Enoturismo: Sector pede coesão para uma melhor promoção
A forte tradição vitivinícola e a qualidade dos vinhos portugueses têm proporcionado que Portugal atraia cada vez mais turistas pelo enoturismo. Douro e Alentejo são as regiões por excelência nesta […]
Raquel Relvas Neto
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A forte tradição vitivinícola e a qualidade dos vinhos portugueses têm proporcionado que Portugal atraia cada vez mais turistas pelo enoturismo. Douro e Alentejo são as regiões por excelência nesta matéria, mas não só. Um pouco por todo o território é possível ter experiências vínicas de qualidade. Fique a conhecer um pouco da oferta existente, mas também os desafios que se colocam à mesma.
Portugal é, de facto, cada vez mais procurado pela sua vertente de Enoturismo. Contudo, ainda existe um longo caminho na consolidação e promoção deste produto, como identificam os intervenientes nesta área questionados pelo Publituris.
Para Alexandre Relvas Jr., responsável pelo Departamento de Produção da Casa Relvas, “os principais desafios consistem em afirmar a qualidade e o profissionalismo e fomentar a sinergia entre os vários produtores e as várias regiões”. Segundo o mesmo, “o Enoturismo em Portugal deve saber valorizar o que tem de único cada produtor/região e, simultaneamente, manter uma identidade coesa”.
Já para João Maia, da Casa de Vilacetinho, os desafios que se colocam com o grande crescimento que o Turismo está a registar são a sustentabilidade e a qualidade dos serviços prestados, “que influenciam a própria existência proporcionada ao visitante”. É, assim, “importante sabermos responder de forma eficaz à procura, sem nos sobrecarregarmos e baixarmos a qualidade”. Quanto ao Enoturismo, que o responsável identifica como um fenómeno recente, mas que “representa já um grande investimento para os produtores”, diz que ainda temos muito a aprender com mercados e produtores que o fazem há mais anos. “É fundamental perceber que o Enoturismo tem como uma das principais missões comunicar e promover o vinho português e tudo deve estar bem interligado”.
Patrícia Alves de Sousa, da Quinta da Gaivosa, indica que é essencial criar “uma rede de oferta de serviços, desde o Enoturismo ao restaurante típico, passando pelas actividades culturais e locais a visitar. Não devemos sucumbir ao Turismo de massas, para o qual não estamos preparados. Proporcionar uma oferta diversificada, diferenciada e com uma excelente relação qualidade/preço é essencial para o crescimento deste sector em Portugal”.
No Douro, Paula Sousa, directora de Marketing e Comunicação da Quinta Nova, diz que existe “um esforço individual e conjunto das quintas da região para apresentarem uma melhor oferta ao cliente final, aperfeiçoando-a continuamente”, sendo o exemplo mais recente a criação da primeira rota privada de Enoturismo, “um projecto amplo que conta com a participação de intervenientes de diferentes esferas, e elementos como um guia de bolso, com informações úteis como provas de vinhos, refeições, horário das visitas ou informações de acesso”. Porém, a responsável refere que, “em comparação com grandes regiões mundiais, podemos dizer que este processo no nosso País é ainda incipiente mas tem havido uma atitude positiva crescente, com um amplo enfoque no trabalho em rede que é essencial. Neste tipo de Turismo é necessário proporcionar ao turista uma experiência completa, inclusive atraindo-o e fixando-o na época baixa e por mais tempo do que o actual, pelo que é necessária ter uma oferta integrada da região e adequada a cada época do ano. Só com esta abordagem estaremos realmente a caminhar para criar um destino turístico em pleno”.
O grande desafio para Carolina Tomé, directora de marketing & comercial e Lisa Serrachino, gestora de enoturismo da Herdade do Freixo, será manter o crescimento que o Enoturismo tem verificado, “garantindo a manutenção da qualidade da oferta, a capacidade para continuamente surpreender os visitantes, cada vez mais exigentes, e mantermos o foco na oferta diferenciada de nicho, onde fazemos efectivamente a diferença”.
Na Bairrada, Joana Campolargo, representante do Campolargo Vinhos, considera que seria “fundamental a sinalização dos associados da Rota da Bairrada”, pois “a informação e orientação de quem nos visita fará uma enorme diferença no desenvolvimento do nosso Enoturismo”.
