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Luís Rodrigues (SATA): “Não gerimos para a folha excel, gerimos para as pessoas”

Após reconduzido na liderança da SATA e convidado para presidir a holding, Luís Rodrigues, revelou o que a companhia aérea precisa de fazer para ter sucesso. Com a privatização a ser uma forte possibilidade em 2023, uma coisa é certa para o CEO: “a SATA “tem de ser um motor económico e social da e para a região”.

Victor Jorge
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Luís Rodrigues (SATA): “Não gerimos para a folha excel, gerimos para as pessoas”

Após reconduzido na liderança da SATA e convidado para presidir a holding, Luís Rodrigues, revelou o que a companhia aérea precisa de fazer para ter sucesso. Com a privatização a ser uma forte possibilidade em 2023, uma coisa é certa para o CEO: “a SATA “tem de ser um motor económico e social da e para a região”.

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No ano em que a SATA fechará as contas com receitas acima dos 200 milhões de euros pela primeira vez, “mais do que o previsto no plano de reestruturação”, afirmou Luís Rodrigues, presidente do grupo SATA, no 47.º Congresso da APAVT.

Isto significa que o grupo terminará o ano de 2022 “com cerca de 10% a 12% em passageiros” face a 2012, e “com mais 30% de receita”, disse Luís Rodrigue, alertando, contudo, para “o agravamento de custos”, que a companhia enfrenta, devido à crise dos combustíveis, estimando em “20% os custos adicionais por causa do fuel”.

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Luís Rodrigues lembrou ainda que estar “a falar da SATA é um milagre”, já que, na situação de partida, “o que tínhamos, era uma empresa completamente falida” e que “o normal seria esconder e isso estava a acontecer”.

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Com o processo de reestruturação a decorrer, Luís Rodrigues salientou que, 2023 vai ser marcado pela “intenção de privatizar a Azores Airlines”, um processo que considerou “fundamental”.

No final, Luís Rodrigues deixou o caminho para o futuro da SATA: “servir os residentes dos Açores e a diáspora, bem como a comunidade que vive à volta dessa mesma diáspora. Além disso, servir os turistas, os que deixam cá valor, nacionais e internacionais, mercado esse que está longe de estar esgotado e que tem ainda muito potencial, bem como as transferências”.

Em termos de grupo, o presidente da SATA afirmou que, fundamentalmente, “queremos um grupo onde as pessoas sejam felizes a trabalhar”, até porque, “sem colaborares felizes, não conseguiremos servir bem os clientes, já que não gerimos para a folha excel, gerimos para as pessoas”. A “eficácia” foi outro ponto deixado por Luís Rodrigues para o sucesso do grupo, terminando com o facto de a SATA “ter de ser um motor económico e social da e para a região”.

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Congresso APAVT: A “sorte” de termos um setor como o turismo em Portugal e o “desafio” de puxar por outros setores

A fechar o 49.º Congresso da APAVT, o ministro da Economia, Pedro Reis, congratulou Portugal, as associações, as empresas e empresários pelo papel que têm tido em colocar o turismo “na ponta da economia mundial”. Anunciada foi a operacionalização de uma nova linha de apoio de 50 milhões para projetos sustentáveis.

Victor Jorge

O 49.º Congresso da APAVT – Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, terminou com as habituais “Conversas com …”, com o convidado a ser o ministro da Economia, Pedro Reis.

Em conversa com Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, o ministro da Economia começou por afirmar e admitir, “a sorte que temos em termos um setor que nos coloca na ponta da economia mundial”, enaltecendo, assim, os números que estão previstos serem alcançados no final de 2024, os tais 27 mil milhões de euros, antecipando, desta maneira, em três anos as metas traçadas para a Estratégia Turismo 27 (ET27).

Ao destacar o papel que o setor do turismo tem tido ao longo dos anos para a economia nacional, promovendo significativamente a marca Portugal nos mercados externos Pedro Reis frisou que “o desafio é colocar os outros setores onde está o turismo, que é na primeira linha”, admitindo que “há muitos setores noutras áreas da economia.

Pedro Reis lembrou o papel importante que o turismo tem tido ao “puxar por outros setores”, enumerando o setor da agricultura, do mobiliário, da mobilidade, da construção, não querendo, contudo, “compartimentar a economia”, uma vez que há setores que são “tão transversais na economia que não sabemos onde começam e terminam”.

Certo é que Portugal precisa de uma “reindustrialização que promova o crescimento de outros setores”, dando Pedro Reis o exemplo da agricultura e do mar, admitindo que “nestes ainda há muito por e para fazer”.

De resto, o que falta a Portugal não tanto os anúncios e as promessas, mas sim “executar e fazer”, disse Pedro Reis na conversa com Pedro Costa Ferreira. Neste sentido, será já nesta próxima semana que o Governo irá operacionalizar a linha de apoio “Turismo +Sustentável”, dotada em 50 milhões de euros, incentivando, assim as empresas turísticas a adotarem uma agenda ESG (Environmental, Social and Governance, sigla em inglês), avaliando os impactos das suas atividades no meio ambiente e nas comunidades, admitindo o ministro da Economia que “são estas linhas, estes incentivos de apoio às empresas, principalmente, as PME, que faze diferença”.

O ministro da Economia enumerou, igualmente, os quatro pilares que, segundo o mesmo, são prementes para a economia: Fiscalidade, Energia, Licenciamento e Talento.

Importante para Pedro Reis é, também, “evitar-se” que esta “ideia” que existe relativamente ao turismo massivo instalada a nível internacional passe de “reação a rejeição”, frisando a importância que a “diluição no território” e a “aposta na qualificação” trará para a proposta de valor que o turismo em Portugal quer apresentar.

*O jornal Publituris esteve em Huelva a convite da APAVT

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Congresso APAVT: Distribuição turística representou 2,6% do PIB nacional em 2023, segundo análise da EY

O valor económico do setor da distribuição turística em Portugal era representava 2% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2019, tendo subido para 2,4% em 2022, e em 2023, estima-se que tenha chegado aos 2,6%, com 6 mil milhões de euros de VAB e de contributo para a economia nacional, revela um estudo da EY, com dados fundamentais para aquilo que são as atividades das agências de viagens e operadores turísticos intitulado “A distribuição turística pós-pandemia”, apresentado pela diretora executiva, Sandra Primitivo, durante o 49º Congresso da APAVT, em Huelva.

Quanto é que o setor da distribuição turística contribui para a riqueza do país? Foi esta pergunta que um estudo elaborado pela EY a pedido da APAVT, e apresentado no seu 49º Congresso, em Huelva, pretendeu responder.

Tendo em conta que parte muito significativa do negócio das agências de viagens são as comissões, pois são, a grande maioria, intermediários, “é preciso analisar o valor que é alavancado pelo turista agenciado”, disse Sandra Primitivo, para explicar que, para efeitos de Valor Acrescentado Bruto (VAB) há outras atividades que são chamadas a contribuir. Contabilizados esses valores, a análise conclui que o valor económico do setor da distribuição turística era de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2019 (antes da pandemia) subindo para 2,4% em 2022, para chegar a 2,6% o ano passado.

Sem novidade, a conclusão a que a consultora chegou, com dados referentes a 2022, é que o tecido empresarial da distribuição turística é constituído por pequenas e médias empresas e com alta rotatividade, em linha do que acontece ao nível europeu, que a maioria são de cariz familiar, mas com pessoal muito qualificado, acima da média da economia portuguesa.

Sandra Primitivo indicou ainda que “o que temos visto é que o número de empresas tem vindo a aumentar ao longo dos anos, que durante a pandemia estabilizou, mas em 2022 já tínhamos recuperado o número de agências de viagens”, reforçando que, “o que aconteceu durante a pandemia é que os “nascimentos” reduziram e as “mortes” aumentaram, e agora estamos no nível em que quase os dois se encontraram”. Em 2022 existiam 2.627 empresas de distribuição turística, mais 23 que em 2019.

Por outro lado, o estudo refere que este é um setor muito jovem, 40% tem menos de cinco anos, e onde existem poucas barreiras de entrada, muito sem necessidade de capitais mínimos, e uma vez que passam a ser agências de viagens têm fácil acesso às plataformas e, portanto, está sempre em rotação. Refira-se que, de acordo com a análise, as empresas mais antigas representam quase 60% do volume de negócios e as 10 maiores representam 40% da faturação total. “É um mercado muito fragmentado, mas o volume de negócios está naquelas mais antigas, são as mais resilientes e têm maior quota de mercado e as mais pequenas tendem a sair do mercado com maior frequência”, comentou a diretora executiva da EY. No entanto, o volume de negócios desce setor atingiu 2.634 milhões de euros em 2022, mesmo assim, 206 milhões de euros abaixo do ano da pré-pandemia, indica o estudo.

