Congresso APAVT: Distribuição turística representou 2,6% do PIB nacional em 2023, segundo análise da EY
O valor económico do setor da distribuição turística em Portugal era representava 2% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2019, tendo subido para 2,4% em 2022, e em 2023, estima-se que tenha chegado aos 2,6%, com 6 mil milhões de euros de VAB e de contributo para a economia nacional, revela um estudo da EY, com dados fundamentais para aquilo que são as atividades das agências de viagens e operadores turísticos intitulado “A distribuição turística pós-pandemia”, apresentado pela diretora executiva, Sandra Primitivo, durante o 49º Congresso da APAVT, em Huelva.
Carolina Morgado
Quanto é que o setor da distribuição turística contribui para a riqueza do país? Foi esta pergunta que um estudo elaborado pela EY a pedido da APAVT, e apresentado no seu 49º Congresso, em Huelva, pretendeu responder.
Tendo em conta que parte muito significativa do negócio das agências de viagens são as comissões, pois são, a grande maioria, intermediários, “é preciso analisar o valor que é alavancado pelo turista agenciado”, disse Sandra Primitivo, para explicar que, para efeitos de Valor Acrescentado Bruto (VAB) há outras atividades que são chamadas a contribuir. Contabilizados esses valores, a análise conclui que o valor económico do setor da distribuição turística era de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2019 (antes da pandemia) subindo para 2,4% em 2022, para chegar a 2,6% o ano passado.
Sem novidade, a conclusão a que a consultora chegou, com dados referentes a 2022, é que o tecido empresarial da distribuição turística é constituído por pequenas e médias empresas e com alta rotatividade, em linha do que acontece ao nível europeu, que a maioria são de cariz familiar, mas com pessoal muito qualificado, acima da média da economia portuguesa.
Sandra Primitivo indicou ainda que “o que temos visto é que o número de empresas tem vindo a aumentar ao longo dos anos, que durante a pandemia estabilizou, mas em 2022 já tínhamos recuperado o número de agências de viagens”, reforçando que, “o que aconteceu durante a pandemia é que os “nascimentos” reduziram e as “mortes” aumentaram, e agora estamos no nível em que quase os dois se encontraram”. Em 2022 existiam 2.627 empresas de distribuição turística, mais 23 que em 2019.
Por outro lado, o estudo refere que este é um setor muito jovem, 40% tem menos de cinco anos, e onde existem poucas barreiras de entrada, muito sem necessidade de capitais mínimos, e uma vez que passam a ser agências de viagens têm fácil acesso às plataformas e, portanto, está sempre em rotação. Refira-se que, de acordo com a análise, as empresas mais antigas representam quase 60% do volume de negócios e as 10 maiores representam 40% da faturação total. “É um mercado muito fragmentado, mas o volume de negócios está naquelas mais antigas, são as mais resilientes e têm maior quota de mercado e as mais pequenas tendem a sair do mercado com maior frequência”, comentou a diretora executiva da EY. No entanto, o volume de negócios desce setor atingiu 2.634 milhões de euros em 2022, mesmo assim, 206 milhões de euros abaixo do ano da pré-pandemia, indica o estudo.
Comparadas com outras atividades do turismo, a EY verificou que o volume de negócios das agências de viagens cresceu até 2019 e durante a pandemia houve uma quebra abrupta, tendo sido mais acentuada na distribuição do que nos outros setores que compõem o turismo porque, na hotelaria e na restauração assistiu-se a alguma substituição do mercado internacional pelo doméstico, nas agências de viagens isso não aconteceu porque os turistas não vinham e os nacionais também não iam. Portanto, o setor da distribuição turística foi gravemente afetado, o que mais recorreu ao endividamento para continuar a atividade. Depois houve uma recuperação em 2022, não atingindo ainda o volume de negócios aos valores de 2019, mas em 2023 houve uma retoma, estando já ao nível anterior, “o que demonstra a grande capacidade de resiliência, o que se deveu não só à adaptação que as próprias agências de viagens tiveram, aos apoios que o Estado também deu durante a pandemia, bem como a algum aumento de preço que, entretanto, aconteceu e que se reflete aqui”, destacou Sandro Primitivo.
Via inquérito, a EY apurou que o segmento de outgoing e lazer continuam a ter a principal fatia do volume de negócios das agências de viagens e que ele se reforçou entre 2019 e 2022, (representava 50% em 2019, subindo para 61% em 2022), enquanto o corporate teve retrocesso (20% da faturação da distribuição turística em Portugal em 2019, para 17% em 2022). Igualmente, através dos inquéritos a consultora verificou que 37% do volume de negócios das agências de viagens reflete a faturação através dos canais online, que “tem crescido, mas devagarinho, o que quer dizer que os balcões físicos ainda continuam a ser a grande aposta destas empresas espalhadas por todo o país”, frisou, para avançar que “as empresas de maior dimensão são as que têm a maior penetração online”.
No pós-pandemia, o estudo realça ainda que houve maior aposta em nichos de mercado e maior personalização das experiências, conhecendo o perfil de cada cliente, ao mesmo tempo, reforçando a visibilidade online.