Raquel do Carmo Barbosa, do Carmo’s Boutique Hotel, refere que se impõe como resposta às novas tendências do Turismo de Luxo. “Um trabalho e esforço contínuos de criatividade e de inovação por parte de todos os parceiros deste sector, associados a um forte relacionamento humano e a um domínio das tecnologias”. Para a responsável, o profissionalismo é “maior desafio que existe na actualidade no sector hoteleiro/turismo”, mas também a “valorização da genuinidade, a atenção e proximidade humana, a exclusividade, a capacidade de surpreender e o detalhe são para nós os desafios diários que respondemos”.
A formação é também algo que Sofia Soares Franco, responsável de Enoturismo e Comunicação da José Maria da Fonseca, aponta como desafio do sector. “É importante termos recursos [humanos] especializados, que falem línguas estrangeiras, que saibam receber e que conheçam o produto que estão a vender. Para além disto, não basta apenas ter uma adega e uma loja, é preciso ter uma estrutura profissionalizada, horários e dias de abertura que se coadunem com o Turismo”.
Promoção
A união e coesão são as principais premissas que os interlocutores do Enoturismo defende na promoção deste produto.
Maior visibilidade, uma presença assídua em feiras internacionais e mais profissionais do sector a visitarem unidades de Enoturismo é algo que Alexandre Relvas Jr. considera pertinente na vertente da promoção, sublinhando ainda o “sermos capazes de articular e fortalecer a colaboração interprofissional”. “Se formos capazes de criar dinâmicas entre vários produtores, estamos a enriquecer a oferta e a multiplicar o potencial de crescimento colectivo”, conclui.
Já João Maia, da Casa de Vilacetinho, considera “fundamental perceber que o Enoturismo tem como uma das principais missões comunicar e promover o vinho português e tudo deve estar bem interligado”.
Também as responsáveis da Herdade do Freixo, Carolina Tomé e Lisa Serrachino, argumentam que “todo o sector beneficiará se existir menor concorrência e os agentes económicos criarem fortes parcerias comerciais e promocionais com ofertas de rotas e experiências complementares aos turistas que visitam o país e as regiões”.
O mesmo se passa na Quinta do Crasto. Andreia Freitas, responsável de Enoturismo da quinta, defende vários aspectos relativos à promoção do Enoturismo: “Pacotes oferta de fácil leitura, que passará em muito por empresas com ofertas similares ou não (vinhos, gastronomia, alojamento, lazer, cultura etc.) juntarem esforços para se promoverem não individualmente, mas em conjunto”.
Também Paula Sousa, da Quinta Nova, defende que “a fusão de estratégias numa só, única para todo o País, seria o ideal, evitando dispersão de esforços e investimento. Por um lado, o Turismo de Portugal poderia ter um papel mais activo nesta coordenação nacional de forma que remássemos todos no sentido de construção de uma oferta integrada, mais qualitativa, e com uma imagem internacional forte e atraente”. Uma opinião defendida por Cátia Fonseca, da Ribafreixo, que considera que “ter organismos, como o Turismo de Portugal, mais envolvidos no sentido de promover esta vertente é essencial”. A mesma aponta ainda que “é também essencial haver apoios canalizados para o Enoturismo, um plano de promoção e intervenção nesta área com linhas de orientação que possam ser adaptadas à realidade e aos produtores. Para além disso, penso que é importante revolucionar a maneira como estão organizadas e promovidas as rotas de vinho. Não basta informar, tem de se promover cá dentro e lá fora de forma pró-activa, estabelecer parcerias internacionais para que os turistas possam conhecer as rotas, dinamizá-las e oferecer experiências diferentes”.
Na Quinta da Pacheca, a opinião é de que “há ainda alguma coisa para fazer de uma forma integrada na promoção da região do Douro, onde o vinho é um produto incontornável”. “O Douro precisa de mais oferta, mais equipamento, para que as pessoas possam ficar na região temporadas mais longas, sem que isto signifique passar a um Turismo de massas, o que seria descaracterizar o conceito intimista que de alguma forma está associado ao Enoturismo”.