Comparadas com outras atividades do turismo, a EY verificou que o volume de negócios das agências de viagens cresceu até 2019 e durante a pandemia houve uma quebra abrupta, tendo sido mais acentuada na distribuição do que nos outros setores que compõem o turismo porque, na hotelaria e na restauração assistiu-se a alguma substituição do mercado internacional pelo doméstico, nas agências de viagens isso não aconteceu porque os turistas não vinham e os nacionais também não iam. Portanto, o setor da distribuição turística foi gravemente afetado, o que mais recorreu ao endividamento para continuar a atividade. Depois houve uma recuperação em 2022, não atingindo ainda o volume de negócios aos valores de 2019, mas em 2023 houve uma retoma, estando já ao nível anterior, “o que demonstra a grande capacidade de resiliência, o que se deveu não só à adaptação que as próprias agências de viagens tiveram, aos apoios que o Estado também deu durante a pandemia, bem como a algum aumento de preço que, entretanto, aconteceu e que se reflete aqui”, destacou Sandro Primitivo.

Via inquérito, a EY apurou que o segmento de outgoing e lazer continuam a ter a principal fatia do volume de negócios das agências de viagens e que ele se reforçou entre 2019 e 2022, (representava 50% em 2019, subindo para 61% em 2022), enquanto o corporate teve retrocesso (20% da faturação da distribuição turística em Portugal em 2019, para 17% em 2022). Igualmente, através dos inquéritos a consultora verificou que 37% do volume de negócios das agências de viagens reflete a faturação através dos canais online, que “tem crescido, mas devagarinho, o que quer dizer que os balcões físicos ainda continuam a ser a grande aposta destas empresas espalhadas por todo o país”, frisou, para avançar que “as empresas de maior dimensão são as que têm a maior penetração online”.

No pós-pandemia, o estudo realça ainda que houve maior aposta em nichos de mercado e maior personalização das experiências, conhecendo o perfil de cada cliente, ao mesmo tempo, reforçando a visibilidade online.

 

Sobre o autorCarolina Morgado

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Congresso APAVT: Pedro Machado destaca importância da cooperação ibérica

O secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, que discursava na sessão de abertura do 49º Congresso da APAVT, em Huelva, destacou a importância da cooperação ibérica na área do turismo, bem como os desafios que se colocam ao setor.

O secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado realçou a sustentabilidade como um dos temas que unem as agendas de vários países e organizações,  mas também amplamente analisado na Cimeira Ibérica que decorreu esta semana em Faro, e cujas conclusões refletem “a pressão sobre os nossos recursos, em particular os hídricos”, apontando que “uniram os nossos dois nossos países, os nossos dois governos, no sentido de uma proposta de valor e de responsabilidade, sobretudo para os anos vindouros, mas não é apenas a pressão sobre os recursos, é também o fenómeno da mitigação das alterações climáticas, um tema que nos deve ocupar a todos, em particular, àqueles e àquelas como nós que representamos o setor do turismo, que trata de uma matéria prima muito especial: pessoas”.

Pedro Machado reforçou a necessidade de fazer deste território que é a Península Ibérica, “a maior placa recetiva do mundo”. Para isso, disse, “estamos a trabalhar nesta e noutras agendas, com vista a encontrarmos, quer nos observatórios, quer na recolha de informação, mas muito, no tratamento dessa informação que nos permita consolidar e justificadamente, podermos tomar opções estratégicas para os desígnios do futuro da nossa comunidade”.

Segundo o governante, quando Portugal assume o compromisso da sustentabilidade ao rubricar a Declaração de Belém, saída da última cimeira do G-20, que teve lugar no Brasil, “percebemos que o turismo é identificado como aquilo que ficou denominado intensificador do desenvolvimento. Desenvolvimento que significa criação e captação de riqueza, desenvolvimento que significa mais coesão, e a coesão significa hoje e cada vez mais, um trabalho que não diz respeito a uma comunidade, mas a um conjunto dos territórios contíguos entre si e numa aposta cada vez maior no domínio da mobilidade e da conectividade”.

Pedro Machado destacou ainda o trabalho que tem sido feito com vista a “reforçar verdadeiramente aquilo que é um espaço territorial que tem muito para dar ao mundo. Portugal e Espanha são de facto, essa maior placa recetiva que o mundo conhece em matéria de turismo, mas também queremos reforçar essa cooperação estratégica que já vínhamos a trabalhar há algum tempo”, lembrando as ações levadas a cabo pelas regiões portuguesas do Alentejo, Centro e Porto e Norte, e das espanholas Extremadura e Castilla e Leon, não só nas áreas de conjugação da promoção internacional, mas também da estruturação do produto.

Igualmente, o secretário de Estado do Turismo revelou que, em recente reunião em Elvas com a secretárias de secretária de Estado do Turismo de Espanha “reforçámos alguns dos aspetos, alguns dos programas que consideramos mais importantes para esta cooperação ibérica. Estamos a falar de projetos de redes, por exemplo, as fortalezas e os castelos de fronteira. Estamos a falar na gastronomia, estamos a falar do reforço de uma aptidão que Portugal e Espanha têm, sobretudo naquilo que é o seu património classificado pela UNESCO, e a forma como posicionamos os mais de 20 sítios patrimónios edificados que são hoje uma capacidade enorme de nos projetarmos do ponto de vista internacional e por isso, estamos, no fundo, a decidir esse reforço da cooperação”.

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Congresso APAVT: “Temos que forçar a situação para podermos ter uma decisão relativamente ao Montijo”, reclama presidente da CTP

Tomada a decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa, em Alcochete, e passados seis meses, o presidente da CTP, Francisco Calheiros, na sua intervenção na abertura do 49º Congresso da APAVT, reclama que seja conhecido o cronograma do aeroporto, realçando “é urgente, temos uma alternativa, temos que forçar a situação para podermos ter Montijo daqui a dois ou três anos”, defendeu.

“Todos sabemos que estivemos a bater recordes até 2019 e depois do Covid, em 2022, quando se discutia quem é que conseguir chegar primeiro aos números de 2019, Portugal foi o único país da Europa a conseguí-lo, e em 2023 elevou esses resultados:  77 milhões de dormidas, 30 milhões de turistas, e mais importante do que isto, 25 mil milhões de receitas, o que contribuiu decisivamente para o equilíbrio da nossa balança comercial. Os últimos números que temos disponíveis de 2024, de agosto, continua a subir 4% o número de dormidas. Mas, mais importante do que isso, a receita sobe mais de 10%. Ou seja, o turismo continua a criar valor”, lembrou Francisco Calheiros na abertura do 49º Congresso da APAVT, esta quinta-feira, em Huelva.

O presidente da CTP evidenciou que “para aqueles que dizem que os portugueses desistiram do Algarve e que desistiram de Portugal, não é verdade. Os portugueses subiram em Portugal, subiram o Algarve e, portanto, nunca nos podemos esquecer que estamos a falar só do maior mercado que nós temos: 30% das nossas dormidas são de portugueses”.

O Calheiros sublinhou, e uma vez que o 49º congresso da APAVT decorre em Espanha, mais precisamente, em Huelva, que “o maior destino do mundo é a Península Ibérica. Ou seja, se reunimos Portugal e Espanha, temos o maior destino do mundo, e se numa Europa nós somos concorrentes, estamos a disputar os clientes ingleses, os clientes alemães, ao contrário, quando saímos da Europa, quando estamos a disputar o mercado americano, ou o chinês, temos de estar alinhados, e o desafio é que temos que ser mais cooperantes. O exemplo da Andaluzia com o Algarve é um belo exemplo. Temos que de fazer isso em Portugal e Espanha. Eu acho que todos temos a lucrar se tivermos uma promoção mais conjunta entre Portugal e Espanha”, apelou.

O presidente da CTP realçou o futuro como uma das notas da sua intervenção, e que tem a ver com a gestão dos destinos turísticos: “Não temos turistas a mais, o que nós temos todos que desejar é que os outros setores de atividade aprendam um bocadinho com o turismo para ver se têm a nossa performance”, destacando, igualmente que o futuro passa pela mobilidade sustentável, sobretudo aérea e uma ferroviária que quase não existe”.

Não esqueceu também a privatização da TAP num país periférico em que mais de 90% dos nossos visitantes vem por via aérea”. Assim, é evidente que todos temos que estar muito atentos e respeitar a privatização da TAP. Ela é fundamental. Ela é um grande responsável pelos turistas que vêm ao nosso país”

O futuro ainda é para Francisco Calheiros, o investimento em infraestruturas, e neste caso, o novo aeroporto de Lisboa. Para o dirigente, “a decisão está tomada, é Alcochete. Já pedi para que se conhecesse o cronograma do aeroporto, e se ele existe, que seja público. Se não existe, que se faça. Mas o que é facto é que já lá vão seis meses e, como sabemos, a decisão tomada é sobre uma estrutura não estatal” lembrando que o aeroporto de Berlim, que demorou 16 anos a ser construído. Neste sentido, para o presidente da CTP, “é urgente, temos uma alternativa, temos que forçar a situação para podermos ter Montijo daqui a dois ou três anos”, defendeu.

