Slide & Splash em 2022”.
2022 foi também o ano do regresso à normalidade no Zoomarine, que alcançou mesmo um novo recorde no que ao número de visitantes diz respeito. “O Zoomarine prosseguiu em 2022 com o plano estratégico de reforço e melhoria contínua da sua oferta de lazer e entretenimento familiar, empenhado em recuperar o intervalo dos anos pandémicos, desafio esse que, podemos já assumir como superado pelo novo recorde de mais de 586 mil visitantes em 2022 – o 5.º melhor ano em número de visitantes”, indica o conhecido parque algarvio.
Com o término das restrições, mantivemos os visitantes portugueses e regressaram os turistas que já nos visitavam antes da pandemia”, Jardim Zoológico de Lisboa
“Foi sem dúvida o ano do regresso à normalidade, do reencontro de sorrisos entre a família e amigos, de voltar a viajar, vivenciar experiências e emoções ímpares”, acrescenta o Zoomarine.
O ano passado foi ainda positivo para o Dino Parque, o parque temático da Lourinhã dedicado aos dinossauros, que recebeu, em 2022, 184 mil visitantes, “ligeiramente acima do que era estimado para o ano de 2022”, segundo Luís Rocha, diretor-geral do Dino Parque, que revela ainda que, no ano passado, o parque da Lourinhã recuperou o número de visitantes que recebia no pré-pandemia, com exceção do “segmento das visitas escolares”, que, segundo o responsável, “cresceu a um ritmo ligeiramente inferior aos restantes”.
O ano de 2022 foi igualmente “um ano bastante positivo” para o Pena Aventura Park, parque dedicado à aventura e que se localiza em Ribeira de Pena, que recebeu cerca de 60 mil visitantes no ano passado e que aproveitou a “pausa” da pandemia para proceder a melhorias, nomeadamente ao nível da “digitalização de alguns processos e a reformulação de algumas áreas com objetivo da melhoria do fluxo de pessoas no parque”. Além de já ter recuperado o número de visitantes pré-pandemia, o Pena Aventura Park conseguiu mesmo “um aumento de cerca de 15% do volume de negócios comparativamente com 2019”.
E também o Monkey Park, cujo conceito remete para a selva e para os animais, faz um balanço positivo, revelando ao Publituris que “2022 foi um ano excelente”, que permitiu continuar a aumentar o número de visitantes no parque de Esposende, que abriu em julho de 2018, e apostar na abertura de um segundo parque, em Braga, e cuja abertura aconteceu em outubro do ano passado. “Temos vindo sempre a aumentar o nosso número de visitantes, o que nos permitiu apostar na abertura do MonkeyPark Braga. No ano de 2022, tivemos aproximadamente 35.000 visitantes”, indica o Monkey Park, revelando que o aumento de visitantes face a 2019 também se deve às ações promocionais levadas a cabo.
São cada vez mais as pessoas que procuram ter um estilo de vida saudável, sendo os parques aventura ideais para uma fuga ao rebuliço do quotidiano da cidade, onde o contacto com a natureza é permanente e de fácil acesso”, Pena Aventura Park
Portugueses e europeus em destaque
A contribuir para que 2022 tenha sido já um ano positivo para os parques temáticos e de diversões esteve o público, que regressou em força a estes espaços, depois de dois anos de pandemia que restringiram fortemente as deslocações e atividades em família.
“Depois de dois anos com tantas restrições, sem dúvida que existia um forte desejo de regressar a uma normalidade anterior a 2020, e de disfrutar de atividades em família”, refere Luís Rocha, diretor-geral do Dino Parque, indicando que “o segmento famílias inclusive cresceu ligeiramente, mesmo apesar do impacto da guerra e da elevada taxa de inflação” e que, para este ano, se espera que também o segmento das famílias internacionais venha a “apresentar crescimento”, nomeadamente “em linha com a recuperação desses mercados a nível nacional”.
No ano passado, assim como durante a época da pandemia, o Dino Parque continuou a ter visitantes provenientes dos mercados espanhol e francês, com Luís Rocha a revelar mesmo que “2022 mostrou um crescimento muito interessante no que respeita a visitantes internacionais, com destaque para o mercado espanhol”, ainda que, acrescenta o responsável, “quase todos os principais mercados emissores de turistas para Portugal” tenham mostrado “uma recuperação comparável aos números pré-pandemia”.
Em vários dos parques ouvidos pelo Publituris, este crescimento nos visitantes internacionais é já uma realidade, a exemplo também do Jardim Zoológico de Lisboa. “Com o término das restrições, mantivemos os visitantes portugueses e regressaram os turistas que já nos visitavam antes da pandemia”, indica o parque dedicado aos animais, destacando que, além dos portugueses, que foram o principal público na pandemia, também os “visitantes espanhóis, franceses e ingleses” já retomaram as visitas ao Jardim Zoológico de Lisboa.
Não sendo esta uma atividade de necessidade prioritária, o grande desafio será continuar a criar condições de excelência de serviço e de produto que continuem a ser apelativas”, Monkey Park
No Zoomarine, o cenário é idêntico e, além dos visitantes nacionais, que representam 61,5% das visitas totais ao Zoomarine, também “o mercado externo retomou a sua procura”, registando-se, atualmente, “um crescimento conjunto dos principais mercados emissores já próximo dos níveis que 2019”, com destaque para mercados como o Reino Unido (19,8%), Espanha (3,9%), Bélgica (2,7%), Holanda (2,3%) e França (1,5%) que, em conjunto, representaram mais de 30% dos visitantes de 2022 no Zoomarine.
