Há que (re)pensar decisão do novo aeroporto em função da “atualidade económica, ambiental, tecnológica e climática”
Num debate organizado pela SkyExpert sobre a temática do novo aeroporto para a região de Lisboa, os intervenientes pediram que se “(re)pense” esta nova infraestrutura à luz não só do ambiente, clima e economia, mas, também, em função de uma “3.ª revolução do avião” que está aí.
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Depois de apresentado o estudo “O custo da não decisão sobre a implementação do novo Aeroporto de Lisboa”, realizado pela EY para a Confederação do Turismo de Portugal (CTP), a SkyExpert realizou um debate destinado a (re)pensar o novo aeroporto à luz da atualidade económica, ambiental, tecnológica e climática”.
O debate iniciou-se com uma reflexão sobre a “urgência” aeroportuária ditada no início dos anos 90 do século passado, quando o então Ministro das Obras Públicas, Ferreira do Amaral, declarou que a Portela iria atingir a sua capacidade máxima aos 16 milhões de passageiros/ano.
Um aeroporto para o futuro. Que futuro?
Volvidos quase 30 anos, não só esta realidade “não se verificou”, como a Portela acolheu 31 milhões de passageiros em 2019. Partindo deste exemplo, Armando Gomes de Campos, engenheiro civil e gestor financeiro, sugeriu a realização de uma análise prospectiva para se saber “como se vai viajar de avião nos próximos 100 anos” de forma a criar-se uma infraestrutura de ponta que “responda ao transporte aéreo do futuro em vez de se construir algo obsoleto e para o passado”.
“Não nos podemos enganar desta vez, nem inventar uma suposta urgência”, afirmou.
Já Carlos Teixeira, estudante de mestrado em operações de transporte aéreo e funcionário da HiFly, efetuou uma viagem aos aviões do futuro que, apesar da sua aparência ultra-moderna, estarão prontos “muito em breve”. Esta visão apoia-se na recente regulamentação deste setor lançada pela agência Europeia, a EASA, e pelos projetos aeroportuários correspondentes já em planeamento e que, de acordo com Carlos Teixeira, “têm pouco a ver com os aeroportos clássicos” que conhecemos, salientando, aliás, que “estes aviões já estão na lista de encomendas de companhias aéreas como a United, American Airlines ou Air Nostrum”.
Em Portugal, a única empresa que manifestou interesse por esta tecnologia é a SevenAir, companhia regional que opera de Tires e que liga Bragança a Portimão. Alexandre Alves, CCO da empresa, acredita, de resto, que estamos perante uma “3ª revolução do avião”. “Depois da hélice e do jato, esta terceira revolução ecológica intensificada nestes últimos dois anos irá mudar o paradigma do que é voar e do que é um aeroporto”, considerou.
Mais pessimistas, Domingos Leitão da Sociedade Portuguesa de Estudos de Aves (SPEA) e Duarte Costa, geógrafo e analista sobre alterações climáticas, consideraram que o projeto de um segundo aeroporto não está a ter em conta a urgência ambiental expressa numa agenda europeia legal e vinculativa assinada por Portugal e que passará pela redução drástica de emissões de carbono até 2050.
“Ninguém fala do elefante branco na sala e todos defendem a construção de um aeroporto projetado há 10 ou 20 anos que, chegado o dia, pode não servir para nada devido às restrições e confinamentos ambientais necessários: vimos na pandemia o que uma catástrofe pode causar no espaço e no tempo”, relembraram.
Soluções para o imediato
Para este grupo, os decisores políticos deveriam aproveitar o atraso da construção do segundo aeroporto de Lisboa para rever todo o projeto e sua urgência na ótica do transporte aéreo do futuro, da sustentabilidade, da descentralização turística do país, do aproveitamento da rede aeroportuária atual do Continente – Portela, Porto, Faro, Beja e aeródromos.
O grupo defende ainda que com uma melhor organização e gestão do espaço existente, a Portela poderá servir os interesses económicos imediatos e evitar as enormes perdas de dinheiro avançadas pelo estudo da Confederação do Turismo de Portugal. “Com o suposto novo aeroporto, essas perdas apenas se resolvem em 2030…de que forma isso pode ser considerada uma solução?” questionaram os intervenientes.
“Uma passagem, por despacho administrativo, de toda a aviação executiva da Portela para Tires, uma solução para Figo Maduro, o fim dos voos domésticos Lisboa-Porto e Lisboa-Faro, o fim de voos para destinos em que mais de 80% dos passageiros se encontram em trânsito de um voo para outro sem saírem do aeroporto” foram apenas algumas das medidas avançadas para aliviar e requalificar o tipo de tráfego existente na Portela.
Concluindo o debate, este grupo considera alcançado o objetivo de validar uma narrativa mais atual, coesa e integrada sobre o tema do aeroporto e lamenta que estes pontos estejam, até agora, totalmente fora da agenda política.