Francisco Calheiro apontou, por outro lado, que o futuro passa pela valorização dos profissionais do turismo. “Não nos podemos nunca esquecer que trabalhamos numa atividade que é de pessoas e para pessoas”, para finalmente, destacar a tecnologia, e a inteligência artificial ao serviço da atividade das pessoas.

A concluir a sua intervenção no congresso da APAVT, o dirigente dirigiu-se ao partido no Governo e da oposição: “Não queremos eleições, não queremos duodécimos, queremos um orçamento aprovado na generalidade, quer na especialidade. Nós estamos a fazer o nosso trabalho e bem como os números o demonstra. Exigimos ao Governo e a oposição exatamente o mesmo”.

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Congresso APAVT: Presidente da APAVT (re)lança desafio à CTP para “tomar politicamente conta da BTL”

Na abertura da 49.ª edição do Congresso da APAVT, Pedro Costa Ferreira, presidente da associação, lançou críticas à organização da BTL, justificando a não presença da APAVT na feira do turismo, lançando, de novo, o desafio ao presidente da CTP para “tomar politicamente conta da BTL”.

Victor Jorge

No discurso de abertura do 49.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que contabiliza 750 inscrições, Pedro Costa Ferreira, presidente da associação, aproveitou a ocasião para dar uma reposta para a saída da associação da BTL, em 2025, recordando o papel que a APAVT teve quando, em 2020, a feira foi cancelada devido à pandemia.

De resto, a presença da APAVT na BTL, que se realiza de 12 a 16 de março na FIL, sempre assumiu um papel de destaque, ocupando, nos últimos anos, mais de 1.200 m2, constituindo-se como o “espelho” do setor da distribuição na maior feira do turismo em Portugal. não só com a presença dos associados da APAVT como, também, com diversas parcerias com entidades externa, exemplo da presença de Macau nos últimos anos e da “solidariedade” demonstrada para com a Ucrânia.

“O mundo tinha parado, e tínhamos já pago verbas muito significativas à BTL, de acordo com o processo de contratação da feira desse ano”, destacou o presidente da APAVT, salientando que na associação “ninguém se esqueceu ainda que, a pedido dos representantes da feira, decidimos não exigir o reembolso das verbas entregues à entidade que gere a feira do turismo português, apesar de naturalmente termos devolvido todo o dinheiro que nos tinha sido pago pelos nossos associados, aos próprios”.

“Por outras palavras, financiámos a BTL”, realçou Pedro Costa Ferreira, admitindo que tal realidade “fragilizou a nossa própria tesouraria com verbas para nós muito significativas, num dos momentos mais críticos da nossa existência”, acrescentando ainda que “fomos dos muito poucos, senão os únicos, a fazê-lo (…) sem saber se alguma vez poderíamos reaver os valores entregues”.

“Foram estes mesmos parceiros que, ultrapassada a pandemia, nos fizeram exigências financeiras que obrigaram dezenas de associados nossos a abandonar a feira”, salientou o presidente da APAVT, colocando a questão: “Tinha a BTL o direito de nos impor o aumento de preço que nos quis impor? Claro que sim!”. Seguiu-se a resposta: “O que está em causa é que a BTL, enquanto necessitou da APAVT, acordou um preço que fez do nosso stand não apenas o maior stand privado da feira, mas também o maior dinamizador do programa dos hosted buyers, o precursor do B2C na BTL, o grande realizador da aventura de consumo em que se transformou a nossa feira de turismo, nos fins de semana”.

Admitindo que, na altura, “não foi um preço baixo”, Pedro Costa Ferreira considerou que “foi o investimento mais certeiro da BTL, com um retorno inimaginável há dez anos”.

Assim, do ponto de vista dos interesses que a APAVT defende, Pedro Costa Ferreira questionou “se temos uma feira para o Turismo, um evento que dinamiza, promove e consolida o nosso setor, ou se temos o Turismo para uma feira, uma organização que se tornou gulosa e que apenas usa o sucesso do setor para obter mais e mais dinheiro, sem a menor articulação, ou mesmo respeito, pelos diversos stakeholders”.

“Foi por tudo isto que dissemos não às propostas da BTL”, referiu o presidente da APAVT, recordando o tempo em que, em sede de CTP, “estimulei o seu presidente a tomar politicamente conta da BTL, impedindo que o turismo fosse utilizado por um mero processo de recuperação empresarial”.

Por isso, Pedro Costa Ferreira, reforçou esta posição, lançando, novamente, o desafio ao presidente da CTP, salientando que “precisamos de uma feira que sirva o turismo e que se articule com os seus estrategas, decisores e protagonistas, não precisamos que o turismo seja unicamente fonte alimentadora de uma necessidade crescente de realizar receitas”.

*O jornal Publituris esteve em Huelva a convite da APAVT

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Congresso APAVT: “O setor só pode estar feliz com os resultados alcançados”

O setor da distribuição “atravessa o melhor momento de sempre”. Foi desta forma que Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, deu início ao 49.º Congresso da associação. Respondendo aos críticos do turismo e aos que possuem perceções “erradas”, Pedro Costa Ferreira, recordou que o turismo “é responsável por metade do crescimento do nosso país, paga um salário médio cada vez mais alto, permitiu o equilíbrio das contas externas”, considerando que “temos de impedir que estas se transformem em narrativas normalizadas e comummente aceites como verdade”.

Victor Jorge

No discurso de abertura do 49.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, presidente da associação, admitiu que o setor da distribuição “atravessa, porventura, o melhor momento de sempre, se falarmos de vendas, de recuperação de balanços, de resultados, de emprego ou de remunerações pagas, provando que mantém uma fantástica vitalidade e uma posição de charneira intocada e intocável, quer no que concerne a incoming, quer no que respeita às viagens dos portugueses, em trabalho ou em férias”.

Referindo-se ao “Economics”, realizado pela EY para a APVT, Pedro Costa Ferreira salientou “os efeitos diretos, indiretos e induzidos, o valor económico da distribuição turística, reportado a 2022, que superou os 5,8 mil milhões de euros, valor que corresponde a cerca de 2,8% do VAB nacional e foi responsável por 126.000 postos de trabalho, 2,6% do emprego em Portugal”.

Associado ao crescimento do valor económico, a atualização do “Economics” revela que “o impacto do agregado da distribuição turística nas remunerações também aumentou significativamente face a 2019, atingindo praticamente 4 mil milhões de euros, valor que representa cerca de 3,5% do total nacional”.

Por outro lado, o presidente da APAVT assinalou “a recomposição da atividade do sector neste pós-pandemia, com um crescimento mais acentuado do incoming de lazer, que produziu, naturalmente, impactos económicos mais significativos no território”.

Depois da pandemia, “a recuperação foi notável”, afirmou Pedro Costa Ferreira, admitindo que o setor “mantém e consolidou algumas das suas características mais diferenciadoras, como sejam, por mero exemplo, a formação dos gestores e colaboradores, muito acima do padrão nacional, o contínuo aparecimento de novas empresas, confirmando a atratividade do setor, ou finalmente, e provavelmente o mais importante, o aumento da influência económica do setor, que mantém níveis de crescimento acima da média nacional”.

Referindo-se às “dificuldades acrescidas que todos estamos a sentir, na operação turística, sobretudo nas duas cidades mais importantes do país”, Pedro Costa Ferreira frisou que “a APAVT está e estará nos próximos tempos absolutamente focada em construir com as câmaras municipais, um espaço de diálogo absolutamente construtivo, visando corrigir eventuais erros e com o objetivo de construir uma mobilidade que não exclua ninguém, sobretudo que não exclua os operadores turísticos, os grupos de turistas de mais alto rendimento ou os modernos autocarros que menos poluem”.

As várias respostas do turismo
Respondendo aos críticos do turismo e aos que possuem perceções “erradas” relativamente ao turismo, Pedro Costa Ferreira disse que “o setor só pode estar feliz com os resultados alcançados”, tratando-se, segundo o mesmo, de um setor que “que cresce e é responsável por metade do crescimento do nosso país, paga um salário médio cada vez mais alto, permitiu o equilíbrio das contas externas” no qual estão “depositadas quase todas as esperanças de crescimento a curto prazo da economia portuguesa”.

Considerando que o turismo é um setor que “está a ser muito atacado pelas más razões”, Pedro Costa Ferreira frisou que “temos de impedir que estas se transformem em narrativas normalizadas e comummente aceites como verdade”.

“O Turismo não destruiu o centro das cidades, afastando de lá as pessoas”, considerou Pedo Costa Ferreira, salientando ainda que “antes do turismo não havia pessoas a viver no centro das cidades. Ninguém queria viver em zonas degradadas, sujas e perigosas. Foi o Turismo que recuperou as cidades, colocando residentes no seu centro”.

Por tudo isto, o presidente da APAVT destacou que o turismo “não apagou a genuinidade nem as tradições dos bairros históricos das cidades” e que “a memória dos contestatários é curta, os bairros históricos não eram típicos, nem genuínos, eram pobres”.