No Slide & Splash também não se regista grande variação no que diz respeitos aos principais mercados de onde são originários os visitantes do parque aquático, com Cláudia Correia a revelar que o Slide & Splash “mantém os mesmos mercados, inglês e português maioritariamente, seguidos do francês, holandês, alemão e espanhol”.
Nos restantes parques contactados pelo Publituris, o panorama não se altera substancialmente, uma vez que também o Monkey Park indica que, além dos nacionais, a maior parte dos visitantes são “espanhóis e franceses”, que procuram os parques de Esposende e Braga em “ambiente familiar”, enquanto no Pena Aventura Park a maior parte dos visitantes também é dos mercados português, assim como do espanhol e francês.
Desafios não devem afastar visitantes em 2023
É verdade que a pandemia parece já ter ficado para trás, o que quer dizer que os parques já não vão ter de se preocupar com as regras sanitárias que a COVID-19 impunha. No entanto, há, atualmente, outros desafios que podem afastar o público destes recintos, e o principal é mesmo a inflação galopante que ameaça o poder de compra dos portugueses e europeus. É que, como diz o diretor-geral do Dino Parque, “o aumento das taxas de juro que se está a refletir sobretudo nas prestações à habitação, a inflação e o aumento dos preços não deixarão de criar alguma incerteza”, devido ao impacto no rendimento das famílias.
Luís Rocha acredita que “o setor do lazer, e, em concreto, dos parques temáticos, pode ser um dos mais afetados”, apesar de também defender que este é “um setor resiliente” e que a “experiência memorável, em família, e com uma combinação perfeita entre lazer e conhecimento” que o Dino Parque oferece vai falar mais alto e continuar a atrair visitantes.
Por isso, o responsável declara-se moderadamente otimista e diz acreditar que “as famílias, principalmente as com crianças, sintam a necessidade de se juntar e fazer planos para dias especiais. E o Dino Parque Lourinhã é o local ideal para um passeio em família”, conclui.
E também o Pena Aventura Park diz ter boas expectativas e espera crescer 10% em visitantes, até porque “são cada vez mais as pessoas que procuram ter um estilo de vida saudável, sendo os parques aventura ideais para uma fuga ao rebuliço do quotidiano da cidade, onde o contacto com a natureza é permanente e de fácil acesso”. Apesar disso, o parque receia que o aumento do custo de vida possa ter interferência e “dificultar o acesso de muitas famílias”.
Depois de dois anos com tantas restrições, sem dúvida que existia um forte desejo de regressar a uma normalidade anterior a 2020, e de disfrutar de atividades em família”, Luís Rocha, diretor-geral Dino Parque.
Pela mesma bitola alinha ainda o Monkey Park, que considera que, não sendo esta uma “atividade de necessidade prioritária, o grande desafio será continuar a criar condições de excelência de serviço e de produto que continuem a ser apelativas” para os clientes.
Aos desafios do aumento do custo de vida, o Slide&Splash junta ainda a dificuldade de contratar recursos humanos, ainda que Cláudia Correia considere que 2023 traz também oportunidades, a começar, desde logo, pelo facto do Slide&Splash estar localizado no Algarve. “O parque está localizado numa região privilegiada, o Algarve, zona premium no verão em Portugal e é uma alternativa à praia”, indica a responsável, frisando que também Portugal é “considerado um destino turístico seguro, pacífico e muito atrativo”.
Já o Jardim Zoológico de Lisboa prefere falar nas oportunidades, com destaque para um tema que, no passado, era visto como um desafio mas que, atualmente, funciona como uma oportunidade para atrair visitantes: a biodiversidade e as alterações climáticas.
2022 foi, sem dúvida, o ano do regresso à normalidade, do reencontro de sorrisos entre a família e amigos, de voltar a viajar, vivenciar experiências e emoções ímpares”, Zoomarine
“Os visitantes estão hoje mais conscientes da problemática da perda da biodiversidade e alterações climáticas”, indica o Jardim Zoológico de Lisboa, explicando que, voluntariamente, os visitantes procuram saber o que podem fazer pela conservação das espécies, pelo que “este que era um desafio do passado foi ultrapassado e é agora uma oportunidade do presente”.
No Zoomarine, o “compromisso para a conservação das espécies e educação ambiental e sustentabilidade” também é vista como oportunidade, motivo pelo qual o parque tem investido em “energias renováveis e utilização de produtos e processos amigos do ambiente”.
Neste ponto, acrescenta o Zoomarine, a “vertente educativa” é vista como outra oportunidade, pois, através do entretenimento, estes parques “desempenham um importantíssimo papel informativo junto dos visitantes e comunidade onde se inserem, assente na promoção do conhecimento, preservação e educação ambiental de uma forma divertida e apaixonada”.
O Slide & Splash mantém os mesmos mercados, inglês e português maioritariamente, seguidos do francês, holandês, alemão e espanhol”
Além disso, o Zoomarine considera que também a “aposta na inovação e na digitalização”, assim como a valorização das pessoas são desafios que também se colocam aos parques temáticos e de diversões.