Turistas russos fazem escala na Hungria e Grécia para chegar a Portugal
A metasearch Aviasales e um dos maiores motores de busca de voos na Rússia, revela que as reservas da Hungria para Portugal aumentaram 800% face a 2020.

Victor Jorge
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Uma análise realizada pela Aviasales revela que os turistas russos estão a utilizar a Hungria e a Grécia para realizar as suas escalas para viajar para Portugal e, assim, evitar restrições relacionadas com a vacinação.
O metasearch de viagens russo, responsável por gerar 20% das vendas de bilhetes na Rússia, refere que o turismo outbound do país de Vladimir Putin para esta época de fim de ano (de finais de dezembro a meados de janeiro) não sofreu impactos por causa da variante Ómicron.
A análise mostra que os russos têm usado a Hungria e a Grécia não só como porta de acesso a Portugal como, também, aos principais destinos mediterrânicos (Espanha, França e Itália), tudo países que não reconhecem a vacina russa Sputnik e, portanto, não permitem a grande maioria dos russos voarem diretamente para estes países.
Os dados da Aviasales mostram que as reservas da Hungria para Portugal aumentaram 800%, sendo que o crescimento para Espanha é ainda maior (1.800%), enquanto para França está nos 1.000%.
Desde que os voos da Rússia para a Grécia e Hungria abriram neste verão para russos vacinados, o número de reservas para a Hungria aumentou mais de 180% e a Grécia 65%.
O mesmo passa-se com as reservas da Grécia para Portugal, Espanha, França e Itália, que, segundo a Aviasales têm aumentado a três dígitos.
De resto, alguns fóruns online (no idioma russo) mostram como os viajantes russos estão a partilhar informações sobre como aceder a estes países mediterrânicos, utilizando para tal sites como https://forum.awd.ru/viewtopic.php?f=548&t=390685, refere a empresa russa.
Mas também a Turquia tem registado fortes aumentos nas reservas de turistas russos. Comparado com o mesmo período de 2020, as reservas da Rússia para a Turquia aumentaram 130% e, face a 2019, cresceram mesmo 78%. Já as reservas para os Emirados Árabes Unidos (EAU) subiram 270% face a 2020 e 19% relativamente a 2019.
Analisado numa base semana a semana, “as reservas aumentaram nas semanas até o Ano Novo (como normalmente acontece a cada ano) e não há nenhum sinal de aumento nos cancelamentos”, refere a Aviasales em nota de imprensa, avançando que “o único sinal de queda nas reservas e/ou cancelamentos vem, compreensivelmente, da rota Rússia-África do Sul”.
Um porta-voz da Aviasales refere que “a corrida para o período de Ano Novo – quando toda a Rússia fecha desde os últimos dias de dezembro até cerca de 10 de janeiro – tradicionalmente vê as reservas a crescerem fortemente até o último minuto: o inverno em cidades como Moscovo e São Petersburgo é muito frio e as pessoas usam essas datas para ir para destinos de sol e praia, principalmente em lugares como a Turquia e Dubai”.
Embora as vendas internacionais globais permaneçam abaixo dos níveis de 2019, o surgimento da Ómicron não parece ter impactado as reservas recentes, admite a mesma porta-voz, confirmando ainda que durante o bloqueio mais recente na Rússia (em outubro), “vimos um pico nas reservas de russos que queriam usar o bloqueio como uma chance de tirar férias em lugares como Turquia e Dubai.
A importância do turismo russo é, de resto, destacado pela Aviasales, salientando que, “ao contrário do que muitos pensam, a Rússia tem uma classe média bastante significativa com rendimento disponível e um grande desejo de viajar para o exterior”, indicando os dados da Organização Mundial do Turismo (OMT) que mostra que a Rússia é o “8º maior mercado de turismo emissor do mundo, gastando mais de 31 mi milhões de dólares (cerca de 27 mil milhões de euros) por ano”.
O porta-voz da empresa russa destaca mesmo o facto de os russos se sentirem “muito relutantes” em perder um “direito e prazer conquistados nos últimos 15 anos”, e que, “nem a COVID irá ‘atrapalhar’ essa vontade” de viajar, como mostra os dados sobre os números incrivelmente altos de escalas na Hungria e na Grécia “simplesmente para aceder a países como França, Espanha, Portugal e Itália”.
E a fonte da Aviasales deixa um “recado”: “Este deve ser um alerta para os destinos sobre o quão leais e determinados os viajantes russos são e porque os destinos deveriam criar mais produtos para o mercado russo”.