“O Turismo não acabou com as lojas históricas, não desvirtuou os monumentos históricos, que estavam degradados e afastados dos seus verdadeiros donos, que são as pessoas, o Turismo recuperou os monumentos e abriu as suas portas às pessoas, lutando contra um grupo culturalmente caduco, disfarçado de elite, que continua a querer impedir que as pessoas disfrutem livremente do património que é de todos”.

Finalmente, relativamente ao tema da imigração, Pedro Costa Ferreira considerou que foi o setor do turismo “que melhor integrou imigrantes nas suas estruturas de produção, atenuando problemas sociais e permitindo que tenhamos uma ténue esperança de renovação demográfica”.

*O jornal Publituris esteve em Huelva a convite da APAVT

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Foto: Frame It

Congresso APAVT

“Os problemas não se resolvem diminuindo o turismo, resolvem-se aumentando os outros setores”

A “Cidade APAVT” reúne-se para o 49.º congresso. Com diversos temas na agenda, Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, diz que a associação vive “o momento mais alto do ponto de vista da capacidade de intervenção, da visibilidade e das portas que se abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos”.

Victor Jorge

Na véspera do 49.º Congresso da APAVT, o jornal Publituris republica a entrevista feita a Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT). Com indicações de que o Orçamento de Estado para 2025 deverá ser aprovado, depois do líder do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, ter indicado que propõe a abstenção do documento apresentado pelo Governo de Luís Montenegro, o presidente da APAVT espero um Orçamento que seja “uma espécie de cópia daquilo que tem sido o turismo”.

Com o esperado aumento das viagens dos portugueses, o presidente da APAVT admite estar “pessimista” em relação ao novo aeroporto, salienta que é “importante que a TAP mantenha o ciclo de recuperação que tem evidenciado”, vê com “dificuldade” a APAVT regressar à BTL nos próximos anos e, finalmente, diz ser “premente combater uma certa comunicação anti-turismo, com uma mensagem una da ‘Cidade do Turismo’”.

O 49.º da APAVT tem como tema a “Cidade APAVT”. Que cidade é essa?
O que tentámos transmitir, fundamentalmente, foi um conceito de comunidade, em que existem interesses que litigam, mas que, nem por isso, deixam de ser legítimos. Existem opiniões diferentes, existem modelos de negócio que competem entre si, mas é sempre muito mais aquilo que os une do que aquilo que nos separa. Isto é verdade para o setor da distribuição e é verdade para o turismo e, eventualmente, será verdade, naturalmente, também para o país.

Mas é uma cidade mais forte, é uma cidade que tem vindo a crescer?
Ah, sim, completamente. E isso também é verdade para o setor do turismo. Atualizaremos os “Economics” do setor no próprio congresso e, sim, saímos da pandemia para o melhor ano de sempre em 2022. Tudo quanto pensamos relativamente ao que já aconteceu em 2023 permite-nos dizer que foi o melhor ano de sempre e provavelmente 2024 será semelhante a 2023, mas melhor. E, portanto, do ponto de vista do setor, maior do que nunca e, eventualmente, do ponto de vista da associação, também num momento muito feliz com uma boa relação com toda a gente, com uma capacidade de intervenção como nunca teve, com um modelo financeiro que está absolutamente sólido, com uma independência que é totalmente conhecida de quem se relaciona connosco e, portanto, é verdade para o setor, é verdade para o turismo, é verdade para a associação.

Vivemos [APAVT] o nosso momento mais alto do ponto de vista da nossa capacidade de intervenção, da nossa visibilidade e das portas que se nos abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos


Neste programa há um tema que se repete: a Inteligência Artificial (IA). Porquê essa repetição?
Porque a IA não é uma corrida de 100 metros, é uma maratona e até uma maratona especial, porque ainda não se conhecem os percursos não percorridos. Todas as empresas, incluindo as pequenas e médias, introduzirem a IA de um modo estratégico nas empresas e, por isso mesmo, é um assunto que vamos acompanhar nos próximos anos. É um assunto em permanente evolução e é um assunto de grande importância.

Portanto, não pode ser um tema que aparece “one shot” num só congresso?
Sim, a IA já é completamente diferente do ano passado. Basta olhar para a intervenção de um dos oradores, Sérgio Ferreira, que nos disse que só pretendia preparar a sua intervenção com 15 dias ou uma semana de antecedência, porque, entretanto, pode surgir uma novidade qualquer. É neste universo que nos movemos atualmente.

A Natália Rosa, outra das oradoras vai falar de ferramentas que já utilizamos no dia-a-dia, mas que ainda nem existiam da última vez que ela abordou o tema no congresso do Porto.

E há adesão à IA por parte do setor?
É um tema que preocupa e o setor vai acompanhando e incorporando na operação, até porque muitas das ferramentas que se utiliza são quase universais e, portanto, já têm IA. Diria que, como sempre, as maiores empresas estão à frente, mas uma das ideias que queremos muito e desafiámos os oradores para isso, é explicar que a IA é uma jornada para todos, não é uma jornada apenas para os grandes.

Viajar para fora, sem perder o “cá dentro”
Deixando o congresso, e conhecidos que foram os dados do INE relativamente a agosto, os portugueses estão a viajar mais para fora?
Bem, estão a viajar mais para fora, mas acho que é mais do que isso, estão a viajar mais. Gosto pouco de comentar uma alteração de comportamento por uma situação conjuntural, gosto mais de olhar para uma série. Se olhamos para os últimos 20 anos, os últimos 15 anos, os últimos 10 anos ou para os últimos 5 anos, os portugueses estão a viajar mais, ponto. Mas estão a viajar mais para fora e mais para dentro.

Aliás, há uma pergunta da moda que é: Os portugueses estão a abandonar um pouco o turismo interno? Bem, não acho que isso seja verdade, primeiro, porque os portugueses continuam a ser o mercado emissor mais importante do inbound. Por outro lado, se olharmos para números recentes, durante a pandemia, que é muito recente, houve um momento extraordinário do mercado interno e esse momento lançou sementes e criou raízes. Mas sim, os portugueses estão a viajar, mas também seria expectável.

Houve uma explosão de viagens em 2022, aumentou em 2023 e está-se a consolidar em 2024. Se há alguma característica específica no comportamento do consumidor português relativamente às viagens, é que me parece absolutamente óbvio que as viagens passaram a ser uma primeira necessidade, não é igual à alimentação, mas é uma das primeiras necessidades.

Houve uma explosão de viagens em 2022, aumentou em 2023 e está-se a consolidar em 2024


Mas comparativamente com 2023, os números são melhores?
São ligeiramente melhores e construídos de uma forma muito díspar. Tivemos um primeiro trimestre com um aumento absolutamente brutal das reservas. Lembro-me, na altura, cerca de 20%. Isso significou uma grande antecipação das reservas. Por causa disso, tivemos uma travagem muito significativa em maio e junho. No verão, julgo que a operação decorreu ligeiramente acima do ano passado, mas temos de ter em consideração que havia mais oferta, e espera-se um quarto trimestre muito em cima do realizado no ano passado. No final, o mercado responde sempre de forma diversa, não é uno, depende do tipo de negócio, da dimensão da empresa, onde se posiciona em termos de mercados. Uns terão crescido 10%, outros terão crescido 15%, outros terão crescido 5%, outros terão igualado números de 2023. Mas no final, as agências de viagens vão vender mais e vão ganhar ligeiramente mais. Julgo que os operadores vão vender mais e vão ganhar menos. Porque as operações charter são um risco grande, não foram todas preenchidas, no verão houve alguma quebra de preço por last minute, ao contrário da antecipação onde foi feito bom preço no primeiro trimestre. Portanto, no final, creio que os operadores todos eles vão vender mais, mas quase todos eles, vão ganhar menos.

Essa antecipação registada no primeiro trimestre poderá ter incutido na mente do setor que o crescimento iria manter-se?
Não creio. Na altura nem conseguimos explicar um crescimento tão grande, face às condições de consumo dos portugueses, ao nível das taxas de juros, à dependência dos empréstimos bancários para habitação, à inflação. Julgo que o primeiro trimestre ainda terá sido um prolongamento da necessidade de viajar brutal que sucedeu à pandemia.

As chamadas viagens de vingança?
Exato. Talvez não durou um ano, durou um ano e três meses do ponto de vista das decisões dos portugueses. E depois acabaram por se ajustar ao efetivo poder de conta.

Foto: Frame It

E o perfil mudou?
O mercado é muito eclético e maduro. Se alguma tendência existe no mercado, diria que, cada vez mais, o mercado alarga a franja também às grandes viagens e às viagens de mais alto valor, de mais alto preço.

E as de mais baixo preço?
Não. Se pensarmos nos voos charter mais básicos, se pensarmos em Cabo Verde, nas Caraíbas, Marrocos, Tunísia, são todas operações que foram um êxito este ano. Portanto, as operações mais tradicionais mantêm-se em crescimento e vamos acrescentando à medida que os anos passam outras.

O português olha para fora por causa do preço ou porque quer viajar mais?
As duas coisas. Acharia um mundo bonito e um Portugal bonito se houvesse mais turistas portugueses no estrangeiro e mais turistas estrangeiros em Portugal.

O que nos deve preocupar, a acontecer, é se houver menos turistas portugueses em Portugal e as taxas de ocupação baixarem muito. Não foi verdade este ano. Este ano os preços aumentaram muito, penso que, provavelmente, desajustados do serviço que está a ser prestado e que terá de sofrer algum ajuste. Toda a gente está de acordo com isso, inclusivamente os hoteleiros. Mas a grande verdade é que, mesmo com o agravamento de que tanto se fala, as taxas de ocupação satisfazem muito os hoteleiros e os preços satisfazem ainda mais. Desse ponto de vista, se houve mais ou menos portugueses, não é preocupante. Seria preocupante se não houvesse turistas portuguese e se não houvesse turistas estrangeiros ou haver mais turistas estrangeiros e os portugueses não conseguissem viajar. Não aconteceu nenhuma nem outra.

Contas (re)quilibradas
Em relação ao balanço das empresas, já estão equilibrados?
O mercado, uma vez mais, tem uma resposta que é um caleidoscópio, não é monocromática. Mas, em primeiro lugar, equilibrar os balanços, significa voltar a 2019. Em 2020 e 2021 perdemos seis vezes e meio o resultado de 2019. Portanto, mantendo-se os ritmos de 2019, o que seria excelente, os balanços demorariam seis anos a chegar a 2019.

Vamos no terceiro. Sendo certo que muitos balanços se equilibraram em 2023, algo impensável, muitos vão equilibrar em 2024 e eventualmente haverá também alguns que se equilibrarão mais tarde, dependendo das empresas, uma vez mais, do tipo de negócio, etc.. Mas o que é assinalável é que o setor sai da pandemia muito mais forte do ponto de vista do ritmo de negócio do que entra na pandemia e recupera muito mais rápido do que era previsível. Agora, os balanços ainda têm cicatrizes, têm e vão ter durante alguns anos, basta pensar no lazer, nas empresas que contraíram dívidas para pagamento dos vales.

A dívida é um problema, porque as taxas de juros subiram e os custos do serviço da dívida aumentaram de forma muito visível. Agora, o volume de negócios também aumentou, os ganhos também, portanto, diria que, neste momento, não sinto que haja incobrabilidade, que haja qualquer momento de rutura. Há um bom momento, os balanços estão a cicatrizar, mas a questão está longe de estar resolvida.

Esperava uma maior consolidação do mercado, face às dificuldades que foram vividas, principalmente naqueles dois anos a seguir à pandemia em que as empresas, como se costuma dizer, tinham na incerteza a maior certeza?
Sim e não. O mercado está preparado para uma maior consolidação pela sua composição, isso é óbvio. E o mercado, se víssemos isto a preto e branco, diria que são quase só microempresas, muito poucas grandes e até poucas médias.

Logo a seguir à pandemia, julgo que tínhamos um problema acrescido, que não costuma aparecer, é que mesmo as mais fortes estavam muito fragilizadas e havia muita incerteza, porque não saímos da pandemia com a certeza que o assunto estava resolvido. Fomos saindo na dúvida de que ele podia reaparecer. Desse ponto de vista, deixou de haver um gargalo para a concentração, mas eu acho que há dois tipos de razões que têm atrasado a concentração. Em primeiro lugar é que não temos só micro e pequenas empresas. Temos sobretudo micro e pequenas empresas familiares. E culturalmente, uma empresa familiar, prefere continuar com o controlo de um pequeno negócio, que não cresce, do que participar, mas não controlando um negócio maior que cresce. E, portanto, há aqui uma raiz cultural que pode impedir a venda. Por outro lado, o mercado, talvez até por a raiz ser familiar e não querer que existam concentrações de capital, arranjou modos de acrescentar dimensão económica ou capacidade de intervenção sem necessidade de integração de capital. No lazer, os franchising, os grupos que de gestão, são muito importantes no mercado português, no corporate os ACE, e até a figura em crescendo da consolidação aérea, faz com que os clientes, agências de viagens, tenham capacidade de preços e condições que só a dimensão consegue, sendo muito pequeninos.

É assinalável é que o setor sai da pandemia muito mais forte do ponto de vista do ritmo de negócio do que entra na pandemia


Abordou a questão preço. Viajar está mais caro?
Porque os hotéis aumentaram muitíssimo os preços, porque a aviação aumentou muitíssimo os preços e porque houve aumentos salariais e dos custos extra das empresas também muito significativos depois da pandemia. Portanto, está mais caro porque os custos são mais caros.

Mas em relação ao aumento de preço que se verificou em 2023 e também em 2024, acha que vai abrandar?
Sim, porque não vejo grande espaço para se manter aumentos de preços. Aliás, a pressão sobre os hotéis é muito contrária e não apenas em Portugal. Lemos as notícias em Espanha e, no verão, os preços estão acima.

Relações agradáveis
No que diz respeito à “Cidade APAVT”, a associação tem mantido várias reuniões com diferentes stakeholders. Falo da TAP, ANAC, ANA, SATA, entre outros. Esta relação e este diálogo que a APAVT tem mantido com os diversos stakeholders está mais fácil, está mais difícil, mantém-se igual, está num momento de viragem?
Não, está num momento muito bom, muito agradável. Do ponto de vista da APAVT, julgo que já referi isso, sentimos que, provavelmente, vivemos o nosso momento mais alto do ponto de vista da nossa capacidade de intervenção, da nossa visibilidade e das portas que se nos abrem quando se pretende resolver problemas que são de todos. Depois, é evidente que as agendas são muito difíceis, porque o facto de os interesses litigarem, e litigam claramente em vários dos exemplos que referiu, não deixam de ser legítimos e, portanto, não deixam de poder existir e temos é de dialogar entre interesses divergentes. A agenda é certamente difícil, sobretudo no que se relaciona com as companhias aéreas. Mas o diálogo é fácil no sentido em que há muita abertura para o diálogo.

Está mais fácil do que era?
Está progressivamente mais fácil, porque há disponibilidade para o diálogo, há diálogo frequente e há muita confiança de parte a parte com todos os organismos em questão. E a confiança de parte a parte vai-se formando, vai-se desenvolvendo e vai-se fortalecendo.

Agora, a agenda é tremendamente delicada, nomeadamente nas relações com as companhias e aéreas e tendo em conta a introdução do NDC, sobretudo no corporate, irá, certamente, significar mais custos administrativos, certamente mais trabalho administrativo e, muito provavelmente, menor remuneração.

Mas acrescenta também mais incerteza?
Não acrescenta mais incerteza, acrescenta dificuldades no curto prazo. A médio e longo prazo, o setor tem revelado tanta capacidade de encontrar soluções que julgo que ainda é cedo para dizer que o NDC é um mau caminho.

Já vivi, infelizmente, porque significa que já não sou tão novo, uma relação com as companhias aéreas em que tínhamos uma comissão base de 9%, mais rappel. Se juntarmos os dois, tínhamos uma comissão base, ou uma comissão de relacionamento, que superava os 20%. Nessa altura, as agências de viagens ganhavam menos dinheiro do que ganham agora, em que têm uma relação com base em 0,5%. Portanto, o ajustamento e o aumento da produtividade, a modernização do setor, foi abissal nas últimas décadas. Por isso, vamos ter esperança que continuaremos a encontrar as soluções.

Mas esta nova dinâmica assusta o setor?
Não, temos reunido o capítulo aéreo, que é um dos corações da APAVT, que é uma dinâmica muito jovem e muito importante para o negócio e, portanto, preocupa e entra naquilo que têm de ser os planeamentos estratégicos e a gestão anual. Mas não é algo que faça o setor entrar em pânico. Eu diria que, quem resolver os problemas, e há muitas maneiras de os resolver, provavelmente ficará num posicionamento superior antes do aparecimento do NDC, como tem acontecido em toda a história do relacionamento entre as agências de viagens e as companhias de aviação.

A médio e longo prazo, o setor tem revelado tanta capacidade de encontrar soluções que julgo que ainda é cedo para dizer que o NDC é um mau caminho


De que forma é que o setor se tem de reorganizar face a esta nova dinâmica?
O problema aqui é, sobretudo, tecnológico. Há muita tecnologia incluída. Há uma disrupção face à norma anterior, já que essa era de uma tecnologia disseminada por todo o mercado e, portanto, era fácil de normalizar os comportamentos de gestão e o trabalho do dia-a-dia.

Esta disrupção fez com que, neste momento e a curto prazo, haja mais trabalho na busca, por exemplo, de reservas, na emissão, nas reemissões, nas relações entre companhias que são de diferentes grupos globais. Mas, como há estes problemas, há uma série de desenvolvimentos tecnológicos que lhe estão a fazer face. Estamos num momento de ondulação mais alta, estamos num momento do temporal e, portanto, é, obviamente, o que preocupa e que dá mais desgaste e mais trabalho, mas os ciclos económicos também pertencem a este tipo de relações e temos a certeza que vai haver uma estabilização quer da tecnologia existente, quer até da sua harmonização pelos diferentes players. Nessa altura, estaremos num degrau superior.

Mas isso também cria novas oportunidades?
Não tenho nenhuma dúvida. Teremos um mercado mais eficiente, com maior produtividade, como temos relativamente ao momento em que ganhávamos 20% de comissão. E teremos ou os mesmos ou outros players, mas o mercado em si, enquanto um todo, será certamente mais capaz e, provavelmente, com tanta utilidade ou mais para o negócio das companhias aéreas. É assim que tem sido.

Um “olhar” político
Lembro-me da última entrevista que deu ao Publitúris, antes do 48.º Congresso da APAVT, estávamos em plena crise política …
Mas já saímos?

Este Governo tem seis meses: tem correspondido às expectativas?

É uma resposta difícil, porque tem pouco tempo e tem pouca margem de manobra face ao desenho da Assembleia da República. Acho que tem um aspeto muito positivo, já que tentou colocar na agenda política a ideia de quanto urgente é crescermos. Outra coisa é saber se consegue desenvolver uma estratégia em volta dessa ideia. Vai depender, provavelmente, de poucos dias depois do nosso congresso na APAVT, se o orçamento é ou não é aprovado e em que condições é que é ou não é aprovado.

Por isso, diria que existe um bom sentimento relativamente àquilo que foi apresentado pelo Governo, nomeadamente o conjunto das medidas que visam exatamente acelerar a economia, por outro lado, algumas dúvidas sobre a capacidade do Governo em desenvolvê-las e aí sim, muito pessimismo relativamente ao ambiente político. Para quem é empresário este diálogo entre políticos em redor do orçamento é surreal, completamente afastado dos problemas da vida pública.

Mas surpreendeu a rapidez, por exemplo, relativamente à decisão do novo aeroporto?
Não, e não liguei muito a isso. Eu já assisti a outras decisões. Ligaria se existisse rapidez em começar as obras, situação que ainda não aconteceu. Aliás, em relação ao novo aeroporto estou mesmo pessimista. Primeiro com a obtenção de um documento de impacto ambiental, que não sei se vão conseguir, depois com o diálogo com associações credíveis que defendem interesses legítimos, nomeadamente as ecologistas, e, finalmente, ainda com um diálogo com associações pouco credíveis que fingem que defendem interesses legítimos como, por exemplo, os ecologistas, mas cujo único objetivo é a tentativa de boicotar a democracia liberal. Portanto, são vários debates seguidos que me fazem ficar com bastante pessimismo.

Mas está pessimista relativamente à localização ou à execução do projeto?
A localização está indicada. Acho que a execução não é nada óbvia que corra bem. Não é óbvio que dure menos do que 10 anos e preocupa muito não ter havido uma solução intermédia.

E faz falta o tal cronograma para saber, de facto, o que vai e quando vai ser feito?
É verdade, mas quem é que consegue construir um cronograma com tantas dependências. Esse é o ponto. Por exemplo, relativamente, às obras da Portela, que sei que já arrancaram, ainda há alguns aspetos da negociação entre a ANA e o Governo que têm de ficar resolvidos antes de continuarem. Sei que são obras que podem demorar cerca de três anos. E porque não há uma solução intermédia, julgo que são, neste momento, aquilo que mais me preocuparia e aquilo pelo qual mais lutaria.

E em função disso, deveria existir uma maior aposta, por exemplo, nos outros aeroportos nacionais, tipo Porto e Faro?
Até mais talvez o Porto. Há alguns aspetos de desenvolvimento na área do aeroporto da Portela, depois as companhias aéreas estão a escolher ou têm vindo a escolher, aeronaves maiores para com o mesmo número de slots e o mesmo número de movimentos, movimentarem mais gente, mas isso também tem um limite. Depois, toda a gente sabe que teremos mais alguma aberta do ponto de vista do crescimento quando passarmos para uma nova gestão do espaço aéreo.

Acho que, sobretudo, no long haul, outros aeroportos podem ser utilizados. Estamos a falar do mercado norte-americano, brasileiro, em que o Porto fará mais sentido, porque são mercados que não pedem tanta praia, são mercados que não pedem tanta sazonalidade e que vão permitir distribuir a procura ao longo do território.

A ferrovia aí ajudava imenso?
Ajudava o mercado interno, o mercado alargado de Espanha, ajudava a curta distância porque há muitas barreiras já do ponto de vista legal ou pelo menos a construção de muitas barreiras relativamente a voos de curto curso, libertava-se slots para os tais voos de long haul.

Foto: Frame It

Objetivo: crescer
Falou em crescimento económico. O “Programa Acelerar a Economia” foi apresentado pelo Governo. Das 60 medidas, 17 são do turismo. No âmbito da APAVT, como é que olha para estas medidas? São suficientes, deviam existir mais, deviam existir menos?
Penso que não devemos olhar para as 60 nem para as 17 como as únicas que estão em cima da mesa e que fazem parte da atuação do Governo. Foram um exemplo e foram retiradas até de um certo contexto, quiçá e bem, para dar aquela ideia de que há uma ideia estratégica no Governo que é urgente crescer. Portanto, as medidas são medidas de crescimento e, desse ponto de vista, felizes. Felizes também porque se percebeu o dinamismo do turismo. Às vezes diz-se que há turismo a mais. Não há turismo a mais. Há a competitividade internacional do turismo e há condições de competitividade que são muito maiores do que em outros setores. E numa economia aberta e com relações internacionais, crescem os que têm maiores valências competitivas.

Este dinamismo das medidas escolhidas para o turismo demonstra exatamente esta capacidade competitiva. Depois temos de pensar sempre no momento da sua apresentação e no momento da sua execução. E aí também acho que temos de dar tempo ao tempo e, sobretudo, temos de dar tempo ao tempo havendo condições políticas, uma vez mais.

Há, contudo, uma medida que escolho e que envergonha que esteja no Governo e que tenho enormes dúvidas que seja implementada, o Estado pagar a 30 dias. Só o facto de constar já é uma coisa absolutamente extraordinária.

Se disser que as agências de viagens pagam às companhias aéreas num tempo médio de 18 dias e meio e vão passar a pagar em menos tempo ainda, a partir de 2025, acho que está tudo dito. Tenho pena que a medida esteja lá, porque já lá não devia estar. Fico contente por estar lá, porque alguém, apesar de tudo, aponta para si próprio e diz que não paga em condições,

[Relativamente ao Orçamento de Estado, a pergunta ao presidente da APAVT foi feita antes de se saber a decisão do PS e a proposta de abstenção indicada pelo secretário-geral, Pedro Nuno Santos]
Quanto ao Orçamento de Estado para 2025, o que espera ou gostaria que acontecesse?
Um orçamento aprovado. Desejo um orçamento aprovado e desejo um orçamento que fale de gestão dos custos do Estado, que diminua a carga fiscal das pessoas e das empresas e que coloque em ponto de mira o crescimento da economia.

O grande problema de Portugal é só discutirmos questões de distribuição quando há cada vez menos para distribuir. E, portanto, temos é de falar em competitividade internacional e em crescimento.

No fundo, espero um orçamento que seja uma espécie de cópia daquilo que tem sido o turismo, que tem conseguido ser cada vez mais competitivo, do ponto de vista internacional, que tem crescido, que tem evoluído, que se tem modernizado. É tudo isso que falta na economia.

Os problemas não se resolvem diminuindo o turismo, resolvem-se aumentando os outros setores. Porque se resolvermos um problema específico de demasiado turismo, atacando o turismo, vamos ter um problema mais geral de pobreza que será pior para todos.

Acredita que as pessoas de facto têm a noção quando falam que há turismo a mais?
Na opinião pública sim, e às vezes essas opiniões podem mudar o mindset de toda uma população. Acho que devemos lutar contra isso. Mas tocou no coração da coisa. A pergunta não pode ser nunca se há turismo a mais ou turismo a menos. Porque nunca pode haver turismo a mais. O turismo em Portugal permitiu que Portugal crescesse. Sem turismo Portugal não tinha crescido e não tinha recuperado da pandemia.

Se não fosse o turismo, não havia equilíbrio das contas externas. Permitiu a taxa de desemprego mais reduzida da história recente.

Mais, com um aspeto qualitativo importante, com tantos problemas com a imigração, foi o turismo que soube acumular, da melhor maneira, uma série muito significativa de imigrantes. É o turismo que promove a cultura e a história. É o turismo que recuperou as cidades. Portanto, não podemos nunca perguntar se há turismo a mais.

Agora, há pontos específicos de pressão, de pegada turística, que têm de ser geridos, não afastando turistas, mas gerindo fluxos turísticos e requalificando ou qualificando a oferta.

A grande verdade é que se continua a dizer que não se consegue viver nos centros das cidades, que os turistas tiraram de lá as pessoas. O que aconteceu foi que o turismo recuperou económica, paisagisticamente, do ponto de vista da organização da cidade, o urbanismo, foi o turismo que recuperou isto tudo. Estar contra o turismo não faz qualquer sentido. Confesso que, neste momento, será premente combater uma certa comunicação anti-turismo, com uma mensagem una da “Cidade do Turismo”.

A APAVT saiu da BTL porque a BTL, entre outros aspetos, nos fez exigências financeiras que não eram comportáveis. E, portanto, a APAVT teve de sair


E relativamente à privatização da TAP. Tivemos cá IAG, a Air France KPLM, a Lufthansa? Percebe alguma definição?
Temos como tradição não comentar a composição do capital social da TAP. Eventualmente a TAP teve bons momentos com composição do capital público, teve bons momentos com composição de capital privado e teve maus momentos com os dois. Agora, há uma certeza que temos. A TAP é muito importante para o presente do turismo português e para o futuro do turismo português.

Cerca de 95% dos turistas entram por via aérea e a TAP tem o maior market share desse número e, portanto, por razões quantitativas, mas, sobretudo, por razões qualitativas, a questão do hub e da ligação estratégica ao mercado brasileiro e ao mercado norte-americano não podemos continuar a crescer gerindo a pegada turística se não desenvolvermos o long-haul. É o long-haul que nos traz menos sazonalidade, mais receita por turista, mais território turístico, mais diversidade de produto.

Sendo muito importante, ninguém sobrevive na indústria aérea se não crescer de uma forma relativamente contínua. A TAP precisa de uma estratégia de crescimento e essa precisa de capital. E, provavelmente, não sou especialista, mas a TAP vai precisar de capital. Até lá, é bom não esquecer, que é importante que a TAP mantenha o ciclo de recuperação que tem evidenciado, porque se não o fizer, na altura em que for necessária uma privatização, poderá não haver ninguém interessado.

Voltando às palavras do primeiro-ministro, tranquiliza-o, novamente, o facto de o mesmo ter dito que a TAP não é vendida ao desbarato e, se for preciso, o Estado mantém a TAP até conseguir privatizá-la em condições?
Penso que é de bom senso, quer político, quer económico. Estou de acordo que a TAP não deve ser vendida ao desbarato e estou de acordo que se ela não puder ser vendida, de alguma maneira, o Estado tem de tomar conta da ocorrência.

Agora, atenção, uma vez mais, se pensarmos que a estratégia de crescimento tem de ser executada, podemos é discutir a capacidade que o Estado pode ter em executá-la, nomeadamente, a capacidade que pode ter em disponibilizar capital, até do ponto de vista legal, para essa estratégia de crescimento.

BTL sem APAVT
A APAVT, comunicou a não presença na BTL. Porquê?
Sobre a BTL, que fique claro uma coisa, vamos falar mais do que vamos falar agora. Vamos falar na altura que decidirmos e vamos falar no local em que quisermos e que acharmos mais apropriado. Agora, não vou deixar de responder. Porquê? Porque achamos que os nossos associados e o setor do turismo, em geral, merecem ser esclarecidos relativamente à saída da APAVT, o que, desde logo, sublinho a importância da presença da APAVT.

A APAVT saiu da BTL porque a BTL, entre outros aspetos, nos fez exigências financeiras que não eram comportáveis. E, portanto, a APAVT teve de sair.

Os associados da APAVT compreenderam essa posição?
Mais do que compreenderam, a decisão do abandono não é uma decisão nem do presidente, nem da direção. É uma decisão do conjunto de cerca de 100 empresas que interagiam no maior stand privado da feira. E, portanto, foram essas 100 empresas que perceberam que eram incomportáveis as exigências de curto prazo, as exigências financeiras, não apenas as exigências, como também o curto prazo que tínhamos para as cumprir.

Mas há espaço para negociações?
Não. Como sabe, não há espaço para voltarmos e vejo com dificuldade nos próximos anos. A APAVT tinha uma posição, era o maior stand privado da feira e foi expulso da feira.

Estamos a falar da importância da iniciativa privada, julgo que um redireccionamento da BTL para mais dependência de dinheiros públicos não ajuda ninguém e, sobretudo, não ajuda o turismo.

Mas, uma vez mais, falarei mais tarde.

Estamos atualmente a viver tempos conturbados a nível internacional. Instabilidade no Reino Unido, em França, na Alemanha, em Espanha, eleições nos EUA, guerra na Ucrânia, agora o conflito no Médio Oriente. Que impacto poderá ter todo este cenário no fluxo turístico que Portugal tem ganho. Voltamos novamente à incerteza?
Sim, muito. E mais, referiu Espanha e França com crise política, Reino Unido com choque fiscal, Alemanha à beira da depressão, Estados Unidos com eleições. Ora, apontou “somente” os cinco maiores mercados emissores por Portugal. É só disto que estamos a falar. O que é que se pode dizer? Acho que há um momento em que a gestão tem de ter redobrada prudência e é um momento em que a “Cidade APAVT” e a “Cidade do Turismo” têm de ter as portas escancaradas para o diálogo e para a cooperação entre players relativamente aos quais é muito mais aquilo que os une do que aquilo que os separa.

Já disse que não vai voltar a concorrer à presidência da APAPVT …
Disse e não menti. Mantenho o que disse pela primeira e única vez na tomada de posse que estava de saída. Correu um ano, a APAVT para o próximo ano faz 75 anos, vai ser um momento muito importante. A PAVT está financeiramente mais sólida do que nunca. A APAVT tem com relações institucionais, talvez, as melhores de sempre.

Há relativamente pouco tempo o presidente da CTP, Francisco Calheiros, voltou a referir, também, que este é o último mandato à frente da CTP. Uma posição na CTP não está dentro dos horizontes?
De todo. E se estivesse, teria, em primeiro lugar, dialogar com os meus colegas da CTP e todos eles sabem que não há um único diálogo. Por outro lado, o meu próprio plano de vida pessoal, a própria idade, faz com que saiba que não vou ser o próximo candidato a presidente da CTP.

Sobre o autorVictor Jorge

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Congresso APAVT

APAVT fecha congresso com notas sobre mão-de obra, aeroporto, novos territórios e apela à “diminuição acentuada” da carga fiscal antes de rumar ao Porto, em 2023

Depois de anunciar que a 48.ª edição do Congresso da APAVT regressa, após 22 anos, à cidade do Porto, Pedro Costa Ferreira, presidente da associação, encerrou a sessão de trabalho deixando alguns recados ao Executivo.

Victor Jorge

O 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), regressa à cidade do Porto, 22 anos após a última realização na Invicta. O anúncio foi feito por Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, e Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.

Depois do anúncio feito no jantar oferecido pela Câmara Municipal do Porto, o presidente da APAVT fechou o congresso deixando alguns recados. Assim, para Pedro Costa Ferreira, “urge resolver o problema do acesso a mão de obra”, considerando que para tal “não bastará facilitar a imigração”, reconhecendo, no entanto, que esse “é um primeiro passo que tem de ser dado”. “Porém, há que saber alojar quem vem, formar quem está disposto a viver e trabalhar no nosso País, valorizar as novas carreiras, impedir que redes de criminosos tomem conta dos processos de imigração”, disse o presidente da APAVT.

Essa contratação de pessoal é, também ela, importante para que “melhorar o serviço, se quisermos manter os preços de venda ao nível dos deste ano [2022]”, adiantou ainda Pedro Costa Ferreira.

No caso do aeroporto, o presidente da APAVT frisou que “precisamos de resolver o problema das obras no aeroporto de Lisboa, única via de evitar que a panela de pressão em que se transformou o tema das acessibilidades aéreas, nos rebente nas mãos”, sendo que essa também será a “única via de minimizarmos as terríveis perdas decorrentes da não decisão relativamente à solução aeroportuária lisboeta”.

A gestão da pressão turística passará, segundo o presidente da APAVT, por saber “cuidar de um hub que representa a melhor arma de penetração nos mercados de long-haul”, considerando que são esses que “permitem, de uma forma mais óbvia e imediata, trabalhar para além do verão, ganhando e consolidando novos territórios turísticos”.

Por fim, o último recado teve a “diminuição acentuada da carga fiscal, pelo menos sobre o fator trabalho”, como nota, concluindo o presidente da APAVT que, “enquanto isso não acontecer, impediremos o elevador social, afastaremos e teremos mesmo dificuldade em reter, o talento, e teremos evidentemente menos capacidade de atingir níveis de serviço compatíveis com o preço que pretendemos oferecer”.

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Congresso APAVT

“Quem gere o património cultural não gosta de pessoas, gosta de pedras”

O arranque do último dia do 47.º Congresso da APAVT teve o património cultural como tema. No final ficou percebido que existe um enorme potencial por explorar, sendo que o Estado deverá deixar que o turismo utilize esses bens, embora seja necessário criar um produto para se vender.

Victor Jorge

Portugal possui, atualmente, cerca de 38.000 bens patrimoniais imóveis, dos quais 4.574 são património classificado e 17 classificados como Património da Humanidade. Isto faz com que Portugal apresente um rácio de 1,65 monumentos de património cultural, por cada milhão de habitantes, uma das taxas mais altas da Europa, revelou Catarina Valença, fundadora e coordenadora do SPIRA e professora do curso de Gestão do Património Cultural na Católica Porto Business School, no âmbito do 47.º Congresso da APAVT, salientando o “enorme potencial que o património cultural possui para Portugal”.

Além deste “enorme potencial”, o património cultural também está “bem distribuído pelo território nacional”, considerou Catarina Valença, frisando que este “não se encontra somente nas grandes urbes, mas mais presente no interior e junto à fronteira, gozando, igualmente, das boas infraestruturas construídos que ligam Portugal inteiro”.

Mas mais do que falar da existência deste património cultural, Catarina Valença destacou o desaproveitamento relativamente a estes “bens”, já que do número total avançado, “somente cerca de 250 monumentos classificados se encontram abertos e com entradas controladas, gerando 20 milhões de visitantes e 60 milhões de euros de receitas” por ano.

Critica relativamente aos “constrangimentos” e da “inexistência de qualquer estratégia nacional para o setor do património cultural, desde sempre e até á data”, Catarina Valença frisou que a política do Estado está focada na “política e não no consumidor”, o que leva a que o Estado considere que o património é “do próprio Estado, não existindo visão de economia de serviços”, o que leva Catarina Valença a concluir que “quem gere o património cultural não gosta de pessoas, gosta de pedras”.

O estudo feito pela SPIRA, em 2020, revela que Portugal possui das taxas mais baixas na Europa em termos de visitação de monumentos, revelando Catarina Valença que a principal causa para tal realidade é o “desinteresse e não o desconhecimento”, embora Portugal possua “a mais alta taxa de orgulho relativamente ao património”.

Mas afinal qual é o potencial do património cultural em Portugal? O estudo da SPIRA adianta que, se os 4.500 monumentos estivessem abertos ao público, gerariam, pelo menos, 56 milhões de visitantes, criariam um emprego a tempo inteiro por cada 25.000 visitantes por ano por ponto patrimonial, aumentariam em 3% os empregos diretos em hotelaria, contribuiriam com mais 3,4% nas dormidas por município e gerariam, só em bilhética, cerca de 224 milhões de euros por ano.

Para se conseguir isso, há, contudo, medidas a tomar e, segundo Catarina Valença, “criar um novo paradigma”, já que estes monumentos terão de ser “um bem coletivo de desenvolvimento económico e social sustentado do país, com direito à fruição”, sendo que “deverá existir um direito à participação cívica na gestão do ‘Bem’”.

Ora para a fundadora do SPIRA, os monumentos fechados “contribuem de forma negativa para a perceção” tanto por parte dos residentes como dos turistas, antecipando que, “com o PRR vamos ter um conjunto significativo de ‘Bens’ fechados para obras”, situação que é “contra-producente para a promoção do património”.

Além da formação, a gestão de proximidade, certificação dos produtos de turismo cultural e paisagístico, Catarina Valença deixou algumas pistas de como se poderá promover o património cultural no país e fora dele, explicando que essas iniciativas devem passar, por exemplo, por “cartões de fidelização, eventos âncora, programas de divulgação em massa, dias abertos e atividades para crianças”.

Concluindo a sua intervenção Catarina Valença referiu que “é preciso criar ‘awarness’ para estes números”, já que “saber é a primeira questão”. Até porque, reconhece, quem gere a cultura “não quer saber se o ‘Bem’ tem visitantes e que alguns até preferem que os ‘Bens’ não tenham visitantes”.

Sem produto não há crescimento
Já Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal de Aveiro, considerou que “ser um país velho não é um problema, é um ativo”, deixando a pergunta em, “como é que se pode pegar em coisas banais e torná-las em algo de valor acrescentado e diferenciador?”. A resposta: “têm de se tomar uma decisão: usar ou não”.

Neste aspeto, Ribau Esteves salientou que os municípios têm tido uma “importância fulcral na valorização do território”, faltando “somar escala”.

Crítico relativamente aos dinheiros que vão para as Entidades Regionais de Turismo, considerando que “não podem ser meras delegações regionais do Turismo de Portugal, o presidente da Câmara de Aveiro admitiu que “têm de ser os territórios a gerir esses dinheiros”, concluindo que “andar a negociar orçamentos anuais é um erro”.

No final considerou ainda que “o setor do turismo é o único que não é exportável para outro local, ou seja, está cá e ficará cá”.

Álvaro Covões, fundador e diretor-geral da Everything is New”, destacou, por sua vez, que “o património e a cultura são os únicos capazes de fixar população no território”, mas, “infelizmente, muitas vezes o que leva as pessoas a visitarem o interior é um restaurante e não património cultural, porque esse, por norma, está fechado”.

Por isso, salientou a “importância dos conteúdos para a valorização do destino”, considerando que, “para crescer é preciso criar produto e nada melhor do que o património e a cultura para fazê-lo”.

“O segredo está em construir um produto, mas um produto com história, serviço, experiência”, frisando que “o turismo cultural representa 40% do total do turismo, mas em Portugal gostamos de ser pobres e manter as coisas fechadas”.

O exemplo dado por Álvaro Covões foi o das jóias reais que estiveram fechadas durante 27 anos. “Alguém lembrou-se em mantê-las fechadas e não deixar ninguém usufruir delas”, concluindo que “não podemos focar-nos somente no produto, mas também na promoção desse mesmo produto”.

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Filipe Silva (Turismo de Portugal): “A aposta terá de passar pela estruturação da oferta turística”

Filipe Silva, vogal do Conselho Diretivo do Turismo de Portugal, deixou claro que “alargar a oferta comercial através das redes colaborativas” é uma das prioridades para o setor em Portugal e que isso deve ser feito com “novos temas, novos territórios, novos produtos e novos clientes”. Até porque, o que se quer é “ter melhor turismo e não mais turismo”.

Victor Jorge

Para o Turismo de Portugal (TdP) “a estruturação da oferta turística é importante para dar outras e novas experiências” a quem nos visita, reconheceu Filipe Silva, vogal do Conselho Diretivo da entidade, durante o painel “Grandes desafios do turismo português”, no âmbito do 47.º Congresso da APAVT.

Centrando-se na prioridade em “alargar a oferta comercial através das redes colaborativas”, Filipe Silva destacou que isso deve ser feito com “novos temas, novos territórios, novos produtos e novos clientes”, até porque é através destes projetos que é possível “combater a sazonalidade”.

Salientando que é preciso fazer com que quem nos visite “circule pelo território”, o trabalho efetuado com as redes colaborativas cria “motivações de visitação fora das grandes centralidades”.

No que diz respeito aos mercados emissores, Filipe Silva reconheceu, igualmente, que “não podemos estar dependentes de um número reduzido de mercados”, além de salientar, também, que “não podemos espartilhar o orçamento de promoção em demasiados mercados”.

Com a questão da valorização do dólar a ser encarada como uma “questão conjuntural”, Filipe Silva destacou a aposta que está a ser feita pelo Turismo de Portugal nos EUA e no Brasil, mas também “no mercado mexicano”, além de apontar o Japão, Coreia do Sul, Índia e Austrália como “mercados que viajam em contra-ciclo e que ajudam a combater a sazonalidade” e que “estão bastante interessados em percorrer o nosso território”.

Quanto a uma possível promoção ibérica, em conjunto com Espanha, Filipe Silva admitiu não se tratar de uma “discussão nova”, que “está na ordem do dia, mas que não tem passado à prática”, destacando o trabalho comum de promoção desenvolvido pelas regiões do Alentejo e Centro, juntamente com a Estremadura.

“Espanha tem interesse no Brasil, tal como Portugal tem interesse em mercados da América Latina”, frisou Filipe Silva, lembrando o programa de “stop-over” que a Iberia tem e que inclui Lisboa e Porto, reconhecendo que “é importante para o nosso posicionamento”.

Quanto aos desafios para o turismo português, Filipe Silva deixou claro que estes passam por “procurar ter melhor turismo e não mais turismo”, salientando que “o foco tem de estar no cliente” e que para tal, a “segmentação dos produtos é fulcral”, dando como exemplo produtos como o enoturismo ou o turismo literário.

“Temos de gerar negócio de repetição e de recomendação”, reconhecendo Filipe Silva que “o passa-palavra tem um poder tremendo”.

Finalmente, no que diz respeito à sustentabilidade, o executivo do TdP concluiu que “não vale a pena estar a desenvolver novas operações, sem ter um racional sustentável”, sendo que “isso não se faz de um dia para o outro. A última coisa que quereremos fazer é defraudar as expectativas de quem nos visita e dos nossos parceiros”.

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